domingo, 31 de janeiro de 2016

QUANTO TEMPO FALTA PARA A REVOLUÇÃO ACABAR COM O CAPITALISMO FINANCEIRO E - por mais que o Passos não goste _ NEO LIBERAL?

ESPIONAGEM ...JÁ QUENTE!

Playing by Moscow Rules: The Murder of Alexander Litvinenko

January 30, 2016 | 13:54 GMT

Playing by Moscow Rules: The Murder of Alexander Litvinenko
(Stratfor)
In the world of state espionage, disloyalty can be deadly. A brutal reminder of that came last week with another chapter in the story of Alexander Litvinenko, a former FSB operative who in 2000 fled Russia for Britain. The results of the public inquiry into his 2006 death, finally released just last week, confirm what everyone has always strongly suspected: He was almost certainly assassinated by the Russian government, probably with a blessing for the operation by Putin himself.

sábado, 30 de janeiro de 2016

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China: U.S. Vessel Sails Through Disputed South China Sea

January 30, 2016 | 15:36 GMT

U.S. Navy guided-missile destroyer USS Curtis Wilbur sailed within 12 nautical miles of Triton Island in the South China Sea's disputed Paracel Islands group, according to a Pentagon representative, Reuters reported. China's Foreign Ministry issued a statement condemning the action, accusing the U.S. navy of entering Chinese territorial waters. China, Taiwan and Vietnam all claim the island. The United States, however, considers them international waters and has said that its ships and aircraft will travel along any routes allowed by international law at any time without prior permission. A U.S. vessel carried out the first of these freedom of navigation patrols in October 2015. Beijing's and Washington's divergent perspectives are rooted in radically different national and regional strategies.

Russia: Turkey Alleges Jet Violated Airspace

January 30, 2016 | 16:48 GMT

The Turkish government alleges that a Russian Su-34 jet violated Turkish airspace Jan. 29 despite numerous warnings in English and Russian, according to a Jan. 30 Turkish Foreign Ministry statement, Dogan News Agency reported. The Russian ambassador has been summoned to the Foreign Ministry to discuss the alleged violation. The Russian embassy confirmed that the ambassador had been summoned. On Nov. 24, A Russian Su-24 fighter jet was shot down near the Turkish-Syrian border, sparking a diplomatic row between Moscow and Ankara. Competition between Turkey and Russia has been growing on multiple fronts because of Turkey's position as gatekeeper to the Mediterranean from the Black Sea and its role in NATO. For months, Russia has been conducting airstrikes in support of the government of President Bashar al Assad, challenging Turkey's ambitions to bring Sunni power back to Syria through the toppling of this government.

YIELDS - OBRIGAÇÕES DO TESOURO

ORGE NASCIMENTO RODRIGUES
O mês de janeiro ficou marcado para Portugal por um aumento das yields no mercado secundário e um disparo no prémio de risco da dívida. O pico do stresse registou-se nos dias 20 e 21 de janeiro, quando as yields das Obrigações do Tesouro (OT), no prazo de referência a 10 anos, ultrapassaram os 3% e o prémio de risco superou os níveis registados em junho de 2015 durante a crise grega.
O agravamento poderia ter sido pior se não tivessem ocorrido três eventos que moderaram as subidas em janeiro no caso de Portugal e que aceleraram a corrida a valores considerado seguros – valores refúgio - como as Bunds (obrigações) alemãs, as US Treasuries norte-americanas e as Gilts (obrigações) britânicas, que viram as yields, no prazo a 10 anos, descer 30, 35 e 39 pontos base no mercado secundário.
Três eventos com impacto positivo
Primeiro, e diretamente importante para a zona euro, e, naturalmente, para Portugal, a expetativa de que o Banco Central Europeu (BCE) venha a reconsiderar a política monetária na reunião de 10 de março, ampliando os estímulos.
O risco para Portugal poder deixar de beneficiar do programa de compras de dívida pública no mercado secundário pelo BCE joga-se na decisão da agência de notação canadiana DBRS a 29 de abril, quando está prevista a revisão da situação, sendo uma das possibilidades o corte do rating da dívida portuguesa de longo prazo para terreno de dívida especulativa (vulgo ‘lixo financeiro’).
Segundo, o corte surpresa, na última sessão do mês, na sexta-feira, pelo Banco do Japão da taxa de remuneração dos depósitos para terreno negativo, cujo detalhe pode ler aqui.
Terceiro, as probabilidades de um segundo aumento das taxas de juro pela Reserva Federal norte-americana (Fed) desceram significativamente durante a semana depois de se ter confirmado um abrandamento do ritmo de crescimento da maior economia do mundo no quarto trimestre de 2015. Antes da reunião da Fed de 27 de janeiro, registava-se uma probabilidade de 53% de ocorrer um novo aumento das taxas de juro na reunião de 27 de julho. No final da semana, uma probabilidade superior a 50% foi chutada para 21 de dezembro. O mercado de futuros das taxas de juro da Fed aponta para um adiamento claro de uma nova subida depois da decisão de dezembro de fixar o novo intervalo entre 0,25% e 0,50%. A Fed,na primeira reunião do novo ano, mostrou-se preocupada com o abrandamento da economia do país e com os “desenvolvimentos financeiros e económicos globais”.
Pico de stresse em janeiro
O pico do stresse para a dívida portuguesa registou-se nos dias 20 e 21 de janeiro em torno da reunião da ISDA, a Associação Internacional dos Swaps e Derivados que, ao apreciar a polémica transferência de uma parte da dívida sénior do Novo Banco para o BES, decidiu adiar para 12 de fevereiro a apreciação sobre se essa decisão do Banco de Portugal gerou um evento de crédito ou não.
As yields ultrapassaram, então, a linha dos 3% e o prémio de risco subiu para 245 pontos base, se for tomada como referência a 10 anos a linha de OT que vence em 2025 e para 264 se a base for a linha de OT que vence em 2026 (e que foi lançada a 14 de janeiro através de uma operação de sindicação em que o Tesouro pagou uma taxa de remuneração de 2,973%). Esses níveis de prémio de risco são superiores aos registados em junho do ano passado durante o pico da crise grega antes de Atenas conseguir o acordo para o terceiro resgate,
A recente chuva de críticas ao “rascunho” de Orçamento de Estado de 2016, nomeadamente por parte das quatro agências de notação de crédito que vão voltar a apreciar, de março a abril, a situação do rating da dívida portuguesa de longo prazo, acabou por, ainda, não revelar um impacto negativo no mercado secundário na evolução das yields que desceram de mais de 3% no pico a 20 e 21 de janeiro para 2,67% (na linha de OT que vence em outubro de 2025) e 2,88% (na linha de OT que vence em julho de 2026) a 29 de janeiro.
O prémio de risco fechou janeiro em 234 pontos base ou 255 pontos base, consoante a referência que se tome para obenchmark a 10 anos. Esses níveis correspondem a um diferencial de 2,34 ou 2,55 pontos percentuais acima do custo de financiamento da dívida alemã, que, ainda por cima, baixou 30 pontos base (0,3 pontos percentuais) em janeiro. Esse nível de prémios corresponde a um disparo de 44 ou 65 pontos base durante o mês de janeiro.
Grécia e Itália sob observação
O mais significativo disparo nas yields e no prémio de risco em janeiro registou-se para a dívida grega a 10 anos.
As yields das obrigações gregas a 10 anos subiram 134 pontos base para fecharem em 9,69% e o prémio de risco engordou 1,65 pontos percentuais para fechar em 936 pontos base ( o que significa que o custo de financiamento da dívida grega tem um prémio de mais de 9 pontos percentuais em relação à referência alemã). Apesar da agência Standard & Poor’s ter melhorado, a 22 de janeiro, o rating da dívida de longo prazo helénica – subindo a notação da zona de alto risco de bancarrota para extremamente especulativa (tecnicamente de CCC+ para B-) e com perspetiva “estável” -, mantem-se a incerteza sobre o desfecho do primeiro exame ao terceiro resgate.
Itália entrou nos radares com o prémio de risco da dívida a subir 10 pontos base em janeiro, de 97 pontos base no final de 2015 para 107 pontos base a 29 de janeiro de 2016. Contudo, asyields das obrigações italianas a 10 anos desceram 21 pontos no mercado secundário, de 1,6% para 1,4% naquele período, e o prémio de risco mantém-se inferior ao da dívida espanhola (que subiu 2 pontos para 117 pontos base). A incerteza sobre a reestruturação do sector bancário transalpino tem gerado turbulência em particular na Bolsa de Milão, cujo índice MIB perdeu quase 13% em janeiro, a terceira maior derrocada nas principais praças financeiras do mundo, depois das quedas no índice CSI 300 da China e no Tadawull da Arábia Saudita.
Can Libya Be Reassembled?
(Stratfor)
Many indicators have emerged suggesting that European and regional powers along with the United States are once again gearing up for an intervention in Libya to degrade the power of jihadist groups operating there. Given the divisive and fractious nature of Libya, however, putting together a viable and sustainable political system after the military intervention will remain the largest challenge.

O QUE É A ÉTICA ?

A ÉTICA EXPLICADA A MENINOS : 
A ética é o conjunto de Valores e Princípios que usamos para responder a 3 grandes questões da vida _ QUERO, DEVO, POSSO. 
Acontece que nem tudo que eu quero , posso; nem tudo o que eu devo, eu quero; nem tudo o que eu posso eu devo.

POR QUE SERÁ QUE SÓCRATES CONTINUA A TER CONVITES A TORTO E A DIREITO , QUER DIZER DA ESQUERDA E DOS CONSERVADORES ? PORQUE SERÁ QUE A SUA POPULARIDADE NÃO BAIXA? PORQUÊ?

Tertúlias a Direito convidou o Ex Primeiro Ministro, Eng. José Sócrates, a estar presente na 3ª edição subordinada ao tema "Estado e Indivíduo": Considerações sobre ação Penal e Democrática ".
19 de fevereiro,, 20H00, Hotel Solverde - Espinho.
Tertúlias a Direito convidou o ex-primeiro-ministro a estar presente na 3ª edição subordinada ao tema 'Estado e Indivíduo: considerações sobre a ação penal democrática'.
A Tertúlias a Direito convidou o ex-primeiro-ministro a estar presente na 3ª edição subordinada ao tema 'Estado e Indivíduo: considerações sobre a ação penal democrática'.
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ARTE E GEOPOLÍTICA

OS BIOMBOS DE NABAN  QUE  SE MOSTRAM ABAIXO  E SOBRE OS QUAIS SE ESCREVE
SÃO GEOPOLÍTICA  - E DA PESADA ! . pode parecer que não têm nada a ver conosco AGORA , mas Têm tudo a vêr.


O Japão dos biombos

151 PARTILHAS
"Obras-primas dos Biombos Nanban", de Alexandra Curvelo, leva-nos de regresso a uma "idade de ouro". Vasco Rosa conta a história toda.
Autor
  • Vasco Rosa
Título: Obras-primas dos Biombos Nanban
Autor: Alexandra Curvelo
Editora: Chandeigne (Paris)
Páginas: 176
Preço: 35 €
Biombos capa
As grandes obras de arte são mais que elas mesmas, são também aqueles que as estudam e comentam superiormente. Porém, nem sempre o tempo da maior evidência pública dessas obras coincide com o tempo em que os seus melhores estudiosos alcançaram a mais alta sofisticação interpretativa.
Foi já bem depois da longa celebração dos descobrimentos portugueses que Peregrinaçam de Fernão Mendes Pinto (1614) foi objecto de um “restauro textual” e de um estudo histórico realizados por um prolongado laboratório internacional de grandes especialistas da Ásia financiado pela Fundação Oriente (2010). O Itinerário, viagem ou navegação para as Índias Orientais ou Portuguesas, de Jan Huygen van Linschoten (1596) — à época um best-seller europeu acerca das nossas peripécias comerciais no Oriente e o modo de nos contornar olimpicamente — teve a sua primeira edição portuguesa quatro séculos depois disso, como resultado do monumental trabalho de tradução e estudo de Arie Pos e Rui Loureiro (1997-98), mas depois de duas tiragem caras e luxuosas, logo esgotadas (incluíam as célebres gravuras de Goa), ninguém se propôs reimprimi-lo em livros baratos e acessíveis, como amplamente se justificaria.
Aliás, todo o excepcional trabalho historiográfico-editorial desenvolvido ao longo de década e meia sob o forte estímulo ou patronato da Comissão dos Descobrimentos foi reduzido a um refugo de bons livros e catálogos de paradeiro quase desconhecido e sem evidência comercial, raros são os trabalhos em curso e os “editores” portugueses abandonaram em bloco essa temática, quiçá irrelevante para eles. E chegamos a uma situação em que é o editor Michel Chandeigne quem se ocupa de trazer a lume — em Paris — trabalhos novos acerca dos portugueses na Ásia. Fica a ideia de que revisitámos a nossa “idade de ouro” como quem avista de longe uma chuvada tropical: densa, poderosa, fascinante, mas rápida. Passou, já lá vai, não se pensa mais nisso. Fica a memória difusa de um espectáculo único, e chega! Muito típico…

“Panos pintados que se dobram”

Mais do que os dois livros de Mendes Pinto e de Linschoten, mais do que as tapeçarias de Pastrana e de Viena de Áustria, que narram feitos gloriosos por encomenda dos próprios protagonistas ou seus descendentes, os biombos nanban, de inconfundível beleza artística e exclusividade, são um caso à parte em quaisquer “encontros de culturas” distantes, autênticas dádivas a visitantes que trouxeram de muito longe novidades a uma civilização milenar. O próprio sentido da palavra o diz: uma “coisa nanban” é “algo de maravilhoso ou revolucionário”. Não há em todo o mundo representações equivalentes; e a maior surpresa é que, se em 1960 estavam identificados 60 biombos, há dez anos foram recenseados 93 (calcula-se que tenham sido 200!) — toda uma produção em larga escala sobre um motivo praticamente único (a Nau do Trato), a larga maioria dela em colecções e museus japoneses. Mais que toda a nova cartografia, estes biombos japoneses parecem-me a consequência lógica, embora a mais distante, dos Painéis de São Vicente.
A arte nanban não se limita a estes “panos pintados que se dobram” em residências de comerciantes nipónicos de cidades portuárias (que os viam como engimono “portadores de boa sorte ou fortuna”) ou de grandes dignitários militares e políticos. Inspirou também o mais sofisticado trabalho de artífices da laca, do ferro, do ouro e da madrepérola, em produções de inexcedível elegância como o raro biombo cartográfico “A rota marítima de Osaka a Nagasaki”, c. 1620, a máscara talvez cerimonial representando um rosto português com o nariz exagerado, estribos, guardas de espadas e os capacetes militares kabuto, moldados à maneira de um chapéu de abas português (de que se conserva exemplar no castelo de Osaka), ou objectos de uso corrente, como caixas de alimentos, escritorinhos de banca, oratórios, caixas de jogo, tecidos para vestuário, uns raros sapatos ocidentais em metal, feitos para um samurai de alto escalão, e até um leito desmontável.
Não por acaso, Armando Martins Janeira (1914-88) — embaixador de Portugal naquele país, que adquiriu para si um biombo nanban em Kyoto e editou um livrinho sobre teatro Nô em rigoroso figurino gráfico japonês, replicando o que Wenceslau de Moraes havia feito sobre a arte do chá — abre o seu livro fundamental sobre a presença portuguesa naquele país com a frase lapidar: “Com excepção do Brasil, em nenhum país Portugal exerceu tão profunda influência como no Japão” (Dom Quixote, 1970, p. 11). Ainda hoje, informa-nos Yoshi Miki, realizam-se festivais anuais em cidades como Sakai, Obama e Nagasaki, nos quais “os figurantes vestem-se com trajes nanban, reproduzidos das figuras dos biombos”. “Cada um pode simular ser um padre, marinheiro, ou capitão”. Este antigo conservador superior de museu também gosta de pão-de-ló, que compra numa confeitaria do seu bairro, numa caixa estampada com um biombo nanban
O interesse português por estes biombos é tardio. O principal par de biombos no Museu Nacional de Arte Antiga foi adquirido em 1952, enquanto um do Victoria & Albert Museum, de Londres, lá entrou em 1883. Em Dezembro de 1960 coube ao japonês Kiichi Matsuda, da Universidade de Osaka, publicar na revista Colóquio, da Fundação Gulbenkian, um primeiro artigo abrangente, e três anos depois, em parceria e em Tóquio, um livro sobre manuscritos históricos imbutidos no biombo do Museu de Évora. Adquiridos na capital japonesa em 1955, os dois biombos de Soares dos Reis, no Porto, só foram seriamente estudados em 2009 por Paula Carneiro, depois de num restauro na origem, oito anos antes, se ter descoberto no seu interior uma enorme quantidade de documentação histórica… O terceiro biombo do Museu de Arte Antiga foi comprado em 1974. Outro (inv. 1640), algures “após a Segunda Guerra Mundial”. O primeiro trabalho relevante em língua portuguesa é de 1986, e feito pela especialista em artes decorativas Maria Helena Mendes Pinto, por sinal uma descendente de Fernão.

Botan, “botão”

Depois de terem sido exibidos na Europália portuguesa de Bruxelas, em 1991 (numa mostra por ela comissariada, com Pedro Canavarro, e muito baseada, ainda, nos exemplares em museus e colecções portuguesas e continentais), os biombos ficariam cada vez mais em evidência: Lisboa Capital Europeia da Cultura 1994 recebeu uma exposição de vestuário japonês neles representados, e nesse mesmo ano Madalena Ataíde Garcia, uma conservadora do Museu Nacional do Traje, apresentou ao Conselho Internacional de Museus reunido em Macau uma comunicação sobre o traje português nos biombos, indicando 15 palavras portuguesas sobre vestuário que foram adoptadas pelos japoneses, entre as quais o indispensável botan, “botão”.
Em 2002 saiu na revista Oriente um ensaio de Sofia Diniz sobre igrejas dos jesuítas neles representadas. Os antiquários londrinos Jorge Welsh e Luísa Vinhais também produziram dois bons livros sobre arte nanban, depois de a Christie’s ter vendido em Setembro de 2004, a um coleccionador norte-americano de arte japonesa — a troco de uma alegre fortuna —, um par de biombos com parecença aos do Museu das Janelas Verdes. Outra venda da mesma leiloeira, em Nova Iorque, alcançou mais que 4 milhões de euros, em Março de 2011. Historiadores japoneses fizeram notar nas últimas décadas um forte movimento de trasladação de biombos de colecções privadas para museus centrais e locais do país, e progressos foram alcançados em 2003-5 numa investigação histórica financiada pelo governo japonês, de que resultou um catálogo comprovado, impresso em 2008. Em 2009, o Museu Soares dos Reis realizou a citada exposição, e no ano seguinte o Museu do Oriente apresentou “Encomendas nanban: os portugueses no Japão da Idade Moderna”.
Esta última exposição foi comissariada por Alexandra Curvelo, 45, autora destas Obras-Primas dos Biombos Nanban. Orientada por Rafael Moreira, defendera em 2008, com nota máxima (“Muito Bom com distinção e louvor”), a sua tese de doutoramento em História da Arte, precisamente sobre “a arte nanban e a sua circulação entre a Ásia e a América: Japão, China e Nova-Espanha (c. 1550 a c. 1770)”. Além disso, colaborara já com um estudo sobre os biombos num livro co-dirigido por Dejanirah Couto — Empires éloignés. L’Europe et le Japon (XVIe-XIXe siècle), 2010 — e, enquanto conservadora do Museu Nacional do Azulejo, de 2009 a 2014, realizou considerável trabalho em proximidades temáticas, artísticas (porcelana e azulejaria) e geográficas (China e Índia). Desenvolvendo actualmente uma investigação sobre missão cristã e seitas budistas durante a presença portuguesa naquele país (c. 1549 a c. 1647), viaja com regularidade ao Japão, estudou japonês, e toda esta abrangência e trabalho de campo (que a aproximam de Luís Filipe Thomaz, 73) propiciam-lhe um invulgar conhecimento histórico e artístico integrado e comparativo, da maior acuidade.
Os biombos nanban não são para ela, portanto, apenas uma fonte histórica privilegiada, nem a sua abordagem se fixa no miolo de uma história da arte a longa distância — ou excessiva proximidade — dos objectos que estuda. E isso permitiu-lhe seleccionar 13 biombos, para comentar o melhor dessas “narrativas pintadas” (p. 230): as pequenas cenas em close up, o movimento, a expressão e a hierarquia das dezenas de figuras nos cortejos de mercadores, fidalgos e auxiliares (intérpretes malaios e escravos africanos) ou no transbordo, peso e venda das cargas comerciais, a cordialidade entre credos, a arquitectura jesuíta acomodada aos costumes locais ou mesmo os malabarismos, quase circenses, dos marinheiros nos cordames dos navios, geralmente escravos negros, malabares e gurezates.

Naus armadas

Epicentro, digamos assim, dos biombos, Nagasaki beneficiava de inigualáveis localização geográfica e configuração topográfica: as montanhas envolventes serviam-lhe de muralha defensiva natural. A antiga aldeia de pescadores tinha tudo para se tornar, com os anos, uma cidade cosmopolita e próspera, onde chegavam mercadorias de todo o mundo. Curvelo informa que “se nas primeiras viagens realizadas ao Japão a nau tinha cerca de 400 a 600 toneladas, no final do século XVI [isto é, sessenta anos depois] já podia chegar às 1200 ou 1600 toneladas” (p. 71). Saía de Goa em Abril ou Maio e demorava mais de um ano a chegar ao Japão, pela necessidade de carregar mercadorias (incluindo animais raros) pelo caminho e aguardar por monções favoráveis à navegação. A longa permanência da Nau do Trato (de dois a seis meses, dependendo ainda das monções) em Nagasaki permitia a pintores formados em escolas pictóricas — os Kanô e os Tosa — e alojados em castelos próximos, que decoravam, a observação demorada e prazeirosa, “atenta aos pormenores” (p. 15), dos exóticos encontros entre mercadores e religiosos, das expressões de espanto e empatia, do transporte de oferendas, da especificidade das mercadorias europeias ou asiáticas, como a seda chinesa, porcelanas, almíscar, ou a novidade dos óculos do jesuíta, do apito do capitão-mor, da espingarda do soldado, ou a raridade muito apreciada de animais estrangeiros.
A folha de ouro abundantemente aplicada em nuvens (com relevos) e terra (plana) domina estes biombos de quase 4 metros em papelgasakushi ou torinoko sobre armação de madeira, ocasionalmente com moldura de seda ou laca, e tintas feitas com pigmentos minerais, favoráveis a cores alegres. Tinha como função técnica primordial “iluminá-los” “nos interiores sombrios e de luz tremeluzente das habitações japonesas” (p. 94), mas também unifica habilmente espaços, confere profundidade e justapõe os “dois mundos” em contacto. Os selos do destacado pintor Kanô Naizen (1570-1616) num par de biombos de c. 1600 (uma rara assinatura) permitiram conjecturar (p.125) que eles seriam colocados habitualmente frente a frente, com os espectadores no centro, e não na continuidade um do outro, como muitas vezes são vistos.
Com a entrada em cena de holandeses e ingleses, as naus passaram a viajar pesadamente armadas e isso é visível nos biombos tardios, sendo um factor da sua datação. O mesmo sucede com a presença de religiosos que chegaram depois dos jesuítas, facilmente identificados por longas capas pretas: os franciscanos e dominicanos com pés nus, escapulários de burel de lã castanha, e agostinhos de capa cinzenta, todos estes em posições sempre subalternas em relação àqueles, e em número reduzido.
No biombo do Museu do Oriente, já do início do século XVII, parece reconhecer-se Alessandro Valignano. Muito alto, e de impressionante presença física, o padre visitador e autor de Advertimentos e Avisos acerca dos Costumes e Catangues de Jappão (1581) seria paradoxalmente acolhido com receio e desconfiança: “O seu nariz era idêntico a uma concha […] agarrado como uma ventosa à cara. Os olhos eram tão grandes como óculos, e o seu interior amarelo. […] A sua altura excedia os sete pés e era todo preto; apenas o seu nariz era vermelho. […] Todos correram a vê-lo, enchendo as ruas numa total falta de ordem. E todos concordaram que esta aparição foi ainda mais assustadora do que a do mais aterrador dos demónios” (1639) — o que fez dele, que recomendava máxima empatia aos missionários, uma das razões para “a expulsão dos portugueses do Japão em 1640, acompanhada pela supressão do cristianismo dentro da aristocracia guerreira e por uma longa e meticulosa política anticristã contra os japoneses suspeitos de práticas cristãs” (p. 151).
Graficamente, o livro é bem estruturado, na linha da competência estética a que Chandeigne nos habituou. Falta-lhe claramente o benefício das macrofotografias que permitem dispor, num livro — e por maioria de razão tratando-se destes biombos —, a riqueza dos pormenores figurativos e cromáticos muito dificilmente alcançáveis a olho nu numa sala de museu. Entende-se que não tenha sido possível essa campanha fotográfica directamente vincada à paginação, de que tivemos o mais perfeito exemplo no catálogo do Museu Soares do Reis, desenhado por Pedro Falcão. Além disso, teria sido generoso incluir numa dupla página final todos os biombos escolhidos, para uma perspectiva global das suas parecenças e originalidades, algumas notas acerca do estado geral de conservação, pois alguns biombos (em Tóquio, Amesterdão, Osaka…) parecem necessitar de restauro, e uma lista dos 93 biombos recenseados e onde podem ser vistos.
O livro teve edição simultânea em francês e em inglês, colocando-o claramente num plano internacional — trinta anos depois do livro pioneiro de Maria Helena Mendes Pinto…

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Venezuela's Government Prepares for a Political Showdown
Venezuelan President Nicolas Maduro (C) waves after presenting an annual report to the National Assembly on Jan. 15. (JUAN BARRETO/AFP/Getty Images)
Less than a month after being sworn in, Venezuela's new National Assembly is digging in its heels for a fight. President Nicolas Maduro is set to announce new economic measures on Jan. 28, and it is possible that he will try to implement reforms the legislature has already rejected.
At the very least, Maduro will try to shift the blame for Venezuela's deteriorating economy onto the opposition. But if he announces his intention to push forward with enacting the economic measures outlined in his decree, it will mean that the president and his inner circle plan to rule to country with minimal input from the opposition — something the opposition will not allow without a fight