quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Fantasias e realidades do cavaquismo



1. Todos nos recordamos da mudança súbita da localização do futuro aeroporto de Lisboa e do papel crucial que Cavaco Silva teve nesta volta-face. Há dias, na tribuna de Mário Crespo, João Soares afirmou que milhares de hectares de terrenos em Alcochete, junto ao futuro aeroporto, foram adquiridos por Fernando Fantasia, através de empresas da holding SLN/BPN, em vésperas da comunicação da mudança de localização do aeroporto.

De resto, a Visão online refere que esta aquisição de milhares de hectares já havia sido aflorada na comissão parlamentar de inquérito às trafulhices do BPN.

2. Fernando Fantasia, administrador de empresas da holding SLN/BPN, é membro da comissão de honra da candidatura de Cavaco e é com uma sua empresa que Cavaco faz a “permuta” que lhe permitiu desembaraçar-se da “Vivenda Mariani” e adquirir a “Casa da Gaivota” na Aldeia da Coelha.

Cavaco recusa-se a esclarecer o negócio da Aldeia da Coelha, havendo apenas a certeza de que, quando se levanta uma pedra da calçada da Aldeia da Coelha, salta de lá alguém ligado ao banco do cavaquismo.

3. Depois do que se soube sobre as mais-valias obtidas com as acções da SLN — questão que Cavaco, num primeiro momento, tentou iludir, ao afirmar que não tinha tido acções do BPN —, só restava ao candidato-presidente uma saída: explicar tudo direitinho, não deixando de apresentar prova do meio de pagamento utilizado na aquisição das acções não cotadas em bolsa. Cavaco optou por um silêncio ensurdecedor.

4. A circunstância de Cavaco ter estado longos meses refém de Dias Loureiro, que se recusava a abandonar o Conselho de Estado para o qual fora escolhido pelo próprio Cavaco, só vem adensar o mistério das relações do candidato-presidente com o gang que dominava a holding SLN/BPN.

5. Mas nem tudo no cavaquismo são fantasias. Há uma realidade que passou entre os pingos da chuva: a inventona de Belém — o verdadeiro atentado contra o Estado de direito. Depois de algumas hesitações, o ainda Presidente da República preferiu manter Fernando Lima sob rédea curta, não fosse o diabo tecê-las.
 
( RETIRADO  SEM  O MENOR  RESPEITO  DO  CÂMARA  CORPORATIVA  ).

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