quinta-feira, 31 de março de 2011

CONTINUAM OS SINAIS DE IMPLOSÃO EUROPEIA

Diplomacia

Paris e Londres apoderaram-se da política externa da UE

31 março 2011 La Stampa Turim
Colocação de uma bomba num Rafale da Força Aérea francesa, a bordo do porta-aviões Charles de Gaulle, a 25 de março.
Colocação de uma bomba num Rafale da Força Aérea francesa, a bordo do porta-aviões Charles de Gaulle, a 25 de março.

A França e o Reino Unido tomaram a iniciativa em relação à Líbia e ocuparam os postos-chave do Serviço Europeu para a Ação Externa, mandando às urtigas o esboço de diplomacia europeia que tem vindo a ser penosamente desenhado. A tal ponto que alguns acham que seria melhor confiar a política externa da UE diretamente a Paris e a Londres.
O que resta da União Europeia após a crise do euro e em plena crise da Líbia? Bastantes coisas no campo da economia e praticamente nada em matéria de política externa. Jean Monnet insistia em que a Europa tinha sido construída graças às crises. Foi o que aconteceu com a resposta à explosão da crise da dívida, a que a Europa acabou por responder com o novo Pacto para o Euro.
A intervenção na Líbia ainda não contribuiu com qualquer progresso na política externa comum; pelo contrário, demonstrou que a organização prevista no Tratado de Lisboa – uma espécie de ministro dos Negócios Estrangeiros, com os seus serviços diplomáticos – não funciona. Ou que não serve para nada.
Alguns consideram que o problema tem a ver com Catherine Ashton, que está na moda culpar de todos os males. Na realidade, ela foi propositadamente escolhida pelos governos nacionais para, enquanto Alta-Representante dos Negócios Estrangeiros europeus, ser uma "não-entidade". A baronesa britânica tem cumprido essa missão à risca.

Política externa e de segurança pulverizada

Porque não funciona a política externa? Porque os Estados-membros têm interesses geopolíticos divergentes – ou pelo menos julgam que têm. Os políticos utilizam o plano internacional como um instrumento ao serviço da sua imagem pessoal. E porque, ao contrário do que acontece no campo económico, não há uma moeda única, instituições comuns ou relacionadas com o mercado interno e outras coisas do género.
No campo económico, os interesses nacionais podem divergir. Mas a convicção de que os benefícios da adesão a uma zona económica integrada superam as desvantagens prevalece, por enquanto. O mesmo não se passa em matéria de política externa. O caso da Líbia é um bom exemplo: a França, depois de titubear em relação à Tunísia, pretende estruturar sobre novas bases a sua influência no Mediterrâneo. Já para a Alemanha, cuja esfera de influência política está voltada para a Europa Central e de Leste e cujos interesses comerciais estão na Índia e na China, é uma guerra inútil e dispendiosa.
O resultado é paradoxal: é a primeira crise internacional que tem dois países europeus (a França e o Reino Unido) na linha da frente e, ao mesmo tempo, a política externa e de segurança europeia toda pulverizada.
Paris e Londres não veem naturalmente a situação da mesma forma: consideram estar a agir "em nome" da Europa, enquanto únicas potências ainda na liça. A perceção dos outros países da UE é que a França e o Reino Unido atuam "em vez" da Europa. Há uma grande diferença.

Subcontratar a ação externa europeia?

O acordo de cooperação militar franco-britânica de novembro passado não fez avançar a Europa em matéria de defesa. E enquanto os dois países responderem por quase metade dos gastos militares da União Europeia e forem os únicos a possuir armas nucleares e a ter assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, não tencionam diluir a sua cooperação bilateral numa "instituição" europeia sobre a qual não teriam controlo.
A Agência Europeia de Defesa, há poucos dias entregue a um diretor francês, nunca chegou verdadeiramente a arrancar. Por último, o caso da Líbia revela os limites das capacidades militares existentes: para intervirem, britânicos e franceses precisaram dos Tomahawk norte-americanos. E utilizam bases italianas.
E apesar de a França e o Reino Unido não materializarem nem a defesa da Europa nem a sua política externa, têm monopolizado a maioria dos postos-chave do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), que se tornou na expressão direta do par que está ao leme. Assim, para pôr a funcionar a política externa europeia, basta seguir o conselho de Charles Grant, diretor do Centre for European Reform, de Londres: subcontratar Paris e Londres, segundo o princípio de "descentralização" de responsabilidades previsto no Tratado de Lisboa.
Quando ideias semelhantes começam a surgir, há motivo para preocupação. Os antecedentes – do Suez a Ben

SINAIS DE IMPLOSÃO NA EUROPA

Polónia-Lituânia

Hostilidade polaca-lituana na educação

31 março 2011
Rzeczpospolita, 31 março 2011
“Relações polaco-lituanas à beira da rutura”, alerta o comentador do Rzeczpospolita, Jerzy Haszczyński, a propósito da assinatura, pela presidente lituana, Dalia Grybauskaitė, da revisão da lei do ensino a 30 de março, facto que, de acordo com a notícia, poderá deteriorar ainda mais a situação dos 200 mil polacos que vivem na Lituânia. Segundo a nova lei, que entra em vigor a 1 de julho, o ensino de várias disciplinas (por exemplo, História e Geografia da Lituânia) será agora obrigatoriamente ministrado em lituano nos estabelecimentos de ensino minoritários, uma decisão que, de acordo com o ministro da Educação, Gintaras Steponavičius, é ditada pela “necessidade de uma melhor integração da minoria polaca na Lituânia”. O Rzeczpospolita receia que a nova lei possa levar ao encerramento de mais de metade dos 116 estabelecimentos de ensino polacos existentes no país, ao determinar que, nos locais onde haja duas escolas (uma delas com oferta de ensino numa língua minoritária) e um número insuficiente de alunos, a escola minoritária será encerrada.

QUANTO MAIS A ALEMANHA SE MEXE PARA A AUSTRIA, REPÚBLICA CHECA,, SILÉSIA, LITUÂNIA E AFINS , MAIS PRÓXIMOS ESTAMOS DA IMPLOSÃO

Polónia

Os irredutíveis autonomistas da Silésia

31 março 2011 Hospodářské noviny Praga
Katowice (Polónia), julho de 2008. Durante uma marcha organizada pelos autonomistas da Silésia.
Katowice (Polónia), julho de 2008. Durante uma marcha organizada pelos autonomistas da Silésia. 
Os silesianos têm a sua própria língua, uma longa História em comum e vivem numa das regiões mais ricas da Polónia. As suas reivindicações de autonomia são cada vez mais prementes.
Em Katowice, durante o último congresso do Movimento pela Autonomia da Silésia, no início de março, reinava uma espécie de ambiente de vitória. No edifício que abrigava o Governo e o Parlamento autónomos da região no período entre guerras, estavam presentes 130 delegados e alguns traziam o traje tradicional.
"Queremos a autonomia, não porque haja um problema entre nós e o resto da Polónia, mas porque estamos convictos de que seremos igualmente capazes de defender os nossos direitos e de gerar fundos públicos. Para nós, a autonomia não é uma retrospetiva. Pelo contrário, representa o futuro, um meio para resolver a crise política que se abateu sobre os Estados-nação europeus contemporâneos", afirma Piotr Długosz, militante autonomista de 32 anos.

Silesianos não se deixarão sujeitar facilmente

Só depois da vitória inesperada dos autonomistas da Silésia, nas eleições regionais do outono anterior, é que Varsóvia percebeu que tinha um problema com este território situado na fronteira checa. Como os silesianos representam uma boa décima parte da população polaca [cerca de quatro milhões], esta vitória eleitoral provocou um certo sobressalto no seio do establishment político da capital.
No entanto, a Polónia silesiana, mais particularmente esta parte da Voivodia silesiana, industrialmente desenvolvida e rica em matérias-primas, há 20 anos que representa uma ameaça para os políticos.
"Os políticos que construíram a nova Polónia depois da queda da ditadura comunista estavam convencidos, como os comunistas antes deles, que um país multiétnico é menos estável que um Estado nacional unificado. Foi por isso que agiram e procederam como se os silesianos não existissem", explica Marek Plura. Deputado da Plataforma Cívica (partido no poder do primeiro ministro Donald Tusk) no Parlamento polaco, este político é partidário da emancipação da Silésia, mas opõe-se à sua autonomia.
"O Ruch Autnomii Śląska [Movimento para a Autonomia da Silésia] fez muito pelos silesianos", acrescenta. "Graças a ele, podemos voltar a dizer com orgulho que somos silesianos. Também iniciou o debate sobre a nossa História e a nossa língua." No entanto, se aceitou participar neste encontro, não parece que o tenha feito simplesmente por ser de origem silesiana, mas também para tentar atenuar o radicalismo do RAŚ. Mas depressa se percebeu, durante o congresso, que os silesianos não se deixarão sujeitar assim tão facilmente.

Militantes jovens e educados

Nascido em 1971, Jerzy Gorzelikn é o chefe dos autonomistas silesianos. Um dos seus avós participou nos levantamentos de 1919-1921, no decorrer dos quais os silesianos, cujo território já tinha sido integrado na Alemanha, combateram pela sua independência.
Este doutor em História da Arte não tem nada ar de líder carismático. Parece mais um homem discreto, com o perfil perfeito que se imagina de um professor universitário, nada parecido com o de chefe de um movimento separatista.
"A autonomia é a nossa principal linha programática e está fora de questão renunciar a isso", afirma, quando lhe pergunto se o momento não é adequado para abrandar um pouco as investidas visto que o seu movimento faz agora parte do Governo regional.
"Com Varsóvia, desejamos apenas manter em comum a defesa, a política externa, a moeda e a infraestrutura nacional. O resto, particularmente a fiscalidade, deverá ser da competência do Governo autónomo." Reconhece que os silesianos desejam ficar com a gestão das receitas dos impostos locais, em parte porque esta região é uma das mais ricas da Polónia.
São eles que financiam as regiões pobres situadas na fronteira com a Ucrânia e, evidentemente, são também eles que alimentam toda a máquina burocrática nacional. "Mas atenção, não pretendemos renunciar ao sistema de solidariedade para com as outras regiões da Polónia. Queremos, acima de tudo, que a transferência de dinheiro para estas regiões, e para os cofres centrais, seja feita com transparência. "Hoje", estima, "o nosso dinheiro desaparece sem se saber como".

Estatuto de autonomia deveria ser acordado até 2020

"É muito estranho que os checos não se interessem pelo que se passa nas suas fronteiras. Ocupam uma parte histórica do território da Silésia e, para nós, são vizinhos importantes", afirma, com surpresa, um delegado. Mostra-se extremamente sensibilizado pelo facto de a águia da Silésia figurar no emblema nacional checo e não percebe como é que os silesianos checos conseguiram isso. É-me difícil explicar-lhe que, ao contrário dos primos polacos, os silesianos checos não reivindicam qualquer forma de emancipação.
Jerzy Gorzelik considera que o estatuto de autonomia da Silésia deveria ser acordado até 2020, segundo os parâmetros estabelecidos há 70 anos. Nessa época, o Governo autónomo silesiano dispunha do seu próprio orçamento, aprovava os seus impostos e algumas leis. É precisamente isto que os silesianos de hoje querem

VEM AÍ AINDA MAIS BORRASCA

Bancos

Chegou a hora da verdade

31 março 2011
La Tribune, 31 março 2011
“Os bancos abandonarão o negócio?”, é o título de La Tribune, quando os resultados da segunda vaga de testes de resistência às instituições financeiras são esperados para hoje “com uma impaciência misturada com temor”, nas chancelarias europeias. Após o fracasso da edição de 2010 dos “testes de stresse”, “cujos resultados foram incapazes de prever a derrocada iminente do setor bancário irlandês”, “os reguladores europeus querem dar aos mercados uma fotografia, desta vez fiel, da solidez dos bancos do continente”. “Os resultados deverão trazer à luz do dia as disparidades entre países, Porque se certos bancos, nomeadamente os britânicos, franceses e italianos, parecem preparados para passar a prova, outros há que continuam descapitalizados, como os alemães, os irlandeses, os portugueses e as caixas de poupança espanholas”, acrescenta La Tribune.

PORQUE É QUE OS MONÁRQUICOS NÃO VINGAM ?

Por que os monárquicos lusos não vingam?


Para absoluto espanto nosso, os monárquicos domésticos deixaram passar uma oportunidade histórica para fazer valer os seus pontos de vista. Nunca foi tão óbvia, como neste momento, a associação de um presidente da República a uma facção do espectro político.

Quando se esperaria que os monárquicos defendessem que um rei jamais seria o patrocinador de uma facção — colocando-se, portanto, acima dos partidos —, eles deixam-se ficar nas covas. Será difícil que apareça outra situação que lhes dê tantos pretextos para defenderem a restauração da monarquia

PORQUE É QUE EU NÃO POSSO SER DEMOCRATA MAS NÃO DESISTO de ser SOCIALISTA -7

No "post" nº 6 prcurei mostrar como é que a democracia, exigindo grande burocracia, leva a perdas de tempo que podem fazer toda a diferença com países emergentes que podem tomar rapidamente as solúções adequadas, bem como é de prever uma tendencia acrescida para a corrupção que se alimenta da burocracia nos países democráticos.

Tentarei hoje explicar porque é que não acredito que num país católico como o nosso ( mas podia ser qualquer outro ) a democracia - que em épocas favoráveis não nos serviu - poderá agora , na maior crise dos últimos trezentos anos e em circunstâncias mundiais muito desfavoráveis fazer-nos sair da CRISE.

Como é sabido e consensual, o capitalismo resulta do cruzamento da revolução industrial inglesa, americana e alemã ( prussiana ) com o protestantismo, resumido este na máxima " a riqueza vista como sinal de salvação ". Em contrapartida a estes três países protestantes e com carvão e ferro suficientes para arrancar coma revolução industrial, em Portugal nunca houve uma revolução industrial nem nunca o protestantismo medrou ( pelo contrário o catolicismo proclamava como regra que dos " pobres será o reino dos Céus" ).
Por issso quando olhamos para o crescimento económico de Portugal ( ou outro país claramente católico ) o que vemos nós? . Que o país só avançou quando a democracia foi mais ou menos suspensa e uma elite católica subiu ao Poder , sendo que esta elite tem muito pouco a vêr com o povo portugês.

Explicando melhor: a cultura protestante é uma cultura masculina  onde predomina a livre iniciativa, o risco, o gosto masculino por acrescentar mais riqueza, a tendência para maior agressividade das relações sociais, menor complaçência com a falta de rigor ( a começar no cumprimento de horas marcadas ), prevalêcia da acção sobre as emoções,  aceitação da dureza no trabalho etc.
Ao contrário, no mundo católico prevalece uma cultura feminina: os protestantes adoram Deus, os católicos antes Dele e antes de Cristo adoram a Virgem Maria. Não é por acaso que os santos padroeiros sejam sempre figuras femininas, em Portugal Nª Sª da Conceição , no Brasil a da Aparecida, por exemplo ( não estou aqui a inventar nada que teólogos como Joseph Ratzinger ou Hans Balthasar não tivessem defendido ).

Por isso, enquanto nos países do Norte da Europa , Inglaterra ( mas não na Irlanda católica ) o protestantismo rejeitou a veneração dos Santos e também de Maria para se concentrar em Cristo ( ( "Solus Christus"), no sul católico a cultura ( feminina ) dominante vai no sentido de menor agressividade nas relações sociais, menor propenção ao risco, maior tolerância ( "ter pena de" ) com os falhados e incapazes, predomínio da emoção sobre a razão, privilégio das palavras sobre a acção, tendência ao culto dum carácter protector pessoal ( em casa do meu avô, no Douro , as minhas tias tinham "os seus pobres "- gente que por lá passava diariamente a receber os tostões da praxe; e todas as famílias que se prezassem tinham os pobres deles ), e , sobretudo um carácter muito pessoalizado de viver.

Daqui resultou quase sempre que as elites que tiveram sucesso ( veja-se a gente ministeriável do "Estado-Novo" ) era gente muito diferente do seu povo. Enquanto os governantes de países protestantes eram e são fotografias do povo, por cá nos melhores tempos, vimos elites que tinham características desfasadas dos comuns cidadãos: primeiro eram constituídas por homens exclusivamente; a origem destes homens era sobretudo das classes mais humildes  ( Cavaco, Salazar , Eanes etc ) com predominância para profissionais médicos, advogados ou professores; habitualmente foram homens de estudo e reflexão; pessoas pouco sociáveis mas benevolentes e tolerantes com os "vícios nacionais"; inflexíveis em relação aos valores próprios da sua educação católica na sua vida privada ( poucas vezes vivida sem culpa ) transpuseram-na para a vida pública ( onde geralmente cumpriram ); pessoas com uma elevado sentimento de justiça -virtude que em muito falta ao povo católico ; grande capacidade de pensamento abstracto e verdadeiro altruísmo ( ao contrário do que geralmente acontece com o povo católico ): finalmente uma profundo sentimento de missão ( também aqui " à outrance " do que se passa com o mundo católico.

É assim a elite católica que - muito ao contrário do que é comum no povo católico , e por isso mesmo é uma elite - consegue uma espécie de síntese entre o sentir católico e o agir católico. É esta, a meu vêr a característica laica da governação em países católicos.

A meu vêr, sem estas elites a governá-la , os povos de cultura católica prestam-se a todos os excessos por falta de real altruísmo, que na política se chama de serviço de missão ou serviço público,  a uma radical falta de sentido intrínseco de justiça, e até de falta de capacidade de previsão "vivida" de sofrimento projectada no futuro.

Por tudo isto, entendo que dificilmente a democracia pode alavancar a economia dum país católico, daí advindo a tão grande diferença entre os resultados práticos entre as democracias em países protestantes e as mesmams em países católicos. E penso que demorará gerações até que isto mude. Por esta mesma razão ao cubo, não creio que os países islámicos do Norte de África lucrem com a democracia em termos de crescimento ou mesmo de desenvolvimento social

Quem isto escreve é católico assumidamente. Esta não é uma crítica à religião que professa. Mas é uma observação que lamenta.

Também quem isto escreveu com os erros naturais de quem escreve ao correr da pena motivado pela pessoal revolta sobre a situação dramática a que chegou o seu país, tenciona acrescentar algo mais a este ensaio, corrigir erros , aclarar ideias e publicá-lo depois em livro.

quarta-feira, 30 de março de 2011

DUAS NOTAS GRAVÍSSIMAS

1 -SEGUNDO o jornal Publico de hoje ás queixas dos utentes de saúde nos hospitais e centros de saúde baixaram exponencialmente no último ano. São menos 5 queixas por hora !
Para mim isto significa que já convencidos que vão perder a jóia da coroa do Estado Social, os portugueses atá aprenderam a dar valor ao que tinham. Se eu fosse muito,muito cínico diria que os utentes antigamente entravam numa urgência a gritar para um médico :- "quero uma massagem, já !".
Agora aproximam-se e mussitam para o médico :-" o senhor quer que lhe faça uma massagem antes de me vêr ?".

2 - Está por dias a aterragem do FMI. Com juros a 8 e 9 % ( superiores aos da Grécia e da Irlanda quando se renderam aoa FMI  ) é inevitável a vinda destes abutres, para o Estado poder pagar aos funcionários públicos lá para Maio. Teremos dinheiro mas continuaremos com a dívida a crescer. Como isso não pode durar para sempre, restam três possibilidades que o país tem de discutir e acordar definitivamente: ou pressionando mais, obter apoio do fundo europeu a TAXAS INFERIORES a 4%, ou SAIR DO EURO E NÃO PAGAR AOS CREDORES QUE TEMOS EM EUROS ( visto que a nova moeda iria valer uns 30% do euro pelo que as dívidas em euros nunca mais as poderíamos pagar), ou ficar no euro mas escalonar a dívida e declarar insolvência para parte dela....

A VERGONHOSA INTERVENÇÃO NA LÍBIA

Este blogue Hiperligado a partir daqui Internet A Web Agora que se sabe que entre os amotinados estão talibãs e membros da Al-Queda ( o secretário de Estado da Defesa foi hoje convocado pelo Senado americano para se explicar ) , os anglosaxónicos e uns franceses movidos pelo complexo de inferioridade e a auto-extirpação do sentimento de culpa por sempre terem a andado a apoiar o "ditador ", resolvem agora ultrapassar o mandato das Nações Unidas ( apenas criar um espaço de exclusão aérea ) e decretar a morte da metade Líbia que apoia Kadafi. Tanta ternura era de louvar se se empenhassem antes em impedir os genocídios que estão a ocorrer no Sudão, Costa de Marfim e Guiné Equatorial - que não têm petróleo que se veja !
O resultado é que as cisões ( que podem estender-se a todas as potências emergentes) já começou como aqui. Este blogue Hiperligado a partir daqui Internet A Web

 

SINAIS DE ANOMIA SOCIAL PRECEDEM CONVULSÕES GENERALIZADAS

Reino Unido

Ira em Londres contra austeridade

28 março 2011
The Observer, 27 março 2011
“Mais de 250 mil pessoas protestaram contra os cortes enquanto a polícia lutava contra os distúrbios provocados por anarquistas”, é o título de The Observer, resumindo a onda de revolta popular contra as medidas de austeridade do governo britânico. Apenas alguns dias depois do chanceler Osborne ter anunciado novos cortes nos serviços públicos, o quarto de milhão que se manifestou em Hyde Park, Londres, no sábado, 26 de março, foi “sem dúvida enorme e mostrou a revolta da classe trabalhadora”, segundo fontes dos sindicatos. No entanto, “o ambiente geralmente pacífico foi pontuado por ataques violentos e destrutivos contra símbolos de riqueza, incluindo o hotel Ritz, bancos e stands de carros de luxo, e a ocupação da secção de comida cara do Fortnum and Mason”.

QUANDO CAIR UM BANCO AMERICANO OU INGLÊS - O QUE PARECE PRÓXIMO SERÁ O FIM DESTA BANCA DE COBIÇOSOS

Irlanda

Mais um banco irlandês a afundar-se

30 março 2011
The Irish Times, 30 março 2011
"As ações do Irish Life & Permanent caem face à aproximação da participação do Estado", escreve o Irish Times. Um dia antes da série de testes de resistência do Banco Central, o valor das ações deste prestador de serviços financeiros caiu 45%, na sequência de notícias de que a sua nacionalização seria inevitável. "Isso levaria a que o Estado tivesse interesses nas seis instituições financeiras irlandesas e marcaria a nacionalização virtual do sistema bancário irlandês", salienta o diário de Dublin, que acrescenta que o resgate custaria entre dois e três mil milhões de euros. Segundo o blogue Irland Business, do Guardian, um total de 46 mil milhões de euros terá já sido injetado em bancos irlandeses. E adianta que os testes de resistência poderão vir a revelar mais um buraco negro de entre 18 e 23 mil milhões de euros. Em termos de população, é como se a França, com 60 milhões de habitantes – em comparação com os 4,5 milhões da Irlanda – precisasse de perto de um bilião de euros de fundos públicos para manter os bancos em funcionamento.

PARA QUÊ O FMI ? MAIS VALE DECLARAR AOS CREDORES QUE NÃO PAGAMOS

Grécia

Agências de rating sancionam Atenas

30 março 2011
Kathimerini, 30 março 2011
"A agência de rating Standard & Poor's ataca de novo", nota o Kathimerini, um dia depois do agravamento em dois pontos da notação da dívida grega pela agência de rating americana. Na véspera, a agência Moody’s tinha reduzido, por seu turno, a notação da Grécia, "ameaçando o Governo grego com uma nova descida caso não tomasse outras medidas de austeridade, particularmente em matéria de redução dos gastos públicos e relançamento dos investimentos". Isto significa concretamente que "não está excluído o recurso ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, nem mesmo uma restruturação da dívida", explica o diário ateniense. O Governo grego reagiu considerando esta notação "injustificável".

PORQUE É QUE EU NÃO POSSO SER DEMOCRATA MAS NÃO DESISTO DE SER SOCIALISTA - 6

Neste breve ensaio sobre a DEMOCRACIA que em boa verdade escrevi inspirado pela crise que todos vivemos e parece não ter saída, falei da irrazoabilidade da tese "um homem,um voto ", da incapacidade da democracia para impedir graves convulsões sociais ( que era o que ela teria de melhor ), da incapacidade de os partidos gerarem gente com as condições para governar, e da burocracia democrática que num mundo em permenente mudança e exigindo resoluções rápidas só encontra por parte dos regimes democráticos respostas cada vez tendencialmente mais tardias.

Acerca deste último ponto, longe de mim supor que a falta de timings oportunos de resposta aos problemas não acontece exclusivamente dentro dos Estados. Não. Na relação entre Estados também as soluções chegam habitualmente tarde. Atente-se na crise do deficite português e veja-se o que se passou a 24 e 25 deste mês em Bruxelas. A flexibilidade do fundo de ajuda que o governo perseguia não foi alcançado. E não o foi não só porque o nosso governo chegou lá com o véu de demissionário, como, ainda por cima ,o governo finlandês também tinha caído , e sendo a Finlândia um dos países relutantes quanto à ajuda aos países do Sul, e tendo esta resolução ter que ser tomada por unanimidade, adiou-se para depois de 25 de Junho a decisão do que fazer, ou seja para a seguir às eleições finlandesas. Aí a nossa ajuda poderá vir ( se não houver outro governo que caia entretanto , ou se Portugal ainda existir como o conhecemos....).

Todavia , é mesmo dentro dum mesmo Estado que a democracia pode exibir esta disrupção temporal entre o surgimento de problemas e a sua resolução. É claro que em Estados cleptocráticos , por exemplo a resposta aos problemas pode ser excepcionalmente rápida...., ou inexistente de todo. Mas não é com regimes políticos assim  que devemos comparar a democracia parlamentar.

Podemos e devemos compará-la com os países ditos emergentes.
E aqui, quando comparamos as taxas de crescimento e também de desenvolvimento social ( de alguns )com as taxas equivalentes das democracias , a coisa fica muito clara : enquanto, Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul ou México não param de crescer inclinando cada vez mais a geopolítica mundial para fora do que chamavamos  o  mundo ocidental ( aí incluindo países asiáticos ocidentalizados como o Japão, Taiwan ou Coreia do Sul ), os ocidentais não param de se afundar em deficites que os outros compram.
Na verdade o que diferencia o relativo atraso dos países do mundo ocidental dos países emergentes é sobretudo a facilidade maior e o ganho de tempo nas decisões políticas tomadas pelos dirigentes mais ou menos autocráticos dos países emergentes. Na Rússia de Medvedev e Putin ( que combinaram trocar entre si os dois lugares de primazia do Estado para se manterem no cargo ad eternum ), na China do politburo comunista que dirige tudo e todos, na Índia das castas onde a frequência dos cursos universitários de qualidade que permitem acesso à governação do país está ao alcançe apenas das castas superiores, no Brasil dos votos electrónicos para uma população iletrada que vota pelo dedo dos "coroneis", no México do tradicional partido único que "absorveu" o maior partido da oposição para se manter único, na União Sul Africana em que o partido de Mandela se mantem inexoravelmente com mais de 80% dos votos , em todos estes grandes países é mais fácil tomar decisões políticas atempadas.

Ao contrário, nos Estados Unidos, na Europa, e nos países asiáticos que nos copiaram  as normas democráticas,  estas normas  são,  nestes tempos de aceleração histórica, um permanente travão. Dir-se-á: pois é, mas ao menos nas democracias temos mais garantias de direitos cívicos. É verdade , mas o pior é que só pode haver garantias de Estado de Direito e de direitos cívicos, bem como estado social, se houver estabilidade e desenvolvimento económico, pelo que vamos inexoravelmente correr para o desastre da perda desse mesmo Estado de Direito e derivados.

Por outro lado, o sentimento colectivo em todos os povos ocidentalizados leva ao crescimento de políticas proteccionistas , quer de tipo xenófobo ( no plano dos comportamentos ) quer de tipo proteccionista ( no plano ffinanceiro ). Como consequência, é de esperar o surgimento de partidos que ainda no quadro da democracia formal se proponham acabar com ela : partidos da direita extremista. Só para que conste: na Finlândia o partido dos Verdadeiros Finlandeses de Timo Soini que as sondagens colocam em primeiro lugar para as eleições de Junho; na Dinamarca o PPD de Pia Kjaersgaard que exige o fim das mesquitas e a obrigatoriedade de se cantarem salmos nas escolas; na Suécia os Democratas da Suécia que entraram há um ano pela primeira vez no parlamento ,e  vestidos com os trajes tradicionais dos camponeses suecos não param de subir nas sondagens ; nos Países Baixos, Geert Wilders do PL é tão forte que o governo já se viu obrigado a celebrar um acordo com ele; na Bélgica o Vlaams Benag cresce; na Inglaterra desde 2009 que o Partido Nacional consegue meter deputados no parlamento; em França Marine Le Penn e a sua Front Nationale está em segundo lugar nas sondagens para a presidência da república.
Chega? 

ANGELO DE SOUSA


Ontem à noite coloquei seis "posts" neste blogue.
Se os meus dois leitores e meio andarem para trás encontrarão quatro e cinco "posts" atrás deste, dois que eram hossanas aos maiores vultos da escola de belas artes do Porto que referi assim: Angelo de sousa, resende, lanhas,tito reboredo,pomar,nadir afonso e ,naturalmente Siza e o homenageado do dia -souto moura.
Longe estava eu de saber que a essa mesma hora morria o Angelo de Sousa que no quinto post aparece a dar uma aula na companhia de Souto-Moura.


Angelo de Sousa o menos conhecido ( não vivia em Lisboa nem quis ir lá para fora ...) dos talentos do Porto é ,para mim, o maior esteta de todos. Sem talvez conhecer a filosofia de Husserl, caminhou um caminho tautológico de "reduções sucessivas" ,passando da árvore ao traço da árvore, como essência da coisa-árvore. Também na escultura a essência da coisa aparecia com o despojamento de todo o acessório e com uma sensibilidade serena dum jardim japonês. Provavelmente onde já estará a estas horas. Neste chão que ele tão bem filmou. <iframe title="YouTube video player" width="480" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/VWLnRlH_7h8" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>

segunda-feira, 28 de março de 2011

PARA NÃO ESQUECER

PORQUE É QUE EU NÃO POSSO SER DEMOCRATA MAS NÃO DESISTO DE SER SOCIALISTA -5

Nos "posts" anteriores, sobre este ensaio sobre a democracia, fui tratando:
a- da irracionalidade da norma "um homem, um voto "- post 2
b- da pretensa vantagem democrática na substituição de conflitos abertos e violentos na sociedade , pelo tratamento em paz dos mesmos problemas por representantes eleitos.- post 3
c- da praxis partidária que conduz a uma classe política em que o Princípio de Peter alcança todo o seu explendor com os "quadros partidários" a subirem até atingirem o seu nível de incompetência , nível em que permanecem e os cidadãos os têm de aturar. - post 4.
Vou agora debruçar-me sobre a questão da globalização e complexificação que em parte dela resulta mas em qualquer caso hodiernamente a acompanha sempre, e de que inexoravelmente advém uma ineficácia governativa com este regimen.

Quando  vemos o filme Inside Job - que anteontem o semanário Expresso distribuiu e que esgotou de imediato , o que por ser muito raro dá ideia da importância do que no filme é tratado , percebemos de imediato três coisas: como a nossa vida económica é complexa, como anda intrincada e misturada com os agentes políticos democráticos que a ela já se subjugaram ( ao contrário do que eram as premissas da democracia ) e como isso estando para durar ( os erros que levaram à Grande Recessão continuam, e continuam a ser feitos pelos mesmos que levaram o mundo às portas da falência ) produz sentimentos de angústia e insegurança que não podem ser suportados pela pessoas humanas vulgares por muito mais tempo.

Quando a democracia se instituiu - na Grécia, na Roma Republicana, na Inglaterra pós-Cromwell, e até  em Portucal com a Cartilha Constitucional nos anos vinte,trinta e inícios de quarenta do séc XIX - as situações sociais , económicas e financeiras dos Estados eram muito estáveis e as mudanças muito previsíveis. Hoje em dia calcula-se que os conhecimentos dobrem a cada dois anos!
Se alguns desses conhecimentos são coisa boa para a nossa vida , a esmagadora maioria traz mais desvantagens que vantagens para a pessoa humana. E uma das razões porque traz é pelo facto de o sistema democrático em que vivemos ser muito lento a responder às novidades.

Quando no ano 2000 a China e outros países foram autorizados a integrarem a OMC ( Organização Mundial de Comércio ) já era de prever que as economias ocidentais sofreriam forte abalo no seu tecido industrial e que países como Portugal veriam o seu tecido industrial básico ( confecções, texteis, sapatos ) afundarem-se rapidamente. Muitos políticos deram-se fé dessas consequências ( eu próprio assisti a uma aposta entre Pedro Ferraz da Costa e João Cravinho sobre quanto anos aguentaria Portugal antes do débacle ).
Podemos então perguntar-mo-nos porque é que , se alguns sabiam, porque é que não fizeram nada, nem avisaram os cidadãos que votam ? Bom a resposta é prosaica: porque ninguém gosta de ser mensageiro de más notícias que - desde a Grécia - só trazem chatices ao mensageiro, mas também porque anunciar parece pressagiar em política, e isso não dá votos, antes os subtrai. É exactamente por isso, porque anunciar aos cidadãos uma carga de trabalhos não dá votos , que a democracia passa a vida a remendar crises e não a antecipar-se-lhes. Um exemplo ?

Quando  em 2007 alguns sabiam que era muito provável a crise do sub-prime, não recordo nenhum político cá dentro ou na estranja a alertar que era bom vender os imóveis e parar de mandar construir mais. Todos apostaram que era melhor esperar pelo rebentar da bolha porque aí os cidadãos teriam tempo de se habituar à ideia e,embora sofrendo mais , não penalizar tanto os políticos....
Ou, quando, em 2009 Japão, Estados- Unidos e União Europeia se decidiram por injecções maciças de dinheiro aos bancos ou por aumentos gigantescos nos subsídeos sociais para que a miséria não se visse. estavam a empurrar com a barriga para a frente a crise financeira obvia ( orçamental e do déficit ) em todos estes países. Era óbvio que se todos estes países fizessem esta benemérita distribiução de verbas ao mesmo tempo a crise seria simultânea, sem nenhum país a "puchar" pelos outros. O que está a suceder. Então porque é que procederam assim?

Procederam assim pelo receio de se ser mensageiro de más notícias e por medo do papel da mensagem . ou seja os media , carregarem ainda mais nas tintas escuras, questionarem outro caminho que fosse apresentado, acusando de incompetência quem propusesse outra coisa ; e também  pelo muito medo que hoje em dia todos os políticos têm da imprensa e da televisão. Quando os media compreenderam a força que realmente têm tornaram-se de facto mais um óbice ao bom funcionamento da democracia porque funcionam na lógica do que em psicologia chamamos castigo e não do que chamamos reforço positivo. Quem se lembra dum canal televisivo a abrir os noticiários com boas notícias ou de parangonas jornalísticas que não insinuem erros ou desgraças ?

É claro que este temor reverencial dos políticos aos media resulta muito do caracter inorgânico, de facto que não de jure, da democracia: um regime em que o Presidente tem poderes indefenidos ao ponto de estarem sempre a ser discutidos por constitucionalistas, de os parlamentos terem mais poder pela negativa ( vetar, não aprovar ou censurar ), de o poder judicial ( por via da macificação do ensino e do alargamento dos quadros resultantes da complexidade social e consequente maior litigância judicial ) ser constituído por profissionais muito fracos, e porque as hierarquias ( muito por culpa da cultura democrática duma pseudo-igualdade ) se encontrarem particularmente diluídas e pouco claras.

E é aqui que a globalização atinge o seu desgraçado explendor. Quem manda num país como Portugal ?
A OCDE ( quem é que sabe que o secretário geral é um mexicano de nome Angel Gurria ? ) , o BCE, a COMISSÃO EUROPEIA , a PRESIDÊNCIA EUROPEIA, o FMI , a OMC, a UNESCO ,  o BANCO MUNDIAL, O BEI, JEAN CLAUDE JUNKER ( PRESIDENTE DO EURO-GRUPO ), AS FAMOSAS TRÊS AGÊNCIAS DE RATING, O BANCO CENTRAL DO JAPÃO, A CHANCELARINA MERKEL,
O BANCO DE PORTUGAL, OS REGULADORES DA BOLSA DE VALORES, ALAN GREESPAN OU BEN BERNANKE  DA RESERVA FEDERAL AMERICANA ? 
O mais impressionante desta simples lista - que pode ser alargada - é que nenhum destes senhores ou presidentes destas organizações foi eleito por nós nem por ninguém, e , todavia, faz parte da formatura democrática que nos governa sem nunca ter sido eleita, nem prestado contas quando sai. E mesmo em Portugal, o Tribunal Constitucional, o Supremo Tribunal Administrativo, e a pleiada de Entidades Reguladoras de tudo e todos, jamais foi eleita pelo voto popular e muito menos destituída por ele.

Reconheço que a complexidade dos tempos que correm pode exigir algumas destas entidades que nos governam de facto no dia-a-dia, mas lá que não são democráticas não são, o que não teria muito mal se aceitassemos que devem existir mas, ou com voto dos cidadãos ou com plena responsabilidade do Governo da Nação. Nunca com esta falta de transparência.

E porque com tantas e tantas entidades que teem de ser ouvidas para que se possa tomar uma decisão simples, entidades que repito podem ser necessárias pela complexidade da vida actual e da globalização, qualquer resposta governativa a qualquer problema urgente torna impossível uma resposta que seja atempada e muito menos uma resposta preventiva.
Aqui há um mês escrevi aqui um outro post intitulado " A vantagem de saber que vai haver guerra é preparar a guerra ". Sendo tão radical a minha proposta de forças armadas para os novos tempos, não tenho qualquer esperança de vêr a coisa realizada. De facto, em regime democrático seriam tantas as entidades a ouvir e as corporações a contrariar ( desde os numerosos almirantes e generais até ao Presidente da nossa República passando pelo Conselho de Estado, Parlamento  Tribunal de Contas e até a NATO  ) que quando todos concluirem que o modelo é adequado já a guerra terá terminado !

No próximo "post" procurarei mostrar como é que regimes democráticos espartilhados em múltiplos focos de  Poder e de comando , numa economia globalizada conduzem as democracias a um handicap   face às autocracias emergentes ( China, Índia, Rússia, Brasil, México e África do Sul ).

domingo, 27 de março de 2011

PORQUE É QUE NÃO POSSO SER DEMOCRATA MAS NÃO DESISTO DE SER SOCIALISTA -4

Nos "posts" anteriores debrucei-me sucintamente na questão ideológica da DEMOCRACIA e da questão  "um homem, um voto", e no seguinte, na questão filosófica do seu desígnio filosófico , a saber: a sua natural superioridade para evitar convulsões sociais ou guerras civis pelo facto dos cidadãos poderem escolher um pequeno mas sábio grupo de representantes dos seus interesses que conciliassem a natural diversidade deles consoante as classes sociais.

Que este objectivo esteve sempre longe de ser alcançado quando a complexificação dos problemas que se punham à sociedade se acentuou depois da revolução industrial, prova-o a necessidade de se irem inventando formas cada vez mais rebuscadas de introduzir especialistas nas várias áreas da governação em corpos legislativos que em muito ultrapassavam as assembeias de deputados geralmente conhecidas como parlamentos.

Na verdade estes parlamentos - mesmo na Grécia Antiga - eram muito mais lugares tribuníceos onde o teatro da retórica ( de origem grega e depois romana ) imperavam, antes de serem o local onde pessoas sensatas pudessem em privado e diplomaticamente discutir os assuntos , confrontar argumentos, iluminar ideias e chegar às melhores conclusões.
A este propósito lembro-me de o nosso ex-presidente Jorge Sampaio se ter debruçado sobre isto declarando sobre certo tema complexo que era bom que "os governos pensassem mais em ir buscar pareceres às universidades". Esta visão da política tinha sido nos anos setenta achincalhada quando certa esquerda acusava a Associação "SEDES" de ser alfôbre de gente tecnocrática ministeriável.

Mas já antes, em pleno Estado Novo e com a Constituição de 1933, Salazar tinha instituído como orgão legislativo a dupla Câmara : a Assembleia Nacional que era eleita ( pelo Chefe-de-Família , o marido e pai de família em nome do seu agregado familiar ) , mas também a Câmara Corporativa onde representantes da maioria das forças vivas da economia e "dos misteres" tomavam lugar a convite do regime : profissionais liberais de todos os tipos, agricultores, comerciantes, industriais, professores, etc, uma panóplia de gente que se pretendia representativa das profissões do país e que podia discutir entre si os diplomas que os deputados da Assembleia queriam votar dando-lhes uma informação qualificada.
Ou seja, desde sempre ( em Portugal desde a Idade Média com as Côrtes ) que o Legislador
 se sentiu manco de informação e formação técnica para tomar decisões acertadas e correctas.

Se isto é assim um pouco por toda a parte, ao longo dos tempos ( com excepção dos Estados muito pequenos, com população mínima ) ao ponto de até as duas democracias sempre apresentadas como paradigma democrático, terem duas Câmaras ( nos USA o Congresso e a Câmara dos Representantes: e na Grã-Bretanha os Comuns e a Câmara dos Lordes ) é porque há outros equilíbrios que já não passam só pelas maximas de "um homem , um voto", nem pela idealização de que votando resolvemos os conflitos internos ( e a este aspecto da questão voltarei noutro "post").

Daí que, ao olhar à nossa volta não se possa negar a indigência intelectual, moral e técnica da esmagadora maioria de quem nos representa. Porquê isto, por que haveremos - em tempos de globalização do conhecimento e da Net-  ter gente que na praxis democrática é tão pobre de espírito a governar-nos?

A principal razão, a meu vêr, está no facto de - em democracia partidária - só haver uma via para chegar ao Poder: através dos Partidos Políticos  e estes não estarem capazes de fornecerem à democracia gente com qualidade. Na verdade quando olhamos , por exemplo. para os dirigentes portugueses da actualidade so´encontramos aparatchiks  partidários : Sócrates era dos júniores do partido, Passos Coelho jamais trabalhou em quase cinquenta anos de vida a não ser como jota do seu partido ( a história de ser gestor de Ângelo Correia é isso mesmo, uma estória ); Paulo Portas jamais geriu uma chafarica que fosse ( mesmo no "independente" era jornalista exclusivamente político-partidário ) tendo feito a carreira habitual no PSD e no CDS; Anacleto Louçã foi sempre alguém que só militou na vida político-partidária ; e Gerónimo de Sousa sempre foi funcionário do PCP.

Temos assim que para se chegar ao topo dum país como o nosso, é necessário ultrapassar sucessivas barreiras dentro do  partido, começando como membro duma concelhia, passando à sua presidência, continuando na distrital e passando à sua presidência, prosseguindo como membro duma comissão política ou afim e daí - se correr bem- saltar para uma secretaria de estado desconhecida sem nunca ter pronunciado um despacho sequer....

Mas o pior não é saber o que é um despacho. Pior é o conjunto de "qualidades" exigidas para se trepar no aparelho partidário.
 São elas : capacidade manipulatória, dotes de sedução e dotes oratórios de uma retórica vazia de substância ( porque dizer mesmo alguma coisa é um perigo na medida em que o que é uma posição hoje pode mais tarde virar-se contra o próprio ) explorando o vazio de ideias e treinando o falar sem dizer nada, o intriguismo, a mentira, o mal-falar dos que concorrem conosco e passam assim à categoria de inimigos, e a estruturação - pela necessidade  de todos desconfiarem de todos  - de personalidades amarradas a traços paranóides.

Ora estes traços e competências são justamente os opostos aos que se requerem para se ser um bom gestôr do que quer que seja, e muito mais da causa pública.Para a governação de um país são necessárias pessoas com grande idoneidade, tolerância ao stress,  capacidade técnica, versatilidade para alcançar consensos e verticalidade férrea para impôr as decisões melhores para a maioria e contra as minorias profissionais e corporações de interesses.

Se este desideratum já era difícil de ser alcançado antes da globalização , com a complexidade da globalização tornou-se tarefa impossível porque agora o tempo, o tempo de antecipar e realizar , o tempo de discutir com dúvida e de realizar com fé , é cada vez menor. Como tentarei expôr no "post" 5.

POR QUE É QUE NÃO POSSO SER DEMOCRATA MAS NÃO DESISTO DE SER SOCIALISTA - 3

sábado, 26 de março de 2011

E O GRANDE PARTIDO REFORMADOR JÁ COMEÇOU A ACTUAR

VEIA REFORMISTA

FOI SUSPENSA A AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES EM VOTAÇÃO PARLAMENTAR !

Começa como era de esperar o ataque do PSD às corporações de interesses.......

DESEMPREGO GENERALIZADO

Nos Estados Unidos da América e na Grã-Bretanha, infelizmente, o desemprego estrutural é uma tragédia. Lêr aqui o editorial do Nobel Paul Krugman de hoje no New York Times ajuda a perceber os mais teimosos que a crise é global.

compra de doutoramentos

Na europa há ministros da defesa que copiam doutoramentos ( demitido há 15 dias o ministro alemão ), mas há países onde podemos escolher como no super-mercado , como aqui.

OS HOMENS DO PRÓ-NUCLEAR

quando queremos desvirtuar a mensagem dum adversário a técnica de comunicação indica que se deve "esquecer" o importante e pôr ênfase no acessório , como aqui.

UMA PERSPECTIVA BASTANTE REALISTA

Euro

Conselho Europeu

O euro e os seus dezassete Sísifo

24 março 2011 La Tribune Paris
Kap
As cimeiras europeias organizadas desde o início da crise grega não impediram que a Europa mergulhasse na recessão e na crise política, e a cimeira que começa em 24 de março não irá mudar nada, escreve La Tribune. As únicas alternativas consistem em aliviar o fardo dos países altamente endividados ou organizar a saída do euro.
Sísifo não está só. Agora, os 17 chefes de Estado e de Governo da zona euro juntaram-se a ele, empurrando o seu rochedo até ao cimo da montanha para o ver rolar encosta abaixo – não é verdade que os seus encontros se chamam "cimeiras" europeias?
Um trabalho absurdo, sem outra finalidade que não ele próprio, sem outro objetivo que não a repetição sem fim de atos inúteis e desmoralizadores para os povos. Dezoito meses depois da eclosão da crise grega, os países "periféricos" – os mais distantes da Alemanha no plano cultural e também geográfico – mergulham na recessão e na crise política.
Ei-los condenados a um triplo castigo: violenta cura orçamental, apreciação de uma moeda que já se encontrava sobrevalorizada relativamente à sua competitividade e desconfiança dos mercados financeiros, que impõem taxas de juro proibitivas. Seguir por esta via não conduz à salvação. As centenas de milhares de milhões de euros despendidos pelo Fundo de Salvamento em breve estarão esgotadas. E o desembolso de novas verbas irá apenas enfraquecer a Alemanha e o Banco Central Europeu, os garantes finais do sistema, que mais cedo ou mais tarde serão arrastados.
Na origem desta crise está o eterno problema das uniões monetárias: o repasto gratuito. Durante dez anos, os convivas do euro festejaram sem pagar a conta, endividando-se graças à garantia de Berlim e à estupidez dos investidores. Mas eis que chega a conta. Uma conta demasiado grande para os comensais indelicados, que se tornaram famélicos. É lamentável mas é assim mesmo: se castigarmos sem tréguas os imoderados, corremos o risco de os matar. E de não recebermos qualquer re-embolso.
A crise do euro só tem duas soluções, e não três: aliviar o fardo dos altamente endividados, ou seja, fazer com que os investidores paguem, ou organizar a saída desses países da zona euro. Não está a ouvir um rugido, caro leitor? Calma! São os Dezassete e o seu rochedo. A cimeira europeia vai começar.

SEM COMENTÁRIOS

quinta-feira, 24 de março de 2011

NA VELHA ALBION....

Reino Unido

Austeridade no orçamento, exceto para os carros

24 março 2011
The Daily Telegraph, 24 março 2011
“O depósito está cheio de gasolina, mas os buracos continuam na estrada”, traz o Daily Telegraph em manchete, no dia seguinte ao chanceler britânico George Osborne apresentar o seu último orçamento ao parlamento. Numa série de medidas que passaram despercebidas pela economia britânica estagnada, entre reduções drásticas e a previsão de um crescimento lento de 1.7% para 2011, Osborne anunciou “a cobrança anual de 2,3 mil milhões de euros em petróleo no mar do Norte, para financiar uma redução imediata das taxas do combustível de 1,14€ por litro”. “Estamos a pôr combustível no depósito da economia britânica”, declarou. Contudo, o diário conservador aponta que “as pequenas poupanças das famílias vão provavelmente diminuir devido aos impostos drásticos que já foram anunciados e entrarão em vigor no próximo mês”.

ATÉ A EUROPA PERCEBE QUE SÓCRATES É PATRIOTA

SÓCRATES , UM HOMEM QUE RESISTE A TUDO

Lembram-se das campanhas sujas?

        Esta é a pequena história do meu fracasso no marketing político. Em 2004 eu trabalhava para a agência que viria a fazer a campanha que opôs Santana Lopes a José Sócrates (legislativas de 2005). Para os profissionais brasileiros vale tudo quando se está em campanha, e nesse tudo coube a criação do blogue Portugays onde mais do que se insinuou a homossexualidade do candidato socialista. Não satisfeitos com isto, que a imprensa portuguesa da altura ainda mal espiolhava a blogosfera como depois veio a fazer, um dos marqueteiros melhor relacionados com os jornais do Brasil pediu a um camarada que colocasse uma notícia dando conta da alegada ligação entre Sócrates e Diogo Infante que, como é óbvio, passou para a imprensa deste lado do Atlântico. (…)

Isto é gravíssimo. Nunca ninguém havia dito textualmente que aquela campanha suja tinha sido obra do PSD. Aconteceu, se bem se lembram, nas eleições legislativas de 2005.

POR QUE É QUE NÃO POSSO SER DEMOCRATA MAS NÃO DESISTO DE SER SOCIALISTA - 2

À hora a que o primeiro-ministro do meu país apresentava a sua resignação ao Presidente da nossa República , gente do meu país celebrava com champanhe a queda "do Sócrates "!

Vamos a vêr se me explico.
Quando a democracia nasceu em Atenas , cidade-Estado  da Grécia, podia votar  para o directório dela cerca de um terço dos homens e nenhuma mulher. E os homens que votavam obedeciam a duas condições para votar e serem elegíveis: serem pessoas de posses ( et pour cause...), e serem gente sábia.

Nunca oligofrénicos votaram na Grécia , e por que os gregos achavam que as questões da Polis ( da cidade e da política ) eram eminentemente racionais e não emocionais , não votavam as mulheres.

Os tempos correram e hoje , desde há cerca de setenta anos nuns casos e cinquenta noutros, não faz sentido que as mulheres não votem para a coisa pública. Na verdade elas são cada vez mais racionais e até Atenas teria aceite estas hodiernas mulheres como votantes legítimas.

Todavia, nunca os atenienses teriam aceitado que mentecaptos , arrivistas ou atrasados mentais ( oligofrénicos ) pudessem votar e, dessa forma, influir na vida de todos e da comunidade. Em boa verdade, isso foi assim no segundo alfôbre da democracia - a britânica - até há cerca de cinquenta anos.
Mas em Portugal, a partir do 25 de Abril o voto tornou-se universal , e lembro-me, de até no Hospital do Conde de Ferreira onde trabalhava, as senhoras assistentes sociais, numa ânsia democrática feita de clichês e absurdos, levarem os oligofrénicos ( grandes atrasados mentais ) que mal falavam, e os psicóticos com defeito ( os esquizofrénicos e outros com delírios e alucinações ) uns e outros sem nenhuma informação nem compreensão sobre o que se lhes pedia de opinião , a votar!

Ontem, com gente emotiva que só sabe que odeia José Sócrates, mas não sabe o que se passa no mundo, muito menos o que aí vem, brindou-se ao fim do homem. Como num cerimonial arcaico de dinossáuricas figuras que - à boa maneira portuguesa - adoram estar no fio da navalha, numa flagelação masoquista sempre ao pé do precipício, num tropismo afagado de adrenalinas, tem-te -que-.não-caias, num orgasmo infindável feito de masoquismo temperamental,  de onanismos e solilóquios, com cheiro a salsa-parrilha, manjericos e S. João.
 Não é que eu não goste do S. João e suas bebedeiras. Antes pelo contrário. Mas , nas coisas da POLIS, não brinco nem tenho clubites ou ódios de estimação: é coisa demasiadamente séria.

Por tudo isto, já tenho idade e prestígio suficientes para me declarar não democrata sem nenhum receio das consequências.
 Não entendo que o voto de idiotas, cretinos ou imbecis valha o meu voto. Nem tão-pouco que gente eventualmente licenciada universitariamente mas ignorante na política e nas coisas da Polis ou com inconfessáveis interesses e frustrações, valha o meu voto. Foi , aliás com gente assim que Hitler chegou ao poder: acenou aos videirinhos alemães - que também os há - com o dinheiro dos judeus; e a estúpida cupidez , a inveja e a frustraçaõ de quem não suporta que lhe mostrem  incapacidades  próprias   fez o resto. : e  os nazis ganharam.

Acresce a tudo o que fica dito um elemento suplementar.
Nas primeiras democracias, aquilo que os directórios das cidades-Estado tinham para decidir eram coisas muito simples. Podemos equipará-las ao que hoje em dia é necessário que o antigo regedor ou o actual presidente de junta decida: um fontanário aqui ou ali? Um alargamento dum caminho ou não ? Uma mobilização popular para ajudar um velho caído em desgraça ou não ? Uma norma para os dejectos desta ou daquela forma?.
Todavia , com o passar do tempo, as questões da Polis tornaram-se muito complexas; novas e permanentemente novas tecnologias geraram novas indústrias que impuseram novos problemas nunca sonhados; questões de ordem moral que transcendem em muito a velha infidelidade conjugal impuseram-se à sociedade com consequências que só quase especialistas entendem na sua plenitude. Em resumo , tudo se tornou exponencialmente mais complexo a exigir muito mais erudição de eleitores e eleitos, muito mais estabilidade emocional e capacidade pessoal de controlo a uns e outros.
Ou seja, enquanto pela via da complexificação das coisas da vida seria de esperar um maior espartilho a quem pode decidir da nossa vida colectiva , aquilo a que assistimos é a uma universalização do voto pulverizado em doxas ( "opiniões", no grego ). Sendo que , se as opiniões ( pensamentos não assentes em nenhuma argumentação e basicamente emotivos )  chegavam para a governança da coisa pública em sociedades com organizações simples, são hoje incapazes para as sociedades complexas em que vivemos.

Por isso abrir champanhe, está bem  para celebrar a vitória do nosso clube que de nós só exige emoção;  mas não para celebrar dionisicamente o pedido de demissão dum governo que estudou os dossier, mostrou coragem reformista e lutou arduamente - dentro duma difícil formatação democrata - para salvar Portugal num tempo em que as novidades se sucedem, as surpresas espreitam e as certezas políticas sumiram. Deus ajude José Sócrates.

Em próximos "posts" continuarei, se Deus quizer, a expressar o meu antagonismo à democracia. Desta vez falei da falta de fundamentação ideológica dela. Da próxima falarei - também a propósito da situação que o país vive - da sua (falta) de fundamentação filosófica: para que serve a democracia ?. E mais tarde da prática democrática que leva ao seu inevitável falhanço. 

LÁ - NO MUNDO - COMO CÁ !

Bélgica

Bónus dos bancos sob críticas cerradas

24 março 2011
De Morgen, 24 março 2011
"Bónus dos bancos já não são deste tempo", titula De Morgen. A decisão dos grandes bancos belgas – KBC e Dexia – de distribuir novos prémios aos seus diretores "irritou profundamente" certos bancos mais pequenos. Estes últimos consideram esta medida "imprudente e um desastre para a confiança dos clientes em relação ao setor bancário", que acabou de "recuperar do golpe recebido com a crise financeira". De Morgen explica que a discussão sobre os bónus teve início a semana passada na Holanda, depois de a ING ter anunciado a duplicação do prémio anual dos seus principais diretores, bónus entre os 600 mil e 1,2 milhões de euros, antes de a eles renunciar perante a pressão de clientes furiosos e do Governo. O KBC e o Dexia, que, à semelhança da ING, receberam ajudas do Estado durante a crise e ainda não pagaram todas as suas dívidas, não tencionam seguir o exemplo da ING, considerando os bónus necessários para "manter os dirigentes de topo".

Defensa

Experto teme que lanzamisiles portátiles se filtren de Libia a grupos terroristas

Tema de actualidad: Sanciones internacionales contra el régimen de Gadafi

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Experto teme que lanzamisiles portátiles se filtren de Libia a grupos terroristasExperto teme que lanzamisiles portátiles se filtren de Libia a grupos terroristas

 

Los sistemas portátiles de misiles antiaéreos que están al servicio del Ejército de Muamar Gadafi o en las manos de los rebeldes pueden caer en las manos de terroristas internacionales, alertó hoy  Ígor Korotchenko, reputado experto ruso en materia militar.
“La operación militar de las fuerzas aliadas contra el régimen de Gadafi podría acarrear entre otras cosas la aparición en el mercado negro de sistemas portátiles de defensa antiaérea que están a disposición del Ejército libio y de grupos rebeldes que realizan acciones militares contra Trípoli”, dijo Korotchenko, quien encabeza el Centro analítico del tráfico de armas.
A principios de 2011, Libia tenía en su arsenal entre 600 y 1.500 lanzamisiles portátiles tipo Strela-1 e Igla-1 importados en su día de la URSS, según estimaciones de expertos.
Korotchenko recordó que Gadafi ordenó repartir las armas, incluidos los sistemas portátiles de defensa antiaérea, entre los simpatizantes de su régimen con el fin de organizar resistencia masiva en caso de que las fuerzas de la coalición emprendan operación terrestre en Libia.
A su vez, los rebeldes también cuentan con medio centenar de armas de este tipo tras saquear los depósitos militares en las ciudades que pasaron bajo su control, según el experto ruso.
Korotchenko indicó que Libia se sumerge en un caos, sus fronteras carecen de control y hay riesgo de que cierto número de sistemas de defensa antiaérea se filtre ilegalmente a los países vecinos para después acabar en las manos de grupos terroristas de Oriente Próximo, incluida Al Qaeda.
El armamento de este tipo es compacto, así que puede esconderse también en la carga marítima destinada a EEUU y verse finalmente en las manos de células terroristas islámicas que actúan en el territorio de Norteamérica.
“Los servicios secretos de diversos países deben tomar medidas coordinadas para prevenir esa amenaza aprovechando todos los recursos de que disponen”, concluyó Korotchenko.

quarta-feira, 23 de março de 2011

uerra na Líbia

Tensão entre Roma e Paris

22 março 2011
Corriere della Sera, 22 março 2011
"Guerra na Líbia divide Itália e França", titula o Corriere della Sera, que relata a tensão crescente em Roma perante a vontade manifestada por Paris de avançar sozinha com a "Operação Amanhecer", à qual Itália se juntou mais tarde. O Governo italiano ameaçou igualmente que "retomaria o controlo" das bases aéreas utilizadas pelos aviões aliados se o comando das operações não passasse para a NATO – uma reivindicação partilhada pela Noruega, que já suspendeu a sua participação, mas que é contestada pela França e pelos países árabes. O editorialista Piero Ostellino atribui a atitude da França à sua "vontade de substituir a Itália nas relações com a Líbia (do petróleo, às relações económicas e comerciais) após Kadhafi", razão pela qual a Itália "tem tudo a perder" ao aceitar a sua liderança. O Governo italiano está igualmente sob pressão, acrescenta o jornal, devido ao número de imigrantes oriundos da Tunísia que desembarcam todos os dias em Lampedusa: ultrapassam os cinco mil e "são tantos como os habitantes" da ilha, que acredita que a sua permanência não irá prejudicar a época turística que agora começa.

PORQUE É QUE EU NÃO POSSO SER DEMOCRATA MAS NÃO DESISTO DE SER SOCIALISTA 1

As recentes exigências de vultos e algumas sombras da direita política apelando para que o Partido Socialista Português mude de líder ( ou seja , saneie Sócrates ) para que essa direita ( PSD e CDS ) possam fazer após eleições ( e se tiverem maioria ) uma União Nacional ( é mesmo assim que lhe chamam e eu até nem acho mal ) que governe Portugal, fez-me pensar que - lá no fundo - não sou só eu que não sou democrata. Embora eu tenha limites e eles não . Na verdade quem pretende que o país só é governável pelos três partidos do "arco da governabilidade " desde que um deles  - o PS - mude de líder , e ainda por cima o exigem em cima da sua entronização ( na sexta-feira  como secretário geral eleito pelos militantes do PS ) éstá ao nível do coronel Kadafy no que toca a amor à democracia.

José Sócrates foi eleito há um mês secretário geral do PS com mais de 90% dos votos e ninguém com suficiente força política se lhe opôs. Por isso quando, da paranoia de  Cavaco Silva até ao pequeno Portas das feiras, passando pelos lampiões ferrrugentos do PSD que criaram o "monstro" como os Nogueiras , todos os videirinhos PSDs do BPP e do BPN e restantes Correias e e Menezes que  estão em  todas,  em uníssono "exigem" a saída de Sócrates da vida política com o argumento fácil e insusceptível de prova de que ele faz parte do problema mas não da sua solução , então eu assumo-me como não democrata.

Sócrates deve ficar no cargo para que foi eleito, e no caso de não conseguir uma maioria absoluta a que tem direito natural pelo hercúleo esforço que fez para ser verdadeiramente socialista e patriota,  deve apoiar ou não o Governo de direita que vencer, sempre que seja por dever de patriotismo , nunca por obrigação de apoiar quem não vai cortar as reformas obscenas ( superiores a 600 contos - para que me entendam ), nem reformar negócios de bolsa, nem corrigir desigualdades incrivelmente gritantes que fazem de Portugal um dos mais ultrajantemente desiguais (nos rendimentos pessoais) países europeus ( há piores : a rússia e mais três países de leste ).

terça-feira, 22 de março de 2011

ASSIM SE PERCEBE O MILITARISMO EXTERNO ( NA LÍBIA ) DE SARKOZY

ança

Partido de Sarkozy sacudido pela extrema-direita

21 março 2011
La Tribune, 21 março 2011
“Severo aviso ao partido de Nicolas Sarkozy”, é o título de La Tribune, após um significativo recuo do UMP [obteve apenas 16% dos votos] na primeira volta das eleições cantonais em França. Metade dos eleitores foi chamada a eleger os seus conselheiros locais. O Partido Socialista ficou à frente, com 25% dos votos, mas foi sobretudo a grande subida da Frente Nacional que chamou a atenção: o partido de extrema-direita, dirigido por Marine Le Pen aparece logo a seguir ao UMP, com 15% dos votos. “A onda azul Marine varreu a França”, escreve o diário económico, sobre umas eleições em que a participação dos eleitores (54%) é “a mais fraca de sempre numas eleições cantonais”. Em caso de duelo entre a esquerda e a Frente Nacional na segunda volta, a 27 de março, deixa os seus eleitores “sem escolha”, recusando votar quer na FN quer na “frente republicana”.

uma democracia ao Deus dará

Parlamento Europeu

Três eurodeputados apanhados em flagrante

21 março 2011
“Eurodeputados envolvidos no escândalo do ‘financiamento das leis’”, titula o Sunday Times na edição de 20 de março. Em declarações capazes de “provocar um dos maiores escândalos dos 53 anos de história do Parlamento”, o Sunday Times revelou que três eurodeputados – incluindo um antigo vice-primeiro-ministro romeno – aceitaram verbas de jornalistas representantes de grupos de pressão. Durante os oito meses de investigação, os jornalistas contactaram mais de 60 eurodeputados para averiguar se estariam interessados em assumir o papel de “conselheiros” a troco de dinheiro. Catorze deputados caíram na esparrela e três deles – Adrian Severin, antigo vice-primeiro-ministro romeno, Zoran Thaler, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros eslovaco e Ernst Strasser, antigo ministro do Interior austríaco – concordaram em apresentar alterações à diretiva em matéria de Sistemas de Garantia de Depósitos. As alterações à diretiva destinada a proteger os depósitos dos clientes contra a falência dos bancos aparece agora, nos documentos oficiais do Parlamento, tal e qual como os falsos representantes de grupos de pressão a redigiram. Os eurodeputados, que auferem €200 mil+ vencimento e ajudas de custo livres de impostos, acreditaram que iriam receber um salário anual de 100 mil euros, despesas de peritagem, ou ambos, pelo seu trabalho.
“Ernst Strasser ameaça com processo criminal”, titula o diário austríaco Die Presse, depois de o antigo ministro do Interior renunciar, a seguir às revelações do semanário londrino. Ernst Strasser afirma que não fez “nada de mal” e realça ter querido apenas evitar "danos" ao Governo austríaco de coligação. Diz ainda que suspeitou do envolvimento de serviços secretos estrangeiros nesta ação e continuou a encontrar-se com eles "para apanhar os que estavam por trás". Contudo, como refere o Sunday Times, Ernst Strasser também disse aos jornalistas secretos que um representante de um grupo de pressão “tem um faro especial. É verdade que se diz que sou um bocado assim. Por isso, temos de ter muito cuidado”. “Onde é que Adrian Severin se enganou?”, pergunta o Gândul. Depois de lembrar aos leitores que Adrian Severin lançou uma cruzada anticorrupção assim que entrou para o Parlamento Europeu, em 2007, o diário de Bucareste cita-o quando diz que não fez “nada ilegal” e que os seus serviços eram de “consultoria, não era fazer pressão”. O Sunday Times nota que Adrian Severin enviou uma mensagem de correio eletrónico aos jornalistas nestes termos: “Só para vos dar a conhecer que a alteração que me pediram foi apresentada dentro do prazo”. A seguir, enviou uma fatura de 12 mil euros por “serviços de consultoria relativos a codificação da Diretiva 94/19/CE, Diretiva 2009/14/CE e respetivas alterações”.