quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

VOTO EM FERNANDO NOBRE

Em vésperas  das eleições para Presidente da nossa República  entendo dirigir-me aos meus dois leitores e meio para me explicar:

Caros amigos, fingidos, inimigos, assim-assim, ou assim-assim,

Não voto  no Coelho embora tivesse uma altíssima razão para o escolher porque este candidato muito embora consiga odiar politicamente tanto o João Alberto como eu próprio, não seria nunca um Presidente propriamente digno.

Não voto no que representa o PCP - o nome obviamente não interessa - porque o PCP , obviamente não interessa ( a não ser para criar sindicatos que servem para pôr em sentido certos políticos ).

Não voto Defensor-de-Moura porque não chega lá com o meu voto e o de toda a minha família. Conheço o Defensor muito bem dos tempos em que eu era um dos membros eleitos do Conselho Executivo do Norte da Ordem dos Médicos e o Defensor fazia questão de aparecer às terças feira - dia da reunião do Conselho - na sua qualidade de presidente distrital da Ordem dos Médicos distrital de Viana. Por essa altura segui de perto a sua luta titânica para conseguir que o novo hospital de Viana do Castelo funcionasse melhor e á sua "guerra" com a Direcção do mesmo hospital para conseguir montar o serviço de hemodiálise. Posso atestar que o fez com um misto de diplomacia e de coação que surtiu efeito, posso atestar que é um homem que não mente, posso atestar que é um líder nato, posso atestar que vê onde os outros ainda não alcançam, posso atestar que cedo percebeu que o Ministro da Saúde dos olhos de gato, Arlindo de Carvalho (outro arguido do caso BPN /SPN ) era um negociante maquiavélico muito antes dos seus superiores na Ordem o perceberem, posso atestar que é, como eu, um firme defensor da regionalização sem mais custos que os actuais - condição sine qua non para que o Norte não vá mingando até ficar como uma máscara jíngara.

Não voto em Manuel Alegre porque nunca votaria em quem nunca trabalhou e também em quem muito fala e nada fez - a não ser criar conflitos à sua família política.

Não voto em Cavaco Silva porque enquanto psiquiatra opino que o candidato sofre de doença delirante crónica sem obnubilação da consciência  .
 Esta probabilidade - e digo isto só assim porque o  médico que sou não teve a oportunidade de falar com ele em privado - ajudaria a compreender como é que tendo o candidato Cavaco posto em causa o Estado de Direito quando acusou que era escutado pelo primeiro-ministro e depois se verificou que era ao contrário . não percebeu ( os delírios são convicções subjectivas absolutas ) que devia demitir-se; ajuda a explicar  como mente convictamente ,como  não responde como se mergulhado em sentimentos persecutórios, ou tem "esquecimentos" sobre quem lhe vende casas, onde faz escrituras, que vizinhos e amigos tem, porque é que demorou tanto a " demitir " um conselheiro de Estado dirigente do mesmo BPN e que anda por parte incerta, e assim.

Voto, quanto mais não fosse por exclusão de partes, mas não é só , em Fernando Nobre. Fernando Nobre que pôs de lado a sua carreira académica em Bruxelas quando o ministro com quem eu trabalhava ( Maldonado Gonelha ) o pressionou a vir para Portugal (ele vivera a infância no Ultramar ) uma vez que trabalhava como voluntário para os Médicos Sem Fronteiras, para montar uma estrutura semelhante mas vocacionada para os PALOP ( as nossas ex-colónias ) onde se pretendia entrar economicamente pela porta das ajudas ( médicas, educacionais etc ).
Fernando Nobre aceitou , deixou para trás uma carreira académica segura, e iniciou a epopeia de ajudar pobres e afetados por todo o mundo com voluntários médicos e enfermeiros; e para não se esquecer da Pátria montou uma organização em rede que cobre o Continente e ilhas , que emprega 400 profissionais ( auxiliares, cozinheiras, funcionáros de limpeza,etc ) e distribui comida e abrigo.
Um dia, em representação da Ordem dos Médicos, fui recebido pelo ministro da saúde, o tal Arlindo de Carvalho que está no molho dos PPDs cavaquistas do BPN, e , com a reunião em que também estava presente um secretário de Estado anestesista de profissão e mal-criado de educação, quando às tantas o ministro levanta-se de sopetão e declara-me  ( a mim ): "doutor Pacheco, como não temos mais nada a dizer vou receber aquele gajo da AMI que já vem cá pela terceira vez e desta vez tenho mesmo de o receber.".
A história é mais longa, engloba a minha resposta , a reacção do ministro amigo de Cavaco , a sua ( dele ministro ) tergiversação nas ideias e confusão nas condutas, bem como a altura do traço na escala de inteligência e a outra , diferente, na escala da esperteza saloia e do chico-espertismo. Todavia aqui o que interessa é mesmo tentar explicar as dificuldades que Fernando Nobre teve de ultrapassar para que o deixassem ajudar os outros - para ( também ) interesse de Portugal.
Voto  Fernando Nobre.

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