sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

AO CUIDADO:

do jornalista do expresso, H.Monteiro
do jornalista do sol, A.J.Saraiva
do jornalista da sic, M. Crespo
do jornalista do correio da manhã, ignoto
da M.M. Guedes, esposa do jornalista Eduardo Monis ( sem Z )
do Eduardo Monis (sem Z) esposo da jornalista M.M.Guedes ( tanto quanto se sabe).

Churchil achava que " onde houver uma grande dose de liberdade de expessão, haverá sempre um certo grau de tonteria de expressão".
Em 1943, num discurso à Cámara dos Comuns, aprofundou este tema: " Toda a gente, disse ele, é a favor da liberdade de expressão. Não há um único dia em que ela não seja enaltecida, mas a ideia que algumas pessoas têm dela é que são livres de dizer o que bem entenderem, ma se alguém lhes responder é um escândalo" (sic) - retirado de  the Wiked Wit of Winston Churchil, de Dominique Enriht, Michhael O'Mara ,Books Limited, 2001.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

PARVUS

Henrique Monteiro foi àquela coisa circence que funciona na Assembleia da República para "julgar  politicamente" o Sócrates o primeiro, ou seja, para opinar.
Pequenininho, o homenzinho que não é jornalista desportivo ,segundo dizem, opinou:
-Que Sócrates lhe telefonou "  a pedir " para não publicar um texto sobre a sua licenciatura ( aqui já se imagina  como o homem deve ter  legitimamente inchado por poder dizer à mãe que o primeiro lhe telefonara a pedir algo, e que o pedido durou mais de uma hora! , e aqui, a gente começa a perceber que ou o caso era legal - o que se veio a provar - ou que discutiram ao telefone o sexo dos anjos, de modo a perder a noção do tempo, ou que o " exigido" pela não publicação foi rateado, mas não houve acordo!  Não vislumbro mais razões.
-Que o Henrique, apesar de peso ligeiro (agora anafado de sentar-se na secretária  provavelmente, ou até, de remansar em cima dela), tem ideias, mas não é um idiota, porque "acha" que....
-Que andava apertado ( de guita ), não por ser OPUS (com cilícios), que dizem que não é, mas por sentir que a concorrência, como o Sol ou o Correio da Manhã   vendem produtos... e dão de brinde o jornal ( ao contrário do que ele julga que faz o Expresso ) o que  punha em risco o seu rico lugarzinho, pequenininho mas douradinho, no Exprepresso ( isto não será  bullyng sobre a concorrência?).
Que é politicamente correcto ( o "politicamente correcto", é obviamente,  uma cobardice quando é uma constante )  porque, embora ache que há liberdade de expressão em Portugal,  quando é o nosso primeiro a pedir, é uma "pressão"! . É por isso que se diz que ele nunca "pede" à funcionária da limpeza ( mulher que depende exclusivamente do ordenado que ele lhe dá ) que lhe  reponha o papel higiénico (porque seria bullyng), já que a considera uma pressão, ou seja uma ameaça no seu trabalho. Boa!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

OS PRÉMIOS

Victor Constâncio foi promovido a vice do senhor  Trichet, Presidente do Banco Central Europeu.
Para quem se fartou de dizer cobras e lagartos dum dos maiores portugueses do nosso tempo -Constâncio -, aqui está: lá fora, onde não se brinca com coisas sérias como o dinheiro que nos sai dos bolsos quando é mal gerido, Constâncio vai tratar .... do controlo financeiro da Europa!
Felicidades Constâncio, porque os trogloditas do costume já te estão a acusar de seres português, de meteres cunhas, de ires falhar redondamente..., e quando um qualquer banco mundial falir, hão-de encontrar um fio invisível que te ligue a tal desgraça. Lembra-te sempre que a vingança, um bom sentimento nos tempos que correm, serve-se frio.

Sem querer parecer-me com os que, imbecilmente, sentem prazer em dizer mal dos portugueses, eu também, quero pôr em relevo o trabalho insano do dr. A. J. Jarrdim, excelso presidente duma ilha portuguesa que não há meio de exigir a independência - a Madeira.
Há uns anos conheci de perto uma mulher madeirense que se deslocava ao Continente em avião particular, se instalava numa suite dum hotel onde se cuidadava no SPA, para tratar de negócios de armazéns de material de construcção civil, que faziam dela, era o que se dizia, uma das três pessoas mais ricas da ilha. Ela aplicava a máxima de Sá Carneiro: " A política sem ética é uma vergonha mas sem o lado lúdico é uma chatice".
Mas, como era Jardinista  de lhe ser presente em jantares domésticos e assim, aplicava a fórmula doutro modo: " Os negócios sem vergonha são uma chatice, mas com ética não lhes adivinho o lado lúdico!".
E, claro, com esta máxima, ganhava o massagista e os amigos deste.
Foi com gente assim que o João Alberto encheu de areia e cimento,  de alcatrão e muros, e  de telhas e tijolos, aquela ilha, não deixando vazar as águas. Está, portanto premiado, para desgraça da gente.


A deputatada do meu P.S., Inês ( de ) Medeiros, como gosta de ser tratada, recebe 1.200 euros semanais de despesas de deslocação porque , sendo lisboeta e votando em Lisboa, vive....em Paris de França! Quem está a tratar deste assunto que caíu mal no P.S., é outro deputado conhecido pela sua inteligência da Praça da Liberdade : José Lello ( com dois L , como gosta de ser tratado ) e já estamos a ver o que vai dar...
Prémio, portanto para alguém que sai ao pai e que eu vi em Seixas há uns anos a roer os dedos à espera que lhe pagassem a veia artística ( e à irmã , e ao pai ) com o humor próprio dos génios incompreendidos por 99,9% da população que alguma vez os ouviu!.

João Vale de Almeida ex-chefe de gabinete do Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, foi nomeado primeiro embaixador da União Europeia em Washington dos U.S.A.. Este é o cargo de embaixada mais importante daquilo que será o Serviço Europeu de Acção Externa (SEAE), um colosso diplomático que está a nascer com o Tratado de Lisboa.
Prémio pois para este ex-jornalista que não seguiu os caminhos da Manuela dos beiços pr'a que servem?, do Crespo das cunhas de Washingtan que servem, nem da Cabrita que parece que já não dá leite -nem na Casa Pia. E parabéns ao Barroso, um transmontano que como os outros transmontanos gosta de ajudar os seus concidadãos.  


domingo, 21 de fevereiro de 2010

exemplares (humanos ) do Expresso, que andam calçados e assim....

Há dois tipos que são colunistas do Expresso que fazem brotar em mim ( ninguém é culpado de "sentir sentimentos") asco, o sentimento do asco.
Primeiro, o mais antigo na função, é um tal de henrique raposo, um gajo míope, de olhos semicerrados como é típico ( segundo Desmond Morris ) dos escribas putos,sem experiência de vida, com tendencia para as pulhices, e que no seu último "artigo" , além de , como de costume, não dizer nada, insulta. E quem é que se atreve a insultar este miúdo de olhar escondido pelas pálpebras semi-cerradas, e boca fininha de filho da senhora que o deu à luz em dia sulfuroso? : o ex-presidente da nossa República Mário Soares! A quem compara, ou seja, chama, de jotinha, e apparatchik.
Ora, meu caro ( é assim que você costuma tratar os seus inimigos, não é? ) esta coisa de a lagartixa se assomar ao leão, não é so coisa do canal Odisseia. Também ocorre com colunistas, crinças ainda, mas com as hormonas aos pulos mas sem objecto que as aceite ( mesmo às escuras ), e que por isso se enchem dum compensatório priapismo ( intelectual, claro ) tão típico dos adolescentes  que vestem botas e calcam bosta de boi!.

O outro tipo, um gajo com ares de antropólogo - ou seja de quem nunca faz coisa nenhuma - é uma espécie de oposto do anterior na apresentação: fotografia cuidada, cabelos compridos de play-boy ao vento, e  ar romântico de quem tem de trazer as custas da Vida às costas do torso, diariamente. Passa a vidinha dele a dizer mal " do Sócrates " ( deve ter andado com ele na escola ), todos os dias  quotidianamente ( como dizia o Pessoa ), mas o Sócrates  " é um defunto ambulante " e tem o problema ( ele, não nós, vejam bem a inteligência do raciocínio )" de " ser o fracasso da ideia de fazer crescer o país".
 Pois é: com tipos como este a baterem nas reformas ( umas conseguidas, mesmo assim ) "estruturais ", só mesmo o rui ramos a vergastar com os seus ramitos as nádegas da  besta  do seu país Portugal ( país que tem de ser besta, e teimoso!, porque senão já tinha aprendido com a pedagogia que semanalmente o bom do rui derrama sobre ele, país ). Ah!, que se ele o fizesse,   é que Portugal conseguia  andar , e iluminado!. Viva o Rui!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

MELEAGRIS GALLOPAVO

Adoro ingleses, sobretudo se passados por molho de tomate e grelhados em postas grossas de bife. Dá-me fome, que é que querem!?
Vem isto a propósito da vitória do Porto sobre o londrino Arsenal com dois monumentais frangos dos gajos. Tão monumentais, tão monumentais, que de galos portugueses de Barcelos ( que eu até já  tinha proposto à Joana de Vasconcelos que neles se inspirasse para fazer umas esculturas em filigranas  de Gondomar  ) se transformaram em perús ( meleagris gallopavo ).
Não é que seja novidade o interesse anglosaxónico por estas bestas que morrem sempre emborrachadas com os donos.  Afinal, o Bush filho anunciou há seis anos o fim da guera que ocorre no Iraque, num porta-aviões, mostrando, pelo Natal, um perú ...de plástico. E, por causa disso, o Obama não esteve com conversas e vai daí, enternurado, criou na horta da casa branca ( chama-se assim para dar mais realce ao preto ) um perú que não era de plástico ( muito comovente esta pedagogia de Presidente), mas  que as suas lindas duas criancinhas  não deixaram matar para o Natal.
O próprio Shakespeare mencionou-o em King Henry V ( Here he comes, swelling like a turkey-cock, V Acto, Cena 1 ) o que está na origem do espavento real britânico que ainda hoje entende ser a referência para tudo no mundo!. Tudo, porque os bifes entendiam que um perú é melhor que um frango e muito melhor que um garnizé. Só que eles não sabiam que quem lhes trouxe das terras aztecas o bicho vaidoso foram os portugueses, que com ele não quiseram nada. Ah, pois é!. Aí por volta de 1530 já o nosso D. João III se amesendava com o gallopovo com laranja e alho e muito vinho, vinho mesmo,e com ele, mais umas dezenas de manducantes! Depois entenderam que era melhor beberem o vinho mais puro, sem passar pela tripa do enorme galináceo e com D. Catarina de Bragança aí vai ele para a Corte Inglesa. E nesta, se acabaram garças e faisões, indigestos, por certo, de tal modo que começaram todos a beber o chá das cinco que a Catarina para lá também levara. Devia ser de mellissa ou seja cidereira ,- por causa das indigestões, uma vez que tomates e batatas, que também iam no bornel da Catarina,  foram rejeitados por muitos anos, e laranjas que também foram, e aquilo era mera carne seca indigerível.


Quinhentos anos passados e eis como os bifes  finalmente percebem que sem cholagut e alca-seltzer, não se deve vir ao Dragão porque apanhar logo ,não dois frangos mas dois perús, enfarta qualquer abade quanto mais o Arcebispo de Westminster! Por isso lhe chamaram " abada"!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

PARAÍSO ESPANHOL

Anda a Europa às aranhas a vêr se descobre solução para os déficites dos gregos aldrabões ( que sobre isso mentiram durante onze anos ), designadamente nós portugueses que podemos apanhar por tabela, mai'l o senhor Almunia que não sabe onde há-de esconder-se.
E, vai daí, uns zunzuns que por aí pairavam velados no frio das manhãs que correm, tornam-se rumores e estes em avisos.
Os bancos espanhois, designadamente os dois que por cá se instalaram também mentiram ao Banco Central Europeu e à Comissão Durão Barroso. É que em compadrio com Wall Street andam a esconder o seu mal-parado referente ao imobiliário falido. Os financeiros já de lá tiraram o seu. E eu, também.

O ASNO CABOTINO

Era na SIC Notícias de hoje à hora do almoço.
O mau tempo. O tempo cinzentão no Sul.
O tempo de neve apartir dos 400 metros que já tinha sido anunciado ontem.
Vê-se uma auto-estrada que a locutora dizia ser a A25, entre Aveiro e Vilar Formoso.
Tudo branco de neve e uma fila interminável de pletóricos camiões  que meios derrapados  e atravessados no asfalto não deixavam passar carros.
Um enorme camionista bota faladura pr'a repórter.
A mesma repórter que , pela terceira vez perguntava : - "Mas diga-me uma coisa, não vai mesmo tentar avançar ? ". perante o ar vaporizado de espanto dos inquiridos.
E, o terceiro ( inquirido ), porque não há duas sem três, ou talvez porque à terceira é de vez, ou talvez ainda por causa da Santíssima Trindade, ou quem sabe, porque ele não conseguia tirar-lhe os três ( por causa do gelo que faz tudo resguardar-se num qualquer minguado tamanho) virgens ferros de argolas para os pneus que não tinha e ela devia ter no carro da SIC.
"- Isto é mesmo um país do terceiro mundo!. Primeiro vem a neve e depois é que vêm os limpa-neves!".

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O OLHO DA SEDUÇÃO

Aqui há tempos referi num destes "posts" a opinião de uma amiga médica especialista de anestesiologia, segundo a qual provavelmente as pessoas que demonstravam franca fidelidade conjugal  ( fieis e fiáveis ) tinham os olhos de um côr bem fixa e nada ambígua, ou seja, que não mudava com os dias, ou a luz.
Pus-me a observar, e o empirismo clínico pareceu dar-lhe razão. Mas,... porque seria?

Como de costume neste tipo de matérias, recorri ao Instituto de Antropologia Evolutiva Max Planck em Leipzig, na Alemanha. Daqui sairam Konrad Lorenz (prémio Nobel e iniciador duma nova ciência, a Etologia ), bem como Tynbergman, ou Desmond Morris.

Foram eles que descobriram que as mulheres que têm uma pupila dos olhos dilatada (midriática ) congénita, têm maior capacidade para excitar e seduzir os homens. Dado que no arco sexual - desejo, fase de injecção sanguínea chamada excitação, e finalmente o orgasmo que é uma fase de contraturas musculares a oito ciclos por segundo - surge sempre midríase na fase de excitação, ao longo dos cinquenta mil anos da espécie ( dado que os humanos são os únicos mamíferos e primatas que fazem sexo face-a face) terá ficada gravada essa marca no genoma da espécie que funcionaria como uma mensagem "provocatória sexual" para o sexo oposto. Ou seja quando um homem dá de caras com uma mulher com uma pupila muito dilatada tenderia a interpretar esse facto como um sinal de excitação sexual convidativo a um "avanço".
E a verdade é que a História da Idade Média veio ajudar: Sabemos que nos saraus dos castelos, as damas se preparavam para os bailes deitando nos olhos atropa bella dona ( o nome da planta já diz muito ) um atropínico que ainda hoje os oftalmologistas usam para dilatar a pupila e melhor poderem observar o fundo ocular. E assim preparadas as damas, o negócio galante da sedução ao masculino corria lindamente sem que os homens percebeçem bem porque é que andavam pelo beicinho por esta ou aquela cara feia...

Pois recentemente a escola de Max Planck veio demonstrar que um dos reflexos físicos interessantes da intencionalidade partilhada dos seres humanos é a....esclerótica, ou seja aquilo a que vulgarmente chamamos o branco dos olhos. As cerca de 200 espécies de primatas têm olhos escuros e uma esclerótica que mal se vê. Todas, com excepção dos seres humanos , cuja esclerótica é três vezes maior, uma característica que torna mais fácil seguir a direcção do olhar dos outros ( com isso melhorando a inter-acção social ) mas também relevando a côr da íris. E se esta fôr ambígua, como que numa relação guestáltica de figura-fundo, pondo essa ambiguidade em relevo. E como costumamos dizer, se os nossos olhos são o espelho da nossa alma.... 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O QUE É E COMO É O AMOR - PARTE III

"Quando eu vejo, eu esqueço.
Quando eu escuto, eu recordo.
Quando eu faço, eu compreendo."
                              ( provérbio chinês)

Vou continuar a falar do amor, mas com uma derivação para a actividade coaching , como estava prometido.( então pensavas que te vias livre de mim ò "coaxineira" minha amiga Elisete?. E tu, também, minha filhota Sónia? ).

Quando um marido entra em sua casa e a sua mulher - que está a fazer o jantar com o avental posto e assim - ouve o ruído da chave dele a entrar na fechadura da porta e sofre, por causa disso, um enorme sobressalto pensando para com ela :" com que será que ele vai pegar comigo hoje?" enquanto sente a boca subitamente seca, o coração acelerado, uma incapacidade para ordenar as ideias, ou um trémulo que a faz deixar cair ao chão o molho de espinafres, esta mulher tem medo. Tem medo do seu marido!

Quando eu vejo num casal que um dos conjuges , geralmente a mulher, tem medo ( sobretudo quando é um medo difuso, de fazer e não fazer, de vestir e não vestir aquela roupa, de falar ou ficar calada..., mais até que do medo de violência física - eu fico a saber que o casamento vai mal ).
Da mesma maneira quando num casal os conjuges competem entre si para se mostrarem (  muitas vezes a terceiros, a começar nos filhos! ) superiores um ao outro, na inteligência, na capacidade de decisão ( a que eles chamam logo " força de vontade" ) na capacidade profissional, no esforço de ganhar dinheiro, ou na rapidez de subida dos degraus da carreira profissional, por exemplo, eu também sei que o casamento está mal porque a competição em casa destroi, embora fora de casa possa ser muito útil.
E, quando  numa mesma família/casal, eu observo que há medo e competição intra-conjuges , dado que nenhum amor ( ou amizade - aquilo a que, com o tempo, dá origem a paixão dos inícios dos casamentos ), eu fico a saber que aquele casamento acabou : acabou de facto, embora de jure possa perdurar até à morte de um deles; e vai terminar inexoravelmente em divórcio se houver condições materiais para isso.

É que, repito, nenhum casamento resiste ao medo mais à competição invejosa ( rivalidade ) entre os conjuges.

Mas afinal o que é o medo?
Num longo estudo que fiz em 1987, determinei os três sentimentos/emoções com que todos nascemos : a afeição amorosa, a cólera e o medo. Como é óbvio, cada um destes sentimentos dará origem a muitos mais "galhos" sentimentais" como uma árvore que cresce com galhos que se multiplicam em outros galhitos diferentes e assim, para o bem ou para o mal.
O medo representa a reação da pessoa a algo ameaçador que ela julga não poder dominar. Frequentemente o medo impõe o evitamento a numerosas situações: ir ao médico,sair à rua,estar com pessoas,etc, o que tende a promover o isolamento relacional.
No meu estudo concluí que os estímulos verbais que sugerem MEDO, pertencem a cinco categorias de sentimentos:

Temor que  é a raíz dos sentimentos de ansiedade,preocupação e solidão.
A Dúvida que origina os sentimentos de fracasso,insegurança e indecisão.
A Tristeza que se complexifica em sentimentos de depressão, desânio e infelicidade.
A Dor de que se suportam o terror, a mágoa e o desconforto.
A Fuga que é o tronco que dá os galhos sentimentais da desistencia, do esquecimento ou do evitamento.

E, cada um destes quinze sentimentos  vai originar  novos sentimentos, numa espiral que tem  a extensão do léxico e da semântica dos sentimentos....
Por isso, quando quero actuar psicagogicamente ( psicoterapeuticamente ) em alguém devo "trabalhar" a sua maneira de verbalizar os sentimentos e as emoções quer no plano da comunicação verbal quer na gestual e mímica. E o que é bom para as relações intra-familiarese também bom para as redes de colegas nas empresas....

A CÓLERA, outro sentimento básico, tenderá a produzir mais sentimentos a si aparentados que aparentados aos ao MEDO, sempre  que as experiências obstaculizantes do desejo  do bebé ocorram com este  ( mais tarde com  a criança e o adulto) a viver experiências  em que  se ache mais forte que o outro que lhe opõe obstáculos, e por isso possa exibir o  colorido sentimental da cólera. Caso contrário, quando o bebé ( o ser humano), sente que é mais fraco que o ser que se lhe opõe, sobreleva e aprende a comunicar frequentemente através do medo.

Deixemos por agora a Afeição Amorosa e a Cólera para deambularmos um pouco mais sobre o Medo   - uma vez que , se em casa ,afastarmos a maioria de situações que gerem cólera ou medo o que resta é a afeição e sentimentos seus derivados que restam em campo, em casa como na empresa: prazer, idoneidade,amor,felicidade,esperança... e todos os outros que se originam destes.
Se o Medo é um dos três sentimentos básicos ( com que nascemos ) provavelmente é boa coisa. E é!
Em meados do século passado extinguiu-se na Austrália um pequeno pássaro chamado Dó-Dó da Austrália ; tratava-se duma espécie autóctene, que antes da chegada dos Europeus nunca tivera predadores. E com a chegada dos primeiros colonos que traziam aves, para estes pássaros, predadores, acontecia que os pássaros predadores se aproximavam àvontade dos Dós-Dós  que assim eram calmamente comidos. Até se extinguirem. O que ocorreu, porque aqueles pássaros australianos não sentiam medo de outros pássaros que não conheciam....
Do mesmo modo, se eu não souber que os carros que passam na rua matam quando nos atropelam, posso atrever-me a atravessar as ruas sem olhar para os lados... porque não sabendo não tenho medo....
Assim sendo, o medo é um sintoma de perigo que é útil para a preservação da espécie. Mas só desde que nos não tolha as decisões, não obstaculize a reacção, nos não impeça a iniciativa!

Ora, sendo uma empresa  a muitos e bons títulos um segundo lar, podemos extrapolar certas questões: primeiro, relações profissionais entre pares que assentem na competição ( invejosa ) em vez de cooperação são uma auto-estrada para o desastre; do mesmo modo, uma relação de medo ( de retaliação de colegas, de medo de despedimento, de tomar iniciativas, e.t.c., mata a empresa. E mata hodiernamente a empresa ( ao contrário do que acontecia no passado, porque hoje, ao contrário do passado, nenhuma empresa que não inove, desenvolva novos produtos e novas condições de produtividade, nem à segunda geração chega.

( no primeiro "post" sobre "o que é e como é o amor" eu dividi as pessoas no que toca à economia,, à conduta e à ética. E, em relação à ética referi que as pessoas podem ser ajuizativas ou compreensivas, sendo  que só as últimas se relacionam com as conservadoras de afectos (na economia ) e com as que transformam a relação numa tentativa permanente de paz (na conduta ).
( Ora, o que é verdade em casa, é-o na empresa.). ( sendo que directores ou trabalhadores com relações geralmente ajuízativas fomentam o medo, e coarctam a criatividade e a investigação - sem as quais ,hoje, as empresas têm os dias contados ).

Dois exemplos : No Japão, a TOYOTA no período de expansão do país, distribuía postos postais para recolha de opiniões dos trabalhadores para aumentar a produtividade, o que se podia fazer anonimemente ou  não; eram geralmente sugestões  sobre ergonomia dos postos de trabalhado mas podiam ser sobre tudo.
Já em Portugal, a BIAL,que comercializa um medicamento que descobriu, decidiu afectar as mais-valias da primeira descoberta na investigação de novos fármacos, com isto diminuindo o medo dos trabalhadores de a médio prazo ficarem desempregados.

É assim que as acções que promovam numa empresa menos medo ( como novos investimentos permanentes enquanto os produtos antigos são vendidos em ritmo de cruzeiro , ou aqueles que ensinam a alfebatização dos afectos e a maneira de lidar com eles ) são a única saída para a economia do futuro mas também para vivermos com humanidade - fomentando indirectamente o exercício ( e.g. no casamento ) da afeição amorosa.

( mas ao amor voltarei para cansaço dos meus dois leitores e meio ).


Há ainda uma questão interessante que se prende com o que fica dito : a ética no trabalho.

Se repararmos bem é nos países do Norte da Europa que a economia vai melhor e os trabalhadores também. Isto tem que ver com dois factos .
Primeiro: a religião prevalente e os respectivos valores morais são os protestantes, para os quais a riqueza é "sinal de salvação" , ao contrário dos países do sul onde o catolicismo manda que "dos pobres será o reino dos céus".
Por outro lado, os países do norte foram muito influenciados pela obra de Kant e a sua noção do Dever. Para Kant nós não podemos pedir bons sentimentos ( os sentimentos como o amor ou o ódio limitam-se a brotar, como o sentimento da Fé - ou brotam ou não, mas não se inventam ). Por isso, eticamente, se nós não podemos pedir bons sentimentos, podemos exigir o Dever do cumprimento de acções . Por exemplo, não interessa se a minha enfermeira é muito simpatica para mim quando estou internado no hospital, mas sim que ela faça tudo bem às horas certas!.Por isso é que não gostando da "frieza nórdica "dizemos que fomos muito bem tratados quando lá fomos internados.

Ora no trabalho as coisas são semelhantes. Enquanto os latinos são como sabemos, os nórdicos cumprem os horários, e entendem Dever colaborar quer com a empresa quer com os colegas.
É que à ÉTICA do trabalho dos nórdicos opõem os latinos a cultura do consumo : do consumo das horas, dos afectos dos outros (sugando-os), da "ração" do trabalho que seria nosso e passamos ao colega, e até do consumo dos objectos físicos mais prosaicos (e.g., fui médico do trabalho duma grande fábrica , a Duarte Ferreira, onde a Administração mandou cortar com o papel higiénico, sim esse mesmo!, porque os trabalhadores o usavam para entupir as sanitas,ou o roubavam simplesmente!).
Tudo isto é imoral, mas mais do que isso: não é ético. E não caberia na cabeça dos trabalhadores dos países   do norte da europa não lutar para corrigir uma situação destas, independentemente de gostarem muito ou pouco da empresa, dos patrões, ou dos colegas.






sábado, 6 de fevereiro de 2010

SOBRE A POLIGAMIA E A CIENCIA ( e porque não o casamento? )

Domingo, Janeiro 31, 2010


Uma reflexão masculina heterodoxa da história da monogamia :-)

Hoje vou mudar de assunto e partilhar convosco uma conjectura que sei ser discutível e de que eu próprio me rio, mas contra a qual na verdade ainda não encontrei argumentos científicos. Quem quiser divertir-se, que se adiante. De qualquer modo e antes de prosseguirem a leitura, repito que o que se segue não pretende ser inteiramente ciência, mas apenas ilustrar galhofeiramente como a Ciência não é neutra.



Como muitos saberão, há muitos investigadores que se têm interessado pelo estudo evolutivo de alguns marcadores genéticos, em particular dos haplótipos, umas combinações de alelos ou genes com variantes que determinam, por exemplo, as diferentes cores de olhos ou de cabelo entre indivíduos. É a partir dessas investigações que, por exemplo, se chega à conclusão de uma origem única para a nossa espécie no corno de África, de onde aliás partiram várias vagas de humanos, a última das quais, a nossa (Homo Sapiens), há cerca de 40-50 mil anos. Estudos similares na linguística chegam às mesmas conclusões, o que não é de surpreender visto os dialectos se desenvolverem em comunidades mais ou menos fechadas que tendem naturalmente também para a afinidade genética.

Basicamente esta linha de pensamento considera que numa dada comunidade de onde se separe um sub-conjunto de indivíduos, este sub-conjunto é portador de apenas parte da diversidade genética do grupo original, de modo que à medida que vai ocorrendo a "sub-especiação" a homogeneidade genética dos novos sub-grupos aumenta. Por conseguinte, os grupos com maior diversidade genética serão os mais antigos, e os com menor os mais recentes.

Como noutras áreas da Ciência, porém, esta teoria (ou da origem única) é controversa e tem a oposição dos que defendem uma origem multi-regional da espécie, com múltiplos cruzamentos ao longo do tempo. Porém, à medida que a informática e o estudo do genoma permite o tratamento de volumes cada vez maiores de dados genéticos de diferentes populações, a teoria da origem única tem vindo a ganhar terreno enfraquecendo os argumentos da teoria da origem múltipla. As consequências ideológicas destas duas teorias permitem compreender porque é tão acesa a luta entre elas: a teoria da origem múltipla aponta para uma natureza humana originalmente boa e tolerante às diferenças, mais tarde pervertida pelas estruturas sociais da civilização, enquanto a teoria da origem única aponta para a supremacia de uma única linhagem original, sem cruzamentos entre sub-espécies substancialmente diferentes e com a eliminação das menos aptas (não forçosamente pela guerra, entenda-se).

Um exemplo típico desta polémica é a que foi despoletada pela descoberta em 1998 do nosso célebre "menino de Lapedo", que o arqueólogo João Zilhão e outros defendem constituir uma prova do cruzamento de Neanderthais com Homo Sapiens, há uns 25 mil anos (a península ibérica foi o último lugar onde viveram Neanderthais, até há 25-30 mil anos), mas outros argumentam ser impossível ainda haver traços morfológicos de Neanderthal muitas gerações depois desta sub-espécie humana ter desaparecido. Um projecto de sequenciação do Genoma do Neanderthal, entretanto, tem vindo a reforçar a hipótese de que não haverá, de facto, traços genéticos dessa sub-espécie na nossa. Note-se que, segundo a teoria da origem única, terão havido várias vagas migratórias originais de África de espécies humanas, mas só a última vingou. A nossa, obviamente.

Muitos destes estudos centram-se no ADN mitocondrial, que quase só se propaga por via materna, ou no do cromossa Y, que só se propaga por via paterna, embora em ambos se usem modelos de "relógios moleculares" para temporizar (estatisticamente) as mutações e, retrospectivamente, origens ancestrais das populações.



Entretanto, um dado assente é que o advento da agricultura e, com ela, a "1ª vaga" de explosão demográfica humana (a 2ª ocorreu com a industrialização e a 3ª estará em curso com a revolução do conhecimento), deu-se no Próximo Oriente e propagou-se daí pela Europa. A "1ª vaga" correspondeu à chegada do Neolítico e com ela à superação do Paleolítico, dominado pela caça e pela apanha do que a Natureza proporcionasse, e ocorreu há cerca de 10 mil anos, chegando à ponta da Europa mais afastada do Médio Oriente, a Irlanda, há uns 6 mil anos (e cá há uns 8 mil). Muito antes disto e praticamente logo que aparecera, a nossa espécie dedicara-se a realizar "crimes contra a biodiversidade" do planeta, depradando até à extinção muitas das grandes espécies que encontrou, dos mamutes norte-americanos aos cangurus gigantes da Austrália.

Se a propagação da 1ª vaga foi por via cultural (conversa e aprendizagem) ou por migrações (deslocação pessoal) tem sido uma questão em aberto entre os investigadores.



Ora acaba de ser publicado um estudo envolvendo um largo conjunto de investigadores europeus de diferentes países que demonstra que há uma extrema coincidência entre a conhecida propagação da agricultura na Europa, de Sudeste para Noroeste, e a presença de um marcador específico no cromossa Y dos homens - e essa coincidência é no sentido de a maioria dos homens europeus, cerca de 80%, descenderem dos mesmos "avôs", ou antepassados masculinos. O que não se verifica quanto aos marcadores genéticos de origem feminina. Estes novos resultados parecem corrigir as conclusões obtidas há uma década e que apontavam para uma maior diversidade de origens masculinas, embora já então fosse evidente elas não coincidirem com as femininas.

Quer isto dizer que com o advento da agricultura, foram os homens agrícolas que predominantemente se reproduziram, com mulheres locais (paleolíticas). O que aponta para a regra da poligamia ter acompanhado a 1ª vaga.

Aliás, outros estudos genéticos recentes do mesmo género também já apontavam para o facto de sermos todos descendentes de um número reduzido de homens, muito menor que do número de mulheres.

Estas conclusões parecem dar razão à opinião de um amigo meu, segundo a qual há uma alienação na busca masculina de sucesso social e riqueza como fim último da existência, visto o verdadeiro fim natural desta ser o da posse do maior número possível de mulheres, com vista à maximização da reprodução dos genes masculinos. E, invocando o exemplo de muitas espécies animais, nota ele que verificando-se aí a existência de machos dominantes que após acesa competição logram o "the winner takes it all", isso é a forma como a Natureza procede ao apuramento dos genes que garantem a adaptação evolutiva permanente ao ambiente - por via da competição entre os machos e pela reprodução apenas dos dominantes. Aliás, do ponto da vista da Natureza os machos não teriam mesmo mais nenhum papel.

Embora admita que o cromossoma Y é o que mais mutações tem sofrido e que será predominantemente através dele que a evolução genética se processa nos mamíferos, a mim sempre me pareceu que esta teoria dos machos dominantes e polígamos era uma generalização abusiva das práticas dos herbívoros, que vivem, de facto, em grandes grupos (de fêmas, crias, e um macho dominante). Nos carnívoros, porém, que são muito mais inteligentes que os herbívoros, as práticas "familiares" são diferentes. Há só uma regra comum: os machos não toleram crias alheias, o que cria um curioso fundamento para o regime "familiar" dos leões, por exemplo: as leoas acarinham o seu leão macho porque é ele que lhes protege as crias contra os outros machos de fora da "família" - mesmo que esse macho tenha ganho o seu estatuto matando as crias anteriores da leoa! Mas, nos carnívoros, as coisas são de facto diferentes, e mesmo nas poucas espécies que constituem grandes grupos, como as dos eficazes canídeos, ou há também uma fêmea dominante que também mata as crias das outras fêmeas e forma um casal real, como nos lobos, ou são mesmo as fêmas que são dominantes, como nas temíveis hienas.

Seja como for, a revelação de que o número dos nossos antepassados masculinos é muito menor que que o dos femininos parece apontar para a predominância do paradigma sexual dos chimpanzés sobre o dos bonoboos na nossa ancestralidade, o que para quem se imagina um macho dominante nesses tempos antigos pode parecer interessante, mas a quem eu notaria que, probabilisticamente, se fossem machos transportados no tempo para essa antiguidade seria bastante mais provável, pela simples lógica dos números, que pertencessem ao maioritário conjunto dos excluídos, e não ao da minoria dominante. Uma lógica similar à que se pode aplicar às bonitas histórias sobre príncipes e cavaleiros antigos e em que gostamos de nos imaginar a viver como eles, mas em que a simples lógica dos números nos indica ser muito mais provável sermos os seus miseráveis criados ou servos da gleba, se fossemos transportados para tais cenários.

E vem isto tudo a propósito do advento da monogamia, ocorrida há uns 5 mil anos, depois de bem assente a revolução neolítica e quando as cidades se erigiram em civilizações, com Estado, leis e escrita. Monogamia tratada legislativamente em detalhe no Código de Hamurabi, regulada nos 10 Mandamentos judaicos e imposta, claro, pelo cristianismo.



E a conjectura que me traz aqui é esta: hoje, que graças à invenção da pílula e ao facto da 3ª vaga ser partilhada pelas mulheres, temos vindo a viver uma nova revolução sexual, a das mulheres, há muito quem olhe para a monogamia tradicional como um ferrolho da liberdade. Porém, a monogamia veio trazer a cada homem o direito de ter uma mulher, quando antes essa propriedade seria exclusiva de chefes e reis, que as tinham a todas, a julgar pela descendência que deixaram (incluindo nós).



Ou seja: a monogamia, longe de ter sido um ferrolho à liberdade pessoal masculina, foi de facto uma grande evolução democrática e uma importante limitação do poder dos chefes e reis.

Para os homens, claro.

Para as mulheres, a democratização sexual teria que esperar mais 5 mil anos e ainda não foi aceite pelos muçulmanos, razão maior da guerra mundial em curso e apesar de uma amiga minha defender, talvez com algum exagero, que "no fundo de cada homem há sempre um muçulmano recalcado"... :-)

Publicada por Pinto de Sá em 11:59 PM 9 comentários Hiperligações para esta mensagem