Portugal voltou a marcar o dia (26 de janeiro) nas yields (juros implícitos) das Obrigações do Tesouro (OT) a cinco e a dez anos no mercado secundário.
Novos máximos desde a adesão ao euro foram quarta-feira (dia 26) alcançados: segundo dados da Bloomberg, os juros das OT com maturidades a cinco anos subiram para 6,34%, acima do fecho na terça-feira (dia 25) quando se alcançara o anterior máximo (6,32%); e os juros das OT a dez anos fixaram-se em 7,13%, destronando o anterior máximo de 7,1% alcançado a 7 de janeiro.
Portugal viu a sua probabilidade de default (incumprimento da dívida soberana) num horizonte de cinco anos aumentar para 32,5%, acima do fecho de terça-feira, segundo dados do monitor de risco da CMA DataVision.
Para além de Portugal, a Grécia, Irlanda, Espanha e Alemanha viram os seus juros aumentar em relação a terça-feira.
A Grécia assistiu hoje a uma primeira entidade financeira, a seguradora austríaca Vienna Insurance Group, proceder voluntariamente a um “corte de cabelo” (hair cut) no valor dos títulos de dívida grega que possuía em carteira. O seu risco de default aumentou para mais de 52,5%, continuando a liderar o “clube” dos dez países com maior risco.
Na Irlanda, apesar da turbulência política, a Lei do Orçamento passou na Câmara de Representantes (Dáil) e seguiu para o Senado, mas a incerteza sobre o futuro governo e o que fará em relação ao Acordo com Bruxelas e com o Fundo Monetário Internacional continua a marcar a agenda. Em Espanha, o problema da recapitalização das Cajas, as caixas de poupanças, é a preocupação principal de curto prazo que está a criar nervosismo nos investidores na dívida soberana.
A Alemanha foi hoje o país cujo risco de default mais cresceu nos 80 países monitorizados pela CMA DataVision. Por seu lado, os juros dos títulos alemães, os Bunds, a dez anos aumentaram para 3,18%.
Sinal de preocupação o facto destes juros das Bunds se manterem acima dos 3% desde 12 de janeiro.
Bloomberg vaticina defaults e saídas do euro
No início do World Economic Forum, em Davos, a agência financeira Bloomberg divulgou a Bloomberg Global Poll uma sondagem a 1000 investidores, analistas e traders realizada entre 21 e 24 de janeiro.
O “choque” provocado pelos resultados foi imediato tanto mais que em Davos se discute o problema da crise da dívida soberana em países da zona euro: 75% dos respondentes declararam que a Grécia entrará em incumprimento até 2016 e 53% vaticinaram a mesma sorte para a Irlanda no mesmo período. Quanto a Portugal, o terceiro da lista de dores de cabeça, os inquiridos dividiram-se a meio.
Por outro lado, a sondagem revela que 59% prognosticou que um ou mais países da zona euro poderão abandonar a moeda única até 2016 no quadro de um agravamento da crise da sua dívida.