quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O QUE É E COMO É O AMOR - PARTE II

Na verdade o que há de mais obviamente comum  à classificação ensaiada na primeira parte deste ensaio ( lêr parte I há quinze dias atrás publicado ) pode enunciar-se como segue:
Aqueles que vêem o amor como uma guerra ( no plano da conduta ) são basicamete ajuízativos ( no plano ético ),e  tendem ( no plano da economia ) ao consumismo dos afectos. Denotam, quase sempre, uma acentuada tendência para a incapacidade de se sacrificarem pelos outros . Enquanto, pelo contrário, aqueles que vêem o amor como um tendencial armistício que importa tentar realizar a cada mmento de tensão, são básicamente compreensivos e também tendem à conservação dos afectos, demonstrando grande capacidade para se sacrificarem por outrém.

É que os primeiros, nas suas relações afectivas, globalmente consideradas, e portanto também no amor, propendem a colocar o acento tónico neles próprios, enquanto os segundos facilmente deslocam este acento tónico para os outros ( não é Elisete ?). Ou, como diria  ( disse ) Victor Frankl ( não era mau tu leres este autor, Andreia ), psiquiatra que assim influenciou o Presidente John Kennedy dos U.S.A. numa frase que ficou célebre, os primeiros "só sabem perguntar à vida o que é que Ela tem para lhes dar, enquanto os segundos são capazes de se perguntarem a si mesmos o que é que têm para oferecer à existência".
É nesta diferença capital da atitude face ao amor e à Vida em geral, que residem as raízes da alegria do sacrifício ( estou a medir as palavras!), e, por via dele, a capacidade de se ser fiel no enamoramento.
Não há fidelidade sem troca ( não é necessariamente reciprocidade) , porque a fidelidade supõe dois termos, dois indivíduos, ou um indivíduo e os seus valores ou o valor da sociedade.
E isso ( agora pasmem lá - que eu não estou etilizado ao escrever isto! ) porque a fidelidade é um percurso, paradoxalmente, de transgressão, é um percurso de muitos obstáculos. Os obstáculos de forçar a moda ( e ele há tantas modas idiotas, inestéticas, prejudiciais e cabotinas ! ), de superar o status quo, de passar por cima do que vem nos "livros de etiqueta" ( que, não sei se já repararam são sempre escritos por gentinha nova-esperta, nova-fútil e nova-pobre, a precisar de ganhar uns cobres - pertencendo sempre ao grupo dos que guerreiam dos que ajuízam e dos que consomem, ou seja - dos que não sabem amar!), o que exige esforço e sofrimento, porque é sempre mais fácil pertencer ao rebanho que persegue sempre ( sem nunca questionar-se se é o melhor! ) o caminho das pegadas do chefe.
E hoje em dia, a infidelidade está mais que nunca na moda. Se eu não o soubesse do consultório, bastava consultar os registos pesados da memória da minha vida.

A este respeito, aqui fica mais uma notícia que os jornais portugueses nunca publicariam, sobretudo agora que os homossexuais cá do sítio querem fazer parte das noivas dos casamentos de Santo António, em Lisboa ) :
Tatiana Golikova, ministra do Desenvolvimento Social da República Russa, declarou ontem ( dia 19 de Janeiro de 2010, sim ontem! ) numa reunião do Conselho de Segurança da Rússia, que o número de abortos em 2008 quase igualou o número de nascimentos no país : nascimentos 1 milhão setecentos e quatorze mil; abortos registados  um milhão e duzentos e trinta e quatro mil. Na reunião, o chefe do principal partido político da oposição, Vladimir Jirinovsky, defendeu que , para aumentar a natalidade, o Estado deve permitir um segundo casamento: " trinta por cento das nossas crianças nascem fora do casamento ( ele não sabe, mas em 2008 na Grã-Bretanha, 42% dos nascituros eram filhos de mães solteiras !), (...) e no nosso país só é permitido casar outra vez depois do divórcio... excepto nos distritos muçulmanos do sul e do Cáucaso, onde há, naturalmente poligamia". E a ministra de Putin não se opôs ! ( está o essencial no blog do jornalista José Milhazes da SIC ). Isto, meus amigos...foi ontem!.

(julgavam que se viam livres de mim?....era o que faltava!. Na parte três, tenciono continuar, e mostrar as diferenças do amor , de D. Juan e Marialva, do colecionismo de parceiros versus a verdadeira sedução da conquista, e mais tarde do que penso sobre as implicações destas questões para o mundo do trabalho e...do coaching, está bem Elisete?. Olha, sabes que continuo a não saber pôr a hora certa no blog? ) .


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O AMOR .....

Por cretinice técnica do autor, o texto " O AMOR O QUE É E COMO É " ,editado hoje, saiu publicado atrás uns seis" posts", aí a 6 de Janeiro!.  Com as desculpas do editor chefe deste excelente blog que dá pelo conhecido nome , igual em quase todas as línguas - até asiáticas - de CICLÓSTOMO:

O CALOR E OS FOGOS VÊM AÍ

As alterações climáticas ( uma amiga explicou-me que alterações climatéricas são só aquelas que as mulheres têm a partir de certa idade ) , bem como as políticas, vão neste Ano da Graça de 2010 correr a par.
Na política, muito mais cedo do que José Sócrates esperava - e eu também - por via da crise Grega, vamos já este ano ter de começar a tratar do déficit, que é como quem diz, sentir o calor na cintura pelo aperto do cinto.
Mas como que a fazer de metáfora, também prevejo calor - e incêndios - para este ano. Por causa  do El Niño que ocorre de quatro em quatro anos. E por causa do NAO ( acrónimo que significa oscilação do Atlântico Norte e tem que ver com mais fortes centros de altas pressões, quer sobre os Açores quer sobre a Islândia ) fenómeno que ocorre de 10 em dez anos . Ora este ano vão ocorrer os dois em simultâneo.

Assim, prevejo um ano muito quente até porque o calor faz uma espécie de febre nos políticos ( a silly season , que deverá  durar o ano todo ), e os políticos quando a temperatura lhes desliga o ar condicionado, ou melhor, o termostato das celulazinhas cinzentas,  assopram ainda mais a fogeira do mau tempo.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Os Pachecos são geneticamente bons!

Por não ser capaz de me expressar melhor, deixo aos meus dois leitores e meio, este texto de José Pacheco Pereira, com quem raramente estou de acordo, mas  que, por esta vez, me encheu as medidas. Parabéns Zé.





TIREM-ME DAQUI!




Ele há dias em que de facto apetece dizer "tirem-me daqui". Quando o "daqui" é o Parlamento, um lugar a que pertenço, onde sou parte com gosto e interesse, um lugar que, contrariamente à opinião corrente, prezo exactamente por ser uma emanação do que de mais fundo existe na vida política democrática: a diferença de opiniões, os "partidos" em que nos dividimos, a representação imperfeita que seja, da turbulência que é a vida política em liberdade. É exactamente a imperfeição do Parlamento, que emana do seu carácter democrático, que sempre me interessou, porque só brilharia de perfeições se fosse totalitário ou apenas demagógico. A Assembleia Nacional salazarista era isso mesmo, tudo tão educado, tudo tão respeitador, tudo tão "vossas excelências" e "excelentíssimo senhor Presidente do Conselho", tudo sábios e doutores e comendadores e digníssimos representantes da nação, e nada de democracia. De todas as instituições políticas, mais nas suas fraquezas que nas suas forças, o Parlamento é o que é o Portugal político, não o Portugal dos políticos, mas o Portugal político que existe, tão próximo do comum dos cidadãos que estes o maltratam com a proximidade de uma coisa sua, de uma zanga de vizinhos, de uma querela conjugal, de uma valente discussão de café. Este aspecto igualitário que faz com o que o homem comum olhe de cima para o Parlamento torna muito árdua a função parlamentar, mas é, no fundo, normal. Há lá virtudes, mas o homem comum prefere vê-lo como o retrato dos seus vícios, e nas suas críticas demagógicas ao Parlamento presta-lhe a homenagem de o sentir mais seu do que alguma vez o admitirá.


Mas há dias em que o Parlamento falha completamente, quando se torna uma pequena côterie de iluminados que querem contra tudo e contra todos, com uma superficialidade gritante, aceitando uma retórica tão inflamada como vazia, decidindo quase a brincar coisas cujas consequências não são pensadas a sério, em grande parte por modismo e por subserviência ao politicamente correcto. Ontem, o Parlamento tornou-se um ecossistema de todas as bizarrias da vida política portuguesa, um lugar puramente superstrutural, fora do país, sem laços com qualquer realidade, vivendo de uma ficção entre a festa radical chic e os movimentos da extrema-esquerda tardia, que descobriu com o atraso de trinta anos as "causas fracturantes". Ontem, o Parlamento afastou-se de qualquer fundação democrática real e tornou-se apenas o espelho formal de "causas" ultraminoritárias, próprias de uma cultura alternativa, minoritária mesmo entre os homossexuais e lésbicas, a maioria dos quais ainda estão dentro do "armário", num contexto social e etário muito diferente dos jovens que comemoravam nas escadas da Assembleia o seu dia de glória mediática. Essa maioria invisível, essa sim é que vive mal e infeliz, e estes folclores não a ajudam porque contribuem para reforçar a homofobia e não a combatê-la.


O que mais me assusta é a irresponsabilidade de toda esta "festa". Os jornais e as televisões ardem de falsa indignação quando um deputado chama palhaço a outro ou o manda a qualquer lugar feio, mas não é isso que ajuda a estragar o Parlamento: é o momento em que este, sem sequer parar para pensar, se desvia do país para navegar causas absurdas com as quais gasta as melhores das suas palavras. Quando ouvia interiormente o "tirem-me daqui", foi quando assistia aos discursos grandiloquentes sobre o dia da "decência", o momento de "grande dignidade", a "reparação dos direitos ofendidos", a dádiva da "maior felicidade", com hipérbole sobre hipérbole, desde o primeiro-ministro aos Verdes, do Bloco de Esquerda ao discurso de puro insulto inflamado de um deputado da JS.



No meio disto tudo, o discurso de Vale de Almeida parecia um exemplo de moderação, apesar do seu tom de oração evangélica aos "irmãos e irmãs", que fazia chorar as pedras da calçada. E mesmo Assis, que é bem melhor do que a sua bancada, colocava entre parêntesis o seu pessimismo antropológico para saudar o "progresso" daquele dia, em que o Sol rasgava as trevas ignaras da Reacção. Parecia o Congresso a aprovar a Declaração da Independência. Só o PCP, embora votando junto com a esquerda, mantinha uma reserva e discrição envergonhada, eles que ainda mantêm o fio da corrente ligado à terra e sabem bem que tudo aquilo é mais folclore do que qualquer emancipação de um direito. E era tudo, no fundo, tão ridículo, que eu me perguntava: será que "eles" não dão por ela? Se calhar não.



As principais vítimas de tudo isto serão aqueles que amam ou desejam alguém do mesmo sexo, homossexuais e lésbicas, mais os primeiros do que as segundas, que sitiados por uma sociedade que efectivamente os hostiliza e maltrata, serão vítimas de ver o seu amor ou o seu desejo ainda mais marginalizado pela exibição mais ou menos folclórica e "fracturante" de meia dúzia de intelectuais, pequenos e médios criadores e artistas, gente do mundo da comunicação social, das indústrias culturais, da moda, urbana, jovem, bem arranjada e chique, que em conjunto com alguns políticos, deram origem a uma pseudocausa, de um pseudodireito, o do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O Partido Socialista frágil nas suas convicções e sem uma ideia consistente para o país, que cada vez menos conhece, abriu a brecha por onde o Bloco de Esquerda entrou. E não o fez só agora, já com a legislação sobre o divórcio se andam a meter nas andanças da engenharia social "fracturante", gerando uma sociedade mais fragilizada e menos justa para os fracos, como as mulheres divorciadas por carta e os homossexuais que não pertencem ao beautiful people.



A ilusão de que o acesso ao casamento quebra uma barreira simbólica que ajuda a terminar com a homofobia efectivamente existente, o argumento mais hábil de Vale de Almeida, repousa numa ambiguidade e numa hipocrisia. Porque Vale de Almeida sabe perfeitamente que ele e muitos outros a última coisa que pretendem é casar-se, ou sequer imaginam no casamento qualquer virtude especial. Eles sabem bem que o casamento é algo dos "outros", não por causa da lei que os exclui, mas porque o que vem virtualmente no pacote do casamento, a instituição familiar convencional, os "deveres conjugais", não correspondem ao mesmo mundo cultural e emocional do seu entendimento da "causa" dos homossexuais e lésbicas. Para eles o que conta é a "causa", não o mérito da instituição a cujas portas pretendem aceder e por isso a questão é outra, bem longe da luta por um direito, é um ataque a uma determinada forma de viver em sociedade, que abominam e desprezam e tem pouco a ver com a sua cultura e a sua mundovisão. Sabem que ao romper na lei a relação do casamento com a família nuclear, que implica possibilidade real da procriação, erodem para outros um valor que não desejam.



É por isso que se trata de uma "luta", não por direitos, mas contra uma determinada forma de sociedade. E é também por isso que por todo o debate mostrou uma enorme intolerância num só sentido. "Fanáticos", "intolerantes", "retrógrados", "reaccionários", "aberrantes", foram palavras comuns, ecoando o que era o tom de muita comunicação social que tomou a causa como sua. "Tacanhos" eram todos os que se opunham ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Não é "luta de classes", mas é kulturkampf.



O que irá acontecer nos próximos dias é previsível. Os primeiros casamentos de pessoas do mesmo sexo serão eventos "mediáticos". Vão lá estar todas as televisões. Haverá muita festa e depois, pouco a pouco, haverá cada vez menos casamentos e cada vez menos novidade. Apenas meia dúzia de pessoas se casará, o que mostrará como era vazia a força do direito ofendido. Mas será o folclore que "passará", uma espécie de travestismo perverso e o seu efeito será aumentar a intolerância homofóbica.






(Versão do Público de 9 de Janeiro de 2010.)






(url)






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© José Pacheco Pereira







sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A VANGUARDA QUE NOS CONDUZ À LUZ !

Quando eu era um miúdo, estudante liceal e depois universitário, senti uma forte pulsão pela política. Tinha do lado paterno uma forte e antiga tradição solidária que me empolgava, mas, o pragamatismo um tanto egoísta do lado materno a todo o momento me questionava se isso valeria a pena. A minha mãe, sobretudo, tentava, como podia, afastar-me da tentação da Polis, argumentando sempre com o prosaico argumento do " olha que eles são  todos iguais". Nunca até agora tive dúvidas sérias de que a minha mãe andava errada.

Todavia agora o meu Eu e o meu Mim, dialogam entre si sobre a eventualidade da razão estar com a senhora minha mãe, que nem sequer podia ser considerada uma pessoa cínica. É que não consigo compreender como é que o dirigente mais fulgurante que Portugal teve no último quartel - josé Sócrates - tenha socumbido à arte do fingimento que está nos antípodas do fazer política democraticamente, quer dizer, sem a demagogia e a presunção de que o povo é  estúpido e necessita de ser educado.

Nos tempos das ditaduras, experimentamos várias vanguardas. A Legião Portuguesa segui-se ao movimento de Rolão Preto e àquele seguiu-se o Movimento das Forças Armadas e as suas "gloriosas sessões de esclarecimento" a que se seguiram por sua vez, os partidos comunistas que me fizeram perder a paciência com a " vanguarda de classe" ( que me deveria guiar ); e até houve um " grande educador da classe operária " ( mas esse vá lá, era só para uma classe a que eu não pertencia ).

Agora, porém, a coisa fia mais fino, e quando eu vejo e ouço dirigentes em catadupa do P.C., do Bloco, e do P.S. ,com a aquiescência de José Sócrates a explicarem que, por esta vez é só  casamento de homossexuais porque o povo ainda não está preparado para a adoção  e , por isso, é preciso um tempito para o preparar ( leia-se : fazer-lhe assim a modos duma lavagem ao cérebro ) , eu rebelo-me, e faço-o  porque nunca gostei de ser tratado como um puto que precisa de reformatório por uns tempos para depois poder ser gente.

E a coisa fica pior quando este movimento pro-casamento assenta a sua argumentação num fundo de valores de primos e afilhados da dignidade humana. Pois eu, assim, é que não estou a ser tratado com a dignidade que mereço e exijo, e recuso a sentir-me, mais uma vez sem verdadeira liberdade para opinar (como aconteceu durante o P.R.E.C., quando todos sentíamos uma feroz ditadura cultural da esquerda que obrigava todos os não comunistas a esconderem o seu pensamento sob pena de serem tomados por parvos!). Eu não quero viver debaixo doutra ditadura cultural que já vai tão longe que já é difícil encontrar quem, de coluna erguida e sem receio de parecer parolo ou, pior, ser catalogado como mais um que lá no fundo tem tendências secretas de mariquismo e só por isso e para exorcizar a culpa, é contra pretensos casamentos de homossexuais.
Por isso, porque ser politicamente correcto é sempre um acto de cobardia, que é o manto que aconchega as ditaduras - todas as ditaduras - aqui fica o meu repúdio e desilusão para com o meu Partido, porque quanto aos outros dois, ditos de esquerda, desde 1974 que lhes provei o sabor: a asco.

CARREIRAS , CAMINHOS, ATALHOS E AUTO-ESTRADAS

O ministro da educação ( pois é, é ministro que se deve dizer e não ministra !) Alçou uma carreira ( em que parte do mundo é que isto ainda existe?) para os professores que consegue dar-lhes tudo:  todos cheguam ao topo antes da reforma!. Pois para mim, isto parece-me mais um caminho de aviário que uma carreira à disposição dessa classe.

Mas o que antevejo é outra coisa pior: como é que os partidos podem comprometer-se em pactos de regime para controlar os deficites dando logo de caras com mais despesa pública para os próximos anos?

E depois, ai estão os casamentos gay, com a alegria de já todos saberem que agora é inevitável o direito de adopção também. Como psiquiatra, fica para a posteridade a minha opinião : é uma bestialidade. Conseguida por um caminho de atalhos socialistas.

Assim, com recuos onde era preciso força ( na educação ) e avanços onde era preciso ponderação ( no casamento que impõe adoção), o Partido Socialista ( o ainda meu Partido ) abriu uma auto-estrada ( nova ) a caminho do deserto. Deus queira que me engane.





ÉTICA PRESIDENCIAL

Conforme já aqui escrevi há muito tempo, a ética não é adjectivavel. A moral sim.
Agora foi Pacheco Pereira que se declarou farto de tanta ignorância - sobretudo vinda do seu mais que tudo Cavaco Silva, e o escreveu na Sábado de ontem e no ABRUPTO BLOG de hoje.
E se não foi o Presidente que escreveu tamanha  barbaridade, mas antes um assessor, então precisa de outra remodelação nos assessores....- e não o fazendo, não só demonstra que é ignorante, como é ...., como dizê-lo....,pouco discernido, a escolher assessores. Que tal o outro que inventou as escutas?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O QUE É E COMO É O AMOR - parte I

1.-Depois de abordagens menores a temas que, por serem óbvios, não se racionalizam, e por isso, a Natureza os vai expurgar de abstracções que não "pegam" à realidade", tais como a imbecilidade narcísica dos homossexuais que querem casar; ou as peregrinas ideias de que o Estado Providência está e pode durar; ou a de que o Ser está no comprar ou seja , no consumir; ou a de que os Valores são relativos : ou que, mesmo a Verdade, é relativa; ou que somos todos Iguais ; ou que os chineses são nossos Amigos ; ou que Não ter filhos é coisa adequada ao momento, para não fazer sofrer as criancinhas - e não por causa do egoismo dos papás que preferem uma noitada nas discotecas que tratar dos filhos ; ou que as guerrras mundiais são evitáveis, tanto como o genoma humano ; ou que a próxima Não depende da velocidade com que o Ocidente Empobreça em favor do Oriente......, vou falar de coisas prometidas e comuns e que não incomodam as gentes.

( vai continuar....julgavam que se viam livres de mim? )


A abordagem do amor é fácil. No entanto, em Portugal , as suas abordagens ( científicas ?....) são raras. Dá a sensação que dez milhões de portugueses entenderam que há mistérios que são inatingíveis como esse de alguém de se apaixonar por outrém. Mas esta razão colectiva de uma resistência comum à compreensão de algo que é, por sua natureza, pessoal e subjectivo, tem outra e mais forte motivação: trata-se de vencer  um receio que é  o de diminuir ou desvalorizar o enamoramento, pelo facto de, dando-lhe nível de objecto consciente, o vulgarizarmos, e por isso o banalizarmos, transformando uma experiência cara porque rara, num objecto comum.
Para além desta, sobram as razões de Berscheid e Walster (1978). Para eles, em primeiro lugar o amor é visto como pertencendo ao domínio do Romance ( e portanto da ficção), pelo que estaria nos antípodas da ciência ; em segundo lugar o amor é como o sexo, um assunto tabu para muita gente, e , last but not the least, podendo não ser impossível estudar o amor, pensavam eles, seria muito difícil abordar um  tema tão complexo.
Este último argumento merece-me um comentário simples. É que ainda há quem persista em medir e pesar os fenómenos psíquicos como carácter sine qua non do carácter científico dessa abordagem. Pela minha parte, continuarei fiel a que só podemos falar destes temas em termos da nossa opinião pessoal, que como tal vale, sendo que neste caso a minha doxa sobre o amor foi alicerçada em centenas de entrevistas diferentes a pessoas que me procuraram com psiquiatra ou psicoterapeuta, e o método de análise que utilizei foi o fenomenológico, ou seja, o da ciência da epistemologia.

( vai continuar,...julgavam que se viam livres de mim ?)


2 - Para mim , o amor é um estado terno, calmo, e compensador.
Mais adiante tentarei dizer o que quero significar com a definição supra-citada.. Entretanto, falarei da prática amorosa, ou melhor, de como os enamorados procedem, sem me preocupar com a neutralização das variáveis que condicionam estas práticas.
Se reperarmos bem, há dois tipos de  pessoas ou melhor, dois tipos de conductas humanas de comunicação amorosa, que se desdobram nos planos da CONDUTA , da ÉTICA, e da ECONOMIA.

2.1.No plano da CONDUTA pode dizer-se que há dois tipos de pessoas. Há aqueles que de tudo fazem uma guerra, incluindo o amor. Mas não só. Estas pessoas parece estarem sempre tensas, preparadas, por uma espécie de reflexo pavloviano do Não, para questionarem, enfatizarem, definirem, decretarem - exercerem enfim  uma relação de poder.
Fazem-no em toda a parte, desde que haja o assento de uma qualquer relação inter-subjectiva, desde a relação com o colega de trabalho, passando pela relação com o amigo de café ou do pub, pela relação com o pai ou a mãe, mas principalmente com o ser amado. De tudo tendem a fazer uma guerra, até, e sobretudo, no amor.
Particularmente no amor é bem perceptível como é infantil e imaturo este comportamento: " Olha o que fizeste!"; " Até parece que fizeste de propósito!";" Um dia hás-de notar a minha falta!...! - e a gente percebe que lidam com o amor com aquela compulsão destruidora que as crianças usam a desmanchar o mais querido dos brinquedos para ver como são feitos por dentro.
Divergem, sobretudo, daqueles para quem o amor tem de ser a paz .Ou, ao menos, um armistício a cada momento necessário e desejável. Sem paz não há amor, quase se pode dizer. A invasão da nossa paz parece ser o indicador daquele sentimento que por arder, queima uma biblioteca de cartas antigas de amor e a reduz a pó: como ao amor!. É que a paz é o amor, porque este só surge quando se está do lado de alguém e ao lado de alguém sem medo, sem culpa, sem pena, sem ter que explicar ou se explicar, sem outro interesse que não seja o de ficar assim...ali. A paz assim concebida e vivida, pode até ser o novo ex-libris hippie: em vez de peace and love, peace is love.
Quem vê o amor como um armistício, cansa-se profundamente com uma discussão de cinco minutos com a pessoa amada.Cansa-se psiquicamente mas também fisicamente, como quem fez uma dorida maratona. Dói tudo, músculos incluídos !. E pode assim dar a falsa impressão de que é uma pessoa fraca.  Geralmente nada  de mais errado. O que sucede é que aquele para quem o amor tem de ser a paz, é tão forte, que pode dar-se ao luxo de parecer fraco, e é tão estável nos afectos que é capaz de mais este sacrifício pela pessoa amada. Desde logo porque intui que "o seu amor" que lhe faz guerra, o faz por ser alguém que "cristalizou" no comportamento infantil do automatismo do Não: todos nós,  pelos dois três anos, para construirmos o nosso Eu   precisamos de o ( ao Eu) contrapôr um outro Tu ( " Diz a mãe: Pedro vai fazer cocó!; diz a criança : não! - diz a mãe : toca a comer que é bom!; responde o menino : não!) .
 Só que às vezes esta crise identitária não se resolve, e prolonga-se pela vida fora....
Todavia, este sacrifício ( do conjuge ) não está na moda.

( entre parentesis : a minha amiga Sónia,  mulher de olhos sempre pretos, talvez por ser médica anestesista habituada a olhar pupilas, tem uma tese curiosa segunda a qual os homens e as mulheres com cor de olhos que mudam de tonalidade com a luz ou a cor da roupa, são sempre mais ou menos imaturos, adoram ser amados por toda a gente e são pouco fiáveis nas relações amorosas. Eu ando a testar a coisa, e cada vez a acho mais plausível).

Kundera, em "A Insustentável Leveza do Ser", põe Sabrina a perguntar a Franz: -" Porque é que, de tempos a tempos não te serves da tua força contra mim?. Ao que ele responde com doçura:-" Porque amar é renunciar à força". E Sabrina fica a perceber duas coisas : que aquela frase sendo bela, é verdadeira, Mas também que com ela Franz acabara de desvalorizar a sua vida erótica. É esta a modernidade, é esta a moda.

2.2 No plano da ÉTICA, as pessoas podem distinguir-se por serem tendencialmente ajuízativas ou, pelo contrário, por serem tendencialmente compreensivas. As pessoas tendencialmente ajuízativas tudo sumarizam, tudo sistematizam, tudo valorizam no sentido de tudo avaliarem. Mas, estes factos não seriam importantes não se dera o caso de esta valorização ética ser apenas realizada dentro dos apertados limites do preto e branco. Esquecendo sempre que entre preto e branco se estende a paleta de nuances do arco-íris.
E, por este defeito de captação, tendem a funcionar entre bipolaridades éticas do tipo: o bem versus o mal, o belo versus o feio, o bom versus o mau, o justo versus o injusto, e por aí fora..... Por isso sofrem, em geral, de um deficit de empatia, que não de simpatia, já que não poucas vezes são particularmente simpáticos.
Como diz Júlio Machado Vaz, meu colega e amigo, a nostalgia das certezas espreita com frequência, talvez já não tanto em discursos ideológicos, mas em comportamentos mentais em tudo semelhantes a reflexos rotulianos. Estímulo/ resposta; o cérebro partiu de férias.
É que julgar é não ser capaz de compreender, já que quem compreende fica desarmado para julgar.
Compreender também pressupõe, não a passividade ou a vulnerabilidade do réu frente ao carrasco, mas antes a força de quem é capaz de suportar a ansiedade, sem subterfúgios, da Condição Humana. O primeiro destes subterfúgios da ansiedade própria, é o ajuizamento ou o julgamento alheios. Compreender significa, até certo ponto, a identificação com o Outro, uma aproximação ao Outro e à sua ansiedade . Pelo contrário, julgar  significa pôr distância na relação. Particularmente na relação de enamoramento, onde muito mais que a simplicidade da forma, está em causa a complexidade da substância.
No Cyrano de Bergerac há uma passagem em que Christien se declara a Roxanne, dizendo-lhe: "Je t'aime ". Ao que ela responde, irritadament: " oui, je sais, mais dites-moi comment!".

2.3 Finalmente, no plano da ECONOMIA do amor, há pessoas que são tendencialmente consumistas, e outras que são tendencialmente conservadoras. Também aqui, se poderá dizer que aquilo que se aplica ao amor é mero corolário da economia geral dos afectos.
De facto, todos os afectos são voláteis, mas há uns mais volácteis que outros. Mesmo aqueles que nos habituamos a considerar impolutos e naturais obedecem a essa regra. O amor filial, por exemplo. Este amor muda diacronicamente ( ao longo da vida ) e sincronicamente ( num dado momento ), como sucede por volta dos 15/18 anos. Por essa altura é provável que amemos às vezes, e odiemos outras vezes, algum dos nossos pais. E mesmo o modo como somos amados pelos nossos pais varia qualitativamente.
Temos assim que nos afectos nada é absolutamente seguro. E é provavelmente por isso, que muitas pessoas optam cada vez mais por sugar até ao tutano os afectos dos outros. "Enquanto dura!" - dizem estes consumistas dos afectos.  Na realidade, estamos perante pessoas que não compreendem que é precisamente porque no plano dos afectos nada é definitivo e perene, que é importante o esforço de conservar. Daí a importância do ciúme que é um sentimento que , se razoável, propende à conservação daquilo que já possuímos no plano dos afectos.
É porque, no plano dos afectos e do amor,  nada é definitivo, que a ética kantiana esclarece algo. Porque, já que os afectos brotam para além da nossa vontade, esses mesmos afectos positivos, quando fiáveis, são a forma ética do amor. Mas o amor é todavia, sempre preferência, busca uma atenção pessoal, ser amado por si mesmo, ser sobretudo compreendido. É assim uma espécie desse outro sentimento que é o ...egoísmo.
Pode ser, por isso,  a origem da injustiça.  Por isso, o Cristianismo desconfia do amor profano e da amizade, porque a predilecção, e pior, a paixão, são actos de egoísmo. É por issso mesmo que a ética kantiana copia a noção de Dever do pensamento do amor cristão.
A ética kantiana conclui que como nós não podemos impôr sentimentos ( ninguém é obrigado a gostar de ninguém porque não nos podemos obrigar o dever de amar ), a moral ( mesmo a cristã )  não pode pedir afectos ou amor, mas apenas actos: a fidelidade!
Eu creio que não há acto mais valoroso que o esforço da conducta pessoal contra o natural consumismo dos afectos. E, paradoxalmente, este acto de sacrifício pode ser muito agradável e reconfortante.
É que os consumistas do amor jamais perceberam que há uma diferença fundamental entre a atitude consumista e a de  conforto, para além de o consumismo não nos dar conforto algum: é que enquanto a atitude consumista se baseia num desperdício de algo que é esgotável, a outra vive da sua conservação. Quando me alimento de comida fast-food, em pratos de plástico de usar e deitar fora, isso tem um sabor; quando como no prato que era da minha bisavó estou a cultivar uma dimensão de enamoramento ( com a memória da minha família em mim ), uma dimensão estética ( impressiona a beleza do prato ), e uma dimensão económica ( vou hoje conservá-lo tão bem como o foi até agora, o que vai valoriza-lo para o futuro ).
No filme Kramer contra Kramer há uma passagem em que Ted, o pai, conversa num parque com a sua melhor amiga, que está também separada do conjuge. E Ted pergunta-lhe:" Phelps, o que farias se o teu ex-marido quisesse voltar para casa?". Ao que ela responde:" Ele não me ama, senão não se teria divorciado".
O que está em causa é a noção de sacrifício subjacente à noção de perenidade que é básica no amor.


                           ( vai continuar....pensavam que se viam livres de mim, seus dois poltros e meio ? )

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

CURIOSIDADES E CASAMENTOS E PARTIDO SOCIALISTA

PÉROLAS  DO  PENSAMENTO  QUE  VAGUEARAM  PELO ANO  PASSADO   E PERMITEM  PRESCRUTAR  O FUTURO







Dissonancia cognitiva:

"Estou farta de encontrar sempre as mesmas pessoas, ouvi-las fazer as mesmas declarações e as mesmas promessas, sem que nada mude".
(Mariann Fischer Boel  - comissária europeia para a agricultura )


Estabilidade política :

"Todos os deputados deste Parlamento,. incluindo eu próprio, são pessoas dignas. Para quê, então, organizar novas eleições legslativas? Proponho a anulação do escrutínio de 2010 e adiá-lo para o fim da guerra do Nagorno-Karabakh "

(Aidyn Gassanov - dirigente do Partido do Azerbeijão, no Poder )


Se a lógica não fosse uma batata não havia Sarah Palin:

"Se Deus não quisesse que comêssemos animais, para que os faria de carne ?"

(Sarah Palin, ex-candidata ao nível de Barack Ohama, que caça caribus e veados )

Claridade de Ideias :

" O público devia aprender a tolerar as desigualdades"; "Os bancos não devem ter vergonha de pagar generosamente aos seus dirigentes em nome da prosperidade de todos"

(Brian Griffitths, vice-presidente do banco Goldmnan Sachs )


A ossatura da verdade:

" Nos últimos tempos tem-se dito que eu ando a falar de escutas. Ora ninguém me ouviu uma palavra sobre isso".

( Sua Excelência o Presidente Cavaco Silva )


O claro/escuro da pintura política de Rembrandt:

"Yes, we can!" ( concerteza, mas o quê? - perguntou dos fundos do seu túmulo o corcunda de Notre Dame: mais uma guerrita no Iémem?)



Só o escuro esperançoso   do  BLOCO  DE ESQUERDA:


" Não consideramos importante as mais de 90 mil assinauras a exigir um referendo sobre homossexuais porque foram arrebanhdas  às portas das igrejas católicas de Lisboa , e em Igrejas Evangélicas do Algarve"

( dirigentes dos bloquistas no Forum da TSF)

Comentário de um democrata de antes do vinte e cinco de Abril: -" Esqueçam este referendum sobre panasquiçes e começem a pensar mas é num referendum sobre a marginalização e a discriminação a que o Estado socialista vota os seus militantes que acreditam em Deus!".
( comentário da mulher do democrata: " mas a ideia das assinaturas para o referendum não começou entre altos e baixos  miltantes, da facção católica  do P.S.? )

Comentário do Pacheco Pereira :" Eu não disse que era este índice do situacionismo que me traria de volta ao Cristianismo?".

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

HOJE FUI A BANHOS

Hoje fui nadar, para ficar inteligente como o Marcelo Rebelo de Sousa ( que nada todos os dias no mar ), na minha praia da Guia.
Às 12 horas em ponto, eu e mais dois, experimentamos uns bons mergulhos e exercícios de natação de fuga às vagas, em condições de fazer inveja aos australianos de Sidney : veloc. vento em nós  10; direcção do vento  NO ; ondulação ( m ) 4.4 ; período de vaga  (s) 11 ; direcção da vaga de sudeste ; temperatura 12 graus centígrados ; precipitação 0.3mm . Tudo informações do Wind guru site.
Desta vez não apanhei nenhum polvo mas vou aparecer no jornal da terra.
 É assim a vida dos heróis!