quarta-feira, 20 de junho de 2012

vem aí os estados unidos da europa- 4

Monti nega que apoio do FEEF seja um resgate

20 junho 2012
Presseurop
The Daily Telegraph, The Guardian, Corriere della Sera

Rumours have been rife for weeks, but it’s the British Daily Telegraph, at the close of the G20 summit in Os boatos multiplicavam-se há semanas, mas foi o jornal britânico Daily Telegraph, que quebrou o tabu, no encerramento da cimeira do G20, no México, ao revelar que a Espanha e a Itália estão à beira do resgate. No entanto, o plano de utilizar dinheiro do FEEF para comprar dívida será realmente um resgate?
"Espanha e Itália vão ser alvo de resgate", afirma a manchete do jornal Daily Telegraph, depois de ter transpirado que os dirigentes europeus se preparam para anunciar um plano de resgate de 750 mil milhões de euros, para as duas economias do Sul da Europa mais em risco devido à crise em curso na zona euro.
Durante toda a cimeira do G20, em Los Cabos, no México, a chanceler alemã, Angela Merkel, e outros dirigentes da UE estiveram sujeitos a "pressões intensas" no sentido de encontrarem uma solução para a crise da zona euro, que assume proporções cada vez maiores, numa altura em que as taxas das obrigações espanholas atingem níveis insustentáveis, escreve este diário de Londres. Em conformidade com um plano que representa uma mudança substancial de política para a chanceler Merkel:
dois fundos de resgate europeus – o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), de 500 mil milhões de euros, e o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), de 250 mil milhões de euros – irão comprar obrigações emitidas por países europeus.
The Guardian, que apresenta a mesma notícia na primeira página, adianta que os responsáveis do G20 acreditam que os dirigentes da zona euro anunciarão oficialmente o seu plano nos próximos dias e acrescenta:
É provável que alguns analistas considerem tal decisão como o primeiro passo no sentido da partilha do fardo das dívidas dos países em dificuldades entre os 17 Estados-membros da moeda única, apesar de [a iniciativa] ficar aquém dos empréstimos coletivos ou ‘eurobonds’ [euro-obrigações] propostos pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
Em Itália, a manchete do diário La Stampa também refere um "Plano de Resgate para Itália e Espanha", mas adianta que, em reação à primeira página do Daily Telegraph, Mario Monti disse de imediato: "Essa notícia não está correta, porque o resgate de Itália está fora de questão."
Para o primeiro-ministro italiano, a sua proposta de utilização de verbas do FEEF para compra de obrigações de países europeus, cujas taxas de juro estão a aumentar de forma descontrolada, não constitui um resgate, no sentido em que a imprensa britânica entende o termo. Este "dique contra a especulação", segundo a sua expressão, obteve o apoio do Presidente francês, François Hollande, e do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, e irá ser debatido esta sexta-feira, quando os três se encontrarem em Roma com a chanceler alemã, Angela Merkel.
A respeito da proposta, o diário Corriere della Sera, de Milão, salienta:
… É significativo que a chanceler alemã, Angela Merkel, não tenha emitido qualquer declaração sobre o assunto. Entretanto, na declaração final da cimeira, pode ler-se que os dirigentes do G20 são favoráveis ao desejo da Europa de uma maior integração do sistema bancário.

VEM AÍ OS ESTADOS UNIDOS DA EUROPA - 3

Abalada, a Europa é forçada a mexer-se

20 junho 2012
Presseurop
La Stampa, La Vanguardia

“Geralmente, as reuniões do G20 distinguem-se pelos seus bons sentimentos de fachada. […] Mas não foi isso que aconteceu no G20 de Los Cabos: não se pouparam confrontos, polémicas e até mesmo alguma perversidade gratuita, escreve La Stampa, um dia depois do encerramento da cimeira que se realizou no México e durante a qual os dirigentes europeus foram instadospelos seus parceiros a agir rapidamente a fim de acabar com a crise que atinge a zona euro e relançar a economia. O clima “nervoso” em que a reunião se desenrolou, “marca, de facto, um confronto de poder colossal, que a Europa perdeu”, diz o jornal de Turim:
Os europeus, no seu conjunto, foram abanados sem grande consideração e postos em segundo plano pela ação coordenada dos BRICS, os países emergentes mais dinâmicos (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que fizeram a sua transição de entidade estatística para entidade política. […] Ao anunciar uma contribuição substancial para o aumento dos recursos do Fundo Monetário Internacional destinados a contrabalançar a fragilidade do euro, esses países vão, certamente, conseguir aumentar o seu número de votos dentro da instituição, em detrimento da Europa. A fragilidade europeia é mais provocada por conflitos internos do que por fatores externos. Os europeus estão profundamente divididos quanto ao que deverá ser a Europa económica num futuro próximo e, de facto, na cimeira de Los Cabos, receberam uma solene lição por não terem conseguido ultrapassar essas divergências profundas. […]
A Europa sai do G20 sem álibi: o problema não é o euro, que pode contar com uma solidariedade de fundo em termos de dívida global e de défice, mas sim o pacto político que mantêm os europeus juntos. Ainda querem tornar-se irmãos ou contentam-se em continuar a ser primos, sumariamente ligados por uma união aduaneira? […] A tarefa de encontrar uma solução para esta terrível inércia foi confiada ao primeiro-ministro italiano. Mario Monti falou das escolhas a fazer nos próximos dez dias, a começar pela cimeira de 22 de junho com os chefes de Estado e de Governo alemão, espanhol e francês.
La Vanguardia, pelo contrário, afirmaque a reunião do G20 foi “um bom começo para a UE”:
Houve uma declaração formal sobre o compromisso explícito que tem como objetivo proteger a união monetária, à falta do qual as apostas contra a sua sobrevivência se multiplicaram nos últimos tempos. Isso sobrecarregou a dívida pública dos países em dificuldades, porque deixaram de beneficiar da estabilidade concedida pelo facto de terem uma moeda sólida.
“A Europa mexe”, escreve ainda o diário de Barcelona, que fala da possibilidade de renegociação dos termos do memorando grego para facilitar a sua aplicação e da hipótese de um acordo sobre a união bancária europeia na segunda metade do ano.
É necessário que estas semanas densas de encontros deem os seus frutos. O G20 foi um bom ponto de partida. Num momento de dificuldade, com um défice institucional evidente, a UE mostra um desejo de coesão.

VEM AÍ OS ESTADOS UNIDOS DA EUROPA -2


União Europeia

Dez países para os Estados Unidos da Europa

20 junho 2012
 
Die Presse, 20 junho 2012
São dez países e apelidam-se “Grupo do Futuro”*. Ministros dos Negócios Estrangeiros, querem fazer ouvir a sua voz para transformar a UE numa federação segundo o modelo dos Estados Unidos da América. Em conjunto, preparam o que Die Presse anuncia em primeira página como “Plano de transformação por um Estado europeu”. A 19 de junho, estes dez ministros apresentaram o primeiro relatório aos que vão ser os principais beneficiários desta alteração: Durão Barroso, Herman Van Rompuy, Mario Draghi e Jean-Claude Juncker, respetivamente, presidentes da Comissão Europeia, do Conselho Europeu, do BCE e do Eurogrupo.
O “Grupo do Futuro”, fundado pelo alemão Guido Westerwelle e no qual a França não se encontra representada, propõe a diminuição dos poderes dos chefes de Estado e de governo e a valorização do presidente da Comissão. Este último seria eleito diretamente por sufrágio universal e teria direito a constituir uma “equipa governamental”, facto que faria dele o político mais poderoso da Europa.
O Grupo quer igualmente substituir os conselhos de ministros e de dirigentes europeus com a criação de uma segunda câmara, “dos Estados”, no Parlamento Europeu. Seriam atribuídas a esta Federação competências nacionais como, por exemplo, gestão de fronteiras, defesa e orçamento, em especial para “tornar o euro irreversível”.
Para Die Presse, não surpreende que sejam os diplomatas dos países que perderam toda a influência com o Tratado de Nice, assinado em 2000, e sobretudo depois do agudizar da crise, a querer recuperar hoje o seu direito. Mas o diário conclui que
um sistema democrático bem claro, semelhante a uma estrutura estatal, irá provavelmente ao encontro do desejo de inúmeras camadas da população. Quem quiser resistir ao desmoronamento da moeda, do mercado interno, da estabilidade política e ao desenvolvimento de novos fossos de riqueza entre o Norte e o Sul e ao reforço das tendências nacionalistas irá acabar por optar por esta solução.
* Os ministros dos Negócios Estrangeiros alemão, austríaco, belga, dinamarquês, italiano, luxemburguês, holandês, polaco, português e espanhol

quinta-feira, 7 de junho de 2012

SURRIPIADO DO BLOGUE DE JOSÉ MILHAZES...dá que pensar....e que cada um tire as suas conclusões

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Quarta-feira, Junho 06, 2012

O futuro que a Rússia nos promete

Texto enviado pelo leitor Europeísta:



"O prof. Alexandre Duguin, à testa da elite intelectual russa que hoje molda a política internacional do governo Putin, diz que o grande plano da sua nação é restaurar o sentido hierárquico dos valores espirituais que a modernidade soterrou. Para pessoas de mentalidade religiosa, chocadas com a vulgaridade brutal da vida moderna, a proposta pode soar bem atraente. Só que a realização da idéia passa por duas etapas. Primeiro é preciso destruir o Ocidente, pai de todos os males, mediante uma guerra mundial, fatalmente mais devastadora que as duas anteriores. Depois será instaurado o Império Mundial Eurasiano sob a liderança da Santa Mãe Rússia.
Quanto ao primeiro tópico: a “salvação pela destruição” é um dos chavões mais constantes do discurso revolucionário. A Revolução Francesa prometeu salvar a França pela destruição do Antigo Regime: trouxe-a de queda em queda até à condição de potência de segunda classe. A Revolução Mexicana prometeu salvar o México pela destruição da Igreja Católica: transformou-o num fornecedor de drogas para o mundo e de miseráveis para a assistência social americana. A Revolução Russa prometeu salvar a Rússia pela destruição do capitalismo: transformou-a num cemitério. A Revolução Chinesa prometeu salvar a China pela destruição da cultura burguesa: transformou-a num matadouro. A Revolução Cubana prometeu salvar Cuba pela destruição dos usurpadores imperialistas: transformou-a numa prisão de mendigos. Os positivistas brasileiros prometeram salvar o Brasil mediante a destruição da monarquia: acabaram com a única democracia que havia no continente e jogaram o país numa sucessão de golpes e ditaduras que só acabou em 1988 para dar lugar a uma ditadura modernizada com outro nome.
Agora o prof. Duguin promete salvar o mundo pela destruição do Ocidente. Sinceramente, prefiro não saber o que vem depois. A mentalidade revolucionária, com suas promessas auto-adiáveis, tão prontas a se transformar nas suas contrárias com a cara mais inocente do mundo, é o maior flagelo que já se abateu sobre a humanidade. Suas vítimas, de 1789 até hoje, não estão abaixo de trezentos milhões de pessoas – mais que todas as epidemias, catástrofes naturais e guerras entre nações mataram desde o início dos tempos. A essência do seu discurso, como creio já ter demonstrado, é a inversão do sentido do tempo: inventar um futuro e reinterpretar à luz dele, como se fosse premissa certa e arquiprovada, o presente e o passado. Inverter o processo normal do conhecimento, passando a entender o conhecido pelo desconhecido, o certo pelo duvidoso, o categórico pelo hipotético. É a falsificação estrutural, sistemática, obsediante, hipnótica. O prof. Duguin propõe o Império Eurasiano e reconstrói toda a história do mundo como se fosse a longa preparação para o advento dessa coisa linda. É um revolucionário como outro qualquer. Apenas, imensamente mais pretensioso.
Quanto ao Império Mundial Eurasiano, com um pólo oriental sustentado nos países islâmicos, no Japão e na China, e um pólo ocidental no eixo Paris-Berlim-Moscou, não é de maneira alguma uma idéia nova. Stalin acalentou esse projeto e fez tudo o que podia para realizá-lo, só fracassando porque não conseguiu, em tempo, criar uma frota marítima com as dimensões requeridas para realizá-lo. Ele errou no timing: dizia que os EUA não passariam dos anos 80. Quem não passou foi a URSS.
Como o prof. Duguin adorna o projeto com o apelo aos valores espirituais e religiosos, em lugar do internacionalismo proletário que legitimava as ambições de Stálin, parece lógico admitir que a nova versão do projeto imperial russo é algo como um stalinismo de direita.
Mas a coisa mais óbvia no governo russo é que seus ocupantes são os mesmos que dominavam o país no tempo do comunismo. Substancialmente, é o pessoal da KGB (ou FSB, que a mudança periódica de nomes jamais mudou a natureza dessa instituição). Pior ainda, é a KGB com poder brutalmente ampliado: de um lado, se no regime comunista havia um agente da polícia secreta para cada 400 cidadãos, hoje há um para cada 200, caracterizando a Rússia, inconfundivelmente, como Estado policial; de outro, o rateio das propriedades estatais entre agentes e colaboradores da polícia política, que se transformaram da noite para o dia em “oligarcas” sem perder seus vínculos de submissão à KGB, concede a esta entidade o privilégio de atuar no Ocidente, sob camadas e camadas de disfarces, com uma liberdade de movimentos que seria impensável no tempo de Stalin ou de Kruschev.
Ideologicamente, o eurasismo é diferente do comunismo. Mas ideologia, como definia o próprio Karl Marx, é apenas um “vestido de idéias” a encobrir um esquema de poder. O esquema de poder na Rússia trocou de vestido, mas continua o mesmo – com as mesmas pessoas nos mesmos lugares, exercendo as mesmas funções, com as mesmas ambições totalitárias de sempre.
O Império Eurasiano promete-nos uma guerra mundial e, como resultado dela, uma ditadura global. Alguns de seus adeptos chegam a chamá-lo “o Império do Fim”, uma evocação claramente apocalíptica. Só esquecem de observar que o último império antes do Juízo Final não será outra coisa senão o Império do Anticristo.

Olavo de Carvalho".

Moscovo prepara tropas para combater no estrangeiro, nomeadamente na Síria – imprensa

 
O Ministério da Defesa da Rússia começou a preparação intensiva de tropas especiais para ações no estrangeiro, nomeadamente na Síria, revela hoje o Nezavissimaia Gazeta.
Segundo o jornal, que cita fontes nesse ministério, estão a ser treinadas a divisão aerotransportada de Pskov, a brigada militar Nº 15 de Samara, bem como duas divisões chechenas Ocidente e Oriente.
A divisão de Pskov é uma das mais bem treinadas das Forças Armadas da Rússia. Os seus militares participaram em operações de paz no Kosovo (1999-2001), nas duas guerras da Chechénia (1994-1996 e 1999-2007) e na guerra contra a Geórgia, em agosto de 2008.
Quanto às divisões chechenas, elas pertencem à Direção de Reconhecimento (Espionagem) Central (GRU) das Forças Armadas russas. Os seus soldados combateram contra a guerrilha separatista na Chechénia, realizaram operações de manutenção de paz no Líbano e destacaram-se na guerra contra a Geórgia.
O Nezavissimaia Gazeta acrescenta que já estão prontas para ações militares na Síria unidades especiais de fuzileiros da Armada do Mar Negro. Eles encontravam-se no navio de guerra russo Smetlivii, quando este, em maio, esteve na base russa situada no porto sírio de Tarus.
A imprensa russa receia que a Rússia e os países ocidentais se vejam no limiar de um conflito armado como já aconteceu, em 1999, no Kosovo, quando a NATO bombardeou a Jugoslávia sem a sanção da ONU. Então, tropas especiais russos ocuparam o aeroporto de Pristina.
“Fonte no Ministério da Defesa revelou que, para que tropas russas combatam fora do país, nomeadamente na Síria, é preciso uma decisão política da direção da Rússia e as respetivas resoluções da ONU. Mas as tropas russas já treinam operações de paz tanto como parte de forças multinacionais possíveis, como separadamente”, sublinha o jornal.

terça-feira, 5 de junho de 2012

vêm aí os ESTADOS UNIDOS DA EUROPA

O que parecia impossível há uma semana - que os países europeus se mexessem para salvar o euro está agora a acontecer. E por força da indispensável união dos europeus vamos assistir a partir de Novembro ( após as eleições americanas ) ao definhamento do dólar e da libra; À queda do império americano em ritmo acelerado, e , por via disso à retoma pela Europa do poder necessário para pôr a China em sentido.
O facto constitui uma medida da velocidade a que a política relativa à crise do euro está a mudar. Há duas semanas apenas, todas as atenções estavam centradas no novo Presidente francês, François Hollande, que era empossado em Paris como Monsieur Crescimento e que se apressava a realizar sua primeira missão para desafiar a Frau Austeridade da Europa, a chanceler Angela Merkel.
"Precisamos de novas soluções. Está tudo em cima da mesa", garantiu Hollande. O que queria dizer que iria obrigar Merkel a tirar o noseclip e a considerar coisas que, em Berlim, emanam um cheiro repulsivo, sendo uma das principais as euro-obrigações: a Alemanha a solucionar a crise de uma vez, ao aceitar subscrever a dívida da Espanha, da Grécia, da Itália e de todos os outros. Altamente improvável.

Passos integracionistas para a união bancária

Contudo, no sábado, a competição entre crescimento e austeridade abrandara, depois de Merkel virar as coisas contra Hollande. Era a sua vez de declarar que não devia haver tabus no debate sobre as difíceis alternativas que os dirigentes europeus têm diante de si, enquanto esperam pelo que irá acontecer na Grécia e em Espanha e planeiam as suas próximas ações naquela que se anuncia como uma cimeira histórica, no fim do mês.
Merkel parecia estar a avaliar não apenas o bluff de Hollande mas também o da França. Ao anunciar que a lista das tarefas da zona euro não podia ser alvo de censura, Merkel referia-se à apresentação de medidas radicais e federalistas, que envolvem a perda gradual de soberania nacional em matéria de políticas orçamentais, fiscais, sociais, de pensões e relativas ao mercado de trabalho, com o objetivo de forjar uma nova união política europeia ao longo de um período de entre cinco e dez anos.
Os EUE – Estados Unidos da Europa – estão de volta. Pelo menos para a zona euro. Essa "união política", que envolveria a cedência de poderes fundamentais a Bruxelas, Luxemburgo e Estrasburgo, sempre esteve muitos passos demais à frente para os franceses a ponderarem.
Mas Berlim está a indicar que, se vai ter de pagar por aquilo que considera como sendo erros de terceiros, é preciso que sejam dados passos integracionistas graduais mas significativos no sentido da união bancária, fiscal e, em última análise, política da zona euro. Trata-se de uma ideia que causa divisões e é alvo de polémica, uma ideia que Merkel nem sempre defendeu. No entanto, no auge da crise, a chanceler parece agora não ver outra alternativa.
As próximas três semanas serão marcadas por uma atividade frenética e quatro negociadores superiores da UE andarão de capital em capital, a averiguar o âmbito de integração possível. Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro do Luxemburgo e durante muito tempo presidente do Eurogrupo de países da moeda única, e José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, deverão apresentar um plano de integração da zona euro, na cimeira da UE de 28-29 de junho. Os quatro são federalistas convictos.

Três anos de medidas atabalhoadas

Antes da cimeira, haverá um importante ato eleitoral na Grécia e eleições parlamentares em França. Entretanto, o tempo parece estar a esgotar-se para o setor bancário espanhol. Em Madrid, o ministro da Economia, Luis de Guindos, diz que o destino do euro será decidido nas próximas semanas, em Espanha e em Itália.
A curto prazo, o salto exponencial de integração que está a ser ponderado não salvará a Grécia, não resgatará os bancos espanhóis e não solucionará os problemas da Itália nem a crise do euro. Os dirigentes podem estar a ficar sem tempo e a esgotar as reservas de medidas arriscadas e de apelos de última hora que caracterizaram a "gestão da crise" ao longo dos últimos 30 meses.
Mas têm esperança de, ao apresentarem uma estratégia de médio prazo em termos de união fiscal e política na zona euro, convencerem os mercados financeiros do seu empenho em salvar o euro, de que a moeda é irreversível e de que as pressões diminuirão. O impacto do "projeto" será imenso – se este for por diante.
Logicamente, vai ser preciso um novo tratado europeu. O que será difícil. É provável que a Alemanha precise de uma nova Constituição, o que poderá ser visto como ir um pouco longe de mais.
O recorrentemente referido "défice democrático" no modo como a UE é gerida aumentaria exponencialmente, sem uma revisão radical da base eleitoral do governo da zona euro. Qual seria a utilidade de votar num governo, por exemplo na Eslovénia, se, com uma união política da zona euro, as políticas de impostos, despesa pública, pensões e laboral forem decididas em Bruxelas? Essa união teria por resultado um maior enraizamento de uma Europa a duas velocidades, uma vez que o processo de tomada de decisões se centraria na zona euro e não numa UE a 27 ou a 28.
O fosso entre o Reino Unido e o núcleo europeu poderia tornar-se intransponível, gerando rancores recíprocos e, em última análise, conduzir ao rompimento do triste namoro entre o RU e a UE, apesar de a "união política" ser precisamente aquilo que David Cameron e George Osborne recomendam, por força da "lógica inexorável" da partilha de uma moeda.
Ao fim de três anos de medidas atabalhoadas, as alternativas que os dirigentes europeus têm pela frente estão a tornar-se mais básicas: a morte do euro ou o nascimento de uma nova federação europeia.
Agora sim: começo a ver a luz ao fundo do túnel e, DELENDA CHINA EST !
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