segunda-feira, 31 de maio de 2010

PAY UP OR SHUT UP !

Como dizem as anglo-saxónicos ( e como eu gosto de reproduzir os seus neologismos agora que definham em todos os domínios....), "paga ou desaparece, ou cala-te!".
Pois é, a guerra instalada entre a nossa PT e a Telefónica espanhola é o mais evidente , até agora, sinal de que o proteccionismo veio para ficar  ( como explico no post " E para além da guerra?" ) que há dias publiquei.
Segundo o que sei ter-se passado nos últimos dois dias, estamos, nós portugueses em maus lençois : há capitalistas portugueses (?!) a discutir preços com os espanhois, há troca de ameaças entre operadores telefónicos de vários países e sobretudo há a percepção de quem segue por dentro o processo, de que o governo espanhol tudo, mas mesmo tudo fará para não averbar nova derrota via Telefónica. E , nem mesmo é seguro o apoio do governo brasileiro de Lula - que, diga-se de passagem, ao contrário do que nos pintam, é mesmo um tipo com a quarta classe da estratégia  entre Nações.
Por isso, desta vez o governo de Sócrates precisa de mostrar aos espanhóis a arma do PROTECCIONISMO -tal como eles o têm praticado sempre - sejam os seus custos quais forem. Porque quando alguém é chantageado o pior que pode fazer é aceitar a chantagem, e pior ainda, quando um governo é chantageado - como sei que está a ser o caso. A  resposta tem de ser : do you shoot us?

domingo, 30 de maio de 2010

A eficácia da democracia russa Por Daniel Oliveira




A lei, que penaliza ainda mais os automobilistas apanhados com álcool no sangue, passou com 449 votos a favor… entre os 88 parlamentares presentes. VIa Sprectum

UMA TEORIA DE COMBATE AO DEFICIT E CRESCIMENTO QUE SUBSCREVO

Há duas semanas propus aqui uma resposta fiscal à crise em Portugal de efeito imediato. Consistia, por um lado, em diminuir (ou mesmo eliminar) a contribuição do empregador para a segurança social (TSU) (1)para reduzir os custos das empresas e torná-las competitivas. Por outro lado, aumentar o IVA, estendendo-o a todos os bens a uma taxa única de 20%, eliminando os regimes especiais e a isenção da habitação (eliminando o IMT em troca). Uma alternativa mais suave seria reduzir o TSU e aumentar proporcionalmente as taxas de todos os regimes do IVA, do IMT, e um imposto sobre as rendas.




Esta medida tem duas virtudes. Primeiro é equivalente a uma desvalorização cambial feita pela avenida fiscal. Logo, estimula as exportações e penaliza as importações, aumentando o PIB e reduzindo o nosso défice externo. Segundo, aumentar o imposto sobre o consumo estimula a poupança, ajudando a combater o nosso endividamento. As duas medidas combinadas, feitas na medida certa, têm zero efeito no défice público.



Nicolau Santos no último "Expresso" pediu que se estudasse melhor esta proposta. Para avançar a discussão, aqui ficam o que penso serem os quatro principais problemas:



1. Aumenta a desigualdade. Os ricos poupam mais que os pobres. Logo, qualquer aumento do IVA recai sobre uma maior parcela do rendimento dos pobres. Note--se que isto é inevitável: qualquer medida que promova a poupança tem este efeito. Pode-se no entanto combatê-lo alterando também o IRS. Permitir mais deduções fiscais associadas às poupanças, e escalonadas com os rendimentos, neutraliza o efeito na desigualdade sem afectar a eficácia da proposta.



2. Aumenta o custo de vida. O preço dos bens importados aumenta, logo os portugueses ficam mais pobres. Novamente, isto é inevitável e intrínseco a qualquer desvalorização. Ao mesmo tempo, a médio prazo os salários vão subir na mesma medida que a TSU desceu, recuperando esta perda.



3. A desvalorização é temporária. Assim que os salários subirem, o efeito competitivo desaparece. Mas fica o efeito de estímulo à poupança. Se este aumenta o investimento e promove o crescimento económico, ficamos todos mais ricos permanentemente.



4. Distrai-se a atenção das reformas essenciais. No ensaio original já apontava esta preocupação. Para Portugal voltar a crescer temos de fazer reformas estruturais: flexibilizar o mercado de trabalho, reformar o sistema de justiça, aumentar a concorrência, reduzir custos de transporte e dependência energética, e reduzir a despesa pública. Todos os economistas credíveis já repetiram isto vezes sem conta. Nenhuma engenharia fiscal substitui a necessidade urgente destas reformas.



Não há soluções perfeitas, mas ainda estamos a tempo de escolher o nosso caminho, em vez de deixar que seja imposto de fora pelo FMI ou pela UE.

Pofessor  Ricardo Reis, no i de 29/5/2010
Professor de Economia, Universidade de Columbia

(1) A  T.S.U. mais conhecida como Taxa Social Única é de 23,75% do ordenado do trabalhador descontado pelo patrão como encargo para a Segurança Social. Resta-me saber como é que poderia ser resolvido  o problema da sustentabilidade da mesma, dando de barato que em qualquer caso a Segurança Social vai vêr restringido o âmbito das suas coberturas ( Nota do Autor deste Blog ).



rr.ionline@gmail.com

sábado, 29 de maio de 2010

NO NAME BOYS

Condenados vários pretos por crimes muito graves. Nada que se compare às claques do Porto e do Sporting.
Acreditem que não é por acaso. Já no Estado Novo era o clube dos jogadores africanos prertos que até nem podiam transferir-se. Leembram-se de Eusébio cuja transferencia Salazar imediu na fase em que o Estado Novo estava no seu pior?
Realmente é gente sem nome, mas,claro eu sou suspeito porque sou do Norte de Portugal.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

E PARA ALÉM DA GUERRA ?

Num tempo em que os economistas têm epifanias todos os dias e sempre diferentes porque a Ciência deles não é exacta, volta e meia aparece um ou outro que diz coisas que merecem atenção. Para além de Paul Krugman  e George Cooper que muito me infuenciam, há outro que , como os anteriores, acrescenta à contabilidade uma antropovisão que vai contra a corrente - logo deve lêr-se. Chama-se Dani Rodrik e as suas teses são para o vulgo muito soturnas.
A partir delas eu mesmo cheguei a outras.

Considerando a existência de três realidades actuais quase planetárias, a saber:
-a democracia parlamentar e pluripartidária ( porque há outras ).
- a globalização económica no planeta .
- a existência de Estados/Nações soberanos,

vemos que no actual estado de coisas no mundo não é possível a sua coexistência em simultâneo.
Assim:
a)Se temos Democracia parlamentar e Estado soberano vamos precisar de proteccionismo.
b)Se queremos Democracia e aceitamos a Globalização económica vamos precisar de um Governo Mundial.
c)Se queremos Estado soberano e Globalização económica vamos precisar de ditaduras ( porque o povo não vai aceitar muito mais tempo sem revolta o contínuo deslizamento para a indigência ).

O protecionismo mais tarde ou cedo leva à guerra ( porque a análise marxista que vê a História das guerras como o choque de interesses económicos nacionalistas é uma evidência ).

As ditaduras entre si levam à guerra ( porque as forças centrípetas inerentes a estados-de-alma diferentes nas elites ou a invejas no povo, acarretam a necessidade de encontrar um "inimigo externo" para reunir as hostes internas ).

O Governo Mundial que, por exemplo o Papa propõe, seria a solução ( a ONU com a Unesco como ministério da cultura , a OMS como ministério da saúde, a OMC como ministério do comércio etc, já são um embrião desse governo do mundo ). Mas os conflitos geopolíticos que vivemos ( e que noutro "post" aqui expliquei há meses), designadamente os vários "blocos" ocidentais imergentes contra os orientais emergentes, mais até que o Norte contra o Sul, parecem impedir esta solução.

Então o que resta?

AH, e "DELENDA  CHINA  EST!"

O 10 DE MAIO

Os europeus ocidentais comemoram a vitória sobre a Alemanha nazi a 8 de Maio. Os europeus de Leste (incluindo os Russos ) fazem-no a 9 de Maio.
Pois agora, depois da célebre reunião dos Chefes de Estado e primeiros ministros em Bruxelas a 10 de Maio que se prolongou até às 5 da manhã, vimos sair o nosso primeiro-ministro José Sócrates com ar de enterro a declarar que haveria um pacote de 750 mil milhões de euros para ajuda os países europeus com dificuldades mas  que Portugal adiava a maioria das grandes obras públicas. Pois agora que finalmente sabemos o que lá aconteceu, podemos dizer que daqui em diante o dia 10 de Maio passa a ser o dia da Europa.
Na verdade, aquela reunião começou com duas horas de atraso porque na sala ao lado, Sarkozy e Merkl insultavam-se e ameaçavam-se mutuamente de sair do Euro. Depois de iniciada a reunião a França fez-se rodear de Portugal, Espanha, Itália Grécia, Irlanda e depois dos restantes países euro deixando a Alemanha isolada. Mas isso só se conseguiu quando Portugal Espanha e Itália solenemente prometeram aprofundar de imediato o respectivo PEC. E o resultado viu-se com os respectivos primeiro-ministros a telefonarem aos chefes dos maiores partidosa da oposição ( Passos Coelho...) para dramaticamente lhes pedirem auxílio.

A partir de agora, haverá, como exigiu Durão Barroso, um euro com uma economia cada vez mais integrada, uma progressiva integração fiscal ( leia-se tecto máximo para todos os deficites nacionais), e uma real e quase total perda da soberania das nações europeias. A Europa Federal está à porta.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

DELENDA CHINA EST

em cinco dias

8 comentários »



Já pensaram em darem melhores condições de trabalho e aumentarem-lhes o ordenado?

27 de Maio de 2010 por Nuno Ramos de Almeida



O fabricante de IPhones na China enfrenta, segundo o Público, uma vaga de suicídios. Já nove trabalhadores se mataram. Para impedir o aumento deste número, a empresa chamou monges budistas, contratou 2000 psicólogos, cantores e bailarinos e inaugurou um centro de combate ao stress onde os operários podem esmurrar a fotografia do seu superior. A empresa garante que ninguém trabalha mais de 60 horas semanais, mas há muitos, dos 400 mil trabalhadores, que fazem horas extraordinárias para ganharem mais do que os 106 euros de salário mensal. Segundo um investigador das condições laborais: “o trabalho é longo, monótomo. A rapidez é muita e não se pode abrandar, pelo menos durante 10 horas”.

Agora é so recordar Charlot em Tempos Modernos , a seguir:

Modern Times - The factory scene

O FIM DO EDUQUÊS E AS CONSTANTES DA HISTÓRIA

A minha ex-mulher era uma mulher muito bonita, com melhor inteligência ( a racional ) que a minha,  mas com um conjunto de sem valores a que seconvencionou chamar de moda.
Era uma mulher da moda.

A minha ex-mulher educou os meus dois filhos na moda que fazia, ao tempo histórico que corria. Ou seja, a minha ex-mulher, que era uma muito boa médica e até boa pessoa, entrou em conflito comigo a propósito da educação dos filhos porque eu não sou um homem de modas. Ainda me lembro de expressões dela muito comuns como: -" Mas toda a gente faz assim!...".

Como a minha ex- mulher não se entendia comigo , nem eu com ela, a propósito da educação dos comuns filhos, eu abdiquei da minha parte na sua educação porque mais vale uma educação mesmo que estúpida do que duas , ao mesmo tempo e divergentes, que são ,por issso susceptíveis de provocar esquizafrenia nos educandos ( havia terreno genético para isso suceder ). Por isso e até à terceira reprovação do mais velho eu via as coisas ocorrerem....mas calava.

Até que  o meu filho mais velho reprovou pele terceira vez. Aí, fiz um diktact  à minha ex-mulher e ela rendeu-se: era eu a educar os filhos, apoiando-me ela sem fazer sequer perguntas à frente deles, e em troca, eu tentaria que a reprovação já na pauta fosse revogada. Depois de um requerimento à Directora do Colégio em que em quatorze páginas expunha as fragilidades do meu casamento, me propunha  corrigi-las e com isso recuperar a todos os níveis o mais velho, consegui que de quatro cadeiras reprovadas a pauta fosse corrigida para apenas duas, o que permitiu que o 9º ano fosse dado como cumprido!

Esta capacidade que finalmente tinha para educar ( também ) os meus filhos durou uns dois anos, findos os quais a mãe não resistiu a intervir ao ponto de me obrigar a deixar ( porque não queria filhos esquizofrénicos ) de intervir na sua educação. E como disse, a minha ex-mulher que era uma pessoa de modas, lá voltou às dela: a autoridade pais/filho volatilizou-se, a mãe diluiu-se com os filhos como se de três irmãos se tratasse fazendo-se cúmplices uns dos outros, a liberdade com responsabilidade deu lugar à liberdade sem responsabilidade, a vida corria alegremente sem ao menos se lêr a primeira página dum jornal, o ostracismo do pai era visto com a naturalidade com que se manda à merda um trapo velho de ideias feitas, o facilitismo, mesmo na escola, tomou o lugar do trabalho natural.

Pelo meio, não resisti, e continuei, apesar de tudo, a apoiar os dois filhos: consegui, por exemplo uma transferência duma universidade privada péssima e onde dificilmente chegariam ao fim do curso de psicologia porque a norma era chumbar para manter os alunos, para outra melhorzinha; e fui dando-lhes apoio científico,quando podia e me deixavam, numa  área em que fui professor universitário: psicologia.

É aqui que entra a história relatada aqui mesmo há dois dias de os meus filhos recusarem empregos porque não perceberam que já eram largamente beneficiados por terem um curso que ,não houvesse dinheiro em casa, não poderiam tirar. Com a maior das naturalidades e sem o saberem já tinham interiorizado a "história" dos direitos adquiridos, tão do agrado da mãe que achava que a história andava sempre em linha recta e a direito.

Pois não andou nem vai andar na próxima geração, infelizmente. E por isso, a capacidade de em cada momento histórico nos interrogar-mos se vai ser sempre assim, ou a flexibilidade para aceitarmos novos desafios e outros trabalhos, ou conseguirmos vêr em qualquer trabalho dignidade e não no lazer e não fazer, tudo isto e muito mais como a noção da necessidade de preservar valores intemporais ( mesmo que muitas vezes os não sigamos ...) que é coisa básica para a nossa sobrevivência ontogenética ( ao longo da vida da pessoa) e filogenética ( ao longo da vida da nossa espécie, ou para sobrevivermos como espécie) - tudo isto se perdeu e não foi interiorizado pelos meus filhos. Penso que pelos dos outros também não, mas com a desgraça alheia posso eu bem.

Foi a pensar em tudo isto que a primeira e última sova que dei ao meu filho (à minha filha não dei nenhuma), foi nos seus oito anos de idade por, em Cinfães, no nosso cabanon, me ter passado dos carretos quando descobri que o meu filho não sabia a tabuada dos três. No dia seguinte, porque não há pai que por gostar dos filhos se não exceda, fui procurá-lo e levei a palma da mão dele à minha cara, simulando uma bofetada no pai por me ter excedido. A mãe achou tudo muito mal e justificou que já não se usava saber de cor a tabuada.

Não foi assim com qualquer espanto que vi escrito no último EXPRESSO por Nicolau Santos, que na Índia é obrigatória a tabuada dos vintes. Ou seja, as criancinhas indianas que dão os melhores intelectuais de software do mundo, sabem de cor e salteado quantos são 19 vezes 18=. Voçê sabe?
E não aceito que me digam que , se calhar, gente assim não é feliz, porque as gentes formatadas pelas Anas Benaventes e pelos Danieis Sampaios desta vida não conseguem ser felizes se não ganharem muito dinheiro com pouco trabalho " porque na escola é preciso aprender mas só com prazer !" ( e para ganhar dinheiro vai ser preciso bater aos pontos criancinhas indianas, chinesas e por aí fora ). E a minha ex-mulher concordava.

É assim, por estas e por outras de que voltarei a falar, que me sinto revoltado porque a minha cosmovisão pessoal que não passou para os filhos também não vai passar para o meu neto. Porque a Lei portuguesa não me dá esse direito!

E , naturalmente, porque às vezes me esqueço, Madeira e , sobretudo, China, Delenda est!

A PETIÇÃO

Corre na NET uma petição para exigir que o número de deputados à Assembleia da República passe de 230 para 180 - o que pode fazer-se sem alteração à Constituição, como se explica nos fundamentos da mesma.
Às oito da manhã eram vinte mil os signatários e às 11h eram já mais de quarenta mil. Eu sou o número 41.499 e convido os meus dois leitores e meio a fazerem o mesmo.
Se não tiverem mais razões, basta esta: esta semana a ilustre Assembleia auto-aumentou-se as suas despesas de representação, viagens e afins em 25%. Irra!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

FRASES QUE IMPÕEM RESPEITO

" Os especuladores tiveram muito espaço e muito tempo à solta!"

( Ricardo Salgado, banqueiro, in Diário Económico )

FRASES QUE IMPÕEM RESPEITO

"Haverá conclusões mas é difícil responder com culpado ou inocente!"

( deputado bloquista João Semedo, ilustre colega infecciologista e também relator da Comissão de Inquérito PT/TVI ).

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A DIGNIDADE AO CONTRÁRIO e o contrário da dignidade!

Tenho o mau hábito de ser um provocador.
Quando alguém começa a pôr-me a ferver com "direitos adquiridos", " os meus direitos" ou..".a minha dignidade" raramente resisto a uma provocaçãosita que às vezes roça a má educação e quase sempre a arrogância. Disso já me penitenciei dezenas de vezes mas o pecado dá mostras de querer morrer comigo.

Quando alguém me aborrece a sério com qualquer daqueles argumentos não resisto a pergurtar: -"Então o que está em causa é a sua dignidade!, É, não é?". A resposta é sempre sim, até porque este vocábulo DIGNIDADE,  há muito tempo que anda inflacionado e parece que cabe lá tudo.

Então neste meu mau "climatério", quando estou nele, pergunto sempre: -"Mas diga-me uma coisa, o que é que entende por dignidade?". Aqui cai o Carmo e a Trindade porque ninguém sabe definir o termo.

Acontece que hoje o Jornal de Notícias trazia a nova de que um grande produtor de morango , nesta época de colheita do fruto, precisava de juntar aos seus dez empregados fixos mais umas dezenas de trabalhadores sazonais: paga quinhentos e vinte euros,  alimentação e dormida, pelo menos, podendo os trabalhadores ganhar mais horas extraordinárias ou fins-de-semana. Este ano, dos cem que pediu ao Centro de Emprego, só um desempregado aceitou, fazendo-se todos os outros acompanhar do...conveniente atestado médico de recusa.

Até que  - como já no ano transacto  tinha acontecido o mesmo - o agricultor desatou a contratar trabalhadores tailandeses que até trabalham mais e melhor. Consequência: os "seus " trabalhadores passaram a trabalhar mais e a apresentar menos atestados médicos!

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Aqui há uns doze anos, os meus filhos estavam licenciados ( cinco anos ) em psicologia. Eu explicava que a crise ( a  do Guterres, da Manuela e do Durão Barroso mais o discurso da tanga que era verdadeiro ) viera para ficar; um dia o meu filho Pedro, o mais velho, disse-me que jamais aceitaria um emprego de psicólogo por menos de trezentos contos à época. Eu sorri porque um pai só pode sorrir perante uma coisa destas, até porque é consabido que santos da casa não fazem milagres, sobretudo quando a mãe tem um discurso implícito que suporta tais pensamentos que, não sendo racionais, são compreesivelmente desiderativos.
Não sei como vai a vida dos meus filhos hoje. Nem sei se exercem psicologia. Sei que um deles tem um filho de um ano e meio que é meu neto e não o posso vêr. Sei que os avós não têm qualquer direito sobre os netos. Sei que isso é uma aberração do tamanho da aberração jurídica que é - numa sociedade em que os direitos individuais deviam ser acautelados - não podermos deixar o nosso dinheiro, o dinheiro que com o nosso esforço ganhamos  a quem nós entendermos  porque os filhos têm direitos jurídicos!
Continuo a telefonar nos dias de anos e nos Natais aos meus filhos, sem resposta, mas não posso fazer o mesmo ao meu neto!

E qual é a importância disto?
É enorme: toda a experiência de vida e toda a inteligência que acumulei não vou poder deixá-la ao meu neto - até porque pela natural dinâmica do ódio não seeri lembrado pelos pais ao meu neto; mas mesmo que o seja ele nunca vai poder usufruir do conhecimento do avô e muito menos da sua enorme experiência de vida.

Pois bem.
Aquilo que andei a pregar aos meus filhos e que a mãe ( como é costume em situação de litígio educativo ) contrariou, não lhes chegou, e aos filhos deles  muito menos. É assim a nossa Lei.
Aquilo que a mãe dizia é que eu era um pessimista. Pois bem, para pessimista não está mal que tenha sido ultrapassado por detrás de mim pela desgraça pública. A crise veio para ficar pelo menos uma geração, e o meu neto não vai ouvir-me dizer-lhe como passar por ela com menos sofrimento. É esta a Lei.
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Não gosto nem nunca gostei de vêr gente escravizada, mas também não gosto de vêr gente tonta a tentar imitar a avestruz ( que eles julgam que mete a cabeça na areia mas nem isso faz). Gosto de gente.
E gente é um ser que pensa e pensa mesmo que isso incomode. Mesmo que o mensageiro incomode, aprenda que é sempre melhor ouvir o mensageiro que matá-lo sem ele acabar de transmitir a mensagem ( mesmo que matar seja só ostracizar o mensageiro ).

Por isso,é muito importante  poder dizer ao meu neto que por entre as cunhas ( à boa maneira portuesa ) que o avô meteu a favor dos pais, uma, a da multinacional portuguesa Habitat, era tão forte  que para ela os meus filhos  entrariam- como lhes foi explicado - para acompanharem os clientes de móveis com a farda de avental da casa durante uns tempos para mais tarde poderem passar aos recursos humanos a exercerem psicologia (mesmo que a não ganhar 300 contos ).E que  era tão boa que a sua rejeição não poderia ser repetida - como foi por parte dos meus filhos. Os filhos dos filhos não podem cometer os erros de palmatória dos pais, mas só os avós estão em condições de lhes explicar isso mesmo. 

E explicar que o trabalho dignifica e o desemprego Não!
E explicar que enquanto um desempregado tiver mais vergonha de apanhar morangos que de receber o subsídio de desemprego, não vai encontar-se com a dignidade mas , simplesmente, com o contrário da dignidade 
Não com a dignidade ao contrário  mas sim com o contrário da dignidade. Aquilo a que chamamos indignidade.

domingo, 23 de maio de 2010

VEJAM COM SOU REALISTA

O prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, acredita que a solução para os desequilíbrios na Zona Euro passa por uma descida dos salários nos países com menor competitividade da região. Dado que Grécia, Espanha e Portugal não podem desvalorizar a moeda, a solução passa por cortar nos salários, diz o professor de Princeton.

“Com uma moeda única, um ajustamento a choques requer ajustamento nos salários relativos – e como os países da periferia europeia passaram do crescimento à crise, o seu ajustamento tem de ser feito em baixa”, diz Paul Krugman no seu blogue do New York Times, de que é colunista. “Nesta altura, os salários na Grécia/Espanha/Portugal/Lituânia/Estónia, etc., precisam de cair qualquer coisa como 20 a 30% face aos salários relativos na Alemanha."

O economista, que esteve em Portugal em 1977, numa equipa do MIT onde estudava, começa por dizer que o que é “surpreendente e frustrante no debate sobre o destino do euro, é a forma como quase todos evitam confrontar a questão essencial”.

Mas ninguém está disposto a dizê-lo, “até o sempre pessimista e portanto realista” colunista do Financial Times, Wolfgang Munchau, diz que “nenhuma das medidas discutidas até agora sequer ensaiam uma resposta às questões de como a Espanha vai sair deste buraco e de como o hiato de competitividade será fechado”.

Depois de reiterar, em maiúsculas, que “os salários na periferia precisam de cair 20 a 30% relativamente à Alemanha”, o economista pergunta “quão difícil será conseguir isto?”

“A Letónia perseguiu uma austeridade incrivelmente draconiana. O desemprego cresceu de 6% para 22,3% - e os salários estão de facto a cair. Mas mesmo na Lituânia, os custos de trabalho caíram apenas 5,4% face ao seu pico; por isso serão exigidos anos de sofrimento para restaurar a competitividade”.

O debate em torno do euro, que aconteceu por volta de 1990 segundo Krugman, era justamente acerca do facto de “ninguém ter mercados de trabalho assim tão flexíveis”. Mas “se o euro não funciona com salários nominais altamente flexíveis, bem, então não funciona”.

“Em todo o caso”, concluiu ontem no seu blogue, “este é o meu discurso do euro da manhã”.

A Estónia e a Letónia não pertencem à Zona Euro mas não podem desvalorizar as suas divisas face ao euro porque estão em processo de adesão à moeda única.

Leia aqui o artigo de Krugman.

VEJAM COMO NÃO SOU PESSIMISTA

Opinião Artigos deste autor


Manuel Caldeira Cabral
Crónica de uma competitividade anunciada




Mark Twain, reagindo a notícias sobre a sua morte, terá respondido que estas eram claramente exageradas. A morte anunciada da competitividade portuguesa baseou-se demasiado num olhar superficial. Olhando dentro da caixa vemos que há sectores com...

Mark Twain, reagindo a notícias sobre a sua morte, terá respondido que estas eram claramente exageradas. A morte anunciada da competitividade portuguesa baseou-se demasiado num olhar superficial. Olhando dentro da caixa vemos que há sectores com um crescimento sólido há mais de uma década, que hoje são maioritários, e sectores em decadência, com cada vez menor peso. A recuperação recente pode, em parte, ser explicada por isso.

A história da competitividade portuguesa na última década e meia tem sido resumida a uma caixa com três ou quatro indicadores. A taxa de crescimento das exportações foi baixa (em geral abaixo dos 3% ao ano), as exportações em percentagem do PIB entre 1995 e 2005 ficaram paradas nos 28% do PIB, o País perdeu quotas de mercado em vários dos seus mercados mais importantes. A caixa, com a excepção dos anos entre 2005 e 2007, cresceu pouco.

A evolução dos custos unitários do trabalho face à União Europeia, que no final da década de noventa foi muito desfavorável, faz com que estes apareçam como o culpado da baixa performance das exportações portuguesas neste período.

O aumento dos salários acima do aumento da produtividade (e consequente aumento dos custos unitários) no final da década de noventa poderia, assim, explicar a evolução das exportações e, acrescentam alguns, a manutenção do défice externo, durante toda a década e meia iniciada em 1995, em níveis próximos dos 9% do PIB.

No entanto, a evolução destes agregados macroeconómicos esconde evoluções sectoriais muito díspares. Nos últimos quinze anos as exportações de bens de baixa tecnologia cresceram menos de 1% ao ano, enquanto as exportações de bens de média e alta tecnologia cresceram mais de 6% ao ano e as exportações de serviços cresceram quase 8% ao ano, destacando-se as de serviços tecnológicos, que nos últimos cinco anos cresceram mais de 25% ao ano.

No início da década de noventa os principais sectores exportadores de Portugal eram os sectores de baixa tecnologia. Estes representavam quase dois terços das exportações de bens e mais de metade das exportações de bens e serviços.

Hoje a exportações de bens de baixa tecnologia representam apenas 24% do total. Estes sectores continuam em queda. Mas hoje essa queda tem um efeito de arrastamento muito mais reduzido no total das exportações.

No início dos anos noventa, Portugal exportava principalmente bens baseados em mão-de-obra barata, nos quais se destacavam os têxteis, o vestuário e o calçado, entre inúmeros outros bens de baixa qualidade e valor.

Estes sectores foram os que ficaram mais expostos à concorrência directa dos produtos da China, aos quais a Europa se foi abrindo, ao mesmo tempo que novos sectores que então emergiam foram fortemente abalados pelo processo de alargamento, que começou em meados dos anos noventa, com acordos comerciais e deslocação de IDE a precederem o já então esperado alargamento.

Estes dois choques externos (a Ásia e o alargamento a Leste) determinaram o baixo crescimento das exportações e do PIB em toda a "década perdida". Aliás, se olharmos para as regiões portuguesas, vemos claramente que a região mais fortemente especializada em bens expostos à concorrência asiática (a Região Norte) foi a que mais sofreu durante esta década, em que se tornou a mais pobre de Portugal, enquanto regiões com uma especialização em serviços, e em particular no turismo, como é o caso do Algarve e da Madeira, conseguiram registar uma convergência com a UE, numa década difícil.

Olhando para dentro da caixa, o que se vê é que Portugal tem um conjunto de sectores que na última década cresceram entre 6 a 10% - sectores que há 15 anos eram apenas uma parte limitada das nossas exportações, mas que hoje representam mais de três quartos das nossas exportações. O crescimento destes sectores, em que se incluem o turismo, os serviços tecnológicos e várias indústrias de média e alta tecnologia, não foi o de um tigre asiático, mas foi um bom crescimento.

O que é interessante no olhar para dentro da caixa da competitividade, em vez de a observar apenas do exterior, é que as mudanças que ocorreram podem explicar, pelo menos em parte, a inesperada retoma das exportações que está a ocorrer na saída da crise.

De facto, o crescimento das exportações de bens de 5% em Janeiro, 12% em Fevereiro e de mais de 20% em Março é em parte explicado pela alteração da estrutura de exportações e pela evolução que o País está a conseguir na conquista de novos mercados, fugindo à sina do baixo crescimento dos mercados europeus.

Os dados do primeiro trimestre para os bens e também para os serviços, e as indicações que já existem sobre a evolução em Abril, tornam inevitável que as instituições internacionais, que até há pouco tempo previam crescimentos das exportações portuguesas entre 1.3 e 3.8% em 2010, estejam a rever estes números.

A alteração da estrutura sectorial e dos mercados das exportações portuguesas pode ser o garante de um crescimento saudável da economia portuguesa em 2010, contrariando o efeito recessivo que as medidas de consolidação terão no segundo semestre. Mas, principalmente, a evolução da última década e meia e do primeiro trimestre de 2010 mostram que as crónicas sobre a morte da competitividade portuguesa eram claramente exageradas.

Departamento de Economia, Universidade do Minho
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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Rússia

A Rússia, segundo a Newsweek, aprovou recentemente uma nova doutrina geopolítica que priveligia a UE e os USA.
Não surpreende porque a Rússia necessita da tecnologia naval (para navegação no gelo) dos países nórdicos, das nanotecnologias alemãs, das tecnologias  para armamentos (de 30 mil milhões) militares francesas, das tecnologias de energias renováveis da Dinamarca, Alemanha, Espanha e Portugal e por aí adiante.
Já se percebe mal que hoje os presidentes Medvedev e Lula ( do Brasil) tenham assinado dezenas de negócios e protocolos que vão de ligações aéreas diárias entre os dois países,até acordos de cooperação espacial,energia nuclear, informações ( leia-se espionagem ), passando pela supressão  de vistos entre ambos os países e convergência diplomática. Mas sobretudo grandes investimentos brasileiros nas energias e fábricas da aeronáutica Embraer por toda a Sibéria. Não se percebe a não ser que Putin e companhia finalmente tenham percebido que vão ter de lidar com a China não demora muitos anos.

E portanto, Dlenda Madeira e China est

ERREI

Há três dias atrás apostei numa série de medidas para corrigir os déficits gémeos que Bruxelas nos obrigou a corrigir, como a muitos outros países euro, e falhei.
Deus queira que me engane e o Governo esteja certo, mas não acho isso provável - embora perceba que a ideia foi não impedir algum crescimento da economia.
Todavia,aqui ficam exemplos de alternativas mais sustentáveis no tempo, quer dizer, que podiam ser mantidas mesmo depois do aperto dos déficits para ganhar folga para investimentos posteriores:
- privatização da RTP .
- reposição do imposto sobre sucessões e doações embora a taxas mais baixas.
-aumento do IVA em 2%, já que a inflação provocada pelos chico-espertos dos negócios vai disparar quer se aumente 1, quer 2%. até à recomposição da normalidade orçamental
-Reforço de medidas de controlo do SNS que depois da saída do prof. Correia de Campos ( o da diminuição das maternidades,dos serviços de urgência, da reformulação do INEM, das taxas moderadoras, etc, etc, etc, foi posto no olho da rua pelo mesmo povo que agora gosta das medidas) tem o problemazinho de agora estar lá uma ministra-médica que não sabe gerir saúde e fez disparar os custos do SNS.

Ora portanto Delenda Madeira e China est!

HABEMOS PAPA !

Retenho da visita Apostólica de Bento XVI a Portugal quatro mensagens especiais
1. É urgente recristianizar a Europa mergulhada, genéricamente, num adormecimento religioso mas ( como pretendi mostrar num "post" anterior ) sedenta de Fé. Até porque só a matriz cristã de toda a Europa lhe pode servir de ideal natural de comunhão entre nações num futuro próximo.
2. Essa Fé não pode ser nenhuma forma de Yoga por mais introspecção que esta proporcione, mas antes uma radical busca da espiritualidade - única diferença sensível entre humanos e não humanos - coisa que muitas vezes foi necessário reactualizar no nosso passado Histórico, mas desta vez envolvendo a Cultura ( é necessério que o Bem se acompahe do Belo - cito de cor palavras do Papa).
3. Os ataques à Igreja vêm de dentro, pelo que o aproveitamento serôdio dos crimes e pecados de pedofilia, por parte dum certo laicismo que assenta no relativismo filosófico, na flexibilidade moral, e num hedonismo sem regras ( é que o hedonismo grego tinha regras, pois é!) é tão fútil como gratuito e como inútil já que a Igreja vai continuar a actuar, deixando os factos mais transparentes que nunca.
4. Aquilo que fez universal a Igreja Católica ( do latim catholicu = universal), foi a conservação de valores seguros que são os permanentes em qualquer fase da condição humana, mesmo que contra todas as modas e movimentos culturais instalados, o que implicando recusas, implica sofrimento purificante. Não que o Papa deseje pôr-nos todos a gritar ( de sofrimento ) por socorro! Mas antes porque são sempre as grandes crises ( palavra que no grego tanto quer dizer sofrimento como oportunidade ) que nos impelem a um comportamento ascético de sondagem sobre como, cada um de nós diferentemente na forma mas em comunhão  na essência ( nos valores ), pode encontrar o sentido da sua existência. Este sentido,digo-o como psiquiatra que construiu uma teoria da personalidade, este sentido da existência, anda de braço- dado com a ética, a estética, o sentido do humor, o livre-arbítreo, a pró-acção ( e não só a re-acção ), o projecto existencial - o que só é possível no cadinho da religião ( de re-ligare ,ou voltar a ligar-nos ao que nos transcende ). Tudo isto o Papa disse em três dias.
Por tudo isto habemos Papa!

Mas é importante uma apreciação sobre o pecado da pedofilia.
No avião que o trouxe a Portugal, o Papa que está rapidamente a aprender a comunicar, falou aos jornalistas de modo informal e disse-lhes que os ataques à Igreja vinham de dentro da Igreja, ou seja os pecados gravíssimos de padres ou bispos pedófilos é que eram o problema . E falou-lhes mesmo em justiça ( não se referia à Divina mas à da ordem civil a que nenhum cidadão deve poder escapar). Com isto ficou claro o seu pensamento:
Na ordem civil a pedofilia é um crime ( é certo que há cem anos e em épocas o não foi, mas hoje é-o e gravíssimo ; o juízo que as pessoas comuns dele faziam variou muito ao longo da História das Civilizações e Culturas, mas é um crime e isto é pacífico no Séc.XXI.
Na ordem da moral católica  a pedofilia é um pecado muito grave.
Tudo isto está interiorizado na. consciência dos cristãos.
Mas a onda de " escândalo " nos media , obrigou o Santo Padre a dizer isto mesmo com cristalina clareza.

O que significa que no plano temporal as coisas tratam-se duma maneira e no plano espiritual de outra completamente diferente. No plano temporal a pedofilia trata-se como um crime e julga-se nos tribunais; no plano espiritual a pedofilia trata-se como um pecado que gera culpa. As  dimensões temporal e espiritual são complementares mas só isso. Aqueles que parecem muito interessados na separação entre Estado e Igreja, no laicismo, aparecem agora neste admirável mundo novo a exigir ( esta gente tende a exigir sempre ) um tratamento temporal aos Poderes espirituais. Da mesma forma que seria esquizofrénico pedir ao Poder temporal que tratesse do assunto com métodos espirituais.
 Não se importando agora da separação de águas entre os Poderes do Estado e os Poderes da Igreja que andam há um século a exigir...Curiosamente tudo isto me faz recordar a visita de Paulo VI a Fátima ( como o Papa fez então questão de frizar, que não a Portugal ). A visita demorou muito a preparar porque Portugal tinha perdido Goa, Damão e Diu na Índia , e  Paulo VI pouco depois resolvera visitar aquele país. Salazar não gostou e o Ministro dos Estrangeiros Franco Nogueira fez saber ao Núncio que considerava tal acto gratuito e estúpido. Quando finalmente PauloVI veio a Fátima ( que não a Portugal ) Salazar mandou um avião da TAP para o transportar. Mais tarde o meu pai contar-me-ia que o avião tinha sido batizado "DIU " de propósito!.
Pois bem, será o regresso às confusões entre Estado e Religião que se pretende?

Em boas verdade eu não alinho em teorias da conspiração e por isso acho que o alinhamento da imprensa na ventania contra a Igreja deve-se exclusivamente à ignorância. Ao invés de mostrar como a sexualidade desenfreada é parte do problema, revistas como a "Der Spiegel" ou a "Sábado", escondem que os crimes hediondos vão contra o ensinamento e as estruturas hierárquicas da Igreja insinuando que tais ensinamentos e estruturas são causas dos crimes!
Pois muito bem, fiquem-se com esta senhores jornalistas que não fazem trabalho de casa: de 1995 até ao presente, houve na Alemanha 210 mil casos de abusos sexuais de menores. Destes, sòmente 94 envolveram o clero, ou seja 0,044% do total ( dados colhidos do artigo de José Carvalho, publicado no último nº do Expresso ).
                   Mateus, 18:6 " Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fôra que lhe atassem ao pescoço a mó de um moínho e o lançassem no fundo do mar".

quarta-feira, 12 de maio de 2010

SUA EMINÊNCIA O BURRO

Depois da audiência que teve com o Papa Bento XVI, já à saída, o nosso primeiro-ministro eng. José Sócrates, referiu-se a Sua Santidade como " Sua Eminência".
Sua Eminência, é ,como toda a gente devia saber, uma fórmula de designação dos Cardeais mas não do Papa.
Ao repetir, por seis vezes em cinco minutos este erro, Sócrates deixa-me com um conjunto de dúvidas:
a) Saberá ele que a maioria dos militantes ( sim militantes !) socialistas é católica ?
b) Saberá ele que o socialismo do P.S. é o resultado do socialismo romântico do século XIX que nada tinha de materialismo dialético, muito menos marxismo?
c) Saberá ele que a somar a este socialismo romântico o P.S. foi beber à doutrina social da Igreja Católica os fundamentos do seu corpo ideológico?

Eu acho que ele sabe.

Por isso, não tratar o Papa por Sua Santidade é uma sobranceria laicista muito gratuita, um gesto táctico para agradar aos materialista ( leia-se Bloco e PCP ) e /ou um fenómeno de estado de alma frustrado. Se acrescentar a isto tudo o enorme impacto positivo que esta visita Papal está a provocar em Portugal e que o primeiro-ministro com toda a sua sagacidade ainda não percebeu, o caso fica politicamente perigoso para Sócrates.

Se pretendeu acentuar que via esta visita como a de dois Chefes de Estado ( do Vaticano e do Governo de Portugal - este último  um "posto" menor que o de Chefe de Estado) , então gostaria de saber como Sócrates se sentiria se o Papa o tratasse por senhor engenheiro...

 Em qualquer caso este é , em minha opinião, o primeiro grave tiro nos pés que Sócrates dá. Desculpas públicas ao povo português caiam bem!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

CáRITAS IN VERITAS

A visita do Papa a Portugal que amanhã começa motivou uma pergunta duma amiga que não gosta deste Papa ( este não é o meu Papa, dizia ) e que me pediu, quando eu lhe disse que este homem é um intelectual que por muitos é considetrado um reformatador da moral de hoje como o seu conterrâneo Kant o foi no seu tempo histórico com a noção do Dever, pergunta assim : e então o que é que hei-de ler dos vinte e tantos livros dele desde poesia, à  filosofia até  à teologia?. Pois bem minha amiga, começa com a sua primeira encíclica " Caridade na Verdade ", encíclica que retoma as teses centrais da "Rerum Novarum" que iniciou a doutrina social da Igreja - e que está à venda numa paróquia perto de si, como no cinema .Aí vais encontrar a ideia de que entre totalitarismos ( designadamente comunistas ) e o capitalismo, há uma terceira via.
Mas ainda mais importante que isto é o pedido que lá se faz para um governo mundial, coisa por que me bato há mais de vinte anos como condição para a Paz.
Outro livro que aconselho é o seu primeiro publicado " Introdução ao Cristianismo ".Boas leituras!

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Na verdade é minha opinião de que este Papa é mesmo o meu Papa. E é-o por tudo aquilo de que o criticam, curiosamente, os ateus como se aos Papas competisse o dever de agradar aos ateus...
Bento XVI é acusado de ser frio e racional quando é um defensor acérrimo da convergência entre Razão e Fé.
É acusado de ser contra a modernidade científica , mas é o que mais fomenta encontros favoráveis ao evolucionismo em detrimento do criacionismo.
É acusado de não entender o seu tempo europeu ( os outros Continentes são muito diferentes ) mas não cala a denúncia ao declínio demográfico.
É acusado de anti-ecumenismo mas é Ele que mais tem tentado relançar pontes com ortodoxos ,protestantes e judeus e islamitas.
É acusado de retrógado em matérias sociais e económicas mas é aquele que em encíclicas ataca o capitalismo e a banca na crise financeira.
É acusado de ser a origem e raíz da pedofilia na Igreja quando foi o único a "convidar" padres e bispos a demitirem-se por causa disso ( a este respeito voltarei).
É acusado de não abrir as portas da Igreja às mulheres mas foi o único a aceitar padres casados ingleses que se afastaram da Igreja Anglicana e foram ( casados ) acolhidos pelo catolicismo como padres.
É acusado de dogmatismo porque não aceita o relativismo e o positivismo morais, e é aqui que Ele me conquista definitivamente.

Na verdade eu, como psiquiatra, estou na origem duma nova escola psicoterapêutica: o "metacognitivismo narrativo". A base filosófica desta (minha) psicoterapia, e para simplificar as coisas, partia do princípio de que  a verdade não existe, nos podemos permanentemente reinventar, porque tudo seria relativo.
Talvez por sorte minha, dos cinco "criadores, um italiano outro françês e dois americanos desta nova psicoterapia que nos parecia tão atraente, dos cinco iniciais (comigo) três já se suicidaram - a meu vêr porque levaram mesmo à letra nas suas vidas o relativismo de comportamentos e ausência de valores que "pregavamos". Talvez devido ao meu maior cepticismo sobre absolutismos empíricos, ainda estou vivo. Ora o que Bento XVI prega é um back to basics, ou seja um regresso contra-corrente a valores seguros na vida social - como Kant, o outro alemão fez e disse, com as vantagens civilizacionais de que nestes "posts" já falei.
Este Papa não fala o senso-comum mas o bom senso; não é capaz de ser simpático na sua sisudez, mas é empático com as causas dos sofrimentos da humanidade actual.

Na realidade, Bento XVI não se conforma com a progressiva marginalização da Fé nas sociedades ocidentais, daí que ele sonde continuamente as condições de continuidade da Fé que arrasta comportamentos sintónicos com as necessidades da humanidade actual, mas não vai a reboque das ideis feitas, da moda, que como em todas as modas nunca é alvo de uma verdadeira análise sobre a sua validade.

Os motivos para pensarmos que a Fé é mais que nunca necessária está nisto: entramos numa livraria e deparamos com os escaparates cheios de livros sobre " como encontrar a felicidade ou a alegria de viver ", " as vinte e cinco maneiras de ter amigos e quebrar a solidão", " técnicas para combater o stress ", " cinquenta maneiras de alcançar a meditação transcendental", " o Yoga para a estabilidade da sua vida ",etc. Tudo formas "religiosas"- com as suas liturgias, as acentalhas indianas de cheiros  substituindo o inçenso, os seus ambientes silenciosos a parecer místicos, os seus dogmas ( "só dá resultado assim e não assado.."), etc. Pseudo religiões onde a Fé foi substituída pela fezada de que "isto" resulta! Rituais  fúteis onde os sentimentos deram lugar aos sentidos  e as técnicas substituiram a razão....

Curiosamente logo após ser eleito Papa, Bento XVI definiu a sua missão como bispo de Roma explicando que bispo (êpiskopos ) tem como significado imediato ser sentinela. E nós sabemos que uma sentinela tem como função sondar o horizonte, detectar os perigos e gritá-los para acordar os que descansam ou dormem. Está tudo dito.

OS ZOMBIES E OUTROS ASSUNTOS AFINS

1 - Ontem à noite, as televisões públicas e privadas entenderam que o assunto do dia era o benfica campeão nacional!. E vai daí uma festa que nem as vitórias portistas nas provas europeias alguma vez  as televisões fizeram. Eu, numa declaração de interesses prévia, devo declarar que sou um indefectível portista , mas racional, daqueles que nunca desejaram  derrotas do benfica nas mesmas provas internacionais. Isto foi e é assim porque o futebol é uma fezada de emoções que a gente tem relativas a montes de " fontes ": a primeira das quais a família ( já o meu pai era... ), mas também regional e , agora, cada vez mais política ( a projecção externa da marca regional:  da primeira vez que visitei Barcelona o que logo me propuseram foi visitar o Nou Camp e o seu museu, e em Liverpool o respectivo estádio e a cave dos Beetles ).

2 - Ora a essas mesmas horas em que os telejornais eram encurtados para apelarem ao mundo que se reunisse nas rotundas respectivas a festejar de modo completamente alienado e alienante  a vitória enlutada de uma equipa regional ( Sport Lisboa e Benfica  não é o mesmo  que Sporting Clube de Portugal ), os resultados da reunião dos ministros das finanças da zona euro que decorria em Bruxelas e de que vai depender o nosso pão nosso de cada dia  futuro não era sequer referido. Agora percebemos porque é que o nosso primeiro-minstro saíu, com a facies de um condenado às galés há dois dias, da reunião dos primeiros-ministros, e anunciou que   o déficit este ano teria de baixar de 9.4% do pib não para os  8.3 anunciados no PEC mas para 7.3. Ora isto entra-nos no bolso, pode impedir-nos de comprar todos os medicamentos para o avô, justificar ao primo porque é que este ano não há prenda de anos ou pensar que o peixe acabou lá em casa e resta o atum em lata ( que por acaso até faz bem à saúde... mas isso são outras contas ).

3- Entretanto, no nosso parlamento, uma triste assembleia de tristes, discute-se acaloradamente em sucessivas comissões se o nosso primeiro-ministro sabia no dia 23 ou só soube no dia 24 de Junho que a PT , directa ou indirectamente, poderia comprar ( porque pretender pretendia, como disse Manuela Ferreira Leite nas audições parlamentares por ser muito bom negócio para a nossa multinacional PT ) 30% da TVI. Por essa altura era evidente que Portugal corria o risco de entrar em insolvência  ( o que quer dizer, materializando a coisa, que nos faltaria coisas tão simples como a aspirina que vem do estrangeiro por não termos divisas para a pagar ). Masturbavam-se oninisticamente e já pouco intelectualmente os deputados com o cronograma dos negócios da PT, qual orquestra do Titanic, com o país a afundar-se e a excitação do perigo a entusiasmar a asneira.

4- Num caso ( o futebol e a televisão pública e as outras a esquecerem-se da importância da reunião do Conselho de Ministros das Finanças da Europa que estava a acabar ) e no outro, ou seja, os parlamentares a parlamentarem a queda do Governo que a acontecer lançaria Portugal (que lhes paga principescamente os ordenados), numa dramática situação - o que está em causa é assim a modos de um conjunto de zombies desligados do essêncial e no onamismo do pessoal gozo narcísico!

5 - Enquanto os nossos zombies se enchiam de gozo, a Inglaterra partia-se em pedaços partidários que a vão atirar para o seu fim como potência, a Alemanha tirava a maioria a Merkel que é a única dirigente europeia dos chamados grandes com estofo de Estadista, a Ucrânia era subjugada pela Rússia (que na prática a anexou economicamente aproveitando a fragilidade europeia ), o Japão reunia o seu governo para impedir a venda das melhores empresas à China que as compra para usar a marca e copiar a tecnologia, o vulcão da Islândia obriga a repensar as comunicações na Europa, o derrame da BP que É o maior desastre ecológico de sempre ameaça a sério entrar na corrente do Golfo e vir direitinho a Peniche depois de liquidar pescas, praias e turismo nos Açores além de - através da sua pulverização diluente- trazer para Portugal a maior quantidade de cancerígenos que jamais vimos. Para não falar do fim do Euro que seria provavelmente o fim da União Europeia deixando os nacionalismos à solta.
 E os deputados parlamentam se foi a 23  ou 24 que o primeiro-ministro soube uma notícia dum negócio que não se realizou!
Tanta indigência mental - a que o meu pai chamava a real capacidade de se ser mentecapto - é a mais purificada das alienações ( palavra que significa afastamento da realidade de si mesmo ) e assusta!

6 - Como consequência de tudo isto, o Governo foi obrigado por Bruxelas a corrigir o déficit orçamental para 7.3 ainda nos seis meses deste ano que restam e para 5% para o ano.
Dado que o IVA é o único imposto de efeitos imediatos e dado que o Governo vai precisar de gastar menos 4% em ano e meio ( este e o próximo ano )  atendendo a que 1% do IVA vale 300 milhões em meio ano e que o PIB é de 180 mil milhões e ainda que, portanto, vai ser preciso poupar mais de sete mil milhões em ano e meio, feitas por mim as contas, aposto  nas medidas que aí vêm:
a) Aumento de dois por cento do IVA já !
b) congelamento durante o próximo ano de salários ( atenção, todos os salários quer da função pública quer privados), pensões, e toda a casta de benefícios sociais.
c )Corte de uns 50% do décimo quarto mês durante este e tavez o próximo ano para função pública e privados, ou seja toda agente.
d) Corte nas pensões todas acima de 1500 euros, gradativo.
e) Apelo à transferência dos 16 mil milhões de euros de pessoas e empresas portuguesas que se encontram depositados e gerelmente escondidos em 12 offshores, sobretudo nas ilhas Caimão. Destes 12, dois offshores ( Chipre e Gibraltar) são europeus; e outros seis ( Ilhas Virgens Britânicas, Caimão, Guernesey, Bermudas, Jersey e Antilhas Holandesas) são territórios sob domínio protectoral europeu pelo que bastam-se os europeus a si mesmos para os liquidarem. E importa aqui dizer que já todos os países euro decidiram punir essa fuga aos impostos dos muito ricos, sendo que a França já tributa os que apanha em 300% desde este ano. Aposto que o nosso governo vai convidar ao regresso desse dinheiro português com uma taxa dos 5% já anunciados mas uma maior de uns 10% aos bancos que o transferem, acompanhado do anúncio de que vão começar os cruzamentos fiscais com offshores!.
A talhe de foice, e esta é uma notícia ainda não pública, os cruzamentos fiscais com Chipre e Gibraltar começaram há mês e meio e os acordos com os restantes estão a ser negociados. A vida para os chico-espertos fica mais difícil.
f)As SCUT avançam já, mas eu espero que o nosso primeiro não brinque mais com a região Norte e a região do Porto. É que a malta até vai percebendo que é preciso pagar, mas se o Centro , Interior, Algarve e Lisboa também pagarem, o Estado arrecada mais e cada um de nós paga menos!
g) E a única que me vai dar verdadeiro prazer: a privatização da RTP onde o Estado injecta todos os anos 300 milhões de euros (passando a poupá-los a partir do ano que vem ) e ainda este ano deu prejuízo de outros trinta, e o José Rodrigues dos Santos, esse pseudo-escritor de orelhas de rato, faz questão de se mostrar benfiquista  aferroado nos momentos em que lhe pagamos todos para ser um pivot ( EDPianamente pago por todos nós sem excepção ( pois é ,...a taxa audovisual !).

Agora percebe-se bem o ar entupido com que o nosso primeiro-ministro saíu sexta-feira do Conselho de Ministros Europeu para anunciar o inevitável: que a inacreditável terceira ponte ficava para as calendas ( as Gregas ) e que o ( necessário) aeroporto de Lisboa ficava em lista de espera. Porque cada um dos países membros só poderia participar num Fundo de 750 mil milhões de euros com medidas deste teor tomadas por todos ( já aqui disse que a Inglaterra está muito pior que nós de deficit e dívida pública e a França também...pois é! ). Tomadas por todos, mas já com o apoio financeiro do Canadá, dos Estados-Unidos, da Grã-Bretanha, da Suíça e do Japão - que a situação é tão grave como o foi a Grande Depressão que durou de 1929 a 1945!

E, obviamente,Delenda Madeira e China est! 

domingo, 2 de maio de 2010

TEMESIUNAMON !

O grande treinador do grandessíssimo benfica é entrevistado na SportTv.
Pergunta o jornalista a Jorge Jesus depois da gloriosa derrota do Benfica frente ao  FCP por 3-1 : e agora o título?:
- Temesiunamon na próxima jornada!
Ah grande dirigente da classe vermelha! ( a grande comedy Lily Caneças, essa bossa velha da cultura rupestre portuguesa, acha que só um parolo chama vermelho ao encarnado...,está bem! ), és mesmo igual a ti mesmo! És um linguista nato! És um criador de neologismos! És mesmo um ditongo capaz de construir maravilhosas expressões idiopáticas da 5ª circular! Enfim És!