quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

SERÁ QUE O SENHOR DOS OLHOS AZUIS TEVE UMA EPIFANIA?

Grécia: FMI reconhece que o ‘tratamento’ está errado!

Mais vale tarde que nunca… Poul Thomsen, responsável FMI para a Grécia, já reconhece que se enganou e está “inquieto” com as consequências recessivas que o seu tratamento está a causar à Grécia!
Le chef de mission du FMI chargé de surveiller le redressement des finances grecques, Poul Thomsen, le 14 décembre 2011 à Athènes
Le chef de mission du FMI chargé de surveiller le redressement des finances grecques, Poul Thomsen, le 14 décembre 2011 à Athènes
Economie 01/02/2012 12:21
Le chef de mission du FMI chargé de surveiller le redressement des finances grecques, Poul Thomsen, a reconnu des erreurs dans le pilotage du pays depuis deux ans et plaidé pour moins d’économies budgétaires et davantage de libéralisation, dans un entretien publié mercredi.
“L’adaptation budgétaire a été fondée de manière exagérée sur les hausses d’impôts, nous aurions dû mettre davantage l’accent sur la limitation des dépenses, c’est l’un des secteurs où nous aurions pu être plus convaincants auprès du gouvernement”, a affirmé M. Thomsen, interrogé sur d’éventuelles erreurs du FMI par le quotidien grec Khatimerini.
“Même si beaucoup reste à faire, la Grèce a bien avancé”, a-t-il estimé, affirmant comprendre le malaise de l’opinion grecque face aux critiques rejetant la responsabilité du marasme sur le pays ou l’accusant d’être incapable de se redresser.

a democracia não serve para desenvolver Portugal -1

Quando nos anos 20 , Hitler publicou o seu Mein Kampf, ninguem nos países democráticos se preocupou com o que lá vinha escrito. Ningém? Não, dois dos políticos mais autocratas do Reino Unido e de França, lançaram avisos e pediram o rearmamento (caro) dos seus países: Churchil e De Gaulle.Não foram ouvidos e o caro rearmamento das democracias custou milhões de mortos e o fim da supremacia dos dois países.
Estes casos emblematizam como governar em ( melhor dito :para ) ciclos eleitorais torna impossível a tomada de medidas custosas mas inevitáveis.
Em relação À CRISE DA GRANDE RECESSÃO actual, não se percebe porque é que desde 2008 não houve regulamentação apertada da banca, divisão entre banca comercial e banca de investimento ( especulativa), tributação de todas as transações financeiras, lançamento de euro-bondes, harmonização fiscal completa na eurolândia, imposto Tobin para criar um orçamento europeu, etc.
Pode pensar-se que os chefes de governo não compreenderam logo a profundidade da crise, o que é verdade para Zapatero e José Sócrates ( que já o disseram ).
Pode suceder que os políticos tenham ciclos políticos demasiadamente curtos para pôr em prática medidas necessárias, o que em parte é verdade.
Mas a principal razão é outra: os políticos eleitos não têm mandato dos eleitores para anteciparem a resolução de problemas se eles ainda não se enxergam para o vulgo na sua verdadeira dimensão. Os políticos são eleitos com um programa para resolver problemas que já existem e existem de forma muito óbvia, e não para antecipar outros.
Daí que surjam custos de inação tanto maiores quanto maior for o tempo perdido. Sucede que nos países católicos como o nosso esse problema de governação é maior que nos protestantes porque noções e valores como sacrifício ( valoriza-se mais um qualquer milagre redentor), rigor ( elogia-se o desenrascanso ) , arriscar ( não há nada como o certinho...), ou  mudança ( toda a mudança é captada como um perigo, uma vez que questiona o status quo onde os interesses de cada qual se estabeleceram como um direito adquirido e a mobilidade social é um desvalor ) são todos valores menores.
 E tudo isto tende a ser ao contrário nos países protestantes , luteranos ou calvinistas, como procurarei mostrar noutros textos.

Assim, países como Portugal que se arrepiam com situações de sacrifício,rigor,risco ou mudança, serão sempre países com mais dificuldade em crescer em democracia ao ritmo dos países centro e norte europeus Mas podem concorrer com eles se o seu regime político fôr o mais adequado à sua cultura.

P.S. - para quem possa achar que o que fica dito acima é simplesmente baseado na situação conjuntural desta crise, lembro que , por exemplo na República Checa , um país com uma orografia, população e riquezas naturais como as nossas,a educação obrigatória começou 200 anos antes da nossa: em 1774 foi establecida a escolaridade obrigatória de 6 anos passando a ser de 8 em 1869 ; em Portugal não foi na república democrática que ela se iniciou, mas antes no Estado Novo em 1956 é que foi prevista por lei e só para os rapazes a escolaridade de quatro anos, sendo estendida aos dois géneros em 1960 e a obrigatoridade de oito anos só em 1970...Custa mas é a verdade!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

DRAGHI ANDA ENGANADO. Quando vir europeus contra europeus, ricos contra pobres e oriente contra ocidente perceberá que a economia é demasiado importante para ser deixada a cargo de economistas...


Euro

Draghi enterra o modelo social europeu

27 fevereiro 2012
La Tribune Paris
Faber
Numa altura em que o BCE se prepara para passar um novo cheque de 500 mil milhões de euros aos bancos, o seu líder afirma, sem hesitação, que, para sair da crise, os países sobre-endividados não têm outra solução senão aplicar uma política de rigor extremo. Palavras chocantes, mas necessárias, escreve La Tribune.
“O modelo social europeu está morto!” Nunca um banqueiro central falou com tal brutalidade sobre a crise que atravessamos. As declarações do italiano Mario Draghi, o sucessor de Jean-Claude Trichet, na longa entrevista que deu, na sexta-feira, 24 de fevereiro, ao Wall Street Journal, são de tal maneira violentas, pelo que implicam, que não podiam ter sido ditas senão à “bíblia” da finança mundial. Até mesmo Jean-Claude Trichet tinha mais cuidados com a linguagem quando tentava explicar aos povos europeus o que os esperava.
Para Mario Draghi, antigo banqueiro na Goldman Sachs e novo comandante da moeda europeia, salvar o euro terá um preço elevado. Na sua opinião, não há “escapatória” possível e vai ser preciso pôr em prática políticas muito duras de austeridade em todos os países sobre-endividados e isso implica renunciar a um modelo social baseado na segurança do emprego e numa redistribuição social generosa.
Esse modelo em que a Europa baseou a sua prosperidade desde a Segunda Guerra Mundial desapareceu (“has gone”), afirma Mario Draghi lembrando aos jornalistas do WSJ a fórmula do economista alemão Rudi Dornbusch: “Os europeus são tão ricos que se podem dar ao luxo de pagarem às pessoas para não trabalharem”.

A Margaret Thatcher dos tempos modernos

As palavras do líder do BCE podem parecer uma provocação, a escassos dias de o banco central passar um segundo cheque no valor de 500 mil milhões de euros aos bancos que, na próxima quarta-feira, 29 de fevereiro, irão buscar mais um empréstimo ao balcão ilimitado que foi criado para salvar o euro. Com tais declarações, como escapar às críticas cada vez maiores, de que o sistema está a sacrificar os povos para salvar os bancos?
Os argumentos expostos por Mario Draghi são definitivos: qualquer recuo nas ambições dos programas de desendividamento público provocará uma reação imediata dos mercados, que farão subir imediatamente as taxas de juro pagas pelos Estados, tornando ainda mais difícil, senão impossível, o restabelecimento das finanças públicas. Foi o que aconteceu na Grécia e o que quase aconteceu em Portugal, Espanha e Itália.
Evidentemente, as declarações de Mario Draghi estão ligadas ao calendário eleitoral europeu. Em abril na Grécia, em maio em França, na primavera de 2013 em Itália, os povos vão votar para escolherem o seu destino.
Ao explicar, à maneira de uma Margaret Thatcher dos tempos modernos, que seja qual for o resultado da votação, os governos eleitos não terão outra alternativa senão continuar as políticas de extremo rigor, porem em prática as reformas estruturais e desmantelarem ainda um pouco mais o seu modelo social, o presidente do BCE mostra qual é a direção.

As escolha dos ex-Goldman Sachs

E não lhe venham dizer que a atual acalmia dos mercados significa que a crise acabou. A prova de que não é assim chegará na quarta-feira, 29 de fevereiro, quando os banqueiros forem buscar ao BCE o apoio sem o qual o sistema financeiro não consegue sobreviver.
Sem a intervenção dos bancos centrais, nos Estados Unidos com a Quantitative easing [QE, redução para quase zero da taxa diretora] do FED, na Europa com a operação de financiamento a longo prazo [LTRO] do BCE, tudo se desmoronaria! Até mesmo a China se vê obrigada a ajudar os seus bancos em dificuldades. Bem-vinda ao cruel mundo do “QE”.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A GLOBALIZAÇÃO TAMBÉM TEM DESTAS COISAS....e ainda bem


Suíça

Sigilo divulgado

24 fevereiro 2012
Le Temps Genebra
Banqueiros desde 1810
Auxiliares do fisco desde 2012
A 22 de fevereiro, o Governo suíço decidiu que os bancos do país deverão doravante certificar-se de que o dinheiro depositado pelos seus clientes estrangeiros foi devidamente declarado no seu país de origem. O tradicional sigilo bancário ficou enfraquecido sob a pressão dos parceiros da Confederação Helvética, nomeadamente os Estados Unidos.

FALAR CLARO -5

A semana que passou foi rica em acontecimentos perigosos:
-Os gregos e o seu governo não eleito, aceitaram ter um gauleiter ( chefe provincial que os nazis colocavam nos países que ocupavam ) .
- Este processo de protectorado histórico, ocorre para ser possível um desconto na dívida anteror de 120 mil milhões , para que os gregos recebam 130 novos mil milhões de euros ( que eles nunca mais vão poder pagar ).
- deste valor, disse-se que 53,5%  seria a perda dos privados ( bancos ).
- Na realidade, como estes privados também não vão receber os respectivos juros, o total agregado corresponde aos 75 % de perdão privado da dívida grega de que se falava.
- Como os alemães são rigorosos , soube-se agora que a totalidade dos bancos alemães e franceses ( os mais expostos à dívida helénica ) já se livraram dessa exposição, vendendo no mercado secundário as obrigações gregas que detinham com o apoio do banco central alemão que organizou camufladamente a venda. Mas o BCP portugues não fez nada disso.
-No fim-de-semana mais um alemão , a seguir ao acordo de apoio( ?) à grécia, abriu o bico para , uma vez mais, anular o efeito do acordo nos mercados : foi o ministro da defesa para dizer que era melhor para os gregos sairem da eurolândia....
-no dia 23, cinco países bálticos reuniram - estónia , letónia, lituânia, finlândia e polónia- para discutirem o caso grego e concluiram por assinar um acordo nórdico convidando também a suécia, dinamarca, Reino Unido e...Irlanda a aderirem -para multiplicarem as trocas comerciais e darem aumento rápido aos dois mil soldados que já fazem o núcleo da sua força de reacção rápida....
-E hoje, antes das eleições russas do dia 4 de Março, o senhor Putin apresentou três russos "apanhados em Odessa , na Ucrânia " que planeavam estoirar o senhor Putin pondo-lhe uma bomba algures. Curiosamente lembro-me bem que a 2 de Março de 2008 aconteceu o mesmo nas antevésperas das eleiçoes que puseram os senhores Putin e Medvedev onde hoje estão. E ainda dizem que a história não se repete!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

COMO O MUNDO FINANCEIRO NOS ESMAGA ( esmagando a economia, a política e a cidadania )

Não resisto a dar a conhecer na íntegra os dois extensos textos que seguem. Na verdade, todos nós sentimos na carne , todos os dias, quotidianamente, noite após noite, que anda um diabo à solta que tudo toca, tudo manda, tudo mexe, e a todos mete medo. Pois esse diabo tem nome : a ditadura das finanças, ou seja a ditadura do mundo financeiro com os bancos à cabeça, que aqui vemos como agem EM LÓBIS ORGANIZADOS. Neste caso em Bruxelas, mas mu
Regulamentação financeira

Finance Watch – um lóbi para combater os lóbis

23 fevereiro 2012
Der Tagesspiegel Berlim
Ajubel
Os lóbis financeiros parecem todo-poderosos em Bruxelas, frustrando todas as tentativas de reformas do setor bancário desde a falência do Lehman Brothers em 2008. Mas a situação pode mudar, com o trabalho de um contra lóbi europeu: o Finance Watch.
Joost Mulder, 31 anos, conhece todos os arcanos. Durante cinco anos, o elegante holandês trabalhou [ou seja “atuou para influenciar”] o aparelho legislativo de Bruxelas por conta de organismos financeiros. Fazer intriga nos bastidores da Comissão, do Parlamento e dos Conselhos de Ministros dos 27 era o seu ganha-pão. Falando quatro línguas e a par de tudo o que se passa, este homem mexe-se facilmente nos meandros da política de Bruxelas – um lobista tal e qual o imaginamos.
Num dia, ele e os seus colegas inviabilizam iniciativas parlamentares, noutro, convencem os funcionários de Bruxelas a introduzirem disposições “explosivas” a um anteprojeto de lei para organizarem um escudo de barreiras múltiplas e – aparentemente – independentes umas das outras. E quando um irritante parágrafo não conseguiu ser suprimido pela Comissão ou pelo Parlamento, constitui-se uma minoria de bloqueio no Conselho. “‘Pague-me dez mil euros de honorários e encarrego-me de meter a sua posição na ordem do dia do Conselho de Ministros’. É este o género de promessas que os lobistas fazem aos seus clientes”, afirma Joost Mulder.
Mas as coisas podem mudar. Porque Joost Mulder mudou de campo. No ano passado, quando os lóbis financeiros chegaram ao ponto de “fazerem pressão sobre os governos ameaçando retirar capitais e suprimir empregos, fartei-me”, conta ele. “Making finance serve the society”, “Pôr a finança ao serviço da sociedade”, podemos ler agora no cartão-de-visita de Joost Mulder, atualmente responsável pelas relações externas de uma ONG chamada Finance Watch.

Charlie McCreevy, um comissário cativo

O seu trabalho é muito semelhante ao de um lobista. Mas agora é desenvolvido ao serviço de uma ONG única no género na cena política de Bruxelas. Na Finance Watch, os especialistas em mercados financeiros têm como objetivo enfrentar os lóbis do setor da finança para os levar de volta à sua razão de ser inicial: colocar os serviços financeiros ao serviço da produção.
A experiência é inédita. E este novo lóbi, que quer disciplinar os mercados financeiros é a resposta a um pedido – do próprio corpo legislativo.
Na origem desta iniciativa está uma tomada de consciência que apareceu quando a crise financeira rebentou, no outono de 2008. Quando foi necessário decifrar as causas da crise, não havia especialistas experimentados verdadeiramente independentes do mundo da finança. A todos os níveis, eram os banqueiros, os gestores de fundos ou os especialistas por eles pagos que davam o tom.
Ao mesmo tempo, percebeu-se que a Comissão Europeia e a Direção Geral do Mercado Interno estavam literalmente infiltradas pelo setor financeiro. Foi o “Corporate Europe Observatory” (Observatório Europeu das Empresas, CEO) que revelou a amplitude do fenómeno. Num relatório publicado no outono de 2009, intitulado “Uma Comissão Cativa”, demonstrava como Charlie McCreevy, o comissário [para o Mercado Interno] de então, tinha delegado, de facto, o processo legislativo nas empresas em causa. Metade da Europa indignou-se por ver que as instâncias europeias ouviam sempre e apenas um dos lados da questão. Mas o caso não teve repercussões concretas.

Os deputados pagaram do seu próprio bolso

Perante estes acontecimentos, o deputado verde francês Pascal Carfin e o seu homólogo alemão Sven Giegold tiveram a ideia, em junho de 2010, de uma iniciativa original. Lançaram um “apelo à vigilância financeira”, garantindo, em meia dúzia de dias, o apoio de 22 membros, de todas as tendências, da Comissão de Assuntos Económicos. Os dois homens procuravam gente dinâmica com sólida bagagem financeira. Thierry Philipponnat respondeu à chamada.
Ao fim de 20 anos de experiência nos meios da banca e da bolsa, em 2006 Thierry Philipponnat deixou um lucrativo emprego por uma vida completamente nova. Primeiro, na difusão do microcrédito nos países pobres, depois, nas fileiras da Amnistia Internacional.
Os deputados financiaram do seu próprio bolso os primeiros seis meses de ação, que deram frutos. No final de uma tournée de vários meses por sete Estados-membros da UE, tinha conseguido o apoio de 38 organizações, da Oxfam à Confederação Europeia dos Sindicatos, e reunido um capital inicial de cerca de meio milhão de euros junto de fundações privadas. Paralelamente, o Parlamento fazia pressão para que a Finance Watch recebesse um financiamento europeu. Este ano, foram atribuídos 1,25 milhões de euros para esta causa e Michel Barnier, que é o novo comissário europeu para o Mercado Interno, deu a entender que a Finance Watch vai receber a maior parte desse dinheiro.
Seis meses depois da assembleia constituinte, Thierry Philipponnat é hoje o secretário-geral de um gabinete de especialistas e de lóbi mandatado pelo Parlamento, financiado pelos contribuintes e apoiado por organizações que totalizam 100 milhões de membros.
O jogo vale a pena? Pode este punhado de homens fazer qualquer coisa perante a hidra do lóbi financeiro? Só em Bruxelas, os bancos e outras instituições financeiras encarregaram 700 especialistas para orientarem o processo legislativo na direção que mais lhes convém. E a sua esfera de influência alarga-se.

“É o mesmo trabalho que eu fazia antes”

A tarefa é árdua, como testemunha o braço de ferro em torno dos contratos de troca sobre o risco de crédito exposto, os Credit Default Swaps (CDS), que permitem aos hedge funds especularem sobre a solvência dos Estados sem terem de apostar muito dinheiro. Os preços dos CDS permitem avaliar os riscos que pesam sobre a solvabilidade de um Estado e podem, também, agravar seriamente uma eventual crise da dívida soberana, podendo mesmo provocá-la.
Por esta razão, em março de 2011, o Parlamento Europeu exigiu a proibição total destas transações. Os sindicatos dos hedge funds e dos bancos reagiram imediatamente, recorrendo a uma estratégia que Thierry Philipponnat batizou como “estratégia do detalhe complicado”. Os deputados não perceberam os mecanismos dessas transações, alardearam os lobistas nas páginas do Financial Times. Além disso, se a proibição fosse aplicada, “reduziria o volume de liquidez no mercado de obrigações dos Estados, o que se traduziria, no fim, por um aumento dos custos para quem empresta” – um argumento difícil de refutar pelos leigos.
Mas, conhecedor dos mercados, Thierry Philipponnat não teve nenhuma dificuldade em pôr a nu a mistificação. A sua análise dos prós e contras da questão foi ouvida. De tal maneira que o próprio comissário europeu do setor chamou a si a argumentação de Thierry Philipponnat e a assembleia plenária manteve a proibição.
No entanto, quando a proposta foi submetida a votação no Conselho de ministros das Finanças, no mês de outubro, alguns ministros insistiram que o texto devia prever isenções. “Era, claramente, o resultado de um grande trabalho de lóbi”, diz Joost Mulder, louvando, de passagem, o trabalho dos seus antigos colegas. Agora, o texto apresenta “uma brecha aberta”, mas isso não impede Joost Mulder de demonstrar uma enorme confiança: “Na realidade, é o mesmo trabalho que eu fazia antes mas, atualmente, durmo muitíssimo melhor”, confessa.
Entrevista

Pascal Canfin, o inimigo da finança

Pascal Canfin, o inimigo da finança
“Acabar com a arrogância das Finanças”: eis, segundo o semanário francês Télérama, o objetivo da Finance Watch. O semanário entrevistou o fundador desta ONG, o eurodeputado Pascal Canfin.
“Estou orgulhoso por ter criado a Finance Watch”, declara o ecologista francês, que explica -
... era absolutamente necessário criar uma iniciativa que combatesse o incrível lóbi das Finanças. Mas esta ONG devia ser ‘transpartidária’, dado que a sociedade civil já não responde a um apelo de um partido, sobretudo um partido minoritário como os Verdes. Convém também realçar que o Parlamento Europeu, contrariamente à Assembleia Nacional, é eleito através do sistema de representação proporcional, não existe maioria nem minoria automática. Cada texto tem a sua maioria. Negócio com muita perseverança e quando o balanço é globalmente positivo, voto a favor.
Considerando que os Estados perderam a oportunidade, em 2008 e 2009, de reformar o setor bancário quando “os bancos estavam de joelhos”, Canfin estima que "a mudança na Europa passa necessariamente pela dupla alternância de poder, em 2012 na França e em 2013 na Alemanha".
ito mais nos governos do Reino Unido e dos U.S.A..

Falar claro - 4

Este ano da graça de 2012 vai, muito provavelmente ser o ano da grande sementeira das mudanças geopolíticas que ocorrerão nos seguintes:
- vamos ter mudanças nos protagonistas políticos que nos conduziram ao caos em que vivemos no mundo ocidental. Putin ( que tanto prejuízo energético trouxe à europa ) vai a votos e ganhará mas muito condicionado e sabendo que não volta a ganhar ( Medevedev já percebeu que não quer ficar sem cabeça e anunciou que acabou o jogo das cadeiras rotativas para o Kremelin ); Sarkozy vai a votos para ser corrido pelo eurofederalista socialista Francois Hollande que já anunciou que os países com dívidas as devem reescalonar ; Merkel vai a votos e deve perder, mas pior que perder é ter de governar a europa sem a frança de Hollande. E , na américa, em Novembro, Obama, cada vez mais patético, deve dar lugar a outro.
- vamos também assistir ao declíneo das agências de ratting.
- e vamos finalmente compreender como estas apenas serviram de bazucas para a guerra que o eixo anglo-americano decidiu contra  o euro e perdeu: a City e Wall-Street vão assistir ao despedimento de muito má gente, e Frankfurt surgirá como a potencial grande bolsa ocidental com regulamentos à maneira alemã....enquanto a maioria da Eurolândia num reflexo de defesa acelerará os mecanismos fiscais transnacionais e a regulação respectiva para se salvar salvando o Euro.

ASSIM VAI O MUNDO que não vem nos jornais:

-O desemprego nos U.S.A., subiu em Janeiro 0.4 pontos.
- Irão cortou vendas para companhias petrolíferas francesas ou inglesas.
-Japão registou deficit comercial record no mês de Janeiro : 18,6 biliões (Milhões de milhões )de dólares em Janeiro.
- Desde Dezembro passado que Japão e China pagam as trocas comerciais somente em yuans chineses ou yens japoneses ( o dólar sumiu ).
- Desde esta semana que a ìndia passa a pagar o petróleo iraniano em rupias indianas ( sumiu-se o dólar).

ASSIM VAI A RÚSSIA

Russia

Putin Pledges 400 ICBMs for Russia in Ten Years

Topic: Putin to run for Russian president in 2012

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Vladimir PutinPutin Pledges 400 ICBMs for Russia in Ten Years
06:18 20/02/2012
MOSCOW, February 20 (RIA Novosti)
Tags: presidential elections 2012, ICBM, Tu-95, Vityaz, S-400, Iskander, Yars, Russian army, Vladimir Putin,

Russia’s armed forces will receive over 400 modern intercontinental ballistic missiles (ICBMs), more than 100 military spacecraft and over 2,300 new tanks within the next ten years, Prime Minister and presidential candidate Vladimir Putin said.
Earlier media voiced fears that by 2020, Russia’ ICBM arsenal could reduce by more than half as over 400 missiles would go beyond their maximum service life without timely replacement.
“Within the next decade, the armed forces will receive more than 400 modern ground- and sea-based intercontinental ballistic missiles, eight ballistic missile submarines, about 20 general purpose attack submarines, over 50 surface ships and some 100 military-purpose spacecraft,” Putin wrote in a new article for the Rossiiskaya Gazeta government daily.
He said the number will also include “over 600 modern aircraft, including fifth-generation fighters, more than a thousand helicopters, 28 regimental sets of S-400 [SA-21 Growler] surface-to-air missile systems, 38 division sets of Vityaz air defense systems, 10 brigade sets of Iskander-M (SS-26 Stone) tactical missile systems, more than 2,300 modern tanks, some 2,000 self-propelled artillery systems and guns, as well as more than 17,000 military vehicles.”
Putin said the ground, sea and air components of Russia’s nuclear triad are stable and sufficient at the moment.
Chief of the Russian General Staff, Army Gen. Nikolai Makarov said on February 15 that Russia would use nuclear weapons in response to any imminent threat to its national security.

The general said Russia’s nuclear deterrent is the cornerstone of strategic stability and serious efforts are being made by the Russian government to modernize the country’s nuclear triad.
The Russian Defense Ministry is planning to acquire at least 10 Borey class strategic nuclear submarines, thoroughly upgrade its fleet of Tu-160 Blackjack and Tu-95 Bear strategic bombers, and equip its Strategic Missile Forces with formidable Yars mobile ballistic missile systems.
Putin also wrote that he believes substantial investment in Russia’s defense sector, in particular, the armaments program, will be positive for the country’s economy.
This is Putin’s sixth article outlining the points of his election program in Russian media. The previous articles focused on general and economic issues, ethnic problems, democratic development and social policy.
Putin served two terms as Russia’s president between 2000 and 2008, but the Constitution barred him from standing for a third consecutive term. He became prime minister after his handpicked successor, Dmitry Medvedev, was elected president.

Russia will hold presidential elections on March 4. Putin, from the governing United Russia party, is the frontrunner in this year's election campaign. His closest rival is Gennady Zyuganov, the leader of the Communist Party. Other contenders are Liberal Democrat leader Vladimir Zhirinovsky, A Just Russia leader Sergei Mironov and independent billionaire candidate Mikhail Prokhorov.
© Сollage by RIA Novosti

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

senhor passos coelho , reestruture a dívida já!


Grécia

“Só tenho 5 euros e estou a entrar em pânico”

16 fevereiro 2012
To Vima Atenas
Um funcionário de um organismo público de habitação para trabalhadores, a ser eliminado em breve pelo Governo, ameaça saltar. Atenas, 15 de fevereiro de 2012
Um funcionário de um organismo público de habitação para trabalhadores, a ser eliminado em breve pelo Governo, ameaça saltar. Atenas, 15 de fevereiro de 2012
AFP
Endividados, preocupados, deprimidos, muitos gregos buscam apoio nos centros de ajuda Ekpizo. Reportagem em Atenas, durante uma sessão de terapia de grupo.
De rosto tenso, os participantes na sessão trocam algumas saudações contidas, antes de se encostarem às paredes. Como se tivessem medo de se sentar nas cadeiras dispostas em círculo, para uma erapia de grupo. Parecem ter dificuldade em aceitar que, atolados de dívidas, estão completamente desesperados.
Quando a interlocutora entra na sala, o clima glacial distende-se um pouco. São 18 horas, em plena Atenas, no Ekpizo, o centro de ajuda grego para sobreendividados, que lida com aqueles que já não conseguem ver saída para a sua situação. "Há mais de um ano e meio que ouço as mesmas palavras",testemunha Lila Linardatou, trabalhadora no Ekipzo.

Quatro já se suicidaram

Advogada, tenta dar conselhos aos que pretendem negociar uma extensão de empréstimo com os bancos. "O nosso objetivo é evitar o pior", diz. Já mais de seis mil pessoas se dirigiram ao Ekipzo, onde advogados, psiquiatras e psicólogos – todos voluntários – tentam tranquilizar aqueles que, sob o peso da crise, começam a ir-se abaixo.
Os minutos passam e os presentes descontraem-se um pouco. Entre todos, fica-se com um mosaico de experiências que ilustram as muitas e variadas formas que pode manifestar o sobreendividamento. Consumidores que utilizam cartões de crédito para tapar outros, chefes de família que se endividaram "até ao pescoço" com problemas de saúde e que nunca mais conseguiram levantar a cabeça, pessoas que vivem num impasse, a aguardar um desfecho que nunca mais chega.
"A situação está insustentável. As empresas de crédito telefonam-me às dez vezes por dia com ameaças", conta Konstantinos Venerdos, que teve de se aposentar recentemente por motivos de saúde. "Pedi para chegarmos a um acordo amigável, mas os bancos ignoram-me. Tenho apenas 5 euros no bolso até acabar o mês e estou a entrar em pânico. Penso cada vez mais em suicídio, para acabar com isto. Mas também penso no meu filho. O que vai ser dele, se eu desistir?".

O medo da rua

Outros passaram aos atos. "Nos últimos meses, quatro membros do grupo suicidaram-se e dezenas de outros só se aguentam com medicação. Temos de fazer qualquer coisa para evitar mais vítimas", preocupa-se Mikela Christodoulou, outra voluntária do Ekipzo.
Submetidos a um stresse insustentável, os que se dirigem ao Ekipzo trazem também problemas de saúde bem reais, frequentemente resultantes do seu sofrimento psicológico, como é o caso de problemas cardíacos e de estômago, entre outros. "Acabam de me diagnosticar uma úlcera”, relata Dimitri. “Nunca devi uma dracma a ninguém, em toda a minha vida. Hoje, não consigo pagar o empréstimo", declara um ex-corretor que não quer dizer o apelido. Em plena crise económica, teve que fechar a loja de que vivia, no ano passado.
A sessão de psicoterapia não procura culpados, mas há que detetar responsabilidades: "Reconheço que entrei numa espiral sem fim. Utilizava um cartão de crédito para cobrir o outro”, confessa Mario, funcionário público. “Com todas as solicitações atraentes dos bancos, acabei por ter 20 cartões diferentes. Mas o meu salário foi reduzido várias vezes e agora estou com medo de ir parar à rua."

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A GUERRA ESTÁ À PORTA

Presidente e director do Centre for Research on Globalization, Michel Chossudovsky conversou com o i sobre essa possível terceira guerra mundial, de que fala no seu livro “Towards a World War III Scenario: The Dangers of Nuclear War”. Crítico da fortificação militar que os Estados Unidos estão a construir em torno da China, o professor canadiano da Universidade de Otava defende que a opinião pública é fundamental para evitar uma guerra nuclear.
Diz no seu livro que a guerra com o Irão já começou e que os Estados Unidos estão apenas à espera de um rosto humano para lhe dar. Acredita que os objectivos políticos e geoestratégicos de Washington podem levar-nos a uma guerra nuclear com consequências para toda a humanidade?
Não quero fazer previsões e ir além do que aconteceu. Tudo o que posso dizer, e tenho vindo a dizê-lo de forma repetida, é que a preparação para a guerra está a um nível muito elevado. Se será levada a cabo ou não é outro patamar, e ainda não o podemos afirmar. Esperemos que não. Mas temos de considerar seriamente o facto de que este destacamento de tropas é o maior da história mundial. Estamos a assistir ao envio de forças navais, homens, sistemas de armamento de ponta, controlados através do comando estratégico norte-americano em Omaha, Nebrasca, e que envolve uma coordenação entre EUA, NATO e forças israelitas, além de outros aliados no golfo Pérsico (Arábia Saudita e estados do Golfo). Estas forças estão a postos. Isto não significa necessariamente que vamos entrar num cenário de terceira guerra mundial, mas os planos militares no Pentágono, nas bases da NATO, em Bruxelas e em Israel, estão a ser feitos. E temos de os levar muito a sério. Tudo pode acontecer, estamos numa encruzilhada muito perigosa e infelizmente a opinião pública está mal informada. Dão espaço a Hollywood, aos crimes e a todo o tipo de acontecimentos banais, mas, no que toca a este destacamento militar que poderá levar-nos a uma terceira guerra mundial, ninguém diz nada. Isso é um dos problemas, porque a opinião pública é muito importante para evitar esta guerra. E isso não está a acontecer, as pessoas não se estão a organizar para se oporem à guerra. Isto não é uma questão política, é um problema muito mais vasto, e tenho de dizer que os meios de comunicação ocidentais estão envolvidos em actos de camuflagem absolutamente criminosos. Só o facto de alinharem com a agenda militar, como estão a fazer na Síria, onde sabemos que os rebeldes são apoiados pela NATO, na Arábia Saudita e em Israel, e como fizeram na Líbia, é chocante do meu ponto de vista, porque as mentiras que se criam servem para justificar uma intervenção humanitária.
Em vez de uma guerra nuclear, não podemos assistir a um cenário semelhante à Guerra Fria, com os EUA, a União Europeia e Israel de um lado e a China, a Rússia e o Irão do outro?
Esse cenário já é visível. A NATO e os EUA militarizaram a sua fronteira com a Rússia e a Europa de Leste, com os chamados escudos de defesa antimíssil – todos esses mísseis estão apontados a cidades russas. Obama sublinhou em declarações recentes que a China é uma ameaça no Pacífico – uma ameaça a quê? A China é um país que nunca saiu das suas fronteiras em 2 mil anos. E eu sei, porque ando a investigar este tema há muito tempo, que está a ser construída toda uma fortaleza militar à volta da China, no mar, na península da Coreia, e o país está cercado, pelo menos na sua fronteira a sul. Por isso a China não é a ameaça. Os EUA são a ameaça à segurança da China. E estamos numa situação de Guerra Fria. Devo mencionar, porque é importante para a UE, que, no limite, os EUA, no que toca à sua postura financeira, bancária, militar e petrolífera, também estão a ameaçar a UE. Estão por trás da destabilização do sistema bancário europeu.
E a colocação de mais tropas em torno da China vai trazer mais tensão à região.
Quanto a isso não tenho dúvidas, porque os EUA estão a aumentar a sua presença militar no Pacífico, no oceano Índico e estão a tentar ter o apoio das Filipinas e de outros países no Sudeste Asiático, como o Japão, a Coreia, Singapura, a Malásia (que durante muitos anos esteve reticente a juntar-se a esta aliança). Portanto, Washington está a formar uma extensão da NATO na região da Ásia-Pacífico, direccionada contra a China. Não há dúvidas quanto a isto. E não se vence uma guerra contra a China. É um país com uma população de 1,4 mil milhões de pessoas, com um número significativo de forças, tanto convencionais como estratégicas. Por isso, com este confronto entre a NATO e os EUA, de um lado, e a China, do outro, estamos num cenário de terceira guerra mundial. E toda a gente vai perder esta guerra. Qualquer pessoa com um entendimento mínimo de planeamento militar sabe que este tipo de confronto entre superpotências – incluindo o Irão, que é uma potência regional no Médio Oriente, com uma população de 80 milhões de pessoas – poderá levar-nos a uma guerra nuclear. E digo isto porque os EUA e os seus aliados implementaram as chamadas armas nucleares tácticas – mudaram o nome das bombas e dizem que são inofensivas para os civis, o que é uma grande mentira.
Mentira porquê?
Está escrito em todos os documentos que a B61-11 [arma nuclear convencional] não faz mal às pessoas e planeiam usá-la. Tenho estado a examinar estes planos de guerra nos últimos oito anos, e posso garantir que estão prontos a ser usados e podem ser accionados sem uma ordem do presidente dos EUA. Olhe para o que eles designam “Nuclear Posture Review” de 2001, um relatório fulcral que integra as armas nucleares no arsenal convencional, sublinhando a distinção entre os diferentes tipos de armas e apresentando a noção daquilo que chamam “caixa de ferramentas”. E a caixa de ferramentas é uma colecção de armas variadas, que o comandante na região ou no terreno pode escolher, onde estão estas B61-11, que são consideradas armas convencionais. Se quiser posso fazer uma analogia, é a mesma coisa que dizer que fumar é bom para a saúde. As armas nucleares não são boas para a saúde, mudaram o rótulo e chamaram--lhes bombas humanitárias, mas têm uma capacidade destruidora seis vezes superior à de Hiroxima.
Mas a maior parte das pessoas não parece consciente da gravidade do cenário...
A ironia é que a terceira guerra mundial pode começar e ninguém estará sequer a par, porque não vai estar nas primeiras páginas. Na verdade, a guerra já começou no Irão. Têm forças especiais no terreno, instigaram todo este tipo de mecanismos para desestabilizar a economia iraniana através do congelamento de bens. Há uma guerra da moeda em curso – isto faz parte da agenda militar. Desestabilizando-se a moeda de um país desestabiliza-se a sua economia, bloqueiam-se as exportações de petróleo, e isto antecede a implementação de uma agenda militar. Se eles puderem evitar uma aventura militar contra o Irão e ocupar o país através de outros meios, fá-lo-ão. É isso que estão a tentar neste momento. Querem a mudança de regime, o colapso das petrolíferas, apropriar-se dos recursos do país, e têm capacidade para fazer isto tudo sem uma intervenção militar, embora alguma possa vir a ser necessária. Mas o Irão é considerado uma das maiores potências militares da região e basta olharmos para as análises da sua força aérea, a sua capacidade em mísseis, as suas forças convencionais que ultrapassam um milhão de homens (entre activo e reserva), o que permite que de um dia para o outro consiga mobilizar cerca de metade, ou até mais. Tendo em conta estes números, os EUA e os seus aliados não conseguem vencer uma guerra convencional contra o Irão, daí a razão pela qual estão a tentar fazer a guerra com outros meios, e um desses meios é o pretexto das armas nucleares.
Acha que o Ocidente pode lançar um ataque preventivo contra o Irão mesmo sem provas?
Claro que sim! Olhe para a história dos pretextos para lançar guerras. Olhe para trás, para todas as guerras que os EUA começaram, a partir do século xix. O que fazem sistematicamente é criar aquilo que chamamos incidente provocado para começar a guerra. Um incidente que lhes permite justificar o início de um conflito por motivos humanitários. Isto é muito óbvio. Em Pearl Harbor, por exemplo, sabe-se que foi uma provocação, porque os EUA sabiam que iam ser atacados e deixaram que tal acontecesse. O mesmo se passou com o incidente no golfo de Tonkin, que levou à guerra do Vietname. E agora são vários os pretextos que emergem contra o Irão: as alegadas armas nucleares são um, outro é o alegado papel nos atentados 11 de Setembro, pois desde o primeiro dia que acusam o país de apoiar os ataques, a afirmação mais absurda que podem fazer, pois não existem quaisquer provas. Mas os mediaagarram nestas coisas e dizem “sim, claro”.
Pode explicar às pessoas de uma forma simples a relação entre guerra contra o terrorismo e batalha pelo petróleo?
A guerra contra o terrorismo é uma farsa, é uma forma de demonizar os muçulmanos e é também a criação, através de operações em segredo dos serviços secretos, de brigadas islâmicas, controladas pelos EUA. Sabemos disso! Estas forças, ligadas à Al-Qaeda, são uma criação da CIA de 1979. Por isso a guerra contra o terrorismo é apenas um pretexto e uma justificação para lançar uma guerra de conquista. É uma tentativa de convencer as pessoas de que os muçulmanos são uma ameaça e de que estão a protegê-las e para isso têm de invadir países perigosos, como o Irão, o Iraque, a Síria e a Coreia do Norte, que perdeu 25% da sua população durante a Guerra da Coreia, mas, no entanto, continua a ser tida como uma ameaça para Washington. É absurdo! Os americanos são um pouco como a inquisição espanhola. Aliás, piores! O que mais me choca é que os EUA conseguem virar a realidade ao contrário, sabendo que são mentiras e mesmo assim acreditando nelas. A guerra contra o terrorismo é uma mentira enorme, mas todas as pessoas acreditam e o mesmo se passava com a inquisição espanhola – ninguém a questionava. As pessoas conformam-se com consensos e quem assume a posição de que isto não passa de um conjunto de mentiras é considerado alguém em quem não se pode confiar e provavelmente perderá o emprego. Por isso esta guerra é contra a verdade, muito mais séria que a agenda militar. Contra a consciência das pessoas – parece que ninguém está autorizado a pensar. E depois vêm dizer-nos “Ah, mas as armas nucleares são seguras para os civis”. E as pessoas acreditam.
Será Israel capaz de atacar Irão sem o apoio dos EUA?
Não. Eles podem enviar as suas forças, por exemplo para o Líbano, mas o seu sistema está integrado no dos EUA e, como o Irão tem mísseis, têm de estar coordenados com Washington. É uma impossibilidade em termos militares. Em 2008, o sistema de defesa aérea de Israel foi integrado no dos EUA. Estamos a falar de estruturas de comando integradas. Quer dizer, Israel pode lançar uma pequena guerra contra o Hezbollah ou até contra a Síria, mas contra o Irão terá de ser com a intervenção do Pentágono. Embora tendo uma fatia significativa de militares, Israel tem uma população de 7 milhões de pessoas e não tem capacidade para lançar uma grande ofensiva contra o Irão.