sábado, 31 de julho de 2010

DA SÉRIE FRASES QUE DÃO QUE PENSAR

«Temos todos, do primeiro-ministro ao seu mais acérrimo adversário, o direito a saber como foi possível chegarmos ao ponto a que chegámos: um despacho de arquivamento e acusação, tanto quanto conheço, único na nossa história judiciária em que, ao fim de seis anos de inquérito (!), os responsáveis pela investigação afirmam que nunca interrogaram o primeiro-ministro por não terem tido tempo para o fazer e ainda deixam escritas as perguntas que lhe queriam fazer!»




Francisco Teixeira da Mota, no Público de 31/07/2010

A GLOBALIZAÇÃO E O SEU INEVITÁVEL CONTRA-PONTO: O PROTECIONISMO!!!!

Indústria


Trabalhadores italianos estão a “polonizar-se”?

30 julho 2010 Gazeta Wyborcza Varsóvia

Chegou a hora da sesta. Trabalhador da Fiat no exterior da fábrica da construtora italiana em Pomigliano, perto de Nápoles, Junho 2

Quando a Fiat decidiu retirar o seu fabrico da Polónia para o Sul de Itália, pediu aos trabalhadores que concordassem em trabalhar mais. Aceitaram, mas agora enfrentam um enorme choque cultural. Um mês depois, o Gazeta Wyborzca visitou a fábrica italiana e ficou confundido com este exemplo de competição social europeia.

Tomasz Bielecki

Praça da primavera, em Pomigliano d’ Arco. O ar está pesado, com 40 graus Celsius e uma trovoada a caminho. Os sinos há muito que soaram o meio-dia. Dois jovens italianos apressam-se a atravessar a praça com uns documentos nas mãos. “São os ‘polacchizzati’. Deixaram que os polonizassem e agora têm que dar duro”, explica Gianluca Pagano, de 39 anos, antigo trabalhador da Fiat.
A “polonização” de trabalhadores italianos ou mesmo a disseminação da “escravidão” a que os trabalhadores polacos tinham antes sido forçado foi o tema principal de reuniões sindicais, discussões de taberna e sermões de domingo em Pomigliano d’ Arco e uma dúzia de pequenas cidades em redor do Vesúvio. “Primeiro foi Tychy, na Polónia, e depois, infelizmente, a China. Exploração. Agora chega isso tudo cá. Mas primeiro destrói-nos”, queixa-se Pagano, enquanto bebe o seu café.
Foi uma chantagem, não um referendo
Num referendo em junho, a Fiat deu aos trabalhadores de Pomigliano uma escolha simples: ou investia 700 milhões de euros na fábrica, em troca do compromisso deles de trabalharem mais afincadamente, ou, apesar das pressões políticas de Roma, não desviava a produção do novo Panda de Tychy para Pomigliano. Na segunda opção, quase 5.500 trabalhadores da Fiat e 10.000 trabalhadores de fornecedores locais enfrentariam o desemprego. E há que recordar que a fábrica da Fiat há décadas que é a única fonte de rendimentos para meia Pomigliano. “Foi chantagem, não um referendo. Puseram-nos uma arma na cabeça!”, diz o padre Paolo Farinella. Perante a perspetiva de desemprego e ameaçados com histórias sobre trabalhadores polacos dispostos a trabalhar sábados e domingos, 63% dos trabalhadores da Fiat votaram a favor dos novos procedimentos.

É hora da sesta num bar em Viale Alfa Romeo e uma dúzia de trabalhadores está a fazer uma pausa.
“Votámos que sim, porque tínhamos as mãos atadas”, protestam. Concordaram em trabalhar três turnos (em vez dos dois anteriores) incluindo nas manhãs de domingo (em vez de uma semana de trabalho de cinco dias), e aprovaram igualmente o direito de a gerência exigir horas extraordinárias no caso de grandes encomendas, maior controlo das baixas médicas, pausas para almoço mais curtas e restrições do direito à greve.

Pergunto se Pomigliano consegue alcançar os resultados de Tychy, a fábrica mais produtiva da Fiat na Europa. “Dizem que somos preguiçosos. Não serão vocês, polacos, que são um bocado loucos? Nunca se questionam para que andam sempre a bulir assim?”, responde Raffaele, apoiante da união sindical FIOM, que incitou os trabalhadores a votarem “não”. A mulher de Raffaele explica que concordou em casar e ter três filhos de um homem que voltava para casa do trabalho todas as noites, e não aos domingos de manhã. Há fábricas de três turnos em Itália, mas não foi isso que o marido aceitou fazer, não foi ir trabalhar para a fábrica, como o pai e o avô, para aquilo. “Concordou em baixar o pagamento a troco de mais vida. Sim, quanto menos trabalhamos, mais felizes somos. Isso é anormal?”, pergunta Agnese, de 36 anos.
Os gerentes e os capitalistas não viram o Campeonato do Mundo?
A doença do trabalho duro e da vida acelerada vem-se espalhando de norte para sul já há muito tempo agora. “As coisas estão a piorar, o mundo está a desintegrar-se”, dizem muitos em Pomigliano. Agnese aponta para duas pequenas lojas debaixo da sua varanda, na Via Ercole Cantone. Apesar da hora da sesta, estão ambas abertas. “Quatro horas antes da sesta e quatro horas depois: foi sempre assim. Foi assim que construímos o nosso rico país, não foi? E agora? A jornada de oito horas já não basta? Quantas horas fazem estas raparigas por dia? Quem come com os filhos delas?” – e aponta para as empregadas atarefadas.

Não negam em Pomigliano que alguém fora do sul de Itália possa achar estranhas as condições de trabalho na “sua” fábrica. Os gerentes não instalaram um grande ecrã de plasma no salão de reuniões durante o recente Campeonato do Mundo de Futebol, para que os trabalhadores pudessem ver o jogo da seleção italiana sem baixarem a taxa de presença diária? “É verdade. Mas os administrativos, gerentes e capitalistas não viram o Mundial também?”, respondem os trabalhadores. É verdade que um quarto dos trabalhadores meteu baixa no segundo dia da eleição parlamentar de 2008, para assistir a reuniões sindicais em Pomigliano e Nápoles ou para ficar a descansar em casa? “Está bem, exagerámos um bocado, nessa altura”, admitem os proprietários do bar de Viale Alfa Romeo, abanando as cabeças lentamente, como convém em hora de sesta.

Modelo Pomigliano pode acabar com direitos dos trabalhadores

O “modelo de Pomigliano” – como a comunicação social italiana chama à imposição de contratos de trabalho mais duros a fim de que a produção não seja deslocada para outros lados – está a tornar-se cada vez mais controverso. Especialmente quando a Fiat acaba de anunciar a intenção de fabricar uma nova carrinha na Sérvia, comunicação que pode ter sido apenas prelúdio para nova negociação dos contratos de trabalho.

O Osservatore Romano, diário oficial do Vaticano, opõe-se firmemente à deslocalização da produção industrial. Ezio Mauro, chefe de Redação do mais popular jornal italiano, o La Repubblica, adverte que o “modelo de Pomigliano” pode conseguir apagar os direitos dos trabalhadores adquiridos pelos sindicatos da Europa Ocidental nos anos 70. “Cuidado, porque em breve acabam a ser substituídos por asiáticos mais baratos, na Polónia ou na Sérvia”, profetiza Gianluca Pagano. Amanhã, estará de novo na Praça da primavera, a apreciar a sua vida ainda não “polonizada”.

Da SÉRIE : NOTÍCIAS QUE OSMEDIA PORTUGUESES NUNCA PUBLICARIAM

Jul 2010


Portugal entre os mais “virtuosos” no ajustamento – e esta…hem? – diário de bordo 113

Por JNR na secção Ciberardina na crise (do default) , Gestão do risco , crise



Numa comparação dos pacotes de austeridade para ajustar os orçamentos na União Europeia, o académico italiano Paolo Manasse (que entrevistei para o tema da “arqueologia” dos defaults) considera Lisboa, Bruxelas e Londres os mais “virtuosos”. Pelo menos nas promessas de ajustamento. Restará, depois, ver a concretização.
Portugal tem o plano de ajustamento mais “virtuoso”, quase dois pontos percentuais do produto interno bruto acima do esforço de um hipotético país “médio” que iniciasse um plano de ajustamento em 2009 em condições de dados económicos fundamentais similares, se excluirmos do modelo de benchmark a Grécia que está sob intervenção do FMI e de Bruxelas. O que é surpreendente. Mais “virtuoso” mesmo do que a Espanha ou a Itália. E é logo seguido da Bélgica, que, no dizer do exercício de comparação, “excede, também, em disciplina, provavelmente para tentar, com todas as suas forças, não acabar no clube dos PIIGS”.
Se a Grécia for incluída na construção do modelo para as medidas de 2010-2015, os mais “virtuosos” são a
Bélgica e o Reino Unido, logo seguido de Espanha e Portugal.
O exercício foi feito pelo académico Paolo Manasse, professor de Economia da Universidade de Bolonha, e publicado no La Voce Info, bem como no seu blogue pessoal (Black-of-the-envelope Economics), com um título bem sugestivo: “Virtuosos e Preguiçosos nos cortes do orçamento”. “[O caso português] é, sem dúvida, o ajustamento mais ambicioso, se excluirmos a Grécia da construção do modelo. A minha comparação analisa os cortes nos orçamentos que estão planeados. Resta ver se os governos, depois, cumprem o que prometem”, diz-nos Paolo Manasse, professor de Economia na Universidade de Bolonha.
Entre os “virtuosos” encontram-se, ainda, a Holanda, a Alemanha e a Grécia. Entre os “preguiçosos” contam-se o super-preguiçoso, a Itália, e dois mais moderados, a Áustria e a Eslováquia. A Irlanda não conta, dado ter efectuado os cortes orçamentais antes de 2010, refere o estudo.
O artigo de Manasse dirige-se ao público italiano e procura mostrar que o esforço de ajustamento planeado para 2011-2013 pelo governo de Silvio Berlusconi na ordem de €62 mil milhões em cortes na manovra finanziaria para esse triénio (e aprovado hoje pelos deputados da Câmara Baixa do Parlamento por 321 contra 270 votos e 4 abstenções) está abaixo do que deveria ser “para estar em linha com o esforço de consolidação europeu”. Necessitaria de um reforço de cortes em mais 2,4 a 2,7% pontos percentuais do PIB até 2015, diz Paolo Manasse.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

DA SÉRIE : FRASES QUE IMPÕE RESPEITO !

Território libertado


[Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]

"Com a probição das touradas na Catalunha, uma parte da Península Ibérica foi libertada da bárbara e degradante prática da flagelação e morte de animais para gáudio público.".
 
          Comentário: O vício de pan-glotismo, pan-sectarismo, pan-angústia, pan-necessidade de fazer parte da moda - permanecem sempre, uma vez tendo sido comunista. Por mais inteligente, como no caso, com duas palas apenas, se diz a palavra vício.

SOBRE O INIMIGO DE SÓCRATES

• O Jumento, COISAS DE BRUXAS:

‘O famoso DVD usado até à exaustão pela comunicação social na tentativa de linchamento de Sócrates apareceu miraculosamente nas mãos de jornalistas do SOL, um jornal onde o maior accionista era (e julgo qu é) um destacado dirigente do PSD, um tal Joaquim Coimbra que, curiosamente, é patrão de Marques Mendes e que ficou conhecido quando foi denunciado por Luís Filipe Menezes como sendo um dos vice-presidentes do PSD que se opôs à denúncia do BPN junto do Banco de Portugal.
Sucede que pouco tempo antes do aparecimento do famoso DVD a Freeport foi comprado pela Carlyle, um fundo de investimentos presidido por Frankl Carlucci e que nos países europeus costuma ser representado por figuras destacadas da direita, como sucede no Reino Unido onde é presidido por John Major, um velho amigo do PSD. Em Portugal era (não sei se ainda é) representado por Martins da Cruz, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Durão Barros, que abandonou o cargo para se dedicar aos negócios depois de se saber do esquema para que a filha entrasse na Faculdade de Medicina.
Foi a mesma Carlyle que no tempo em que Durão Barroso era primeiro-ministro tentou comprar a Galp, segundo a denúncia de Francisco Louçã queria fazê-lo sem meter um tostão, usando dinheiro generosamente emprestado pela CGD.
Sucede que a Carlyle não dava a cara no negócio, o testa de ferro local é uma holding financeira que se dá pelo nome de Fomentivest. Coincidência das coincidência o principal accionista da Fomentivest é Ângelo Correia e foi aí que Pedro Passos Coelho trabalhou, inicialmente como director financeiro e mais tarde como vogal do conselho de administração.

Curiosamente foi Ângelo Correia que numa entrevista a um semanário nos informou que o senhor Palma do sindicato (da treta) dos magistrados públicos é um latifundiário ... incrito no PSD.

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!!!...’

quarta-feira, 28 de julho de 2010

PORREIRO PÁ ! !

Já aqui disse explicitamente que considero que o engenheiro José Sócrates é o melhor primeiro-ministro para Portugal no presente momento histórico e é o melhor que já tivemos em república democrática ( entre 1910 e 1926 e  depois entre  1974 e o momento actual ).
Isto é o que penso.
Por isso é com enorme satisfação que vejo em dois dias este Homem conseguir duas enormes vitórias pessoais e para o país: ontem ficou totalmente ilibado do caso Freeport e hoje viu o veto que decidiu impor à PT render mais dinheiro à mesma, seus acionistas e ao país que  nao vai perder o seu know - how nas telecomunicações, quer no Brasil, quer com o ( muito ) dinheiro sobejante , em Angola, Moçambique e Àfrica do Sul.
Por isto apetece-me gritar-lhe:-" Porreiro pá!!.

E, para quem pense como eu, o gozo que dá passar os olhos pelos blogues esgaseados que o causticaram, desde o Arrastão bloquista, ao Cinco Dias comunista, passando pelo fascistoide 31 da Armada ou o Passoano Albergue Espanhol.

Mas gozo, gozo só vendo a cara de perplexidade idiota  do economista Cavaco Silva e seus acólitos! Que grande bolo-rei, meu deus!.... 

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O MEU DIA - O DIA DOS AVÓS !

Sempre quis ter o Meu Dia. Sim, porque ele há o dia de isto e daquilo, e também daqueloutro. Mas nunca houve o dia do Zé vá-se lá saber porquê.

Mas eis que alguma alma iluminada percorrendo os curiosos caminhos da Net descobre que o Dia 26 de Julho é o Dia dos Avós ! É o meu dia, já tenho dia, já cá canta!
Reza a lenda que que no Ano primeiro A.C., Ana e Joaquim ( Santa Ana e São Joaquim para a liturgia católica ) eram um belo casal idoso que não conseguia ter filhos. Vai daí, um dia, sim porque nestas coisas há sempre um dia, aparece-lhes um Anjo a anunciar-lhes que haveriam de ter uma menina a quem poriam o nome de Maria e seria amãe de Jesus. Assim foi, e Ana e Joaquim vieram a ser os avós de JESUS e santa Ana a padroeira das grávidas e das mulheres que desejam ter filhos, que , como se sabe, é uma espécie em vias de extinção e muito necessitada  de ser salva.

O meu Jesus chama-se João e foi para mim uma epifania absoluta. Ele, na altura do seu ano e meio ainda não sabe mas já paira na auréola mística do avô, e provavelmente dos outros avós, como o seu mini jesus. Donde o meu próximo Natal, mesmo que sem a sua presença física, vai ser com ele no centro das minhas atenções porque é ele o verdadeiro menino jesus. Em conformidade vou falar-lhe do que importa: vou recordar-lhe o que mais ninguém está apto a recordar-lhe - a sua raíz, os seus trisavós.

Na verdade só dois, que os outros já tinham morrido e só os conheci por ouvir dizer. Mas posso falar-lhe do tri-avô Abel ( meu avô ) e da tri-avó Aurora ( minha avó ) para ele compreender que aquela estranheza que sente em relação aos velhos avós já por estes foi sentida em relação aos seus.

O meu avô Abel morreu de enfarte do miocárdio em Cinfães, numa altura em que aquela terra ainda se escrevia Sinfães! Morreu numa das suas viagens pelas terras que eram suas e que fazia a cavalo. Levantava-se diariamente às quatro da matina, arreava um dos cavalos e às cinco já tinha devorado algumas léguas. Levava com ele uma bucha para o dia e uma tesoura de poda e quando chegava às tapadas punha-se a aparar pinheiros para estes crescerem só para o céu, para onde ele agora está. Acho que foi de tanto apontar para lá,  para o Céu, que um dia um anjo o veio convidar a partir e ele aceitou. Sim, porque usando nunca dizer Não, nunca fazia o que não queria. Às vezes levava-me comigo em pequeninas viagens , cada um no seu cavalo que ele me deu, e depois tirou, quando me viu a fazer treinos equestres a subir, montado, e a descer a escadaria da entrada da quinta no Douro.
Um dia, em mais um dia de Natal luminoso, tinha eu os meus 16 anos, fomos logo de manhã até à foz do Douro e a certa altura passou no rio uma lancha muito rápida . Ficamos ambos a olhá-la , invejosos. E o meu avô, que chegara a ter cinco barcos rabelos - um dos quais trouxera a minha mãe e um irmão para o Porto , ainda não havia estrada decente que não o rio, para iniciarem os estudos liceais - ficou vidrado na lancha e disse-me : - " quando a barragem ( do Carrapatelo ) estiver feita  havemos de ter um!"
É claro que contei isto à minha mãe e às irmãs que acharam que se não era eu que estava doido, era o pai delas. E foi neste preciso momento que deve ter ocorido uma das coisas mais importantes que moldaram a minha vida. É que se as filhas do meu avô não acreditavam no que o meu avô me dizia , era porque eu era o eleito do meu avô. A pessoa que  ele elegera para cúmplice dos sonhos que a sua racionalidade não permitia publicitar. EU ERA O ELEITO dentre os vinte e tal netos. E se a " autoridade" soberana do meu avô me tinha escolhido entre os demais  era porque ELE SABIA : Eu era único!
Foi assim que me fui tornando uma pessoa afirmativa, com elevada auto-estima que às vezes roça a arrogância, mas é assim mesmo, quando um avô nos reconhece e elege como bons , essa marca fica para o resto da nossa vida porque não há maior autoridade que a do nosso avô. Ele tem o poder e simultaneamente a autoridade que se nos apega à pele para o resto da nossa vida. Sobretudo quando é o avô materno!
Pouca gente sabe isto, João, meu neto, mas o apego, a ligação que os netos têm aos avós é geralmente mais forte aos avós maternos que aos paternos, porque a mãe com o exercício do seu tropismo e influência natural  "puxa" os filhos para os pais dela....
Por tudo isto, e porque o avô Abel era o meu único avô e porque era o materno, eu fiquei assim: se ele dizia que eu era o maior é porque eu era o maior.
De resto a sua história de vida ajudava à autoridade : ele tinha sido "despachado" pelo pai dele, aos 10 anos!, para o Brasil, sozinho num barco rabelo até ao Porto. Aí perguntara onde ficava Leixões e para lá foi a pé. Em Leixões tomou o vapôr que o levou até ao Rio de Janeiro onde, como Ferreira de Castro escreve no romance A  Selva , entregou a carta de chamada de um qualquer conhecido do meu bisavô e, nessa altura passou pelo inferno de Dante, e foi tudo,particularmente marçano duma mercearia, longos anos dormindo em cima dos sacos de batatas, até gritar o grito do Ipiranga, mandar o patrão à merda e voltar a Portugal para casar com a avó Aurora.

A minha avó Aurora era a mulher fina da freguesia. Tinha a terceira classe feita e era a única. Os pais gozavam da fama de abastados e ela prendeu-se de amores com aquele tipo do Brasil que ela mal conhecia a não ser por carta às escondidas dos pais, e afirmou-lhes o seu direito de casar com quem queria. 
A minha avó Aurora era senhora de muitas terras e os pais dela não compreendiam porque haveria ela de juntar os pucarinhos com um tipo dos brasis que tinha um pai que o obrigara a emigrar apesar de há duas gerações ganharem bom dinheiro com o negócio da madeira. Aliás o primeiro ( Couto ) que por lá aparecera era até um tipo da roda que se sabia vagamente que era fugido da Áustria e da guerra entre a Áustria e a Prússia ( ele não, mas os pais dele ). 
Por isso foi um grande estorvo aquele casamento. Mas ao pragmatismo do meu avô Abel ajuntava agora a minha avó Aurora um sentimento mais que moral da ética. Seguramente ela nunca ouviu falar de Kant mas a ética kantiana do Dever era nela uma impressão genética. Por isso fez o que tinha a fazer e em poucos anos , como a mulher da casa (que de facto mandava no marido), foram construindo a casa da Arroteia que até tinha uma tasca por baixo para desenrrascar umas coroas no início do casamento; casa que depois foi minha muitos anos e onde os meus filhos passaram longos estadios.   Quando finalmente acharam que os copos e as madeiras vendidas  eram suficientes, construiram a Casa Baixa que hoje é do meu tio Carlos;  e quando já se podiam dizer de  remediados mandaram construir a Casa Alta,  uma casa abrasileirada, a primeira no concelho a ter quarto de banho e que era a modos que uma torre a espaventar o esplendor da riqueza: Contradições próprias dos portugueses!
Mas deixaram para a posteridade a casa que é a única casa classificada do Concelho de Cinfães e é hoje do meu tio João.
O importante de toda esta estória é que a minha avó Aurora deve ter crescido na maturação da sua feminilidade e foi com ela que ainda pude aprender o lado ascético e irónico da vida. Sabes, meu neto João, quando um dia eu estava de férias na Casa Alta a brincar com um barquinho (feito pelas minhas tias a partir duma cana de canavial ) numa levada do ribeiro que passava à porta da cozinha, ia ouvindo o para-aqui-e-para-ali duma mulher que trazia à minha avó Aurora,  já depois de muita conversa a preparar o terreno, qualquer coisa como isto:"- E a propósito- dizia a corva - vi ontem o senhor Abel a entrar no palheiro da Eira onde a carlinha do Bacêlo estava a trabalhar e esteve lá um bom tempão a ajudar a rapariga!.... E a minha avó Aurora: "-E a sua filha anda melhor dos joanetes?".
Um dia - e ainda há pessoas que acham que um puto fiúza de cinco anos não percebe as coisas - entrou um caseiro capaz de matar uma horda de vizinhos porque não lhe cumpriam a hora da levada. A minha avó Aurora que eu sempre conheci sentada com uma manta pelas pernas, atentou no homem, mandou a uma das filhas que lhe servisse uma malga vidrada em branco ( que eu tenho ) de tinto, e disse em voz baixa para os filhos que viviam no Porto e estavam lá de férias em Agosto:"-Ouvi, mais vale um mau acordo que um bom litígio". E a minha mãe e os meus tios que começavam a ferver com as acusações do homem lá se foram acalmando e ele saiu da cozinha para a vida com outro rumo no coração. Era assim a minha avó Aurora , cheia de máximas que reduziam o mundo a uma frase e acertavam sempre.

Por tudo isto, e sobretudo como expliquei acima, por os avós do lado da nossa mãe terem tendencia a serem para nós muito mais importantes que os paternos, e correndo eu o risco de nunca vir a ter possibilidades de te contar estas coisas que são o húmus da nossa vida, faço questão meu querido neto João, de te ir deixando algumas notas do que és. O meu menino Jesus de todos os próximios Natais.  


sábado, 24 de julho de 2010

E A IRLANDA ESTÁ A IR AO FUNDO

Exposição da banca portuguesa aos outros PIIGS é mais de 1/5 do PIB


Por JNR na secção Ciberardina na crise (do default) , Gestão do risco , Globalização , Inteligência Económica , O novo capital financeiro , crise

ainda sem comentários

A exposição da banca portuguesa a Espanha, Grécia, Irlanda e Itália era de 53 mil milhões de dólares no final de 2009. O equivalente a 23% do PIB desse ano. Mais de metade dessa exposição era relativa a Espanha. Trocado por miúdos: se houver gripe suína nos outros “colegas” do grupo, os créditos que a banca portuguesa tem a haver entram em choque. E vice-versa. É uma teia bem tecida.



A exposição agregada da banca portuguesa a “residentes” no grupo mais frágil da zona euro, denominado humoristicamente por PIIGS (acrónimo em inglês para Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), totalizava 53 mil milhões de dólares, em valores consolidados, no final de Dezembro de 2009, segundo dados do Bank for International Settlements (BIS), recorda, esta semana, o relatório do Fundo Monetário Internacional sobre a “saúde” da economia da zona euro.



Esse montante equivalia a 23% do nosso produto interno bruto (PIB), um valor relativo elevado só ultrapassado pela banca da Irlanda, cuja exposição aos outros PIIGS correspondia a 91 mil milhões de dólares, ou seja 40% do seu PIB. O peso da exposição dos bancos espanhóis ou italianos aos outros PIIGS era de 10% e 3% do PIB respectivamente. O relatório do FMI não fornece dados da exposição da banca grega.



A maior fatia da exposição da banca portuguesa aos outros PIIGS dirige-se a Espanha (55% do total), seguida da Grécia (19%) e da Irlanda (16%). Por seu lado, os bancos estrangeiros mais expostos a Portugal são os espanhóis que contam com 36% do total da exposição estrangeira a Portugal. O que revela um cordão umbilical de exposição entre os dois sistemas financeiros. Na lista de exposição a Portugal seguem-se, depois, a alguma distância, os bancos alemães (19,7%) e os franceses (18,9%).



A exposição da banca estrangeira a Portugal somava, no final de 2009, 238 mil milhões de dólares, mais do que a exposição da banca estrangeira à Grécia (que somava 199 mil milhões).



A banca mais exposta aos PIIGS era a francesa (quase 900 mil milhões de dólares, o equivalente ao PIB do México que foi, em 2009, a 14ª economia do mundo), seguida da alemã (mais de 700 mil milhões de dólares). Compreende-se, por isso, a “sensibilidade” da banca francesa e alemã ao que se passa no grupo com maiores probabilidades de default dentro da zona euro.



O país do grupo dos PIIGS com maior exposição da banca estrangeira, no ano passado, foi a Itália (1 bilião de dólares em valores consolidados).



Se a banca portuguesa estava mais exposta a Espanha, e a espanhola a Portugal, a banca irlandesa estava exposta sobretudo a Itália, e a italiana a Espanha. Uma malha bem tecida, em que um resfriado em qualquer um dos PIIGS se repercute em cadeia. No caso da Irlanda, a banca estrangeira mais exposta é, naturalmente, a do vizinho inglês.



Nota: Nos “residentes” incluem-se os sectores bancário e não bancário privados e o público. Por “exposição” entende-se créditos sobre residentes daqueles países.

Fonte: FMI, Country Report 10/221, 22 de Julho de 2010, Economic Health Check, Parte B, página 6, quadro “Bank Exposures to Selected Countries”, Dezembro de 2009.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

GUINÉ EQUATORIAL

Anda hoje e tem andado todos estes dias muito atarefado o senhor presidente da nossa república, Cavaco Silva. Tudo por causa do pedido de pertença ( de entrada ) à CPLP, que é assim a modos que uma espécie de clube de países ex-colónias portuguesas. Só que nesta Guiné manda um horrível ditador mas também há patróleo. De modo que o coração do nosso presidente parece balouçar : como político ,não!; como economista,sim!.
O mais engraçado é que, logo por acaso, iniciei hoje a publicação de um grande ensaio sobre inteligência . das pessoas e dos povos - e esta Guiné está em último lugar, com um Q.I. médio de 60! ( para quem não sabe um Quociente de Inteligência normal é de 100 , mais dez, menos dez ).

INTELIGÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DAS NAÇÕES

1 - De Spengler a Toynbee


Oswald Arnold Spengler nasceu em 1880 e faleceu em 1936.
Deixou uma obra vasta na filosofia, na politologia e na história - logo, na Geopolítica.
A sua obra mais conhecida e que é um clássico, chama-se "O Declínio do Ocidente " e tendo sido escrita antes da I Grande Guerra só foi publicada em 1918. Nela Spengler exprime a sua visão da História das Nações, por ciclos. Ciclos, primeiro de cultura (kultur ) correspondendo à ascensão da Nação, a que se segue o final da civilização , daquela civilização ( zivilization ). Na primeira fase, assiste-se a um período de desenvolvimento, de diferenciação e apropriação culturais, de inovação e criação, de afirmação da sua " qualidade específica" no quadro geral "mundial", o que pode exigir luta, sob qualquer forma, para a sua predominância.
Na segunda e última fase, ocorre a decadência, período em que à qualidade se sobrepõe a quantidade, quantidade esta que pode até ser biologicamente condicionada.
Quer uma quer outra fase pode durar séculos e Spengler acha que a degenerescência quantitativa ocorre em todas as culturas. À época em que a obra foi escrita, ele já achava que a Europa teria já passado pelo seu período  cultural , estando em plena fase de civilização ( lêr o anterior "post A Obesidade da Cultura). Spengler foi assim um percursor, ao anunciar a preponderância das massas, os exércitos de um partido, o surgimento de novas ditaduras.
Em 1931, numa outra obra, " O Homem e a Técnica ", a sua visão ( muito sobreponível à de Malthus ) abraça a questão do crescimento das máquinas sobre os sujeitos, tudo escrito e dito de maneira fascinantemente intuitiva. Chega a explicar ( muito antes de Heidegger) que o que diferencia o Homem do animal é a " preocupação com o futuro", dado que a cogitação animal fica sempre ancorada no "aqui e no agora.", e por isso, a técnica humana está dissociada da espécie humana. Partindo dos poderes da "mão", a capacidade humana liberta o homem das coações e dos estreitos constrangimentos da "ferramenta". E diz, " o que caracteriza o homem é o" pensamento da mão", como o " pensamento dos olhos" caracteriza os animais de rapina.

Discípulo de Spengler foi Arnold Toynbee  (1889-19775).
Contra a ditadura cultural esquerdista, Toynbee navega contra-a-corrente, e entre 1934 e 1961 escreve a sua monumental obra em 12 volumes " Um Estudo de História" que em português existe numa edição da editora Ulisseia. Nela , ele acha que todo o processo de nascimento , desenvolvimento e queda das civilizações, obedece a um mesmo padrão. Depois de dissecar a história de 26 civilizações chega a esta conclusão. E declara enfaticamente que as causas do declíneo das civilizações são sempre endógenas, isto é, nenhuma civilização é destruída por causas ecológicas ou invasões militares externas, mas simplesmente suicida-se. Ou seja ainda, as civilizações não são alvo de homicídios, mas de suicídios.E projecta para as civilizações existentes no final da II Grande Guerra, sobretudo a ocidental cristã, a perspectiva de sendo ainda vivas, estarem já no seu declíneo.
E valorizando mais que qualquer outro a importância das religiões como elemento aglutinador e cimento civilizacional, é o primeiro a prever um choque de civilizações entre o islamismo e o catolicismo.

Quando hoje olhamos para Portugal , a Europa e o Ocidente, percebemos muito bem o que eles previram. Não , não foi o Fim da História, mas foi a estória de um fim evitável - se os nossos dirigentes políticos , sociais e culturais os tivessem alguma vez lido.

2 - O  QUE  É  A  INTELIGÊNCIA ?

Até há pouco tempo quando falávamos de inteligência falávamos de inteligência racional; hoje em dia podemos falar também da emocional  e já agora há por aí quem fale da espiritual ( esta última a parecer-me algo surrealista ).

Se como dizia Biswanger conhecer é medir, e só existe o que se pode medir, o senhor Binet ( Alfred de seu nome e psicólogo de profissão), e o médico Théophile Simon, entenderam tentar compreender porque é que os alunos das escolas primárias francesas tinham boa aprendizagem nuns casos e má noutros.
 O governo françês, por volta de 1890 andava preocupado com o assunto ( nos tempos em que a França era a França ) e calhou pedir-lhes que estudassem o assunto. O pedido especificava já em 1904 que criassem um teste que permitisse às professoras identificar crianças atrasadas ( ou burras!, como dizia ontem na RTP uma vizinha duma das vítimas do assassino triplo com que a Judiciária anda à voltas quando a jornalista lhe perguntou se a vítima era sugestionável e ela respondeu: "era burra que nem a quarta classe tirou!" ), de maneira a que essas crianças pudessem ter uma aprendizagem especial ( isto no tempo em que a França era... ).
O que os senhores Binet e Simon fizeram foi colocar um conjunto de problemas que parecia implicarem um conjunto de capacidades mentais diferentes a um enorme grupo de crianças educandas francesas. E eles viram que , em média, uma criança de 7 anos podia fazer uma cópia a lápis dum losango, mas uma de cinco raramente o conseguia. Assim, se no teste, um menino de 9 anos obtivesse o mesmo score de respostas certas de um menino de 7 anos, Binet e Simon diziam que o menino estava mentalmente atrasado dois anos, e assim por diante.
Deste modo, pelo teste de Binet-Simon, há quarenta anos todos os psiquiatras ( ainda não havia psicólogos ) diziam que determinada criança "estava adiantada ou atrasada" x anos.

Foi muito mais tarde que o alemão Wilhelm Stern colocou o físico, a idade cronológica, e a idade mental numa mesma equação:

    - Idade  Mental x 100 = Q.I. (quociente de Inteligência )
      ---------------
      Idade Cronológica

 Binet e Simon foram largamente influenciados por Darwin e a sua teoria da evolução. Darwin sugeriu que a inteligência é herdada da mesma forma que a côr dos olhos. Por isso, pensava ele, se um casal tivesse 100 filhos homens, a maioria seria de altura próxima da do pai e haveria outros em menor número que se afastariam desta média distribuindo-se em forma de sino ( em curva de Gauss ). Se fossem 100 raparigas seriam geralmente da altura da mãe, mas algumas, poucas, mais baixas e o mesmo número de mais altas. É por isto que ainda hoje muitos professores submetem as notas dos exames dos seus alunos a uma curva em sino, aumentando ou diminuindo artificialmente as notas para parecer que o teste foi bem elaborado!

Muitos testes são baseados nesta suposição gaussiana. O teste de Binet-Simon caiu nessa ratoeira já que o teste fornecia uma distribuição dos Q.I. em forma de sino para cada nível de idade. Se a inteligência fosse um traço único, como é a altura física , ou se fosse inteiramente determinado pelos genes, poderia este teste estar certo. Mas, com o tempo , os médicos começaram a verificar que a inteligência ABARCAVA  coisas tão  diferentes como memorizar palavras ou números, aprender tarefas motoras, resolver problemas verbais,, ser criativo, "ver" tridimencionalmente , etc. E, por isso, sendo um conjunto de traços comportamentais ou de personalidade, não devia ser "engaiolado " numa curva em forma de sino como se fosse um único traço.
Daí que fosse e seja dominante hoje a definição de inteligência de Stern segundo a qual ela, a inteligência, é a capacidade ou o seu grau, que alguém tem para resolver problemas novos com base na experiência previamente adquirida. Claro que nesta experiência previamente adquirida entrava a educação familiar desde o berço, o que dava clara vantagem aos filhos de classes instruídas, aos filhos de fratrias pequenas ( pela maior disponibilidade dos pais ), ou ao primeiro filho de fratrias grandes ( por igual motivo ).

É claro também que as escalas de inteligência multiplicaram-se, sendo ainda hoje a mais usual nos meios estudantis a Wesheler, aferida para todo o mundo. Para todo o mundo sim, mas para o mundo todo estudantil. O que quero dizer é que estas escalas medem sobretudo a capacidade de compreender o que se ensina nas aulas, ou seja são boas para predizer do grau previsível de sucesso escolar mas mais nada, Por exemplo, nada nos diz sobre a " inteligência de sobreviver na selva se o nosso avião lá cair !

Mas pior foi quando alguém formado na escola de etologia de Heidelberg ( a ciência do estudo do comportamento das várias espécies animais comparado - com nomes como Desmond Morris ou Konrad Lorenz ), veio fazer a pergunta ingénua : "então , em vez de ter de mostrar capacidade para resolver problemas novos, se um animal de uma dada espécie evitar ter que o resolver um problema novo através dum outro comportamento, este animal, poupando tempo e trabalho, não poderá ser mais inteligente?

Bom, a verdade é que pode e geralmente é.
 E aqui surge em embrião mais um conjunto de factores de inteligência , a chamada por Daniel Goleman, Inteligência Emocional que até já tem várias escalas ou testes de medição, todas elas - felizmente - muito insuficientes quer pela pouca fidelidade,quer pela parca validade.
Mas então o que é que um teste tem que ter para ser bom?
Fidelidade, ou seja um teste deve medir o que diz ser capaz de medir, e somente isso; e validade, ou seja, deve medir de modo preciso e acreditável, ou seja se eu repetir o teste ele deve mostrar os mesmos resultados.

Ora meus amigos, tudo isto é susceptível de se aplicar aos povos e à sua inteligência.



3 - ESCALA  DA  INTELIGÊNCIA  DOS  POVOS ?

National IQ estimativas : segue-se o resumo dos estudos de Richard Lynn e  Tatu  Vanhanen sobre a inteligência média dos povos do mundo , da metodologia utilizada bem como o resultado a que chegaram : uma escala do Quociente de Inteligência média do povo de cada país abaixo referido. Chamo a atenção dos meus dois leitores e meio para o facto de o artigo estar escrito em inglês com a tradução para português frase a frase.
Leiam pois com atenção. Para a semana retomarei o tema com o ponto 4. que será a interpretação e a discussão destes resultados e da sua importância para o governo do nosso país.




National IQ estimates [ 6 ] Nacional IQ estimativas [6] Central to the book's thesis is a tabulation of what Lynn and Vanhanen believe to be the average IQs of the world's nations. Central para a tese do livro é uma tabulação de Lynn e Vanhanen que acreditam ser o QI médio das nações do mundo. Rather than do their own IQ studies (a potentially massive project), the authors average and adjust existing studies. Ao invés de fazer seus estudos de QI (um projeto potencialmente massiva), os autores média e ajustar os estudos existentes.

For 104 of the 185 nations, no studies were available. Para 104 das 185 nações, não há estudos disponíveis. In those cases, the authors have used an estimated value by taking averages of the IQs of neighboring or comparable nations. Nesses casos, os autores usaram um valor estimado, tendo médias de QI de nações vizinhas ou comparáveis. For example, the authors arrived at a figure of 84 for El Salvador by averaging their calculations of 79 for Guatemala and 88 for Colombia. Por exemplo, os autores chegaram a um valor de 84 para El Salvador por uma média de seus cálculos de 79 para Guatemala e 88 para a Colômbia. Including those estimated IQs, the correlation of IQ and GDP is 0.62. Incluindo os QIs estimados, a correlação entre QI e PIB é de 0,62.

To obtain a figure for South Africa, the authors averaged IQ studies done on different ethnic groups, resulting in a figure of 72. Para obter um valor para a África do Sul, os autores média de QI feito estudos sobre grupos étnicos diferentes, resultando em um valor de 72. The figures for Colombia, Peru, and Singapore were arrived at in a similar manner. Os valores para a Colômbia, Peru e Cingapura foram obtidas de maneira similar. For People's Republic of China , the authors used a figure of 109.4 for Shanghai and adjusted it down by an arbitrary 6 points because they believed the average across China's rural areas was probably less than that in Shanghai. Para a República Popular da China , os autores usaram um valor de 109,4 para Xangai e ajustado para baixo por um arbitrário 6 pontos, porque eles acreditavam que a média de áreas rurais da China foi, provavelmente, menor do que em Xangai. Another figure from a study done in Beijing was not adjusted downwards. Outra figura de um estudo feito em Pequim não foi ajustada para baixo. Those two studies formed the resultant score for China (PRC). Esses dois estudos formaram a pontuação resultante da China (RPC). For the figure of Macau , the average IQ is 104 which is obtained from the score of the Programme for International Student Assessment (PISA) and in such a way transformed into an IQ score. [ 7 ] Para a figura de Macau , a média de QI é 104, que é obtido a partir da pontuação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) e de tal forma transformada em um escore de QI. [7]

In some cases, the IQ of a country is estimated by averaging the IQs of countries that are not actually neighbors of the country in question. Em alguns casos, o QI de um país é estimado pela média do QI de países que não são realmente os vizinhos do país em questão. For example, Kyrgyzstan 's IQ is estimated by averaging the IQs of Iran and Turkey, neither of which is close to Kyrgyzstan—China, which is a geographic neighbor, is not counted as such by Lynn and Vanhanen. Por exemplo, o Quirguistão é o QI é estimado pela média do QI do Irã e da Turquia, nem de que está perto o Quirguistão ea China, que é um vizinho geográfico, não é contabilizado como tal por Lynn e Vanhanen. This is presumably because the ethnic groups of the area speak Iranian and Turkic languages, but do not include Chinese. Isto é provavelmente porque os grupos étnicos da região falam línguas iranianas e turcas, mas não incluem chinês.

To account for the Flynn effect (an increase in IQ scores over time), the authors adjusted the results of older studies upward by a number of points. Para dar conta do efeito Flynn (um aumento em escores de QI ao longo do tempo), os autores ajustaram os resultados de estudos mais alta por um certo número de pontos.



Rank Classificar Country País IQ estimate [ 3 ] estimativa de QI [3] :

1 1 Hong Kong Hong Kong 107 107

2 2 South Korea Coréia do Sul 106 10
3 3 Japan Japão 105 105

4 4 Republic of China (Taiwan) República da China (Taiwan) 104 104

5 5 Singapore Cingapura 103 103

6 6 Austria Áustria 102 102

6 6 Germany Alemanha 102 102

6 6 Italy Itália 102 102

6 6 Netherlands Holanda 102 102

10 10 Sweden Suécia 101 101

10 10 Switzerland Suíça 101 101

12 12 Belgium Bélgica 100 100

12 12 China China 100 100

12 12 New Zealand Nova Zelândia 100 100

12 12 United Kingdom Reino Unido 100 100

16 16 Hungary Hungria 99 99

16 16 Poland Polônia 99 99

16 16 Spain Espanha 99 99

19 19 Australia Austrália 98 98

19 19 Denmark Dinamarca 98 98

19 19 France França 98 98

19 19 Mongolia Mongólia 98 98

19 19 Norway Noruega 98 98

19 19 United States Estados Unidos 98 98

25 25 Canada Canadá 97 97

25 25 Czech Republic República Checa 97 97

25 25 Finland Finlândia 97 97

28 28 Argentina Argentina 96 96

28 28 Russia Rússia 96 96

28 28 Slovakia Eslováquia 96 96

28 28 Uruguay Uruguai 96 96

32 32 Portugal Portugal 95 95

32 32 Slovenia Eslovénia 95 95

34 34 Israel Israel 94 94

34 34 Romania Romênia 94 94

36 36 Bulgaria Bulgária 93 93

36 36 Ireland Irlanda 93 93

36 36 Greece Grécia 93 93

39 39 Malaysia Malásia 92 92

40 40 Thailand Tailândia 91 91

41 41 Croatia Croácia 90 90

41 41 Peru Peru 90 90

41 41 Turkey Turquia 90 90

Rank Classificar Country País IQ estimate [ 3 ] estimativa de QI [3]

44 44 Colombia Colômbia 89 89

44 44 Indonesia Indonésia 89 89

44 44 Suriname Suriname 89 89

47 47 Brazil Brasil 87 87

47 47 Iraq Iraque 87 87

47 47 Mexico México 87 87

47 47 Samoa Samoa 87 87

47 47 Tonga Tonga 87 87

52 52 Lebanon Líbano 86 86

52 52 Philippines Filipinas 86 86

54 54 Cuba Cuba 85 85

54 54 Morocco Marrocos 85 85

56 56 Fiji Fiji 84 84

56 56 Iran Irã 84 84

56 56 Marshall Islands Ilhas Marshall 84 84

56 56 Puerto Rico Porto Rico 84 84

60 60 Egypt Egito 83 83

60 60 Saudi Arabia Arábia Saudita 83 83

60 60 United Arab Emirates Emirados Árabes Unidos 83 83

61 61 India Índia 81 81

62 62 Ecuador Equador 80 80

63 63 Guatemala Guatemala 79 79

64 64 Barbados Barbados 78 78

64 64 Nepal Nepal 78 78

64 64 Qatar Catar 78 78

67 67 Zambia Zâmbia 77 77

68 68 Congo Congo 73 73

68 68 Uganda Uganda 73 73

70 70 Jamaica Jamaica 72 72

70 70 Kenya Quênia 72 72

70 70 South Africa África do Sul 72 72

70 70 Sudan Sudão 72 72

70 70 Tanzania Tanzânia 72 72

75 75 Ghana Gana 71 71

76 76 Nigeria Nigéria 67 67

77 77 Guinea Guiné 66 66

77 77 Zimbabwe Zimbábue 66 66

79 79 Democratic Republic of the Congo República Democrática do Congo 65 65

80 80 Sierra Leone Serra Leoa 64 64

81 81 Ethiopia Etiópia 63 63

82 82 Equatorial Guinea Guiné Equatorial 59 59





Although not a nation, Hong Kong appears on this list. Apesar de não ser uma nação, Hong Kong aparece nesta lista. The sovereignty of Hong Kong was returned to China by the United Kingdom in 1997. A soberania de Hong Kong foi devolvida à China pelo Reino Unido em 1997. However, Hong Kong still maintains most of the colonial administrative system and hence appears in many "international" rankings. No entanto, Hong Kong ainda mantém a maioria do sistema colonial administrativo e, portanto, aparece em muitas internacional "rankings

OBESIDADE MENTAL

A Obesidade Mental – Andrew Oitke

Por João César das Neves - 26 de Fev 2010

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity»,
que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais
em geral.

Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o
conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema
da sociedade moderna.

«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos
do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação
e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de
preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que
de hidratos de carbono.

As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas.

Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.

Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas

e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas

e realizadores de cinema.

Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as

revistas e romances são os donuts da imaginação.»

O problema central está na família e na escola.

«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se

comerem apenas doces e chocolate.

Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a
dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados,
videojogos e telenovelas.

Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina,
romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam
depois uma vida saudável e equilibrada.»

Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma:

«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de
reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das
realizações humanas.
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e
manipular.»

O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.

«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.

«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para
que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».

As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.

«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a
cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil,
paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
civilização, como tantos apregoam.

É só uma questão de obesidade.

O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.

O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.

Precisa sobretudo de dieta mental.»

quarta-feira, 21 de julho de 2010

OS VIVAS À REPÙBLICA SÃO TÃO SOMENTE OS VIVAS Á HORRÍVEL PRIMEIRA REPÙBLICA !

Outro dia, à minha frente um eléctrico trazia pintado um dos símbolos da República, uma figura feminina com barrete frígio com um seio desnudado, uma variante, mesmo assim mais púdica, da figura de Delacroix da "liberdade guiando o povo". Um seio nu em vez de dois, certamente porque a Carris obedece aos bons costumes. Neste ano do centenário da República, actos dessa comemoração estão por todo o lado, mas toda esta sucessão de publicações, eventos, sessões, não escapam a uma ambiguidade que remete mais para uma história "oficial" do que para a história pura e simples, mais agnóstica quanto à política e à ideologia republicana. Ou dito de forma mais exacta, quanto à nossa tradição republicana jacobina e maçónica, que encontrou expressão numa parte da oposição à ditadura, quer nos sobreviventes da própria Primeira República, quer no oposicionismo não comunista, socialista, uma continuidade. Resumindo e concluindo, o que se está a comemorar não é a forma republicana de governo, mas sim a Primeira República de 1910 a 1926, através da imagem laudatória e mítica que se fixou nos anos da oposição ao regime do Estado Novo. É uma coisa bem diferente da República, até porque o próprio regime de Salazar e Caetano não só foi republicano na forma, como o foi muitas vezes mais do que na forma, na essência, sendo que a Salazar se deve o fim da querela república-monarquia que até aos anos 50 permanecia viva. Só que era outro tipo de republicanismo e esse não o estamos a comemorar.

Antes do 25 de Abril o republicanismo maçónico tinha sido absorvido na aliança que o PCP tinha feito com os elementos da velha oposição republicana e com os socialistas que representavam de alguma maneira a sua "juventude". Esta aliança conheceu altos e baixos e foi posta à prova pela aparição nos anos 60 de novos actores, os grupos esquerdistas, que obrigaram o PCP a ter que lidar não só com a sua direita, mas também com a sua esquerda. Até meados da década de 60, no calendário oposicionista, o 31 de Janeiro e o 5 de Outubro eram mais importantes do que o 1º de Maio ou a data da Revolução Russa, o 7 de Novembro. Nas romagens que se faziam aos cemitérios ou aos monumentos das figuras republicanas, no Porto e em Lisboa, manifestações sem-ilegais, havia sempre um grito emocionado de "Viva a República!", atirado para o ar. Recordo-me, no Porto, de um velho popular, penso que alfaiate, que aparecia sempre e que tinha uma voz possante, apesar de ser muito pequeno e atarracado e que gritava o "Viva a República" quase a chorar. Mas essa emoção já estava então a esmorecer, e, nas cadeias, esquerdistas e comunistas digladiavam-se pelas datas que se deviam comemorar pelos presos e, cá fora, aparecia uma nova geração de intelectuais esquerdistas que descobriam uma Primeira República bem diferente da que a oposição mitificara.
Essa Primeira República era intolerante, pouco democrática, anti-operária, anti-sindicalista, tão corrupta como todos os regimes, tinha uma clientela venal e convivia bem quer com milícias violentas, quer com o embrião de uma polícia política, a partir da qual a própria PVDE, depois, PIDE, depois DGS, evoluiu. Havia eleições, mas dificilmente se podiam considerar mais do que um simulacro, quer pelo desenho dos círculos eleitorais, quer pela escassa participação popular, num sistema que funcionava na base do clientelismo e do patrocinato, a favor do Partido Democrático.
Havia corrupção e grossa incompetência, de que são exemplo a companhia dos Transportes Marítimos do Estado, criada a partir dos barcos alemães apresados nos portos portugueses, quando da declaração de guerra, e a construção de bairros sociais, que acabaram apenas de ser construídos em pleno salazarismo, que não deixou de usar o contraste entre a sua "obra" e a ineficiência republicana. Havia mais censura do que se imaginava e as perseguições políticas eram comuns, assim como o número de presos e deportados. A prática de deportações em massa, para Timor, Guiné era habitual, assim como o exílio forçado de monárquicos, jesuítas, e mesmo dos republicanos que tinham que fugir da sequência de golpes militares que caracterizavam a enorme instabilidade política nas ruas e nos governos. E a Primeira República foi manchada igualmente pelos assassinatos políticos, em particular a célebre "noite sangrenta", em que foram mortos António Granjo, Machado Santos, José Carlos da Maia, Freitas da Silva, Botelho de Vasconcelos, entre outros. Por contraste, o único assassinato político que merece ser classificado como tal no Estado Novo foi o de Humberto Delgado, embora haja ainda muitas obscuridades quanto ao que se passou. Houve gente morta pela PIDE, nos campos de concentração, nas cadeias, sob tortura, em confrontos de rua, mas não existem provas de que se tratava de assassinatos deliberados.
Claro que os 16 anos da República não podem ser comparados aos 48 anos da ditadura, que instituiu todas as formas de violência numa organização estatal estável e muito mais eficaz, e que penetrou a sociedade portuguesa com mecanismos repressivos ao lado dos quais os da Primeira República parecem amadores. Mas esta é uma comparação que é perigosa, que posso fazer, mas que não desejo que se preste a uma confusão historicista, porque se trata de coisas muito diferentes, de regimes muito diferentes. Se quisermos fazer uma comparação mais compreensiva, é entre o republicanismo de 1910 a 1926 com o constitucionalismo monárquico, que os republicanos ajudaram a denegrir e que sob muitos aspectos era, esse sim, muito mais tolerante do que os momentos mais negros da República. Basta ler As Farpas, ou os jornais onde Bordalo Pinheiro colaborava, os Pontos nos Iis, o António Maria, a Paródia, para o perceber.
Na Primeira República havia partidos, liberdade de imprensa, competição eleitoral, tudo muito imperfeito e longe da visão idílica dos republicanos, mas no Estado Novo não só não havia nada disso, como a institucionalização num Estado protofascista nos anos 30, e depois conservador-autocrático, tornou o conformismo pela coacção num pano de fundo que castrou gerações inteiras. Quem desculpa o Estado Novo com os excessos da Primeira República não sabe do que está a falar ou então está a fazer outra coisa. Mas também convém não nos iludirmos que as comemorações deste ano conseguiram ultrapassar de forma significativa a visão do republicanismo maçónico e jacobino, preso à mitificação da Primeira República, e sem perspectiva crítica. Há excepções, mas esta foi a regra. Viva a República!

(Versão do Público de 17 de Julho de 2010. POr José Pacheco Pereira

Comentário: a República que comemoramos este ano - os seus cem anos - não é senão a primeira república, como bem entende Pacheco Pereira. Simplesmente PP, precisa de tornar claro que essa primeira república foi a de corruptos, vilões, assassinos políticos aos milhares, perseguições religiosas e / ou de opinião, desvario nas contas públicas, ausencia de industrialização, nenhum perfume a solidariedade social, e ...guerra onde morreram 20 mil na Flandres e os outros dez mil restantes com a tuberculose ( tísica galopante ) que lá apanharam e de lá trouxeram. Por mim, de mentira republicana basta. Sobretudo, quando como ainda hoje vi o presidente Cavaco a dividir o povo português, com declarações parcelares e parciais, emitidas a partir de Angola. Merda para a república!

DA SÉRIE FRASES QUE IMPÕE RESPEITO

O candidato presidencial Manuel Alegre afirmou hoje que “é preciso dar mais importância aos empresários portugueses”, porque “eles vivem um problema quase psicológico, ao verem que são subestimados no nosso país”.

domingo, 18 de julho de 2010

UM PRETO DE CABELEIRA LOURA E UM BRANCO DE CARAPINHA PRETA

17.7.10







23:59 (JPP)



UMA HISTÓRIA DA CAROCHINHA QUE PASSA POR "IDEOLOGIA"









A palavra "ideologia" não tem culpa dos tratos de polé a que tem sido submetida quer por políticos, quer pelos seus ampliadores naturais, os jornalistas. A palavra tem uma história complicada e nem sempre unívoca desde que, com Desttut de Tracy, entrou no vocabulário político e das ciências sociais. Mil polémicas interpretativas rodeiam o conceito e, nos tempos arqueológicos do althusserianismo da minha geração, era muitas vezes por aí, pela discussão da "verdadeira" interpretação marxista da ideologia, que se começava. A ideologia era a ciência ao contrário, ou seja, a ocultação deliberada da realidade pelos interesses de classe que produziam um discurso (ideológico) que mascarava a realidade. A ela se opunha o socialismo, inerentemente científico, o reverso da ideologia. Mas a esquerda esqueceu a sua tradição marxista e como sofreu vários abalos à sua identidade, o maior e mais recente, o fim do "socialismo real", voltou a uma nostalgia da identidade, ou seja, da distinção ideológica com a direita.



Circula por isso, um pouco por todo o lado, essa enorme orfandade e nostalgia do mundo da Guerra Fria, onde não havia pretos de cabelos louros, nem brancos de carapinha. Tudo quanto é articulista faz elogios a qualquer coisa que pareça ser um "retorno à ideologia", quer à esquerda, quer à direita, e aceita como sinal desse retorno qualquer frase, declaração e posição que se auto-intitule de "ideológica", mesmo que seja apenas um discurso deslavado, muitas vezes apenas auto-justificativo e propagandístico. Um festim deste "retorno à ideologia" deu-se nas últimas jornadas parlamentares do PS, onde, de Mário Soares a Sócrates, se tentou formular uma vaga teoria justificativa das posições de "esquerda" do PS, em contraponto à direita, ao "neoliberalismo" do PSD. Não por acaso todo este discurso é feito completamente à margem daquilo que é a prática dos mesmos que hasteiam a bandeira ideológica do Governo, como se houvesse dois níveis na realidade, um é o do discurso puramente ideológico, outro o que se faz na realidade, como se este segundo nível fosse resultado de um estado de necessidade, de um qualquer deus ex-machina que implica políticas fora do discurso ideológico dos que a aplicam, como se fossem resultado de um obrigação da natureza, como a fome, a sede, e o sexo. Como disse um responsável socialista, o "défice não é de esquerda nem de direita", o que é uma bem estranha afirmação, mas bem significativa dos tempos que correm. Um malévolo discípulo de Alain diria que esta é uma típica frase de direita.



Já comparei a "narrativa" que se fez nas jornadas parlamentares do PS da história das últimas décadas que levaram à crise actual a uma história da Carochinha, mais uma das que correm na vida política portuguesa com abundância nos tempos socráticos. Sem desprimor para a Carochinha, nem para o seu consorte Ratão. É não só uma "narrativa" sem qualquer correspondência com a realidade, como não tem qualquer consequência na política, na acção concreta. Chamar a isto "ideologia" é também dar uma palavra-caução a uma história auto-justificativa, sem substância teórica e... sem ideologia. Se é assim que a esquerda hoje "pensa", está bem arranjada a esquerda.



Em traços largos a história da Carochinha é esta: desde a senhora Thatcher que o mundo é governado por uma espécie particular de criminosos que são chamados "neoliberais". Mário Soares salientou este aspecto criminoso dos "neoliberais" lamentando-se de que apenas Madoff esteja preso (claro que esta esquerda faz de conta que um dos seus gurus anti-especulação é George Soros...). Em Portugal, Sócrates dixit, o "neoliberal" máximo dos dias de hoje é Passos Coelho, cujo objectivo é o "desmantelamento do Estado social", e este perigoso "neoliberal" é o dirigente social-democrata mais elogiado por Mário Soares e aquele com que José Sócrates co-governa o país. Encaixam as coisas umas nas outras? Nada, mas não têm importância. Basta a enunciação "ideológica", para épater le bourgeois e a ignorância jornalística e chega. O resto não importa.















A mesma história da Carochinha considera que estes criminosos "neoliberais", representados por sinistras figuras como Reagan, os dois Bush e presumo que Berlusconi, desregularam tudo, incentivaram a passagem de uma economia industrial para uma "economia de casino", assente na especulação financeira, nos offshores, no papel sobre papel sobre papel sobre papel, cujo vazio teria que estourar mais dia, menos dia. É óbvio que algumas destas coisas aconteceram, havia muito papel sobre papel sobre papel, mas os Estados usaram esta "economia de casino" para aumentar o welfare state, mesmo nos EUA onde muita da especulação imobiliária que estourou com a crise do Fredie Mac (nome completo: Federal Home Loan Mortgage Corporation) e Fannie Mae (nome completo: Federal National Mortgage Association), o primeiro acto da crise actual. Ambos eram government sponsored enterprises (GSE) e os nomes não enganam na sua filiação rooseveltiana, assim como a sua história recente, quando aquilo que mais tarde veio a ser metido na classificação genérica de "economia de casino" foi resultado de impulsos "sociais" da presidência Clinton para que muitos americanos pudessem aceder a habitação. Encaixa? Não encaixa, mas nunca são Carter, nem Clinton que são lembrados.



E mesmo na Europa, quem são esses tenebrosos "neoliberais" que desregularam tudo e encurralaram o Estado num minimalismo criminoso? Não foi certamente Chirac, um conservador estatista, no qual os defensores da golden share teriam um mestre. No entanto, tal descrição calha bem, por exemplo, em Blair. Blair, membro do Partido Trabalhista, que canta a "Bandeira Vermelha" nos congressos do partido. Encaixa? Não encaixa, mas pouco importa.



O discurso corrente é que todas as medidas actuais, que os socialistas deveriam abominar, se tomassem a sua própria ideologia a sério, são justificadas para garantir a "sustentabilidade do Estado social". Na verdade, a realidade é bem diferente. O alvo de todas estas medidas é o próprio Estado social que se diz defender. Cortes de salários e de regalias sociais, fim de subsídios de desemprego, subida da idade de reforma, cortes no investimento público (esse tributo que se paga a um keynesianismo de bolso), são medidas que os socialistas incluiriam no catálogo daquilo que acham ser o "neoliberalismo". Ou seja, os socialistas tomam medidas "neoliberais", para defender o "Estado social", o que também não encaixa lá muito bem. Estamos mais uma vez no domínio da Carochinha.







O problema é outro: é que nem a crise teve origem naquilo que dizem ter acontecido, nem aquilo que consideram ser o "neoliberalismo" existe enquanto tal, nem a narrativa histórica dos últimos anos corresponde a não ser a um fragmento da realidade. Eles deliberadamente ignoram que mais do que o papão do "neoliberalismo", quem esteve à frente dos destinos da Europa foram estatistas quer de esquerda, quer de direita, e que o que se fez foi acima de tudo criar um Estado-providência, o chamado "modelo social europeu", impossível de sustentar, quer pela demografia, quer pelo efeito de competição da globalização. Ou seja, a crise actual, tendo uma componente financeira que é a única de que os socialistas falam, foi muito para além e acabou por mostrar a dimensão de fragilidade do "modelo social" construído na dívida e no défice, e por isso impossível hoje de se manter. E como não havendo dinheiro não há vícios, os socialistas fazem à contre coeur aquilo que abominam, porque acabou o período em que o dinheiro permitia viver-se muito acima das possibilidades. Agora o acordar é duro, mas podiam poupar-nos a esta fábula inventada da Carochinha para encontrarem nos outros uma responsabilidade que também partilham, e continuar a esperar que nada mude, quando tudo mudou. É que, se há "ideologia" que não se come, é esta e o comer vai estar muito no centro das preocupações dos povos.







(Versão do Público de 10 de Julho de 2010. PUBLICADO POR PACHECO PEREIRA (PP)

Comentário de COUTO SOARES PACHECO: é verdade que quem diz que entre direita e esquerda  não há hoje diferenças, é uma pessoa de direita - ficamos logo a saber. Porque para a direita actual, aqui ou lá fora, é bom  ideologizar que as medidas que se impõe são as mesmas para a direita ou a esquerda. Mas isto, ao contrário do que PP diz, não é assim.

Não é assim, e o modo como em Portugal ( de governo socialista ) ou na Irlanda ( de governo direitista ) a crise fiscal está a ser combatida, diz dessa diferença: em Portugal ensaia-se um modelo mais lento, menos oneroso para os pobres e os remediados, até agora sem cortes reais nos salários dos empregados públicos ou privados, apostando numa erosão lenta do poder de compra que mitigue as importações e relançe as exportações. Houve até em tempos um ministro da economia - um dos melhores que tivemos - que , na China apelou aos empresários chineses para investirem em Portugal por até, comparativamente, os salários serem mais baixos que nos outros países europeus. E que disseram os jornais e comentaristas e pseudo-políticos da direita? Que o ministro dos "corninhos" andava a vender postos de trabalho de mão de obra intensiva quando devia vender inovação ( que ainda não havia). E que dizem os mesmos direitistas agora? Que é urgente cortar de 20 a cinquenta % todos os salários para a economia ser competitiva.
Por tudo isto, quanto a coerência ou diferenças entre direita e esquerda ficamos conversados: é verdade que , como diz o meu homólogo Pacheco(PP), na UEC ( estudantes do PCP que PP tão bem conheceu ) a "iniciação" dos jovens militantes começava mesmo por discutir o vocábulo ideologia o que lhes trazia duas vantagens: primeiro fazia supôr aos jovenzinhos que lá no PCP era tudo muito "intelectualmente" profundo; e segundo que quando os dados contrariavam a ideologia , tanto pior para os dados! Ora os actuais dados são um desemprego de 11% ( superior à media europeia ), um crescimento zero ( provocado quer pela esquerda quer pela direita ), uma taxa de pobreza de 23% muito acima da média europeia ( causada pela esquerda como pela direita ) ou pensões que gastam 13% do PIB , 2% acima da média europeia, ou um rendimento médio de cerca de 800 euros em Portugal para 1400 em Espanha ( o que obrigou os socialistas de lá a fazerem cortes reais nos salários ). E aqui, ou se ia por uma linha em que se tentasse não abrir maiores feridas no tecido social ( antes que a criminalidade disparasse e a direita  desatasse a berrar por mais polícia, assim aumentando o déficit que quer combater ) ou se ia por uma via reformista como a que a que referi - e estas são só algumas diferenças entre direita ( a pequenita direita inteligente ) e a esquerda ( a do PS realista ).

Depois há uma questão de valores : o voluntarismo, a criatividade, a inovação,a propensão para medidas sociais com conta , peso e medida, a educação para todos e sempre ( copiados da génese prática da social-democracia sueca em meados dos anos vinte ) são valores sobretudo de esquerda realista ( a do socratismo ),bem como alguma relativa tolerância com a burrice alheia; em contra-partida o conservadorismo de valores na religião, na moral, nos costumes, como a inovação de formas de ganhar dinheiro em áreas em que não se trabalha de facto, a inovação de modelos de " imagerie  social",  a inovação de formas de absorver temáticas consumistas revestindo-as de "valores " necessários e inevitáveis ( e como a direita sempre gostou da palavra inevitabildade !), são e continuam a ser as cores predominantes da pequena direita inteligente.

Todavia , a mim parece-me que o futuro vai mostrar que querer menor diferença " entre ricos e pobres " ( de esquerda ) e querer a recuperação da família tradicional ( valor de direita ) tudo isto em conjunto, vai ser o futuro.Sem que isto signifique o fim dos que vão à frente ( esquerda ) e dos que os seguem ( direita ). POrque a prazo, na dinâmica da História, é sempre tudo uma questão de Tempo, ou seja de velocidade que os políticos e o povo levam a aceitar o novo que já provou ser melhor que o antigo.

Se nos tempos dessa besta republicana ( podem agora ler-se variadas biografias do homem ) chamada Afonso Costa, quem fosse monárquico tinha de ser a favor da Igreja Católica, do Papa que estivesse, do casamento, contra o aborto, contra os homossexuais, contra a prostituição,a favor da propriedade privada e dos morgadios, da defesa nacional e do patriotismo ( como se o Afonso Costa não tivesse imposto à Nação a entrada na I Grande Guerra para salvar as colónias!), contra  as estradas e os caminhos de ferro ( como se os primeiros carros importados não fossem todos para monárquicos),contra a suposta superioridade dos escritores da estranja, contra as ciências exactas e a favor  das humanidades e assim..., já no primeiro de Maio de 1974, quem fosse do MFA via tudo em conjunto mas ao contrário.
 Ora o que eu acho que está a vir é o fim das visões de "conjuntos ou das coisas em conjunto", um modo de vêr sempre articulado, mas antes uma autêntica assunção da complexidade da Vida ( que não complicação da mesma ) e isso levar-nos-há a múltiplas variedades e combinações diferentes dos valores referidos, mas não suprimindo nunca quem quer mudar com cabeçinha, nem quem quer conservar inovando inteligentemente a tradição. Os primeiros da esquerda socrática, os segundos da direita pachequiana ( inteligente ).


PP sabe-o bem. Mas parece , de vez em quando, que ainda não desaprendeu tudo o que agora critica. 

sábado, 17 de julho de 2010

HOJE O MEU NETO CAÇOU-ME !

Aqui há tempos, escrevi um "post" neste blogue com o título : "Hoje apanhei um polvo !".

Pois bem, hoje o meu neto apanhou-me!

Nestas coisas das recções pessoais ( inter-subjectivas, quer dizer dos sujeitos ) a gente apanha-se por um olhar, um com-tacto ( mão-com- mão) , um cheiro ( a mel! ), um ouvir ( BÔ ! ), um gustar ( no beijo tenro na bochecha saliente ) - e a gente passa-se.

Quando caçei o polvo ( digo-o agora, mas logo então o pensei ), quando mergulhei uns metros para o apanhar, tudo me sugeriu um jogo: o polvo mudou de côr, encolheu, bufou um ar que me toldou a visão, e correu como um anjo.

Quando finalmente o apanhei, acreditem que não pensei como um predador, mas antes que aquilo era a modos duma brincadeira em que o polvo se dava o à-vontade de me trepar pelo ante-braço e o braço, me fazia comichões, como quem diz: anda lá , vamos brincar!, e de tal modo era o com-tacto entre nós dois, que não fui capaz de saber o que lhe fazer quando cheguei à praia. Valeu-me o pragmatismo do Jaime maluco ( muito mais lúcido que a maioria dos normais - já repararam que ele agora não aparece na praia ? ) para entender o que de telúrico há no mar : a imagem da mãe boa  , segundo Freud, onde sob a sua protecção todos brincam - mesmo com a morte! 

Hoje, finalmente conheci o meu neto: no seu amnios de Matosinhos. Tem um ano e meio, é um grande gozão, não experimentou choramingar mas lutou sempre pelas brincadeiras que queria . Era um polvo! Pensei que era ele que se agarrava a mim, mas  não!,  era eu que já estava apanhado por ele.

Tem cabelos castanhos claros, corre que se farta, é de uma curiosa curiosidade sem limites, alto como um farol, esténico como a gente que decidiu e vai fazer, altivo sem arrogância, bonito sem querer parecer que sabe.

Ao fim de ano e meio pude vêr o meu neto e isso não acontece todos os dias.

Como um polvo pequenino , como o outro, não fui eu que o caçei , foi ele que me apanhou.

A todos os amigos que sei que deliram com o facto de , finalmente, ter tido a possibilidade de estar com o meu neto, um grande abraço. Que sejam tão felizes, se Deus quizer, como eu estou.

Quanto aos vossos filhos e netos, tenho imensa pena, e não é que eu seja um avô babado, que não sou, mas cá o meu é como um anjo - os vossos são todos maiores  não desanimem, e nesta idade, mesmo que não baptizados ou filhos de ateus, são sempre os nossos anjos protectores. E não é que eu seja um avô babado. É simplesmente verdade.

  

Da SÉRIE: FRASES QUE NOS DEVIAM FAZER PENSAR

Santana Lopes, que já se havia insurgido contra tal proposta no DN, falou também para a TSF:


‘O general Eanes tinha este poder, este poder ficou na Constituição imposto no pacto MFA partidos e nós [PSD] lutámos com os partidos democráticos para este poder sair da Constituição. Este poder não existe em mais nenhuma constituição do mundo’.

E Santana Lopes acrescenta:

‘As pessoas que estão a fazer este projecto com certeza não sabem o suficiente sobre Direito Constitucional, sobre a história do partido e sobre a história constitucional portuguesa. O doutor Pedro Passos Coelho até tinha dito no congresso que não ia propor nada para alteração do sistema do Governo, agora vem mexer e mexer no pior em que podia mexer, isso não pode ser’.

Afinal  o Passos já anda a preparar o fim deste governo ou o começo do governo dele?

terça-feira, 13 de julho de 2010

MAS QUE PIADA QUE AS COISAS COMEÇAM A TER !

(Aqui transcrevo este excelente "post" de J.N.R. do geoscópio).


Seg 12 Jul 2010

Agência de rating chinesa parte a loiça

Por JNR na secção Ciberardina na crise (do default) .

Portugal está na fronteira para a classificação de BBB, segundo a Dagong Credit Rating, sedeada em Beijing, que surpreendeu, ontem, os analistas ao dar classificação de AA e outlook negativo aos Estados Unidos e AA- e outlook negativo ao Reino Unido.
A Dagong Global Credit Rating, sedeada no distrito de Chaoyang, em Beijing, divulgou ontem, pela primeira vez, um relatório sobre a situação de crédito soberano em 50 países, que perfazem 90% do produto mundial. Portugal surge na 29ª posição com uma notação de A- (similar à atribuída pela Standard & Poor’s) e com outlook (perspectiva) negativo.

O nosso país e a Itália estão na fronteira da notação para a classificação de BBB. O relatório sublinha que estes países poderão enfrentar riscos de refinanciamento e de pagamento da dívida dada a vulnerabilidade a “um choque interno ou externo súbito e relativamente grande”.



A surpresa nas notações



A agência de rating chinesa surpreendeu os mercados internacionais ao dar notação de AA (e não triplo A, a nota máxima) e com outlook negativo aos Estados Unidos, colocando inclusive a superpotência na fronteira para a notação abaixo, e ainda pior ao Reino Unido com AA- e outlook negativo, quer em termos de moeda local como em divisas estrangeiras. Também outros membros do G7 recebem a notação de AA- e com outlook negativo, como o Japão e a França.

Há, de facto, uma diferença de fundo entre as notações da Dagong e das três agências mais conhecidas (Moody’s, Fitch e S&P, apelidadas de “big three“): enquanto as agências norte-americanas dão notação de triplo A a mais de 10 países, a agência chinesa é menos generosa, nomeadamente em quatro casos mais significativos (que incluem os EUA, Japão, Reino Unido e Alemanha).

Apenas cinco países recebem a notação de triplo A (a mais alta em termos de solvência e sustentabilidade de longo prazo) e com outlook estável quer na avaliação global do nível de crédito em termos de moeda local como em divisas estrangeiras: Noruega (a liderar), Dinamarca, Luxemburgo, Suíça e Singapura. A Austrália e a Nova Zelândia têm a notação de AAA em termos de moeda local e de AA+ (uma notação abaixo) em divisas estrangeiras. A Alemanha, a referência para a zona euro e a União Europeia, não está neste grupo de sete do topo.



Mais generosa nos emergentes



Na notação da Dagong, a China tem notação AA+ e outlook estável em termos de moeda local, tal como a Alemanha, mas em termos de divisas estrangeiras tem notação máxima de AAA, acima da alemã, da canadiana ou da holandesa, os companheiros neste segundo grupo.

O relatório admite, no entanto, que em relação a países como a China (com AA+), Arábia Saudita e Coreia do Sul (ambas com AA) há problemas derivados “do ajustamento das estruturas económicas ou risco geopolítico derivado de problemas práticos”. A notação atribuída à China é mais elevada do que a atribuída pela Moody’s (A1), S&P (A+) e Fitch (AA-).



Piores notações dadas a Espanha, Grécia e Roménia



No conjunto dos PIGS (acrónimo pejorativo para o grupo da zona euro formado por Portugal, Itália, Grécia e Espanha – a Irlanda não foi incluída na análise pela agência de rating chinesa), a Dagong atribui notação de A e com outlook negativo à Espanha (mais baixa do que as atribuídas pelas agências de notação americanas), de A- com outlook negativo a Itália e Portugal, e de BB com outlook estável à Grécia (mais baixa, também, do que a atribuída pelas outras três agências).

Entre os países de Leste da União Europeia que têm estado em foco, a agência de rating chinesa atribui a notação de BBB com outlook negativo à Hungria e de BB+ com outlook negativo à Roménia (mais baixa do que a atribuída pelas agências norte-americanas) – países que estão em pior situação do que Portugal ou Itália.

Estas notações mais baixas em relação a Espanha, Grécia e Roménia significam que a Oriente alguns elos mais fracos da zona euro e da União Europeia são vistos mais negativamente do que em Nova Iorque pelas três agências de rating internacionais mais poderosas.

Relativamente aos companheiros da China no grupo designado por BRIC (acrónimo para Brasil, Rússia, Índia e China), a Dagong atribui notação A com outlook estável à Rússia, A- com outlook estável ao Brasil e BBB com outlook estável à Índia, o país em pior situação de avaliação de crédito neste grupo. Nos três casos, a atribuição dada pela agência chinesa é superior às atribuídas pelas três rating norte-americanas.



A Dagong foi criada em 1994 para atribuir notação à dívida das empresas chinesas. Alega ser privada e que a sua metodologia não está imbuída de apreciações ideológicas. É, no entanto, apoiada oficialmente. O próprio anúncio do relatório sobre a notação dos 50 países foi feito ontem na sede da agência de notícias Xinhua. Trata-se de um sinal – mais um – da estratégia de projecção externa da China.

Classificações comparadas para Portugal

Dagong: A-;

Moody’s: Aa2 (até 12/07/2010); A1 (a partir de 13/07/2010);

S&P: A-;

Fitch: AA-

Por isto, DELENDA  CHINA  EST!!!

Da SÉRIE: FRASES QUE NOS DEVIAM FAZER PENSAR

Franco Zeffirelli, cineasta italiano, ao Actual de 10/7/2010:

"Sou homossexual e sou contra os casamentos homossexuais ".

Na verdade, na nosologia psiquiátrica considera-se que há dois tipos de homossexualidade : a homossintónica  ( que contempla os homossexuais que aceitam eles mesmos a sua homossexualidade e não sofrem com ela ; e os homodistónicos, ou seja, os outros, os que vivem a sua homossexualidade como um tormento, que lá no fundo se acham doentes, e que , neuróticamente, histericamente, exigem, reclamam, provocam e chateiam porque...não se aceitam: estes é que precisam mesmo de se casarem para terem um papel a dizer-lhes o que são: gente comum... legalmente.

OFFSHORES

Em 10 de Maio de 2010 publiquei aqui um post intitulado "Os zombies e outros assuntos afins", onde mostrava que os offshores tinham os dias contados pelo mútuo interesse dos países ocidentais, e que 16.000 milhões de euros de portugueses estavam estacionados em 12 offshores, sobretudo nas ilhas Caimão.

Nessa altura já dois deles tinham estabelecido acordos de informações sobre titulares das contas com Portugal, dizendo agora o EXPRESSO que na passada semana três ilhas do Canal da Mancha entraram no grupo: Ilhas de Man, Jersey e Guernsey.
Gibraltar ( Outubro de 2009), Andorra ( Novembro de 2009 ) e a Bermuda e Caimão  ( em finais de Maio ) já tinham subscrito idênticos acordos com o fisco portugês.

Como Chipre e Malta já antes tinham acordado na troca de informações, dos offshores que faltam, de relevantes para Portugal restam as Antilhas holandesas e outras duas que segundo sei, de fonte fiscal ,se juntarão ao grupo ainda este mês.

Entretanto, a Madeira, que desde há dois anos queria mais abrangentes benefícios para o seu offshore ( naturalmente para estrangeiros, sobretudo ) anda zangada porque o nosso governo resolveu fazer com ela o que franceses, ingleses ou holandeses já fizeram com as suas. E o Alberto, o João!, ficou zangado e ameaçou! Porra, quando é que eu vou conseguir que o meu povo seja independente da Madeira do Alberto?

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Esta questão dos offshores é coisa séria que merece outro "post" mais sério.
Mas digo já: não entendo porque é que quem tem legal e legitimamente o seu dinheiro, continua a achar que é lá que ele deve estar. Na verdade, ele lá, com a acumulação de impostos sobre mais valias não pagas ao país, apenas impede que o crescimento de algumas fortunas não seja tendencialmente aritmética, mas seja sim tendencialmente geométrica;  mas, em contrapartida, os detentores desses capitais, se os depositassem normalmente cá, teriam, pela liquidez que dariam à banca, mais certezas de que os bancos normais onde também têm dinheiro ou de que também são acionistas, muito mais dificilmente poderiam falir. E isso, para eles como para a geral economia do país, não tem preço.

E assim: DELENDA  MADEIRA  EST!!!.

FRASES EM QUE É NECESSÁRIO PENSAR

Diz o prof. Silva Lopes do alto dos seus 78 anos ao EXPRESSO:

"Há muita gente que se queixa de estar a fazer sacrifícios. Claro que estão. Mas quem está a fazer sacrifícios insuportáveis são os desempregados. E os desempregados de longa duração nem quero pensar".

Palavras santas e sábias  estas.

Eu que tenho gente próxima, familiares, assim , sei o que custa. Mas estes não podem fazer greves como os pilotos da TAP, os maquinistas da CP ou fazer o barulho que os bastonários dos médicos ou dos farmacêuticos fazem para impedir novos alunos nas suas Faculdades !

Nestes casos, e enquanto o desespero não obnubilar por completo o pensamento, só lhes peço, aos desempregados, que sintam este tempo horrível de desemprego como um novo tempo de sementeira primaveril:  aprendam inglês e informática a sério, em cursos baratos ou grátis que as autarquias geralmente proporcionam, para que possam ter acesso ao outono das colheitas mais fartas.

domingo, 11 de julho de 2010

INFELIZMENTE É ASSIM

Infelizmente é mesmo assim, meu caro Daniel.
Uma pausa em Medina Carreira e João Duque para ouvir um economista menor. Por Daniel Oliveira


Isto é como o Tratado de Versalhes, mas agora é a Alemanha que dita as condições”

James K. Galbraith, hoje, na conferência da Res Publica, em Lisboa.

BOAS NOTÍCIAS PARA MIM

Paul Krugman o " polvo da economia " que tem acertado sempre no que prediz no New York Times,  e que é Prémio Nobel há dois anos,  acaba de escrever há minutos no seu blogue pessoal a previsão de que a América já poderá ter entrado em deflação, e em qualquer caso que ela será muito provável esta ano.

É claro que isto é mau para a economia em geral mas a haver deflação nos USA, aposto que também haverá na europa. E isso é bom para mim que estou aposentado.

Na verdade, o que de pior podia acontecer a quem tem um rendimento fixo  como os aposentados, era um disparo da inflação. Havendo deflação, isso significa para os reformados (apesar destes já terem sofrido cortes nas suas reformas e irem de certeza sofrer mais), que haverá, em função da baixa de preços, alguma compensação.

Lamento pelos outros, mas fecho hoje o meu blogue com um pouco de melhor de humor. Só me resta saber qual a tendência do euro face ao Yuan ( moeda chinesa) e ao dólar,  coisa que ando a pesquisar ( não , não é preciso ter o curso de economia para predizer algumas coisas de macroeconomia ) e deverei ter novidades nos próximos dias.
E já agora , Delenda China e Madeira Est !

O MEU PAI

O meu pai que era um salazarista ferrenho, dizia muitas vezes em pleno consulado Marcelista, período de franca inflação, que quando um ministo das finanças declara que a inflacção não vai subir é porque ela já subiu.
É claro que um ministro das finanças - área em que sobretudo é necessário fazer uma gestão das espectativas dos cidadãos - isto é absolutamente necessário.

Quando começei com este blogue, dedicado à crítica social e elevação pátria, alguns amigos sentiram formigueiros com a palavra pátria e sua elevação. Alguns confundiam isto com nacionalismo - ou seja, no  modo de eles captarem a realidade - como assim a modos que fascismo. Eu tentei explicar que não era.

Até que um bloguista do cinco dias - comunista ou para-comunista - de seu nome André Levy, escreveu nele um texto notável que vem explicar as diferenças entre patriotismo e nacionalismo ( que também não é sinónimo de fascismo ) e que aqui publiquei sob o título Por uma vez um comunista está de acordo comigo.

Entretanto, um pouco por toda a parte, desde os media aos blogues, passando pelos principais jornais da estranja, o tema tornou-se frequente , sobretudo depois de Sócrates, Soares, Cavaco, Gerónimo de Sousa e Portas, mais os respectivos aparatchiks, virem fazer o mesmo, isto é usarem o vocábulo Pátria na sua retórica.
É é aqui que recordo a memória do meu pai com a sua apreciação aos ministros das finanças.

Parece-me que deslizamos progressivamente para uma época em que as dificuldades intestinas de cada país estão a provocar acções de proteccionismo pátrio, passe a quase tautologia, o que quer dizer que a percepção que cada cidadão tem de que mais vale virar-se para os seus que ser ingénuo, está a ser uma constante. Ou seja, quanto mais se fala de Pátria mais ela está debilitada, quanto mais se fala de Pátria mais estamos perante a constatação de que não podemos confiar nas outras (pátrias ), que quanto mais falamos nela mais isto é uma resposta inconsciente de que temos interesses divergentes doutros povos e que importa defender. Como até há dois anos não parecia haver perigo, ninguém usava essa linguagem então.

Ora isto não me agrada a mim, que sou federalista em tese, mas só sou e serei de facto quando vir que o resto da Europa está disposta a comungar com o meu país de leis gerais comuns não só na política fiscal mas também e sobretudo na política económica e na sua supra-estrutura social.
Sem isso passo definitivamente ao proteccionismo ( patriótico ).

É que  o meu pai , ou seja o meu "terroir", não era ingénuo, e parece que tinha lido um livro que mais tarde aqui comentarei, porque ainda o não li todo, que tem por título Portugal, Salazar E Os Judeus, da Gradiva da autoria do socialista judeu Avraham Milgram, e que evidencia as questões geopolíticas que Portugal enfrentou durante a Guerra e o modo muito positivo, ao olhar do autor, como se equilibrou entre entre a moral que obrigava a salvar judeus e a necessidade ética de salvar a Pátria dos nazis estacionados nos Pirinéus e preparados para cá chegarem em dois dias.

Por que a discussão recomeçou sobre esta questão, bem como sobre a geopolítica, a geoeconomia e sobretudo sobre um muito diferente modo de viver que teremos nos próximos anos,  peço aos meus dois leitores e meio que não deixem de fazer comentários às minhas opiniões e, até de preferência, se tornem parte oficial deste blogue, bastando para tal que me contactem para me dizer como hei-de fazer para os colocar como co-autores com o respectivo nome e o direito de escreverem de suas casas os textos que entenderem. E-mail: jccsp50@hotmail.com.
A discussão é necessária e provavelmente o modo único de impedir males muito maiores do que aqueles que já estão quase à vista.