sábado, 1 de janeiro de 2011

ENTRADAS COM O PÉ ESQUERDO

Os juros da dívida portuguesa a 10 anos estabilizaram, nesta última semana de 2010, nos 6,6% e a probabilidade de incumprimento estacionou perto dos 36%. Num ano, os juros portugueses subiram 62% e o risco projetou Portugal do 41º lugar para o 4º nesse ranking.
As yields (juros implícitos) das obrigações do Tesouro (OT) portuguesas a 10 anos no mercado secundário estacionaram nos 6,6% no fecho de 2010, segundo dados da Bloomberg. Mantiveram-se, com oscilações, nesse nível desde o início da semana. É o valor que servirá de ponto de partida para a apreciação da evolução no primeiro semestre de 2011 quando vai ter de ser refinanciada 2/3 da dívida soberana, com dois meses críticos, em abril e junho.
A probabilidade de default (incumprimento) da dívida soberana num horizonte de cinco anos desceu ligeiramente ao longo da semana, tendo fechado nos 35,83%, conservando o país o 4º lugar no “clube” dos de maior risco à escala mundial, logo a seguir à Irlanda, segundo o monitor da CMA DataVision que abrange mais de 80 países e estados.
A degradação das condições de crédito ao país ao longo do ano de 2010 foi impressionante – os juros implícitos no mercado secundário nas OT a 10 anos subiram 62%, com base nos dados da Bloomberg. Degradações de crédito mais graves ocorreram com a Grécia, onde os juros dispararam 116%, e com a Irlanda, onde os juros cresceram 87,5% durante este ano. Nestes últimos dois casos, os patamares dos juros elevaram-se a quase 13% e 9% respetivamente. Os dois países encontram-se “intervencionados” por Bruxelas e pelo Fundo Monetário Internacional.
De 41º para 4º
Na ótica da probabilidade de incumprimento, Portugal “saltou” do 41º lugar no final de 2009, com apenas 6,2% de risco, para o 4º lugar do “clube” dos 10 de maior risco mundial. Foi o segundo maior aumento, depois do grego (que passou de 10º para 1º). O nosso país entrou nesse “clube” restrito a 21 de abril. Saiu cinco vezes, depois, mas desde 24 de agosto que nunca mais abandonou o “clube”.
No final de 2009, o “clube” dos 10 mais do risco era formado pela Venezuela, Ucrânia, Argentina, Letónia, Islândia, Dubai, Lituânia, Roménia, Líbano e Grécia (que entrara no último trimestre do ano).
O panorama em final de 2010 é substancialmente distinto: a zona euro ocupa quatro lugares pela primeira vez na história daquele TOP 10 mundial e o estado americano do Illinois, o de risco mais elevado nos Estados Unidos, situa-se em 8ºlugar, sinalizando que a superpotência tem um conjunto de estados em muito má situação (além do Illinois, Califórnia, Michigão e New Jersey), para além do míni-crash que ocorreu no mercado dos títulos municipais (“Muni”) em novembro.
A lista de membros do “clube” é hoje constituída por Grécia, Venezuela, Irlanda, Portugal, Argentina, Paquistão, Ucrânia, estado do Illinois, Espanha e Dubai.

( retirado de JNR de Ciberardina )

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