segunda-feira, 30 de maio de 2011

QUANDO NO DIE WELT SE ESCREVE ISTO , O EURO ACABOU E A GUERRA ESTÁ PRÓXIMA

Há coisas em política que mesmo que se pensem não se podem dizer. É por isso que não há um político que se possa dar ao luxo de não mentir.
Mas nos media não é assim. Quando um jornal de referencia acolhe um artigo como este, é porque acha que os leitores não só não vão ficar chocados como até pensam o mesmo . Vale por isso a pena saber o que pensam os teutões para sabermos o que nos está para acontecer, como se pode ver aqui.http://www.presseurop.eu/pt/content/article/684541-ousemos-europa-20

BILIÕES FOGEM DOS BANCOS GREGOS

Não houve “casamento” para um consenso alargado em Atenas na reunião de sexta-feira convocada pelo Presidente da República Karolos Papoulias.
O primeiro-ministro socialista Georgios Papandreou (líder do PASOK) não conseguiu convencer os restantes participantes para um apoio ao novo plano de austeridade de mais €6 mil milhões em cortes orçamentais e ao arranque efetivo do plano de privatizações que poderá somar até 2015 cerca de €50 mil milhões. Quem assistiu à reunião entre os partidos diz que o diálogo descambou em combate verbal em estilo de conversa de café ou blogoesfera.
Esta reunião de emergência seguiu-se à ameaça explícita feita por Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderá não autorizar até 29 de junho a transferência da 5ª tranche do plano de resgate (que totaliza €110 mil milhões), abrindo uma situação de default eminente. Essa recusa do FMI poderá vir na sequência do relatório que a missão técnica deverá divulgar esta semana.
Levantamentos em massa nos bancos
Soube-se, entretanto, que só na quinta e sexta-feiras da semana passada, os gregos levantaram €1,5 mil milhões dos bancos. O montante levantado em maio já totaliza €4 mil milhões. Em abril haviam saído dos bancos €2 mil milhões.
Um dos principais opositores ao plano do governo – exigido pela troika UE/BCE/FMI – é o partido de direita Nova Democracia que deixou o país numa situação de pré-bancarrota antes de perder as eleições para o PASOK em outubro de 2009. O novo governo ver-se-ia, depois, obrigado a assinar um plano de resgate em maio de 2010. A Nova Democracia exige, agora, cortes nos impostos que poderão enfraquecer ainda mais os cofres do fisco.
As forças à esquerda do governo, o KKE (partido comunista) e o SYRIZA (coligação esquerdista), bem como os sindicatos apostam no agravamento da situação estando previstas uma concentração popular a 4 de junho na praça central de Atenas e uma nova greve geral a 21 de junho.
O bolo das privatizações
Há, também, discordâncias sobre o plano de privatizações que, segundo Juergen Stark, membro da direcção do Banco Central Europeu, poderá valer €300 mil milhões, 6 vezes mais do que o planeado oficialmente. A primeira vaga deste plano abrange as participações do estado nos portos estratégicos gregos, aeroportos, caminhos de ferro, companhias de águas de Tessalónica e Atenas, hipódromos, empresas de telecomunicações e o banco postal. Um dos pontos difíceis de concretizar é a privatização das ilhas.
A Grécia pretende criar um fundo soberano com todos estes activos, mas em Bruxelas fala-se da criação de uma agência independente similar à que na Alemanha tratou da privatização dos ativos da parte leste do país depois da unificação. O comissário Olli Rehn confirmou hoje ao jornal alemão Der Spiegel essa sugestão de implementar o modelo alemão, colocada na semana passada pelo presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker. Além disso, Bruxelas pretende um envolvimento efetivo neste plano.
O governo de Atenas já afirmou, também, que o Tesouro não estará em condições de regressar em março de 2012 ao mercado financeiro para colocar dívida publica, pelo que uma extensão do actual plano de resgate ou um plano adicional (os valores referidos andam entre €30 mil milhões e 65 mil milhões) serão necessários, se não houver algum tipo de reestruturação da dívida grega que se estima que representará 158% do PIB no final deste ano.
A nova reunião do Eurogrupo (ministros da zona euro) está prevista para 20 de junho no Luxemburgo, nove dias antes da data em que a 5ª tranche do FMI para a Grécia deveria ser transferida para Atenas.
Jens Bastian: o fim de uma época
“Esta crise marca o fim de uma época, em que a Grécia era considerada um dos 25 países mais ricos do mundo. Mas o país perdeu a ‘europeização’ que outros fizeram e nunca chegou a fazer uma limpeza política como a Itália fez no final da era Craxi”, diz ao Expresso o economista Jens Bastian, de Atenas.
Mas as condições atuais de mudança não são as melhores: “A classe empresarial é um anão político e o estado permanece altamente clientelar. Mas o modelo colapsou”. “O enquadramento atual para uma solução é altamente irrealista. É necessário um quadro temporal mais realista para uma mudança sistémica”, acrescenta.
No entender de Bastian, a “limpeza do passado” é pouco provável que se faça, a adopção de medidas socialmente aceitáveis é problemática, e há falta de novas lideranças – apenas os novos presidentes de câmara de Atenas e Tessalónica são uma lufada de ar fresco. “Uma visão para o futuro, numa escala de 0 a 10, está entre 0 e 5″, ironiza.

IRLANDA NECESSITA SEGUNDO PLANO DE RESGATE

A Irlanda poderá ter necessidade de um segundo “plano de resgate”, disse ontem o ministro irlandês dos Transportes Leo Varadka, do Fine Gael, ao jornal Sunday Times inglês.
Razão, nas suas próprias palavras: é pouco provável que a Irlanda consiga regressar aos mercados financeiros para emitir dívida em 2012 [conforme planeado no acordo com a troika EU/BCE/FMI] se os juros dos títulos da dívida se mantiverem aos níveis que estão atualmente no mercado secundário (mais de 11% nas maturidades a 10 anos e mais de 12% nas maturidades a 2 anos). E acrescentou: “talvez lá para 2013 seja possível, mas quem sabe”.
As duas opções
Segundo o jornal alemão Financial Times Deutschland de hoje os políticos irlandeses terão começado a discutir a necessidade de um programa adicional ao existente acordado com a troika em novembro de 2010 e este ministro foi o primeiro a admiti-lo publicamente. Ou a extensão do programa atual ou um novo resgate estarão em início de discussão nos meios políticos e governamentais irlandeses.
Portugal um país de festas .E por que diabo não podemos trabalhar mais duas horas e meia por semana para compensar o FSU em 10% a menos sem aumentar o IVA ? Como se pode ver aqui.http://sp.rian.ru/infografia/20110519/149027937.html

fumos de guerra.............

A tecnologia russa militar não se perdeu com a queda do muro de Berlim. Com apoio chinês desenvolve-se, como se pode ver aqui.http://sp.rian.ru/Defensa/20110503/148866691.html

domingo, 29 de maio de 2011

AS SPRATLY

A propósito das spratly, em 2005 um especialista já dizia isto aqui

ILHAS SPRATLY

Fixem o nome destas ilhas.
Há dois anos e meia que venho falando delas como o "pivot" da guerra no extremo oriente. Mas nunca as chamei pelo nome.
Na realidade não passam de ilhotas pouco ou nada habitadas dispersas por uma extensão de um quadrado de mil quilómetros de lado e que são requeridas como território nacional da Indonésia, Singapura, Malásia, ,etc,a que se somam os dois mais importantes estados: as Filipinas e a China.
Acontece agora que filipinos e chineses andam a negociar a soberania das ilhas pelo facto de - finalmente agora - se ter a confirmação da sua riqueza e dos seus mares em hidrocarbonetos ( que é coisa que não abunda por aqueles sítios ). Por isso as negociações decorrem e já há frutos: a china está a dotar as filipinas com material de guerra aérea para a sua parte na defesa das ilhas .... Porque será ?

OCIDENTE NAS LONAS

A economia mundial vai crescer em 2011 apenas 3,1% e em 2012 um pouco mais, 3,5%, taxas de crescimento anuais inferiores ao crescimento verificado em 2010 que se terá cifrado em 3,6%.

O que esta sucessão significa é que a economia mundial vai abrandar. E pode até ficar muito mais abaixo: o crescimento pode sofrer reveses e descer abaixo de 2%! Quem o diz são as Nações Unidas, que divulgaram, esta semana que finda, o seu relatório sobre a situação e perspetivas para a economia mundial em 2011.

Este abrandamento é derivado de dois fatores: a permanência de problemas estruturais nas economias desenvolvidas que impedem uma descolagem económica efetiva e o abrandamento também nos países em desenvolvimento e economias emergentes que crescerão apenas 6% entre 2011 e 2012 abaixo dos 7% de 2010.

Um ponto percentual a menos no crescimento do mundo em desenvolvimento e emergente tem um efeito dominó no PIB mundial, pois desde o 4º trimestre de 2009 que essa parte do globo contribui com mais de 50% da expansão da economia mundial.

A ONU admite inclusive que uma nova recessão poderá bater à porta da Europa, Estados Unidos e Japão.

AMÉRICA JÁ ESTÁ EM ESTAGNOFLAÇÃO mistura de estagnação económica, inflação e desemprego

O debata acalorado sobre a situação americana regressou em força na blogoesfera dos académicos e nos media. O pessimismo regressou.

Facilitismo monetário e estagflação

Ronald McKinnon, da Universidade de Stanford, afirma, em coluna de opinião no The Wall Street Journal, que a economia da primeira potência mundial já entrou em estagflação, o palavrão de economês que significa que a economia vive uma mistura de estagnação económica com inflação e alto desemprego.

McKinnon salienta que o índice de preços dos produtos acabados – excluindo serviços e preços da habitação – aumentou 6,8% em abril e que o desemprego atingiu os 9%.

O professor de Standard alertou para um padrão similar ao dos anos 1970: “A estagflação derivou de uma política monetária facilitista conjugada com tentativas de desvalorizar o dólar, o que levou à saída massiva de dinheiro quente que desestabilizou os sistemas monetários dos parceiros comerciais da América. Ainda que a estagflação de hoje não seja idêntica, as parecenças são chocantes”.

Krugmam: uma terceira longa depressão

Por seu lado, Paul Krugman vai mesmo mais longe. “Temo que estejamos a viver a fase inicial de uma terceira depressão”, afirma o professor de Princeton, esta semana, na sua coluna “The Conscience of a Liberal” publicada no The New York Times.

O Nobel de Economia alvitra que poderemos estar a atravessar um período similar ao da longa depressão da segunda metade do século XIX, entremeado por alguns períodos de retoma que nunca conseguiram reparar o estrago inicial e que acabaram em recaídas.

Na segunda metade do séc. XIX, o PIB mundial contraiu quase 1% em 1876 e 1,1% em 1893, segundo dados do falecido Angus Maddison (“Contours of the World Economy”, Oxford). Trata-se de uma quebra superior à de 2009 (quebra do PIB mundial de 0,8%, segundo dados do World Economic Outlook, do FMI, de 26/01/2010).

Em termos de “catálogo” histórico, viveu-se uma recessão global entre 1890-1893, a partir da crise financeira desencadeada pelo Baring Brothers na City londrina, segundo o estudo de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff (“This Time is Different”, Princeton University Press). Uma crise financeira importante nos países desenvolvidos ocorreu, também, em 1873, que teria um “eco” recessivo em 1876.

Muitos historiadores económicos insistem na observação do padrão de crises ocorrido entre 1870 e 1893 em termos de “benchmark” com a situação atual, mais do que na comparação, usual, entre o que ocorreu desde 2007 e a Grande Depressão de 1929/1933.

Krugmam cita o economista Brad DeLong, da Universidade de Berkeley, que escreveu, esta semana, um post sugestivamente intitulado: “Time to Panic”. A razão do pânico nos Estados Unidos: não houve fecho do fosso (entre o crescimento real efetivo e o crescimento potencial) nos últimos seis trimestres desde o final de 2009, depois de uma recuperação desde o pico da recessão em 2008.

A ASSOMBRAÇÃO DOS ASSOMBRADOS



UM PALPITE

Entre quinta e sexta o PSD vai mandar cá para fora "outra " escandalosa nova eleitoral A ver vamos.
DEPOIS das nove nomeações que não o foram. A propósito é giro ver como era antigamente aqui.http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/governantes-em-gestao-continuam-a-nomear-membros-de-gabinetes_1213563.
O texto acima foi o post que escrevi na quarta , 25 de maio. Na sexta, começou a falar-se de "mais uma mentira de Sócrates" : o texto do memorandum de entendimento com a chamada troika estava com vício de forma e, pior , de substância e o governo tinha , mais uma vez enganado propositadamente os partidos. Esta era a tese do miúdo coelhóquio a que se opôs Portas que considerou a questão não substancial.
Como toda a gente percebeu, Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI quando redigiram a versão final em inglês ( que não nas várias línguas  que os 50 técnicos que cá estiveram dominam ), corrigiu os erros léxicos mas não os semânticos porque as exigências que nos fazem estão lá na mesma.
E no sábado, ontem , o tema da campanha passou a ser este: as mentirolas do nazi, do drácula (josé luís arnault), do sadam hussein(nuno morais sarmento), raposa que rouba ( fernando ruas ), gatuno, autor da claustrofobia democrática ( paulo rangel ) e sempre e sempre aldrabão e mentiroso.
Mas a estes taumaturgas PPDs, na verdade só interessava um adjectivo : mentiroso ( ainda ninguém se lembrou se acrescentar relapso e contumaz ) . Por uma razão.
Sendo que qualquer que seja o partido que vença as eleições e vá governar , tem muito pouco para governar de sua própria lavra : o programa de governo é o da troika . Ponto.
Portanto, não podendo discutir programas, resta discutir os homens que vão implementar o programa. E aí, não se deve falar do dinaussarismo do gerónimo, da infantilidade desiderativa do bloco, das incompetências governamentais e da piscina de S. Julião da Barra como primeiros actos da gestão de Portas bem como da sua relapsa e contumaz falta de carácter - como o atestam todos os que o rodearam - , nem, muito menos da falta de experiência em tudo que seja trabalho do passos coelho - que deu explicações quatro meses para ganhar para as discotecas e teve um gabinete na empresa  do tio angelo.
Mas devia dizer-se a verdade : ´Sócrates tirou um curso legal como dezenas de milhares de outros, assinou como engenheiro umas casas muito feias para darem entrada na Câmara - tal qualmente eu pedi ao eng de Cinfães para me fazer com a minha casa de lá, não roubou um tusto com o FReeport como o atesta a polícia inglesa, mas mentiu quando disse que não sabia nada com o negócio da PT que , por causa disso não se realizou , prejudicando os acionistas da empresa; é teimoso mas, pior para os adversários, é tenaz como poucos o foram na História de Portugal e só não concluiu as reformas que fez ( e foi o único a tentar) nos primeiros dois anos do seu mandato porque a pôva do PPD e do CDS desceu às ruas e o obrigou a mandar borda fora o ministro da saúde ( que ficou a meio na maior reforma de saúde que se fez em Portugal ) e a da educação a quem aconteceu exactamente o mesmo.

Por isso, custa muito, mas Sócrates é o mais conhecedor, o mais tenaz cá dentro e na Europa na defesa de Portugal, o menos chiclet dos candidatos, o mais ardiloso politicamente, o mais bem preparado nos dossier, e o único que mostrou ser capaz de diminuir déficites....., e maior estratega nacional ( lembram-se do choque tecnológico ?)

Por isso tem que ser atacado por falta de caracter ( porque não o pode ser por mais nada ) sendo que a história da mentira e do mentiroso estava  mais à mão. Daí que não parem com esse ataque.

Desta vez acordei com a notícia de que  a múmia tzantza dos índios jívaros Manuela Ferreira Leite até nem se importa muito que não ganhe o Passos que ela, que pede desculpa, até nem o acha por aí nada de especial. Mas exige dos Portugueses que  "tirem o Sócrates do governo e o não deixem ficar na oposição porque até aí não fico tranquila".
Tanto , tanto ódio só é possível vindo de burocratas da função pública que invejam sempre quem sabe fazer melhor; ou de jornalistas carreiristas como o ex-director do Expresso  henrique monteiro que quase levava o jornal à falência, ou do cristão-novo Bagão Félix que não perdoa que não tenha sido ele a fazer a reforma das Pensões. Todos eles mostraram o mesmo ódio e para eles o meu total escárnio!


2 - Ao PSD e ao CDS interessa pôr em Lei os seus programas - um pouco agudos  que os da troika - como afirmou passos, sempre sugerindo ou afirmando que estão somente a pôr em execução aquilo a que o PS de SÓCRATES por sua incompetência obrigou. Pois é, mas não é verdade. Como aqui , neste blogue demonstrei, a crise é geral em todo o mundo ocidental e quem engordou o monstro foi sobretudo a sucessão inicial dos governos psd e cds.

Agora aos portugueses importa diminuir as diferenças sociais e aprender a viver sem os sonhos delirantes que Cavaco lhes pregou.

Não tenho dúvidas que os políticos ou líderes nacionais que hoje glorificamos - Afonso Henriques, D.João II, D. Dinis, Infante D. Henrique, Marquês de Pombal, Pina Manique, Fontes Pereira de Melo,os irmãos Almadas, Duarte Pacheco Pereira, António Oliveira Salazar - todos, mas todos, deixaram obra e projectaram Portugal, mas tinham um perfil de personalidade que não era o do lusitano manso que dobra a espinhela. Esse é o do asno que não faz ondas, e Sócrates não é assim  nem se adivinha que venha a ser, porque como todos os citados tem reconhecidos pecados privados que interessam pouco na coisa pública. A tal ponto que creio bem que a não estarmos na UE não haveria eleições mas antes um referendo : Sócrates sim ou Sócrates não . Para mim Sócrates sempre!

Por tudo isto, quero aqui declarar que gente que se guia pelo ódio é gente odiosa, e eu por mim, que ontem disse a Sócrates, aqui em Vila do Conde, que mesmo que perdesse deve manter-se na presidência do PS - porque um governo ppd/cds dura um ano! -  não considero meus amigos (talvez) aqueles que entenderem que quem eu elegi deve ser um homem que tem de  ser saneado estalinisticamente da política portuguesa como eu fui no PREC. Basta!

É que  política não é futebol. Este não me afecta a vida. Aquela condiciona a minha vida. E quando as coisas chegam a este nível de conflito em que o país chega ao ponto de se dividir , como em quaquer guerra civil, por um homem, então sei quem são os meus inimigos. Para mim acabou-se a brincadeira.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

EU ACHO QUE QUEM ACREDITA EM BRUXAS, DEMIURGOS E TAROISTAS ESTÁ DOIDO

MEU DEUS, ELES TRABALHAM DE MAIS !

por Daniel Oliveira
Vinte gestores, diz um relatório da CMVM, têm, sozinhos, mais de mil lugares de administração em empresas nacionais. Recebem, em média, 297 mil euros por ano. Uns meio milhão. Um deles dois milhões e meio. Diz-se que a inveja é o pecado nacional. Da minha parte, confirmo. Não tanto dos salários que os senhores recebem, que sou rapaz de me contentar com menos. Mas da sua extraordinária capacidade de trabalho. Não admira que sejam estes mesmos senhores a exigir moderação salarial. Conseguíssemos nós, preguiçosos, ter tantos empregos simultâneos e em todos trabalhar de forma a justificar vários bons salários e também nos chocávamos com a facilidade com que tanta gente leva, em média, 780 euros mensais para casa por dar todo o seu tempo a apenas uma das empresas onde estes senhores dão no duro.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

UM PALPITE

Entre quinta e sexta o PSD vai mandar cá para fora "outra " escandalosa nova eleitoral A ver vamos.
DEPOIS das nove nomeações que não o foram. A propósito é giro ver como era antigamente aqui.http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/governantes-em-gestao-continuam-a-nomear-membros-de-gabinetes_1213563

CRISE GENERALIZA-SE -2

ECONOMIC CRISIS

Crucial five days

23 May 2011
La Tribune, 23 May 2011
"High-tension week in the world of finance," headlines La Tribune, reporting on major events on the agenda over the next few days. In the debt crisis, Athens is preparing to unveil a new plan to ward off restructuring, while Italy has come under pressure following Standard & Poor’s downgrade of its sovereign debt to negative on 21 May. On the issue of who should replace Dominique Strauss-Kahn as managing director at the IMF, European countries – including the United Kingdom — are banding together to push for the appointment of French Finance Minister Christine Lagarde. Finally, the French business daily notes that on 26 and 27 May, the G8 is set to meet in Deauville at a time when Europe and the United States still do not agree on measures to overcome the crisis — "differences of opinion" that will continue to affect "the debate on post-crisis economic policies for some time to come."

SEGUIR OS ACONTECIMENTOS GREGOS

O economista Jens Bastian, em Atenas, desenha os cenários em cima da mesa e estima probabilidades. A situação está ao rubro no plano político interno e o plano de resgate, que acabou por funcionar como “experiência piloto” na zona euro, está à beira do fracasso. Seguir a par e passo o processo de crise do resgate grego é fundamental para Portugal. O impacto das soluções que lá forem encontradas sentir-se-á em Portugal e na Irlanda.
Olhar de Atenas
A situação grega esteve ao rubro hoje. Os mercados da dívida deram o seu veredicto: o risco de default (incumprimento da dívida soberana grega) subiu de 67,43% na sexta-feira passada para um pico de 70,92% ontem à hora do almoço, e reabriu hoje em 70,57%, tendo fechado nos 68,99%, depois de um claro desanuviamento durante a tarde. A diferença em relação ao segundo país com maior probabilidade de bancarrota, a Venezuela de Hugo Chavez, é de mais de 16 pontos percentuais. Os juros relativos aos títulos gregos no mercado secundário a 2 anos estão, de novo, acima de 26%, níveis proibitivos para qualquer tentativa de ir ao mercado financiar-se no curto prazo.
A pressão europeia para que haja um consenso político alargado em relação ao 5º programa de austeridade em discussão em Atenas não está a conseguir ser concretizada. Antonis Samaras, o líder da Nova Democracia, partido de direita na oposição, pretende medidas mais radicais que as propostas pelo governo de Georges Papandreou. O partido de governo, PASOK, dispõe de maioria no Parlamento para fazer passar o 5º programa de austeridade, mas as pressões internacionais vão no sentido de um apoio alargado.
O novo Sísifo de Atenas
O que pode empurrar a Grécia para uma situação de beco sem saída, para mais com o risco de uma explosão social. O jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung já considerou o primeiro-ministro Papandreou como o novo Sísifo da mitologia grega – de programa de austeridade em programa de austeridade, voltando sempre à estaca zero, com maior fadiga social e maior nervosismo nos mercados financeiros.
Para agravar esta tempestade, a Reuters noticia hoje que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não libertará mais tranches do seu financiamento no âmbito do pacote de resgate à Grécia, se a União Europeia (UE) não assegurar uma solução tranquilizadora para 2012 com um financiamento adicional, tema que tem dividido os parceiros europeus e cuja decisão está a ser arrastada para o outono. O governo grego já avisou que sem essa próxima tranche, o estado grego ficará sem liquidez em julho, e um “evento de crédito”, um default de pagamentos, será imediato. O jornal financeiro holandês “Het Financieele Dagblad” noticia que a UE estaria, secretamente, a preparar uma solução de reescalonamento voluntário da dívida com os credores da Grécia – ou “reestruturação suave”, ou “re-profiling” como foi alcunhada, na semana passada, uma inovação linguística criada pelo presidente do Euro grupo, Jean-Claude Juncker.

CRISE VOLTA A GENERALIZAR-SE

O risco de um “evento de crédito” – termo técnico para um default formal da dívida – na Grécia levou terça-feira (23 de maio) ao rubro o nervosismo dos investidores na dívida soberana.
O custo dos credit default swaps (cds, seguros financeiros contra o risco de incumprimento de um título) disparou na manhã de terça-feira de menos de 1482 pontos base para 1641,92 pontos base e fechou em 1652,41 pontos base.
A probabilidade de incumprimento, medida pelo monitor da CMA DataVision, chutou o risco para um nível acima de 70,54%, um recorde histórico.
O segundo país com a maior probabilidade de bancarrota, a Venezuela de Hugo Chavez, apresenta uma probabilidade de 52,42%. Uma diferença de quase vinte pontos percentuais.
O agravamento da situação política interna (a Oposição não aprova o quinto programa de austeridade), o aviso pelo governo de Atenas que ficaria sem liquidez até antes do verão (se a troika não der luz verde à nova tranche do resgate) e o debate entre responsáveis políticos na praça pública europeia de uma possibilidade de uma reestruturação da dívida (maquilhada ou não) estão a incendiar a situação.
Este agravamento do risco de default ainda não se sente plenamente no mercado secundário, cujas yields (juros implícitos) das obrigações gregas em todas as maturidades se têm mantido esta manhã abaixo dos valores de fecho de segunda-feira. No caso das maturidades a dois anos, os juros desceram para menos de 26%.
Contágio a todo o vapor
A situação grega está, naturalmente, a “contagiar” os outros países da zona euro sob observação dos mercados, potenciando os próprios problemas internos de cada caso: Portugal, Irlanda, Itália e Bélgica. O grupo dos PIIGS (uma sigla irónica que regressou aos comentários e artigos dos especialistas) mais a Bélgica encontram-se entre os países cujo risco de incumprimento mais aumentou hoje durante a manhã, segundo o monitor da CMA DataVision.
A nível dos juros no mercado secundário, segundo a Bloomberg, os títulos mais pressionados foram os irlandeses e os portugueses. No caso português, a maturidade mais em foco é a relativa às obrigações do Tesouro a 3 anos, cujo juro, contudo, não chegou aos 12%. Os juros para os títulos irlandeses a 2 anos subiram para 12,14%.

terça-feira, 24 de maio de 2011

ESPÃNA POR FAVOR.....

Santiago Niño Becerra não se admira com o disparo no risco de default de Espanha desde sexta-feira. Em fevereiro prognosticou a chegada dos “Senhores do fato preto” da troika ainda este ano. “Espanha não pode pagar o que deve”.

Santiago Nino Becerra
A probabilidade de incumprimento da dívida soberana de Espanha tem estado em alta desde sexta-feira quando o país reingressou no “clube da bancarrota”, os dez do mundo com mais alto risco de default. Hoje subiu para o 9º lugar nesse ranking da CMA DataVision, mantendo-se com um risco acima de 21%.
Também no mercado secundário da dívida soberana, as yields (juros implícitos) das obrigações espanholas (OE) ferveram de manhã, tendo as relativas às maturidades a 10 anos atingido os 5,6%, segundo dados da Bloomberg. Durante a tarde, a alta arrefeceu, mas os níveis de juros fecharam em valores acima dos de sexta-feira. Os juros das OE a 10 anos mantêm-se acima de 5,5%.
Os analistas interrogam-se se o filme dos resgates se vai repetir. Santiago Niño Becerra, professor de economia na Universidade Ramon Llull, em Barcelona, prognosticou, em entrevista que nos concedeu em fevereiro, “que os senhores do fato preto” da troika aterrariam em Barajas ainda este ano.
Anestesiada para a dívida
Agora, face a esta nova tendência altista, o irreverente professor de Barcelona diz que “na realidade, Espanha já está intervencionada, tenham chegado ou não fisicamente os senhores do fato preto”. E, além, de intervencionada, está anestesiada. A campanha eleitoral para estas eleições regionais e municipais de 22 de maio passou ao lado destes problemas: “O problema da dívida soberana foi conscientemente marginalizado pelos partidos nesta campanha. Contudo, também, os votantes nada perguntaram aos partidos”.
O problema de Espanha é estruturalmente o mesmo que o dos outros já intervencionados na zona euro: insolvência, diz Niño Becerra. Uma opinião que contrasta com a do Nobel Paul Krugman que, ainda ontem, na sua coluna no The New York Times, “separou” Espanha do grupo dos outros três da zona euro já intervencionados.
“Espanha não pode pagar o que deve. Tem uma estrutura do produto interno bruto baseada em baixo valor acrescentado, produtividade reduzida e excesso de população ativa, e assim é impossível sair da situação em que está”, afirma para logo acrescentar: “Espanha tem uma estrutura económica absolutamente desequilibrada” para enfrentar o novo desafio dentro da Europa.
As próprias contas orçamentais das regiões espanholas são preocupantes. Apenas Catalunha, Madrid e Comunidade Valenciana têm um saldo positivo global, refere. Há regiões que, em contraste, têm situações aflitivas, como a Extremadura e as Astúrias.
O desafio, diz o professor de Barcelona, é a nova geometria variável da Europa. “mas não se trata da geometria variável entre países, como se tem dito, mas sim de clusters, inclusive transregionais e transnacionais”.

ITÁLIA A CAMINHOM DO DEFAULT ( BANCA-ROTA )

Cinco dias pesados

23 maio 2011
La Tribune, 23 maio 2011
"Semana de alta tensão no mundo financeiro", titula La Tribune, com a aproximação de três grandes acontecimentos. Paralelamente à crise da dívida, Atenas devia revelar o seu novo plano a 23 de maio para evitar a re-estruturação da dívida soberana, visto que a Itália está sob pressão com a publicação, a 21 desse mês, de previsões negativas a médio prazo da Standard & Poor's sobre a notação da sua dívida. Ao lado do FMI, a Europa une esforços – Reino Unido incluído — e consegue unir-se em prol da nomeação para Diretor-Geral de Christine Lagarde, atual ministra francesa das Finanças, em substituição de Dominique Strauss-Kahn. A 26 e 27 de maio, o G8 reúne-se em Deauville e o diário económico francês sublinha as divergências que subsistem entre a Europa e os EUA, em relação às políticas a adotar para sair da crise, bem como os "diferendos" que vão marcar "permanentemente os debates sobre políticas económicas pós-crise".

ESPANA POR FAVOR.....

GRÉCIA AO FUNDO

“No futuro, a União Europeia irá monitorizar o programa grego de privatizações tão estreitamente como se fossemos nós que o estivéssemos a implementar”, referiu hoje ao jornal alemão Der Spiegel o presidente do Eurogrupo (reunião dos ministros das Finanças da zona euro), o primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker.
Juncker acrescentou que veria com bom grado que o governo grego colocasse o plano de privatizações nas mãos de uma “agência independente do governo, baseada no modelo da Treuhandanstalt”, a agência alemã, criada em 1990, que tratou da privatização de 8500 empresas da Alemanha de Leste depois da reunificação. Essa agência grega deveria inclusive ter peritos estrangeiros, acrescentou.
O plano de privatizações grego poderá valer €50 mil milhões.

CHINA CRIA A SUA PRÓPRIA AGENCIA DE RATING E AMEAÇA LONDRES

Crise da dívida

Revelado o mecanismo fixo de resgate

20 maio 2011
A partir de 2013, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), criado temporariamente para ajudar países em dificuldade, deverá ser substituído pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE, ESM em Inglês), que será permanente. La Stampa teve acesso ao projeto de tratado que dará origem ao MEE. O texto, que deverá ser discutido e aprovado pelos ministros da Economia e Finanças dos Vinte e Sete a 24 de junho, prevê uma dotação de 700 mil milhões de euros, repartidos por sete milhões de ações de 100 mil euros cada, que poderá ser aumentada em caso de necessidade.
"A sua principal tarefa será a de arrecadar dinheiro para o reverter para os países com dificuldades financeiras", e poderá excecionalmente "adquirir títulos de dívida soberana de Estados que experimentem dificuldades em colocá-los nos mercados". Os Estados que se vejam obrigados a usá-lo "re-embolsarão o novo fundo do custo do aprovisionamento, acrescido de uma comissão" variável segundo a duração do empréstimo. Segundo La Stampa, "é um princípio útil, que, no futuro, evitará as lamentáveis negociações dos últimos dias com a Irlanda e Grécia, que se dedicaram a pedir descontos para os planos de resgate. Daqui a dois anos, o preço será automático e inquestionável”. O MEE deverá vir a ser liderado pelo alemão Klaus Regling, que dirige atualmente o FEEF.

COMO VAI SER O FEEF DAQUI A DOIS ANOS

Crise da dívida

Revelado o mecanismo fixo de resgate

20 maio 2011
A partir de 2013, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), criado temporariamente para ajudar países em dificuldade, deverá ser substituído pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE, ESM em Inglês), que será permanente. La Stampa teve acesso ao projeto de tratado que dará origem ao MEE. O texto, que deverá ser discutido e aprovado pelos ministros da Economia e Finanças dos Vinte e Sete a 24 de junho, prevê uma dotação de 700 mil milhões de euros, repartidos por sete milhões de ações de 100 mil euros cada, que poderá ser aumentada em caso de necessidade.
"A sua principal tarefa será a de arrecadar dinheiro para o reverter para os países com dificuldades financeiras", e poderá excecionalmente "adquirir títulos de dívida soberana de Estados que experimentem dificuldades em colocá-los nos mercados". Os Estados que se vejam obrigados a usá-lo "re-embolsarão o novo fundo do custo do aprovisionamento, acrescido de uma comissão" variável segundo a duração do empréstimo. Segundo La Stampa, "é um princípio útil, que, no futuro, evitará as lamentáveis negociações dos últimos dias com a Irlanda e Grécia, que se dedicaram a pedir descontos para os planos de resgate. Daqui a dois anos, o preço será automático e inquestionável”. O MEE deverá vir a ser liderado pelo alemão Klaus Regling, que dirige atualmente o FEEF.

A BÉLGICA À PORTA DA ANRQUIA DE EXTREMA DIREITA E DO DEFAULT

dividido pelos populistas e ultra-religiosos
24 maio 2011
De Volkskrant, 24 maio 2011
O Governo flamengo depende agora de um "duplo apoio", constata o De Volkskrant, no dia seguinte às eleições para o Senado. Desde a sua formação, em 2010, salienta o diário, que a maioria da coligação entre liberais (VVD) e cristãos-democratas (CDA) na Câmara dos Deputados depende do PVV, do populista Geert Wilders. Ao ter conquistado apenas 37 dos 75 mandatos para a Câmara dos Senadores, precisa agora do apoio dos protestantes ultra-conservadores do SGP, um partido que se recusa a incluir mulheres nas suas listas eleitorais. O primeiro ministro Mark Rutte "pode continuar, mas tem de ter muito cuidado", nota o De Volkskrant. É que, às exigências do PVV, em matéria de imigração e saúde, vão juntar-se as do SGP, o encerramento das lojas ao domingo e a lei anti-blasfémia, que contradizem as ideias liberais defendidas pelo Governo.

O AMOR POR OBAMA É MESMO CEGO

Como se pode ver aqui

ACREDITEM: É ISTO QUE NOS ESTÁ RESERVADO DAQUI A UM ANO

Grécia

O peso da crise, o choque das medidas

24 maio 2011
To Ethnos, 24 maio 2011

"Choque e surpresa" : um dia depois de anunciadas pelo Governo de Georges Papandreou as novas medidas de redução do défice do Estado, To Ethnos mostra na primeira página o nome da tática militar americana no Iraque, em 2003. Um programa brutal, adianta o diário: "Privatização imediata e em massa das telecomunicações, eletricidade, serviços municipais de água e saneamento, portos, etc..  Novos cortes nos salários, nas reformas e nos prémios. Aumento do IVA e novos impostos sobre o gás e o tabaco. E despedimentos no setor público." No editorial, To Ethnos estima que "a partir de agora, nada será igual na Grécia. E amanhã, quando o Governo cumprir, ou não, a sua missão, nada voltará a ser como dantes. Esperam-se grandes alterações que irão modificar a sociedade, tal como a conhecemos desde o regresso da democracia, em 1974."

sábado, 21 de maio de 2011

PRENÚNCIOS DE ANARQUISMO

As manifestações desordenadas e formatadas fora de partidos , associações ou sindicatos, prenunciam sempre o surgimento de movimentos subversivos anarquistas e violentos uma vez que, por definição, o anarquista vive com ódio à norma.Já é o que se prenuncia aqui tão perto.
O pior é que não há memória de movimentos destes multipolares com assento em variados países se não incompatibilizem entre si - porque os interesses são diferentes - e por isso, não terminem em guerra.

OCIDENTE SOB CERCO - prenúncios de guerra

Depois da China e do Japão terem ontem exigido um processo transparente baseado no mérito e não nos jogos políticos de bastidores desenvolvidos por Bruxelas e Washington, o Brasil veio reforçar a posição dos asiáticos.
Guido Mantega, ministro da Fazenda (ministro das Finanças) do governo de Dilma Roussef, afirmou que o Brasil está a desenvolver esforços diplomáticos para que as economias emergentes tenham uma palavra ativa a dizer na escolha do futuro diretor-geral pelos 24 diretores do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Esta escolha foi precipitada pela prisão no sábado em Nova Iorque do anterior diretor-geral, Dominique Strauss-Kahn, que resignou ontem de madrugada ao cargo que deveria desempenhar até novembro de 2012.
Mantega já havia defendido em carta recente ao G20 que as discussões sobre a sucessão na direção do FMI deveriam ter em conta o novo estatuto de peso geopolítico das economias emergentes.
Segundo o bloco dos emergentes, a escolha deste cargo não deve ter a nacionalidade nem a “tradição” de arranjo político entre a Europa e os Estados Unidos, mas sim o mérito para o cargo. “Já passou o tempo em que poderia ser remotamente apropriado reservar esse importante cargo para um cidadão europeu”, escreveu. E acrescentou: “Também já passou o tempo em que algumas decisões podiam ser tomadas por um grupo exclusivo de países, como o G7. O G20 já substituiu o G7 como principal fórum para a cooperação económica internacional. O FMI não pode ficar para trás neste processo de mudança institucional”.
Negócio euro-americano
No seio dos países europeus – que detém 34,1% dos votos – tem-se formado uma corrente a favor da candidatura da ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, contra quem, no entanto, corre em França um processo. Um dos argumentos aduzidos pela chanceler Ângela Merkel foi o facto de o FMI necessitar de um diretor-geral europeu enquanto a crise da dívida europeia se mantiver, o que é um argumento no mínimo curioso.
Segundo os rumores, o “negócio” entre Europa e Estados Unidos estaria em curso: Lagarde para número um, e David Lipton (americano, do Citigroup, e que foi subsecretário do Tesouro entre 1993 e 1998 com Clinton e agora é conselheiro de Obama) para número dois. Os Estados Unidos e o Canadá dispõem de 19,45% dos votos.
A “tradição” desde 1946 tem atribuído a um europeu o lugar de diretor-geral e a um americano o lugar de vice. Diversos jornais europeus como o Les Echos, Le Monde, Handelsblatt e FT Deutschland têm promovido Lagarde.
Entretanto, o FMI publicou ontem o seu novo código de conduta ética e moral, que já havia sido aprovado a 6 de maio, mas só agora publicado oficialmente.

DELENDA  CHINA  EST !

quinta-feira, 19 de maio de 2011

HAVERÁ PLANO B ?

O Plano A dos resgates está a falhar ou à beira de falhar. A única alternativa é mudar para o Plano B – uma reestruturação da dívida de um modo ordenado, escreve hoje o polémico professor conhecido por Dr. Doom.
Nouriel Roubini, Dr.Doom
Nouriel Roubini, o polémico professor da Universidade de Nova Iorque que esteve recentemente em Portugal, e o historiador Stephen Mihm, da Universidade da Geórgia, na coluna de hoje do Todayonline, intitulada “On a loan and a prayer” , juntam-se ao clube de académicos que insistem que a atual estratégia da União Europeia para lidar com as crises de dívida está condenada ao fracasso, deixando pelo meio situações dramáticas nos países em “resgate”.
Por isso aconselham que se “mude rapidamente” do Plano A, o oficial, em curso, para o Plano B. Sobretudo quando dentro da própria linha oficial se abrem brechas com alguns dos seus responsáveis sugerindo ou insinuando “desvios”, como o “re-profiling” e a “reestruturação suave” defendidas pelo chefe do Eurogrupo e pelo ministro-chave de Ângela Merkel depois da reunião do Eurogrupo desta semana, e a que já nos referimos.
O Plano A é a linha oficial de “resgates” que tem sido seguida (para a Grécia, Irlanda e Portugal) e de travagem de “contágio” a outros (no caso Espanha e Itália). O sustentáculo desse plano A é que essas economias sofrem de um problema de liquidez e não de insolvência. E que com a terapia de austeridade orçamental, reformas estruturais e crescimento voltarão ao sítio. Roubini e Mihm alcunham esta linha de pensamento de “emprestar e rezar”.
Duas das suas traves mestras são a pretensão que haverá um crescimento rápido e que conseguirá em tempo útil aplicar a “solução alemã” para a competitividade, a de manter o crescimento dos salários abaixo do crescimento da produtividade, reduzindo os custos unitários do trabalho.
Desmontando duas suposições
O artigo desmonta as duas suposições. “Não podemos esperar um crescimento rápido nestes países. O fardo da dívida dos PIIGS [acrónimo jocoso para o grupo formado por Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha] é tão alto que uma performance económica robusta é quase impossível”, escrevem os dois autores. A própria solução alemã para a competitividade “demorou mais de uma década para dar resultados”. Mesmo que estes países “iniciassem o processo hoje, os benefícios demorariam demasiado para se conseguir restaurar a competitividade e o crescimento”.
Roubini e Mihm constatam a evolução atual. “A Grécia é claramente insolvente”, dizem. Portugal chegará a uma situação de “insolvência do sector público”. E acrescentam que sobre Espanha e Irlanda, “transferir os enormes prejuízos do sistema bancário para as contas do governo – para além de uma escalada da própria dívida pública – conduzirá eventualmente a uma situação de insolvência”.
A finalizarem, os dois autores resumem várias formas como se pode desenvolver um plano de reestruturação da dívida: proceder a um reescalonamento da dívida, sem reduzir o valor em dívida, através da extensão das maturidades e reduzindo as taxas de juro nas novas dívidas; encorajar os detentores da dívida a trocarem os títulos atuais por títulos ligados ao comportamento do PIB, ou seja à performance económica; reduzir o valor facial das hipotecas e dos títulos de dívida e convertê-los em participações.

O FIM DO EURO ESTÁ À VISTA

Os dois Jean-Claude das cúpulas europeias estão de candeias às avessas, segundo noticia hoje de manhã o jornal alemão Financial Times Deutschland (FTD). Jean-Claude Trichet, o presidente do Banco Central Europeu (BCE) em final de mandato, terá saído segunda-feira à noite da reunião do Eurogrupo, liderada por Jean-Claude Juncker, o primeiro-ministro luxemburguês que dirige esse grupo dos ministros das Finanças e da Economia da zona euro.
Segundo o jornal alemão, Trichet teria abandonado a reunião em protesto contra as declarações de Juncker no sentido da abertura a um “re-profiling” da dívida grega, uma expressão que abre a porta a uma re-estruturação “suave” – como a classificaria, depois, o ministro das Finanças de Merkel, Wolfgang Schauble.
Ameaça de retaliação pelo BCE
Trichet, que termina o seu mandato de presidente do BCE em final de Outubro e que já tem sucessor designado, ameaçou retaliar. Segundo o FTD, o francês teria dito que o BCE se recusaria a comprar qualquer novo instrumento financeiro de dívida grega, ou seja, que não participará em nenhum arranjo voluntário no que toca à exposição do banco central à dívida grega. O jornal alega que Trichet ameaçou, ainda, que o BCE cortaria a linha de facilitação de liquidez aos bancos helénicos.
O BCE é a entidade europeia com maior exposição direta à gigantesca dívida grega de €330 mil milhões (mais de 140% do PIB), detendo 20%. Os bancos locais terão uma exposição de 21%, a que se seguem, fora da Grécia, com maior exposição, bancos como o BNP Paribas, Dexia, Commerzbank e Société Générale, segundo a Morgan Stanley.

colapso grego

Grécia

Último aviso para Atenas

19 maio 2011
“A cura grega divide os euro-salvadores”, escreve o Financial Times Deutschland, que noticia que o Banco Central Europeu avisou que uma re-estruturação da dívida grega terá “consequências catastróficas”. O BCE reage, assim, ao plano de re-estruturação suave que está atualmente a ser discutido pelos Estados. Segundo o FTD, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, terá afirmado que o banco não aceitará mais obrigações gregas se o prazo de re-embolso dos empréstimos for alargado. Na Holanda, De Volkskrant acrescenta que a 18 de maio, a troika (BCE, FMI e Comissão Europeia) “repreendeu severamente Atenas”. O Governo tem três semanas para rever o seu plano de austeridade, sob pena de não receber a quinta parcela do plano de resgate (12 mil milhões de euros de um total de 110 mil milhões). Sem esse dinheiro, “a Grécia não poderá honrar os seus compromissos no próximo mês e o pagamento dos salários dos funcionários públicos e das pensões estão ameaçados”, explica o diário. A troika está preocupada porque Atenas não está a conseguir reduzir o seu défice orçamental para 7,6%, como se comprometeu. O Governo “não consegue lutar contra a (enorme) fraude fiscal”, lamenta De Volkskrant.

SEMPRE A CHINA e ainda há quem não queira ver

quarta-feira, 18 de maio de 2011

ERA UMA VEZ NA AMÉRICA

A prisão preventiva do diretor-geral do Fundo Monetário Internacional ofuscou os problemas “domésticos” dos Estados Unidos. Obama e os republicanos fazem um braço de ferro em torno do aumento do teto de endividamento. O secretário do Tesouro ameaçou que o governo federal poderá entrar em default em agosto.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, avisou, esta semana, que as Finanças ficarão sem opções para evitar um default do governo federal no começo de agosto. O teto de endividamento de 14,3 biliões de dólares estaria a ser atingido.
Por seu lado, o presidente Obama, numa entrevista previamente gravada, divulgada esta semana veio repetir que sem o aumento do teto de endividamento dos Estados Unidos uma situação de disrupção do sistema financeiro mundial poderia rebentar, com a América recaindo em recessão.
Esta bomba enviada aos media até pode ser apenas mais uma achega para o braço de ferro político entre o presidente Obama e os republicanos no Congresso americano a propósito do aumento ou não do teto de endividamento federal.
«Esse risco de um evento de crédito no verão é muito diminuto. A percentagem no Congresso que acha que um default os beneficiaria politicamente é muito pequena. Mas esse grupo, certamente, vai alimentar esse assunto até ao último minuto, tornando a economia americana refém da sua tática, e depois concordarão num compromisso – a questão será saber quais os seus contornos”, disse ao Expresso Peter Cohan, analista em Boston.
Os direitos adquiridos
O problema divide a política americana e os próprios economistas. Uns recomendam que Geithner, pura e simplesmente, ignore o teto, e quanto mais cedo melhor. Qualquer pálida hipótese de um “evento de crédito” seria um desastre para a América. Por outro lado, Peter Cohan acha que o teto de endividamento acabará por ser aumentado. Contudo, Robert Eisenbeis, da Cumberland Associates, uma firma de consultoria financeira global, acha que o Congresso não deve flexibilizar o teto. “O problema é a despesa, não é o teto. Aumentá-lo seria perder um mecanismo de pressão sobre o Congresso e o Presidente para os obrigar a dominar a despesa e controlar os défices”, referiu ao Expresso. Este consultor internacional sublinha, ainda, que “os EUA têm de evitar um problema de dívida como o do Japão ou da Europa, que, em larga medida, é derivado de direitos adquiridos. Esses direitos adquiridos são perigosos e os políticos americanos têm estado relutantes em enfrentar esse problema. Mas isso talvez mude. O facto de esta discussão estar a acontecer e do teto ser algo vinculativo é muito positivo para os Estados Unidos”.
Esta polémica revela as fraquezas da ainda maior economia do mundo que já levaram em 18 de abril a agência de notação Standard & Poor’s a considerar negativa a perspetiva de revisão futura do rating do país.
No seu discurso de 13 de abril, o presidente americano teve de comprometer-se a iniciar um processo de redução do défice orçamental federal unificado na ordem dos 4 biliões de dólares em 12 anos, que implicaria cortes na despesa (50% da redução), aumento de impostos e redução nos juros a pagar. Obama destacou o seu vice-presidente Joe Biden para liderar negociações com um grupo de líderes do congresso no sentido de concretizar aquele objetivo. Os pomos da discórdia com os republicanos estão no que cortar na despesa federal e na questão de aumentar ou não os impostos. E são essas mesmas divergências que condicionam, agora, pontualmente a discussão sobre o aumento do teto de endividamento, já admitido pelos próprios republicanos.
Se o braço de ferro se arrastar pelo verão dentro, há sempre alternativas. “O governo pode deixar de pagar algumas contas, adiando. Deixar de pagar também aos trabalhadores do estado não essenciais. Mas dou a tudo isso uma muito baixa probabilidade”, conclui Peter Cohan.
Números fracos quando se sai da “espuma”
Esta discussão ocorre com um pano de fundo de incerteza sobre a evolução da economia americana. O colunista Neville Bennet, no blogue Le Metropole Café, recorda hoje que os números americanos são fracos: “Os spin doctors – especialistas em marketing e manipulação políticas – não podem dizer que o último relatório sobre o Produto Interno Bruto é bom”. “Temos de sair da espuma. A taxa de crescimento das vendas finais no consumo interno é apenas de 1% em termos reais, a taxa de crescimento do consumo caiu de 4% para 2,2% e o investimento em equipamentos caiu de 7% para 4%”. A retoma é dourada pelo papel estimulador do programa de quantitative easing (alívio quantitativo) da Reserva Federal que tem alimentado a especulação nos mercados de ações e nas commodities. Apesar da desvalorização do dólar que ocorreu para estimular as exportações, “o sector industrial tem perdido gás”, diz Bennet, que recorda que, segundo uma sondagem Gallup, 29% dos americanos acham que a economia está em depressão e outros 26% que está ainda em recessão. Largos setores da América empobreceram e não usufruem da bolha nas bolsas ou nos mercados das commodities. O desemprego ainda está em 9% e o défice orçamental é de 9% do PIB, com uma componente estrutural muito significativa a que se soma uma componente cíclica derivada da crise.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A QUEDA DO IMPÉRIO AMERICANO

prisão preventiva do diretor-geral do Fundo Monetário Internacional ofuscou os problemas “domésticos” dos Estados Unidos. Obama e os republicanos fazem um braço de ferro em torno do aumento do teto de endividamento. O secretário do Tesouro ameaçou que o governo federal poderá entrar em default em agosto.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, avisou, esta semana, que as Finanças ficarão sem opções para evitar um default do governo federal no começo de agosto. O teto de endividamento de 14,3 biliões de dólares estaria a ser atingido.
Por seu lado, o presidente Obama, numa entrevista previamente gravada, divulgada esta semana veio repetir que sem o aumento do teto de endividamento dos Estados Unidos uma situação de disrupção do sistema financeiro mundial poderia rebentar, com a América recaindo em recessão.
Esta bomba enviada aos media até pode ser apenas mais uma achega para o braço de ferro político entre o presidente Obama e os republicanos no Congresso americano a propósito do aumento ou não do teto de endividamento federal.

nOTA: onde se lê biliões ( mil milhões , para os europeus ) deve ler-se triliões ( nove zeros para os europeus )

«Esse risco de um evento de crédito no verão é muito diminuto. A percentagem no Congresso que acha que um default os beneficiaria politicamente é muito pequena. Mas esse grupo, certamente, vai alimentar esse assunto até ao último minuto, tornando a economia americana refém da sua tática, e depois concordarão num compromisso – a questão será saber quais os seus contornos”, disse ao Expresso Peter Cohan, analista em Boston.
Os direitos adquiridos
O problema divide a política americana e os próprios economistas. Uns recomendam que Geithner, pura e simplesmente, ignore o teto, e quanto mais cedo melhor. Qualquer pálida hipótese de um “evento de crédito” seria um desastre para a América. Por outro lado, Peter Cohan acha que o teto de endividamento acabará por ser aumentado. Contudo, Robert Eisenbeis, da Cumberland Associates, uma firma de consultoria financeira global, acha que o Congresso não deve flexibilizar o teto. “O problema é a despesa, não é o teto. Aumentá-lo seria perder um mecanismo de pressão sobre o Congresso e o Presidente para os obrigar a dominar a despesa e controlar os défices”, referiu ao Expresso. Este consultor internacional sublinha, ainda, que “os EUA têm de evitar um problema de dívida como o do Japão ou da Europa, que, em larga medida, é derivado de direitos adquiridos. Esses direitos adquiridos são perigosos e os políticos americanos têm estado relutantes em enfrentar esse problema. Mas isso talvez mude. O facto de esta discussão estar a acontecer e do teto ser algo vinculativo é muito positivo para os Estados Unidos”.
Esta polémica revela as fraquezas da ainda maior economia do mundo que já levaram em 18 de abril a agência de notação Standard & Poor’s a considerar negativa a perspetiva de revisão futura do rating do país.
No seu discurso de 13 de abril, o presidente americano teve de comprometer-se a iniciar um processo de redução do défice orçamental federal unificado na ordem dos 4 biliões de dólares em 12 anos, que implicaria cortes na despesa (50% da redução), aumento de impostos e redução nos juros a pagar. Obama destacou o seu vice-presidente Joe Biden para liderar negociações com um grupo de líderes do congresso no sentido de concretizar aquele objetivo. Os pomos da discórdia com os republicanos estão no que cortar na despesa federal e na questão de aumentar ou não os impostos. E são essas mesmas divergências que condicionam, agora, pontualmente a discussão sobre o aumento do teto de endividamento, já admitido pelos próprios republicanos.
Se o braço de ferro se arrastar pelo verão dentro, há sempre alternativas. “O governo pode deixar de pagar algumas contas, adiando. Deixar de pagar também aos trabalhadores do estado não essenciais. Mas dou a tudo isso uma muito baixa probabilidade”, conclui Peter Cohan.
Números fracos quando se sai da “espuma”
Esta discussão ocorre com um pano de fundo de incerteza sobre a evolução da economia americana. O colunista Neville Bennet, no blogue Le Metropole Café, recorda hoje que os números americanos são fracos: “Os spin doctors – especialistas em marketing e manipulação políticas – não podem dizer que o último relatório sobre o Produto Interno Bruto é bom”. “Temos de sair da espuma. A taxa de crescimento das vendas finais no consumo interno é apenas de 1% em termos reais, a taxa de crescimento do consumo caiu de 4% para 2,2% e o investimento em equipamentos caiu de 7% para 4%”. A retoma é dourada pelo papel estimulador do programa de quantitative easing (alívio quantitativo) da Reserva Federal que tem alimentado a especulação nos mercados de ações e nas commodities. Apesar da desvalorização do dólar que ocorreu para estimular as exportações, “o sector industrial tem perdido gás”, diz Bennet, que recorda que, segundo uma sondagem Gallup, 29% dos americanos acham que a economia está em depressão e outros 26% que está ainda em recessão. Largos setores da América empobreceram e não usufruem da bolha nas bolsas ou nos mercados das commodities. O desemprego ainda está em 9% e o défice orçamental é de 9% do PIB, com uma componente estrutural muito significativa a que se soma uma componente cíclica derivada da crise.

AS AUTOCRACIAS SOMAM E SEGUEM

Luca Barillaro, um consultor financeiro independente italiano, especialista em commodities, fala da volatilidade do mercado das matérias-primas nas últimas semanas e considera que os líderes europeus perderam toda a reputação.
Nas duas últimas semanas assistimos a um ziguezague nos preços das commodities, com o que foi alcunhado de flash crashes sobretudo na prata e no barril de Brent a 5 e 11 de maio seguidos de regresso à tendência altista. Particularmente o ouro mostrou-se o mais resiliente. As razões do que ocorreu e qual a tendência que vai predominar – se a correção em baixa, se a continuação da alta especulativa – continua em acesa polémica entre os economistas e analistas. Esta volatilidade destes mercados converge, por ora, com a crise da dívida soberana em vários países da zona euro.
Ouvimos Luca Barillaro, um consultor financeiro independente de Bolonha que trabalhou anteriormente na City londrina, que surpreende com algumas opiniões pouco ortodoxas: “Há vários tipos de commodities, algumas mais iguais do que outras”; “Bruxelas acabará por implodir devido à sua burocracia e arrogância”; “todos estes resgates em curso são, apenas, transferências de dinheiro que não resolverão o problema”; “a única saída para a zona euro é a sua moeda baixar para a paridade com o dólar, reduzindo a dívida em termos reais”.
P: As quebras que houve a 5 e 11 de maio foram o juízo final para a especulação desenfreada no mercado das commodities?
R: Depende de que commodities estamos a falar. Há umas mais iguais do que outras. Se nos referimos ao ouro, à platina e ao petróleo, julgo que se trata, apenas, de uma correção, pois estas três são olhadas – e, de facto, são-no – como outro género de unidades monetárias. Com os processos de depreciação das divisas tão em voga pelos bancos centrais, os mercados financeiros acabam por olhar para “moedas” alternativas. O ouro, a platina e o petróleo são aquilo que os especuladores chamam de “divisas fortes”, pois não estão sujeitas à manipulação de dar à manivela de impressão.
P: Os metais preciosos sempre foram encarados como alternativas ao papel fiduciário, mas o barril de petróleo pode ser considerado uma “divisa forte”?
R: Pode parecer-lhe estranho, que o petróleo é diferente dos metais preciosos. Mas o barril tem enorme poder e implicações políticas muito grandes. Dispor de grandes reservas de petróleo significa influência política. Não é, por acaso, que a França se apressou a bombardear a Líbia. Os políticos franceses foram contra o bombardeamento da Sérvia – se for ao maior parque de Belgrado, ao Kalemegdan, encontra ali um monumento com um pedido de desculpas dos franceses por causa dos bombardeamentos da NATO. Mas quanto à Líbia foram rápidos. A energia é uma “moeda” geopolítica.
P: E nos outros casos de commodities?
R: Se falamos de casos como o cobre, o aço, o gás natural, e mesmo a prata, penso que a liquidação total a que assistimos nesses dias foi, apenas, a outra face do que chamamos de negócio de carry trade entre divisas. Por isso, eu julgo que vamos ver dois andamentos: mais liquidações no caso de matérias-primas que vêm os preços subir devido ao carry trade, e tendência de alta clara no que designei por commodities que funcionam como “divisas fortes”. Pode verificar-se a relação do ouro com o euro ou do petróleo com o euro para se observar esta diferença de que falo.
P: Como funciona esse mecanismo especulativo associado ao carry trade?
R: Se for um grande banco ou entidade financeira pode pedir emprestado dinheiro a 0,1% junto da Reserva Federal (FED) americana. Depois troca esses dólares baratos em euros para aplicar em títulos do tesouro europeus por exemplo com yields elevadas (como os gregos, portugueses, etc.), ou na prata, ou mesmo em ações, ou outras commodities. Quando este mercado está em bolha, acaba-se por comprar de tudo, milho, madeiras, gado – tudo mesmo. Bastam 10 dias de especulação para ganhar 3 vezes o que tenho de pagar à FED. Assim, o meu ganho líquido é de 200%, sem contar o facto de ter pedido dólares emprestados a um câmbio de 1,40 dólares por cada euro e acabar por pagar o empréstimo com o câmbio a 1,48 dólares por euro, ou seja preciso de menos euros para pagar a dívida. Contudo, se o mercado muda repentinamente, então há um pânico e toda a gente desata a sair do carry trade.
P: Os designados ETF (acrónimo em inglês para Exchange-traded funds) de commodities são a melhor plataforma para os fundos de alto risco e para os fundos de pensões? Ou até mesmo para o retalho e o pequeno especulador?
R: Podem ser. Mas só para quem invista em commodities físicas – não em papéis. Se não, o “contango” – quando os preços futuros são superiores ao preço no mercado spot – torna ineficiente este tipo de aplicações para o investidor de longo prazo, pois em cada situação de refinanciamento perde-se uma pequena porção do investimento feito. Penso que as ETF que apostaram nos papéis foram o principal motor por detrás da bolha do índice de 19 commodities The Thomson Reuters/Jefferies CRB, pois transformaram a procura financeira numa procura física puramente fictícia.
P: Há o risco de uma depreciação significativa do dólar?
R: Creio que já assistimos a uma depreciação completa do dólar. Estamos numa corrida em que toda a gente quer ser o último – ou o mais radical – a fazer uma desvalorização competitiva. Os Estados Unidos estão a usar a desvalorização para alimentar a procura dos seus ativos. Mas o ponto é que a Europa está numa situação ainda pior.
P: Está pior, em que sentido?
R: Quando ouvimos um líder europeu falar, e depois se vêm as parangonas nas agências de notícias, a primeira reação do investidor é VENDER. E quanto mais os líderes europeus tentam tranquilizar o investidor, mais soa a falso. Na Goldman Sachs dizia-se que tinham três ativos: “os clientes, o dinheiro e a reputação; até se podem perder os dois primeiros mas não o terceiro, de contrário estamos fritos”. Ora, os líderes europeus perderam a sua reputação – e isso leva tempo a reconstruir.
P: Os “resgates” na zona euro vão mostrar-se resilientes à tempestade, ou são apenas uma fase transitória para reestruturações das dívidas soberanas de países em situação de pré-default?
R: Apenas mostram que a União Europeia está baseada em fluxos de dinheiro, em que os fundos vão de A para B e depois para C, mas em que o dinheiro é sempre o mesmo. A Alemanha tem de emprestar, senão os seus bancos podem entrar em bancarrota. A Europa, tal como existe hoje, é, apenas, um imposto de paz. Algo criado para evitar outras guerras no continente. Veja bem, a Itália poderia estar em guerra com a França por causa das recentes tensões, não tivéssemos nós a União Europeia.
P: O que pode acontecer, então, à Europa?
R: Penso que a próxima depreciação vai estar associada ao euro. A inflação vai ter de subir para “reestruturar” a dívida europeia. A inflação é o único imposto que todos pagam sem exceção. Se conseguir gerar uma inflação de 5% ao ano mantendo as expectativas baixas – e para isso basta dizer aos media que tudo corre pelo melhor, usando adequadamente as estatísticas que vão sendo publicadas – consegue um milagre: em 10 anos reduz tecnicamente a sua dívida em 50%.
P: Mas isso é possível?
R: Ou fazem este truque, ou, então, têm de reconhecer que o euro é uma moeda completamente artificial e que alguém terá de regressar às suas moedas de origem. Todos estes resgates são apenas transferências de dinheiro que não resolverão o problema. A única saída para a zona euro e para impulsionar a economia europeia, é a sua moeda baixar para a paridade com o dólar, reduzindo a dívida em termos reais.
P: Poderemos vir a assistir a uma vaga de crises de dívidas nos países desenvolvidos, para além do que já está a acontecer com alguns países da zona euro?
R: Sim.
P: Porquê?
R: Pense no seguinte. Até ao ano 2000, todas as crises estavam na periferia. Vejam-se os casos: México, Rússia, Tailândia, Argentina. Depois destas crises, o centro voltou a ter máximos, quer nas bolsas como no crescimento do Produto Interno Bruto. Agora, todas as crises são no centro – Europa, Estados Unidos, Reino Unido e Japão. A periferia – os mercados emergentes – também foi abaixo, mas hoje estão em novos pontos máximos, enquanto o centro batalha por sobreviver.
P: E como vai a Europa sair desse atoleiro?
R: Creio que Bruxelas acabará por implodir devido à sua burocracia e arrogância. Quanto a nós, simples mortais, temos o azar de viver hoje na parte errada do planeta.

reestruturação da dívida dos piigs à vista bem como crash espanhol

Num dia negro para o risco de default e para os juros da dívida soberana no mercado secundário, a maior pressão exerceu-se sobre os juros dos títulos a 2 anos da Irlanda e a 2 e 3 anos de Portugal. Situação da Grécia e de Espanha agravou-se.
O balanço do dia é muito negativo e os sinais já haviam sido dados à hora de almoço.
O maior agravamento nas yields (juros implícitos) ocorreu com os títulos irlandeses a 2 anos que fecharam no mercado secundário em 12,58%, com uma variação diária explosiva de 8,4%, segundo dados da Bloomberg.
Seguiram-se as yields das obrigações do Tesouro (OT) portuguesas, que atingiram os 12% na maturidade a 2 anos, e que se aproximaram desse patamar na maturidade a 5 anos. A terceira maior subida diária ocorreu com os juros das OT a 3 anos, que fecharam em 11,61%.
Variações diárias próximas das portuguesas verificaram-se com as yields das obrigações espanholas nas maturidades a 2 e 3 anos que estão, no entanto, abaixo do patamar dos 4%, muito longe das situações irlandesa e portuguesa.
Também os juros relativos aos títulos gregos subiram ao longo do dia, com a maturidade a 2 anos a atingir 25,61%.
O risco de default, de acordo com o monitor da CMA DataVision, prosseguiu a sua tendência altista, com a probabilidade de incumprimento para a Grécia a fechar em 68,2%, a da Irlanda em 44,1% e a de Portugal em 43,09%. Espanha mantém um risco superior a 20%, um nível que funciona como linha vermelha de antecâmara de entrada no “clube da bancarrota” (os dez mais do risco à escala mundial), onde se encontram a Grécia (que lidera), Irlanda (em 3º lugar) e Portugal (em 4º lugar).
O contexto desta segunda-feira “negra” prende-se a quatro fatores:
1- a decisão da agência de notação S&P de agravar o rating da Grécia para uma situação de risco de “default seletivo” eminente, a que o Expresso já se referiu;
2- as dúvidas públicas sobre a capacidade da Irlanda resolver o problema bancário sem cair na bancarrota, questões levantadas por Morgan Kelly, professor do University College, em coluna de opinião pela manhã no jornal The Irish Times, e reforçadas pelo próprio governo através das declarações de um “ministro sénior” [não identificado] do Fine Gael ao jornal Irish Mail de que o “governo espera que as dívidas tenham de ser ‘reestruturadas’ num horizonte de três anos”;
3- as dúvidas crescentes sobre o desenho político que sairá das próximas eleições legislativas em Portugal com vista a implementar o Memorando de Entendimento com a troika EU/BCE/FMI;
4- e o temor, em Espanha, de que um ano depois do primeiro grande tijeretazo (tesourada) realizado pelo governo de Zapatero nas contas públicas seja necessário novo pacote de medidas de recortazo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

FAÊNCIA DOS USA

COMO DESDE HÁ DOIS ANOS VENHO DIZENDO OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ESTÃO FALIDOS como se pode ver aqui.http://www.youtube.com/watch?v=oMTFr6ilV88&feature=player_embedded#at=143

sábado, 14 de maio de 2011

AS AUTOCRACIAS - A QUE ANTES SE DAVA O NOME DE DITADURAS - SINGRAM , E NÓS DESENVOLVIDOS OCIDENTAIS NÃO

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Sábado, Maio 14, 2011

Presidente Medvedev afirma que nenhum força política se pode considerar dominante


O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, está convencido que o resultado das eleições para o Parlamento russo ainda não está determinado e que nenhum partido se pode considerar dominante.
Medvedev comentou assim a criação da Frente Popular da Rússia pelo primeiro-ministro Vladimir Putin.
“Tudo isso (a criação da frente) corresponde à nossa legislação eleitoral. Como presidente, considero que isso se enquadra nas tecnologias eleitorais normais”, precisou.
Porém, o dirigente russo acrescentou: “se alguém considerar que tudo está decidido, que tudo se irá desenvolver segundo um cenário definido, então o nosso sistema político não tem futuro”.
Segundo ele, “todos os combates eleitorais ainda estão para chegar”.
Depois de reconhecer que conversou sobre Putin a propósito da criação da Frente Popular da Rússia, ele acrescentou que essa decisão “irá provocar acontecimentos interessantes na frente política”, não excluindo o aparecimento de outras coligações.
“Nenhuma força política se poderá considerar dominante, mas qualquer uma quererá obter o maior êxito possível”, frisou.
Medvedev considera que o principal resultado das eleições parlamentares de dezembro de 2011 deverá ser “a formação de um parlamento capaz, que reflita as preferências de todos os eleitores, não de uma força política, mas de todos os eleitores”.
A ideia de criar uma Frente Popular foi avançada no final da semana passada, numa conferência do Partido Rússia Unida, com vista a conquistar a maioria constitucional nas próximas eleições parlamentares.
Alguns analistas políticos vêem na criação desta frente uma tentativa de Vladimir Putin controlar completamente o Parlamento da Rússia e evitar o aparecimento de uma força da oposição séria.
P.S. Parece estarmos perante a criação de uma União Nacional na Rússia, que se transforma cada vez mais num Estado corporativo. O exemplo português parece estar presente neste esquema. Vladimir Putin transforma-se numa espécie de Oliveira Salazar e Dmitri Medvedev será reeleito Presidente, tornando-se uma espécie de Américo Tomás. Já Marx dizia, que a história se repete, restando saber se a comédia não se vai repetir também.
Tendo em vista que Vladimir Putin, em 2000, prometeu ultrapassar Portugal quanto ao nível de vida, parece que ele está a conseguir isso mas em comparação com o Estado Novo

SACADO SEM PERMISSÃO DE JNR . ESTÁ AQUI TODA A PROBABILIDADE

Por JNR na secção A questão dos impérios , Choque petrolífero , Ciberardina na crise (do default) , Energia , Entrevistas no calor do bail out , Geoprotagonistas , Gestão do risco , Globalização , História Económica , Inteligência Económica , O novo capital financeiro , crise
ainda sem comentários
Os economistas batizaram estes períodos de “estagflação”, uma mistura de estagnação com inflação. Douglas Reynolds, da Universidade do Alasca, acha que estamos a atravessar “um longo período” deste género e que a energia está no coração do problema.

“Estamos no meio de um período de grande estagflação. A crise financeira foi apenas o começo”, diz, em entrevista, Douglas Reynolds, professor da Universidade do Alasca em Fairbanks, e um dos especialistas mundiais em economia da energia.

Reynolds veio à conferência anual da ASPO-Associação para o Estudo do Pico do Petróleo e do Gás, que se realizou em Bruxelas, falar, também, do seu projeto de estudo da forma como a energia afeta todas as civilizações e impérios. O seu estudo de história económica pretende analisar o papel central das questões energéticas na ascensão e queda dos impérios.

O professor americano tem insistido no modelo de implosão da União Soviética como um exemplo claro do esgotamento de um modelo económico baseado no uso intensivo de energias que atingiram o seu pico de produção. Chocou inclusive alguma audiência mais sensível: “Quando olhamos para a nossa economia, que é muito similar em várias dimensões com a economia soviética de então, verificamos que todas as tecnologias que temos são baseadas no consumo de mais barris. Se mantemos uma economia assente no uso intensivo de petróleo, não haverá alternativa ao declínio económico e civilizacional”.

PERFIL
Douglas B. Reynolds, Professor de Oil and Energy Economics, na School of Management da University of Alaska Fairbanks, Fairbanks, Alasca.

@Jorge Nascimento Rodrigues, Bruxelas, 9th International ASPO Conference, 2011

I – O MODELO VIGENTE: «Só as bolhas nas bolsas, a mania das dot.com, e finalmente a bolha no imobiliário eram capazes de alimentar qualquer tipo de aparente crescimento rápido, desde essa primeira crise petrolífera.»

P: Muitos analistas falam do risco de um double-dip (recaída na recessão) com carestia de vida, e em alguns locais mesmo com hiperinflação devido ao disparo nos preços das commodities essenciais, qual é a sua opinião?
R: Penso que estamos no meio de um período de grande estagflação [estagnação económica com inflação]. A crise financeira, desde 2008, foi apenas o começo. Muita da nossa economia nos países desenvolvidos e mesmo nos países em desenvolvimento está a crescer na base do petróleo. E como estamos a atravessar já um período de pico de produção do petróleo – o que designamos popularmente por “pico do petróleo” [peak oil, em inglês] -, isso significa que a base da nossa economia moderna tem de mudar. Há, sem dúvida, outros combustíveis líquidos, mas são caros ou limitados em quantidade e não conseguem substituir o crude. Assim, quando o petróleo declinar, a economia que depende dele não tem outro caminho senão declinar também. Está tudo interligado.

P: A crise de 2008 teve por detrás o problema do pico do petróleo, é isso que está a querer dizer?
R: Bom, a crise financeira foi, em parte, derivada do sobre investimento no imobiliário. A ideia das políticas colocadas em prática era estimular esse setor, através da desregulação bancária, de modo a que a economia pudesse continuar a crescer. Porquê? Porque tinha ficado claro que, em muito do mundo desenvolvido, o crescimento económico tinha abrandado desde o primeiro choque petrolífero de 1973. Deste modo, só as bolhas nas bolsas, a mania das dot.com, e finalmente a bolha no imobiliário eram capazes de alimentar qualquer tipo de aparente crescimento rápido, desde essa primeira crise petrolífera.

P: Há uma relação, de facto, mas o petróleo é o elemento chave desta crise?
R: Se não tivéssemos tido a crise financeira, teríamos tido outro grande problema económico derivado do facto do preço do petróleo ter disparado em meados de 2008 até aos 150 dólares por barril, como todos estamos recordados. Algo tinha que acontecer. E as razões fundamentais para o preço do crude ter chegado tão alto continuam aí.

II – O modelo soviético de implosão

P: E quais são as consequências?
R: Um círculo vicioso. A economia cai com várias realidades em simultâneo – declínio do PIB, altos níveis de desemprego, altos preços, inflação. Por isso falo de estagflação. E isto não é novo em termos de modelo económico.

P: Está a lembrar-se do caso da União Soviética para o qual tem vindo a chamar a atenção?
R: Sim. Este tipo de reestruturação de toda uma economia minada simultaneamente por inflação e alto nível de desemprego é exatamente o que aconteceu durante a queda da União Soviética. A economia soviética atingiu um pico de produção do petróleo e caiu. Durante a queda viveu esse período de estagflação. Por isso, em circunstâncias similares, podemos esperar uma série de grandes recessões com alta inflação e provavelmente com ciclos de alta volatilidade. Estes ciclos podem parecer o que alguns chamam de double-dip-flation [recaída na recessão com inflação associada, em vez de deflação], mas, a meu ver, é tudo parte de um largo período de estagflação.

P: E o petróleo está no centro do problema, é o pecado original do modelo?
R: O petróleo é o elemento central. Quando olhamos para a nossa economia, que é muito similar em várias dimensões com a economia soviética de então, verificamos que todas as tecnologias que temos são baseadas no consumo de mais barris. Se mantemos uma economia assente no uso intensivo de petróleo, não haverá alternativa ao declínio económico e civilizacional. Um dos problemas que temos numa fase destas é que, com menos petróleo, temos menos trabalhadores produtivos, o que significa que não podemos pagar-lhes melhor, mas eles não deixarão os salários baixar. Então, uma das vias para forçar o declínio dos salários reais é gerar hiperinflação, que foi o que a União Soviética precisamente fez para se “ajustar” à nova realidade. Agora, vamos ter de fazê-lo em larga escala – e não só num país.

P: Num horizonte de cinco a dez anos poderemos apanhar com uma tempestade perfeita e uma transição difícil para uma economia diferente?
R: A União Soviética caiu muito rapidamente, mas a Rússia e outras economias da ex-URSS reestruturaram-se, depois, também, muito rapidamente, a meu ver. Depois tiveram a ajuda do Ocidente. Mas não creio que o mundo agora tenha essa oportunidade. Sem ajuda, esta transição mundial pode ser muito devastadora. Uma coisa que verificámos na URSS foi um declínio da população. Isso também poderá, agora, acontecer ao mundo no seu conjunto.

III – ENERGIA: Ascensão e Queda dos Impérios

P: Um dos pontos centrais da sua investigação atual é a relação da energia com as civilizações e os impérios. A que conclusões já chegou?
R: Estou a trabalhar de facto num livro sobre a forma como a energia afeta as civilizações e os impérios. Veja o caso da URSS, era basicamente um império no sentido clássico da palavra, com uma estrutura de comando específica, uma hegemonia e uma cultura não só para a União Soviética, mas para todos os seus aliados, que eram, na verdade, coagidos pelos soviéticos. Mas houve, na história, muitos outros impérios que foram afetados pelos problemas de energia, como Roma, Grécia, os Maias, o império britânico, ou dos Anasazi, que dominavam o que hoje é o sudoeste americano. Se olhamos bem de perto à sua ascensão e queda vemos que o fator energético é chave.

P: Em que sentido? Não têm sido os ciclos de tecnologias que erguem e abatem os impérios?
R: Sem dúvida que a tecnologia é um elemento intrínseco. Mas pergunte a si próprio: a queda de Roma foi motivada por falta de tecnologia moderna? Sim, à primeira vista. Se olhar para as tecnologias e energias da altura, verifica que tinham um nível muito bom, mas que, no fim, foi a energia que falhou. No caso de Roma, a ligada à agricultura, porque tinha havido uma mudança de padrão climático. Os agricultores mudaram do trigo – que se tornara mais difícil de cultivar – para o milho-miúdo, e a produtividade baixou. Como a fonte de energia baixou, também a economia como um todo, a política e a capacidade militar também.

IV- Três cenários para o pós-pico do petróleo

P: Outro aspeto desse seu estudo é o futuro depois do pico do petróleo?
R: Estou a trabalhar em três cenários. O primeiro com base num preço médio baixo do barril, na ordem dos 150 dólares (em termos de dólares de 2010) que se vai manter por uns anos. Um cenário intermédio com um preço de 300 dólares por barril por vários anos. E, finalmente, outro com um disparo do preço até aos 700 dólares por barril baixando depois para uma média de 500 dólares.

P: Qualquer um deles pouco agradável. O que poderá acontecer em cada caso?
R: No primeiro cenário pode haver uma transição mais suave para a economia mundial. Mas se, por exemplo, uma epidemia de gripe, como a das aves, surgir, parte da população mundial pode ser dizimada, o que, apesar da tragédia, mantém a procura em níveis mais reduzidos e os preços em baixa. No segundo cenário, a procura continua a aumentar e a transição para uma nova economia de energia vai ser muito difícil, mas manter-se-á a capacidade de gerir essa mudança. No terceiro cenário, expandem-se as revoluções árabes e os constrangimentos sobre uma série de produtores de petróleo. Pode gerar-se um “cenário líbio” em que potências estrangeiras se envolvem no terreno e a infraestrutura petrolífera é destruída. O choque dos preços manter-se-á.


Sáb 14 Mai 2011
“A reestruturação da dívida grega não passará de setembro” – entrevista no calor do bail out 1
Por JNR na secção Ciberardina na crise (do default) , Entrevistas no calor do bail out , Gestão do risco , Inteligência Económica , O novo capital financeiro , crise
ainda sem comentários
A questão da reestruturação da divida soberana tornou-se, para muita gente em Portugal, um tema ideologicamente fraturante ou um tabu. Mas nem uma coisa nem outra faz sentido. Entrevistámos Steen Jakobsen, economista-chefe do Saxo Bank, que duvida da eficácia dos programas de resgate em curso na zona euro e acha que Portugal tem de mudar de vida após as eleições. É mesmo taxativo: A Grécia acabará por adoptar um programa de reestruturação da sua dívida até final de setembro, mesmo contra vontade do presidente do Banco Central Europeu. É um vaticínio arriscado. O futuro dirá da sua justiça. É a primeira entrevista, em jeito de conversa, para esta nova secção.

[TEXTO LONGO]

Perfil Steve Jakobsen, dinamarquês, de 46 anos, é formado em Economia pela Universidade de Copenhaga e tem uma carreira de mais de duas décadas ligada ao sistema financeiro na Europa e nos Estados Unidos. No ano 2000 entrou no Saxo Bank, um banco de investimento global sediado em Copenhaga, saiu por dois anos para a Limus Capital Partners, e regressou este ano ao banco dinamarquês como economista-chefe. A conversa decorreu em Lisboa a convite do Banco Best.

I – A GRÉCIA

A atual solução de resgates posta em prática por Bruxelas com o apoio do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) deixa muitas dúvidas a Steen Jakobsen, um dinamarquês, de 46 anos, que é economista-chefe do Saxo Bank, um banco global que iniciou a sua projeção a partir de Copenhaga, a cidade da sereia, depois de 2001.

A reestruturação da dívida soberana grega parece-lhe, agora, inevitável e nos seus cenários é quase taxativo: “Não vai passar de setembro. O custo de oportunidade de deixar andar a situação é enorme. É claro que Jean-Claude Trichet não quer ficar associado a uma solução dessas. Por isso, resistirá. Mas, agora, é matematicamente impossível evitá-la”. Trichet termina o mandato de presidente do BCE em outubro, mas em finais de junho, na cimeira da União Europeia, já se deverá saber quem é o seu sucessor, que receberá o presente envenenado. A rentrée, depois de férias, é por isso “o período crítico”.

Admite que, quanto à Grécia, no segundo semestre, possa haver duas opções. Um “corte de cabelo” (que se designa tecnicamente, em inglês, como hair cut) que pode chegar aos 50% do valor atual da dívida, ou um reescalonamento das maturidades. “Os gregos não têm nada a perder”, sublinha.

Uma solução que refere é a possibilidade de estudar o que ficou conhecido como ‘plano Brady’ (do nome do secretário de Estado americano) que em 1989 propôs um conjunto de medidas para re-estruturar as dívidas externas de vários países latino-americanos. [Barry Eichengreen, professor de Berkeley, desenvolve este tema em coluna de opinião no caderno de Economia do Expresso na edição deste sábado, 14 de maio].

II- A mania dos resgates

Jakobsen fala criticamente desta “mania dos bail outs [resgates]”. O veredicto dos mercados da dívida está à vista: as yields (juros implícitos) dos títulos destes países no mercado secundário continuaram a subir mesmo depois dos resgates, quer no caso da Grécia como da Irlanda, e também do anúncio de pedido por parte de Portugal.

O juízo destes mercados é assim resumido pelo especialista dinamarquês: “O problema que defrontamos nestes países não é de liquidez, mas de solvência, inclusive também em França. Com o crescimento económico em declínio, o rendimento disponível de cada país encurta-se e a possibilidade de pagar o serviço da dívida mingua”.

E recorda que a oposição popular a estas soluções de resgate é hoje crescente em boa parte da Europa. “Os finlandeses retificaram o resgate a Portugal. Eu não tinha dúvidas. A Finlândia é um país de consensos. Mas há que ter em conta o sentimento popular finlandês. No entanto, não é só lá; também na Alemanha, na Holanda, e até certo ponto na Dinamarca cresce esse sentimento”, acrescenta.

O efeito nocivo que Jakobsen mais teme é que Espanha possa ser “contaminada” com o fracasso das soluções de resgate dos outros três países da zona euro (Grécia, Irlanda e Portugal). Mas acredita que, no limite, isso não acontecerá: “A União Europeia prevalecerá!”, e acrescenta: “Provavelmente, em última análise, a zona euro acabará por avançar para uma federação orçamental para sobreviver. A Alemanha tem todo o interesse na zona euro”.

III- Crise 2.0 no horizonte

Contudo, a envolvente internacional está carregada de riscos. O especialista dinamarquês trouxe a Lisboa três cenários principais de evolução das economias desenvolvidas durante esta década, com base em simulações no índice S&P 500.

Um cenário mais negro antevê uma crise abrupta até final da década que permitiria, diz o economista, reagir, sair do double-dip (a expressão inglesa usada para falar de uma recaída na recessão) com “um mandato político claro”. “É a crise 2.0, que pode ser desencadeada por uma crise do dólar”, explica.

Outro cenário, intermédio, evoluirá aos ziguezagues, alimentando-se de injeções monetárias sucessivas de quantitive easing [expressão inglesa para alívio quantitativo, uma política de injeção monetária na economia] quer nos Estados Unidos como na Europa, ainda que, neste último caso, sob outra forma – “como esta dos resgates”, esclarece. Mas acabará numa nova grande crise, ainda que mais tarde, num processo arrastado, “provavelmente mais do agrado dos políticos”.

Finalmente, o cenário menos pessimista também não é agradável; seria uma repetição dos anos da década de 1970, anos de estagflação, ou seja de estagnação no crescimento com inflação, carestia de vida.

IV – Situação americana é incrível: pode ser o “cisne negro”

Steen Jakobsen vê um “claro sinal” no recente comunicado da agência de rating Standard & Poor’s sobre os Estados Unidos. “A situação americana é incrível. As políticas de alívio quantitativo são mais do mesmo, ainda que menos eficientes de cada vez que se lança uma nova dose. Na última conferência do FMI em Washington era patente o receio generalizado sobre a performance da economia americana. Toda a gente sabia que a situação é preocupante, que se pode perder a fé no dólar. A acontecer isso seria um cisne cinzento”, diz o especialista dinamarquês. [Fala de um cisne cinzento, já que são visíveis muitos dos traços de um colapso inesperado da economia americana e da sua moeda. Um cisne negro, por definição, é um acontecimento imprevisível, inimaginável].

Em compensação há que olhar para fora desta caixa. As assimetrias são evidentes e o economista dinamarquês aconselha a que se siga de perto economias emergentes como a Rússia e o Brasil, e economias desenvolvidas do Oriente como a Coreia do Sul e o Japão. O próprio sistema monetário internacional pode levar uma reviravolta e moedas como as dos países referidos, além do franco suíço e da coroa norueguesa, poderão ser atores ganhadores.

ANDAMENTO FINAL – uma “bicada” sobre Portugal

«Depois das eleições acabam-se as férias»

Steen Jakobsen repete que Portugal está num ponto de mudança. “Uso essa expressão que sinaliza que estamos à beira de uma alteração da natureza das coisas. Muitos dos aspetos fundamentais da economia portuguesa estão num beco sem saída. Os políticos têm tendência a comprar um bilhete eleitoral e ganhar tempo. Ainda, agora, olhando de fora, vejo que o vosso primeiro-ministro privilegia a campanha eleitoral em detrimento das necessidades de mudanças estruturais. Caiu nessa armadilha, satisfazendo a audiência doméstica. Gere muito bem as expectativas. Mas o problema estrutural permanece”.

E, mais contundente, acentuando as palavras à medida que vai falando, avisa: “O vosso país está numa crise do seu modelo. Tem havido uma má alocação de recursos, própria de um capitalismo de estado. Estão a caminhar para o muro no final do beco. Este é o último toque para despertar”. E remata, com alguma ironia: “As férias vão durar até às eleições de 5 de junho, depois têm de por em prática o programa acordado”.

O problema central de Portugal, sublinha, não é o nível da dívida, mas o crescimento. Confessa que “fontes próximas da troika se queixaram de que os negociadores estavam muito desapontados com o facto das pessoas não reconhecerem a gravidade da situação”. Incentiva a olhar ao exemplo finlandês: “Eles decidiram fazer a mudança. Isso pode ser feito”.

Depois da conversa escreveu num dos seus posts diários: “O risco infelizmente é que Portugal pode dar um passo em frente para depois dar dois passos atrás – mas, por favor, Portugal, prove que eu estou errado, e faça o que é certo”.