sábado, 8 de janeiro de 2011

TODOS A CAMINHO DO ABISMO

Semana do pior desempenho – diário de bordo 148

Por JNR na secção Ciberardina na crise (do default) , Gestão do risco , Inteligência Económica , crise

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Portugal seguido da Bélgica são os dois países com o pior desempenho desde o final do ano. A probabilidade de default (incumprimento) da dívida soberana agravou-se em mais de 2 pontos percentuais no caso português e em dois pontos percentuais no caso belga. Também, em termos de yields (juros implícitos) dos títulos do Tesouro no mercado secundário, Portugal viu o nível agravar-se em meio ponto percentual e a Bélgica ficou a seguir.



A semana assistiu à fixação de três novos máximos em termos de risco de default para o caso de Irlanda, Portugal e Espanha.



Os seis países da zona euro sob observação fecharam a semana com os seguintes níveis de risco de incumprimento: Grécia com 59,44%, Irlanda com 42,91%, Portugal com 38,22%, Espanha com 27,26%, Itália com 20,2% e Bélgica com 19,94%, segundo dados da CMA DataVision.



Novo máximo desde a adesão ao euro



Em termos de juros implícitos de obrigações do Tesouro a 10 anos no mercado secundário, Portugal fixou novo máximo desde a adesão ao euro com o nível de 7,1%, acima da linha vermelha fixada pelo ministro das Finanças.



Na próxima semana há uma emissão de títulos gregos com maturidade a 26 semanas (ainda em 2011) no dia 11 de janeiro, apesar de Atenas estar “intervencionada” por Bruxelas e pelo Fundo Monetário Internacional, um leilão de obrigações do Tesouro português no dia 12 e um outro leilão de bonos do Tesouro espanhol no dia 13.



Três dores de cabeça



O final da semana está a ser marcado por três factos que revelam o contexto dos problemas europeus no campo da dívida soberana e privada e que influenciam a perceção e o comportamento dos grandes investidores:



- O presidente do Banco Central Europeu (BCE) declarou a deputados alemães que o BCE não se pode substituir aos governos na gestão da crise da dívida. Jean-Claude Trichet, o seu presidente, quer recusar transformar o banco central num bad bank;



- A Comissão Europeia lançou um documento de mais de 100 páginas para consulta pública até 3 de março, onde coloca a questão dos credores partilharem futuros resgates do sistema financeiro, pondo fim à “lei” dos bancos demasiado grandes para falir;



- A agência de notação Standard & Poor’s (S&P) vai proceder a uma revisão do sistema de rating dos bancos. A agência admitiu que em relação a “aproximadamente metade dos grandes bancos” poderá haver alterações de critério que se traduzirão em baixas de notação “habitualmente” de um escalão. Previsões da S&P apontam para que menos de 20% das entidades com rating de A-1 ou superior poderão ver a notação baixar.



As listas de classificação



O ranking da CMA DataVision para o “clube” dos 10 de maior risco é, agora, o seguinte, por ordem decrescente de probabilidade de default: Grécia: 59,44%; Venezuela: 52,20%; Paquistão; 45,40%; Irlanda; 42,91% (novo recorde); Portugal: 38,22 (novo recorde); Argentina: 34,16%; Ucrânia: 28,9%; Espanha: 27,26%; Illinois: 26,77% e Dubai: 25,49%.



No corredor de acesso a este “clube” estão os seguintes países, por ordem decrescente de nível de risco: Hungria, Estado americano da Califórnia, Iraque, Vietname, Itália, Bélgica, Islândia, Líbano, Roménia, Líbano e Croácia.



Em termos de níveis de yields no mercado secundário para os seis países da zona euro referidos, a lista é a seguinte, por ordem decrescente para os títulos públicos com maturidades a dez anos: Grécia com 12,6%; Irlanda com 9,07%; Portugal com 7,1% (novo máximo); Espanha com 5,51%; Itália com 4,8% e Bélgica com 4,13%. Os juros relativos aos Bunds (títulos alemães, que servem de referência na zona euro)a 10 anos estão em 2,87% e os relativos aos títulos do Tesouro americanos com a mesma maturidade estão em 3,32%, segundo dados da Bloomberg.

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