sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

reformas em espanha

Para  se entender melhor  a importância da concertação social.Ver aqui.

2011 , O ANO DE TODAS AS DESGRAÇAS

O grupo francês de prospetiva estratégica LEAP/E2020 responde sim à pergunta, considerando que se desenha uma convergência de tendências negativas. Pode ocorrer “uma série de choques violentos”. Quatro ‘bolhas’ vão rebentar – saiba quais.
O ano de 2011 pode vir a ser um ano de convergência de várias tendências negativas gerando uma situação “implacável”, diz o grupo francês de prospetiva LEAP/E2020 (Laboratoire Européen d’Anticipation Politique/Europe 2020), no seu primeiro boletim confidencial do ano.
Este ambiente negativo prende-se com o sério risco de, durante o ano, rebentarem quatro “bolhas”: a dos preços das commodities onde já se fala de vários “choques” (alimentar, petrolífero, nos minerais estratégicos); a da especulação em torno das dívidas soberanas e das obrigações do Tesouro; a do imobiliário residencial e comercial em países onde o “dinheiro quente” continua a alimentar a sua expansão; e finalmente a dos balanços dos bancos globais onde se alojam “pelo menos 50% de ativos fantasmas”.
As bolhas nos ativos financeiros e não financeiros continuam a ser alimentadas pelo nível elevado de liquidez global que é gerado pelas políticas monetárias oficiais de “alívio quantitativo” (quantitative easing, dinheiro injetado pelos bancos centrais a juros abaixo da inflação) da Reserva Federal americana, do Banco de Inglaterra e do Banco do Japão, bem como por políticas similares que continuam em vigor na Europa e nas economias emergentes, refere o boletim.
Uma convergência destas, a concretizar-se, tem uma amplitude maior do que a turbulência que ocorreu durante a crise financeira de 2007/2008 e a Grande Recessão que se seguiu em 2009. O grupo francês associa-lhe, agora, uma “guerra de divisas” larvar entre as grandes potências.
Raiva contra o sistema
“O ano de 2011 será marcado por uma série de choques violentos”, diz o grupo francês. Há muitas sociedades que estão à beira de um ataque de nervos – qualquer rastilho pode disparar a “raiva contra o sistema”.
Segundo o LEAP, esta “raiva” é visível nas sociedades que integram o que ainda é considerado Terceiro Mundo e em particular em regimes ditatoriais e autocráticos. A pressão da carestia de vida nas camadas pobres e o desemprego crónico ou impossibilidade de mobilidade social, até em segmentos com qualificações, gera uma situação insustentável. Como se viu, recentemente, na ‘Revolução de Jasmim’ na Tunísia cujo efeito de contágio se começa a observar em todo o Magrebe, com particular destaque esta semana no Egito, com movimentações populares, derrocada da Bolsa no Cairo e disparo do risco de incumprimento da dívida soberana. O LEAP sublinha que, neste caso, há a possibilidade de uma vaga varrer os “satélites do Ocidente” em termos geopolíticos.
Mas não está latente só nesse mundo mais pobre. A mesma situação ocorre nos Estados Unidos com largas camadas da população que oscilam entre a nova pobreza e a raiva política aberta e na Europa em que os cidadãos ficaram ensanduichados entre o desemprego e o desmantelamento progressivo do estado social, diz o boletim.
O mesmo mal social também abrange as economias emergentes que vivem verdadeiros dilemas. O caso que poderá ter o maior impacto na economia mundial é a China que está entalada entre a hiperinflação em produtos sensíveis e a bolha imobiliária de um lado e a necessidade de manter a economia sobreaquecida para garantir emprego e manter a sensação de sucesso, por outro.
Em todos estes países crescem assimetrias gritantes, verdadeiras “bombas relógio” em montagem.
Impotência dos grandes
Um facto político novo junta-se nesta conjuntura, diz o boletim. Depois de mais de três anos sobre o início da crise financeira, ficou patente a “impotência dos principais atores geopolíticos”. Esboroaram-se a esperança e confiança iniciais na superpotência mesmo com uma liderança renovada, na Europa, na China e no G20.
“O mundo de 2008 foi apanhado de surpresa pelo violento impacto da crise, mas, paradoxalmente, o sistema internacional estava mais bem equipado para responder, na medida em que se centrava em torno de um líder indisputável”, refere o estudo. O que contrasta com a situação atual: “Em 2011 já não é esse o caso. Não só não há mais um líder desses, como a situação se agravou pelo facto de muitas sociedades estarem à beira de uma rutura económica e social”.
O estudo refere que a História é como uma mulher sexy de banda desenhada – dá um primeiro aviso (o que aconteceu com a crise financeira de 2008) antes de dar um chuto. “Estimamos que em 2011, ela dará o chuto”, conclui com ironia

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

os chineses turistas devem ser aproveitados

As entidades turísticas em Portugal não estão a aproveitar a explosão de turistas milionários chineses que aí vêm.
Mesmo para quem como eu não gosta da China, parece infantil -mesmo na base de não se gostar deles - não aproveitar o seu dinheirinho que, no fundo nos foi surripiado. Trata-se portanto de um resgate . Como fazê-lo? Ora, como nos bons tempos do turismo de ingleses, pôr a informação em português e chinês, desde os cardápios dos restaurantes às informações nos museus.Como pode ver aqui.http://www.presseurop.eu/pt/content/article/476751-os-chineses-sao-os-novos-japoneses

transnítria





  • Celebração dos 20 anos da independência da Transnítria em Tiraspol, a 2 de setembro de 2010. (AFP/Vadim Denisov)

    Moldávia

    Transnítria olha para a Rússia, não para a UE

    27 janeiro 2011 euobserver.com Bruxelas
    Celebração dos 20 anos da independência da Transnítria em Tiraspol, a 2 de setembro de 2010. (AFP/Vadim Denisov)






  • A  Moldávia  vai ser o próximo  pômo da discórdia  entre Ocidente e Rúsia. Na verdade a Transnítria e os seus 350 mil habitantes foram perdendo expectativas de associação ao Ocidente e tendem claramente para uma integração na Rússia.  E a Rússia só não anexará esta terra ( em cuja fronteira já estaciona meia divisão blindada russa ) se perceber que isso impediria uma " aliança " com o Ocidente contra a CHINA. Como pode ver aqui.http://www.presseurop.eu/ptDelenda China Est "!


    http://www.presseurop.eu/pt

    subidas dos juros da dívidas soberanas ocorrem em toda a europa incluindo já a alemanha

    Portugal voltou a marcar o dia (26 de janeiro) nas yields (juros implícitos) das Obrigações do Tesouro (OT) a cinco e a dez anos no mercado secundário.
    Novos máximos desde a adesão ao euro foram quarta-feira (dia 26) alcançados: segundo dados da Bloomberg, os juros das OT com maturidades a cinco anos subiram para 6,34%, acima do fecho na terça-feira (dia 25) quando se alcançara o anterior máximo (6,32%); e os juros das OT a dez anos fixaram-se em 7,13%, destronando o anterior máximo de 7,1% alcançado a 7 de janeiro.
    Portugal viu a sua probabilidade de default (incumprimento da dívida soberana) num horizonte de cinco anos aumentar para 32,5%, acima do fecho de terça-feira, segundo dados do monitor de risco da CMA DataVision.
    Para além de Portugal, a Grécia, Irlanda, Espanha e Alemanha viram os seus juros aumentar em relação a terça-feira.
    A Grécia assistiu hoje a uma primeira entidade financeira, a seguradora austríaca Vienna Insurance Group, proceder voluntariamente a um “corte de cabelo” (hair cut) no valor dos títulos de dívida grega que possuía em carteira. O seu risco de default aumentou para mais de 52,5%, continuando a liderar o “clube” dos dez países com maior risco.
    Na Irlanda, apesar da turbulência política, a Lei do Orçamento passou na Câmara de Representantes (Dáil) e seguiu para o Senado, mas a incerteza sobre o futuro governo e o que fará em relação ao Acordo com Bruxelas e com o Fundo Monetário Internacional continua a marcar a agenda. Em Espanha, o problema da recapitalização das Cajas, as caixas de poupanças, é a preocupação principal de curto prazo que está a criar nervosismo nos investidores na dívida soberana.
    A Alemanha foi hoje o país cujo risco de default mais cresceu nos 80 países monitorizados pela CMA DataVision. Por seu lado, os juros dos títulos alemães, os Bunds, a dez anos aumentaram para 3,18%.
    Sinal de preocupação o facto destes juros das Bunds se manterem acima dos 3% desde 12 de janeiro.
    Bloomberg vaticina defaults e saídas do euro
    No início do World Economic Forum, em Davos, a agência financeira Bloomberg divulgou a Bloomberg Global Poll uma sondagem a 1000 investidores, analistas e traders realizada entre 21 e 24 de janeiro.
    O “choque” provocado pelos resultados foi imediato tanto mais que em Davos se discute o problema da crise da dívida soberana em países da zona euro: 75% dos respondentes declararam que a Grécia entrará em incumprimento até 2016 e 53% vaticinaram a mesma sorte para a Irlanda no mesmo período. Quanto a Portugal, o terceiro da lista de dores de cabeça, os inquiridos dividiram-se a meio.
    Por outro lado, a sondagem revela que 59% prognosticou que um ou mais países da zona euro poderão abandonar a moeda única até 2016 no quadro de um agravamento da crise da sua dívida.

    quatro tons, quatro partidos desatinados....mais um que toca bombo!



    SE O CDS. o PPD , o PS e o BLOCO DE ESQUERDA fossem música, seriam assim. O PC toca não em quatro tons, mas ao tom único dum bombo.

    MOMENTO SPUTNIK

    No discurso sobre o Estado Da Nação, o presidente Obama declarou que a América se encontrava no seu histórico "momento sputnik".
    O que ele disse a seguir é que o seu país face a um adversário que ameaça os USA , a China, necessitava de mais dinamismo na economiam , com mais criatividade,  maior empreendedorismo, maior rigor,  maior empenho nas novas tecnologias e educação, maior competitividade nas empresas, mais energias renováveis ....., ( onde é que eu já , desde há seis anos, ouço isto ?),  mais união enfim, sob pena de se ver ultrapassada .
    Foi claro que o presidente pela primeira vez considerou que a América defronta um inimigo a crescer, que esse inimigo tem nome ( China) e que é preciso reagir já ( que é como quem diz enquanto o inimigo não consegue comer-nos vivos ).

    No final da segunda Grande Guerra, os USA desarmaram-se e dirigiram as sobras orçamentais da Defesa para o bem-estar e a ajuda à reconstrucção da Europa destruída pela guerra, através do Plano Marshal.
    Ao contrário, os Russos mantiveram as forças armadas e com o auxílio dos engenheiros alemães presos na alemanha de leste , iniciaram um grande esforço militar que os levou à construcção da sua primeira bomba atómica e em 1957 lhes permitiu enviar o primeiro foguete para o espaço ( chamado SPUTNIK ). Aí, soaram as campaínhas de alarme em toda a América e o presidente americano falou ao país dizendo tudo o que agora Obama disse, mudando apenas o nome do  inimigo que  na altura era a União Soviética, e o objectivo imediato ( que não eram as energias renovaveis e as tecnologias da bio - onde é que eu já ouvi isto ?- ,da informação e da comunicação) , mas era pôr um homem na lua antes dos soviéticos - o que alcançaram em 1968. A partir daqui a guerra fria ficou para durar e todos pudemos andar seguros porque a única maneira conhecida de termos seguraça é termos melhores armas que os nossos inimigos.

    Por isso, este discurso de Obama vai ficar na História , ou como o momento em que o Ocidente reagiu a tempo , ou como o momento em que começou a deixar-se escravizar. A ver vamos.
    DELENDA CHINA EST !

    quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

    MESMO COM MOEDA PRÓPRIA....

    Polónia

    Varsóvia lança reforma controversa do sistema de pensões

    25 janeiro 2011
    Dziennik Gazeta Prawna, 25 janeiro 2011
    "Orçamento salvo à custa dos pensionistas", afirma o título do Dziennik Gazeta Prawna, após o anúncio da nova reforma do sistema de pensões da Polónia, a mais radical dos últimos onze anos. No quadro do sistema público/privado de pensões existente, os polacos descontam 7,3% dos seus salários para fundos de pensões privados (OFE) e 12,29% para a segurança social (ZUS). Com o intuito de compensar o défice da segurança social, o Governo polaco vai reduzir para 2,3% os descontos para os OFE, devendo os restantes 5% ser re-encaminhados para a ZUS. O Governo afirma que a medida terá por resultado pensões mais elevadas no futuro mas os especialistas mostram-se céticos. "O sistema, já de si complicado, tornar-se-á ainda mais complexo, para apagar fogos nas finanças do Estado, por um lado, e acalmar os futuros pensionistas, por outro", conclui este diário de Varsóvia. O jornal calcula que a reforma do sistema de pensões, que entrará em vigor em abril, pode representar para o Governo uma poupança de 1,2% do PIB.

    DO BLOG DE PAUL KRUGMAN - O QUE FAZ UM GOVERNO CONSERVADOR QUE SE INICIA EM MAIO


    January 25, 2011, 10:51 pm

    The Ryan Response

    … was as bad as you might expect. Lots of breast-beating about deficits; you’d never know that no leading Republican, Ryan very much included, has offered a serious proposal to cut the deficit. Some cooked statistics about federal spending. And then there was this curious assertion:
    Just take a look at what’s happening to Greece, Ireland, the United Kingdom and other nations in Europe. They didn’t act soon enough; and now their governments have been forced to impose painful austerity measures: large benefit cuts to seniors and huge tax increases on everybody.
    Greece maybe fits that description. But if you’d read anything about the euro crisis — like this article — you’d know that Ireland was running a budget surplus on the eve of the crisis, and had quite low debt. Its problems now have nothing to do with fiscal irresponsibility in the past; they’re the consequence of weak financial regulation and the government’s too-generous bank bailout.
    Oh, and the UK: was it “forced to impose painful austerity”? Here’s the interest rate on 10-year UK bonds:
    DESCRIPTION
    There was no sign of a crisis of confidence in the UK budget before the May election; the Conservative government chose to embark on austerity, it wasn’t forced into it.
    So I guess we’re supposed to take heed of what Ryan believes happened in Europe, never mind that it isn’t what actually happened.
    Remember, this is the GOP’s leading deep thinker these days.

    O QUE FAZ M GOVERNO CONSERVADOR

    Reino Unido

    Queda do PIB traz receio de nova recessão

    26 janeiro 2011
    The Independent, 26 janeiro 2011
    “Antevejo problemas”, destaca The Independent, citando Mervyn King, governador do Banco de Inglaterra, na sequência da apresentação oficial dos dados da economia britânica, revelando uma retração de 0,5% nos últimos três meses de 2010. “A notícia foi considerada ‘chocante’, ‘horrível’ e ‘assustadora’ pelos economistas”, salienta o diário londrino, levantando receios de uma nova recessão. Segundo King, a inflação pode atingir os 5% em 2012. O primeiro-ministro George Osborne foi rápido a responder ao Instituto Nacional de Estatística britânico (ONS), argumentando que a quebra registada nos resultados se deve principalmente às “horríveis condições meteorológicas” do final de 2010. Recusou-se a introduzir mudanças no seu rumo de austeridade orçamental. “Isso voltaria a mergulhar a Grã-Bretanha numa crise financeira”, disse – como se o Reino Unido já tivesse saído dela

    INÍCIO DO RENASCIMENTO EUROPEU ?

    Crise da dívida

    Fundo de estabilidade arrancou

    26 janeiro 2011
    Les Echos, 26 janeiro 2011
    “Os mercados precipitaram-se sobre títulos de empréstimo europeu”, destaca Les Echos. Em 25 de janeiro, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) levantou cinco mil milhões de euros nos mercados, dos quais 3,3 mil milhões serão imediatamente atribuídos à Irlanda. “A emissão de obrigações teve uma procura espetacular: nada menos de 500 ordens afluíram do mundo inteiro, nomeadamente da Ásia”, relata o diário económico. Esta primeira emissão do FEEF é “um verdadeiro plebiscito”, assegura Les Echos. “Para desgosto dos eurocéticos, este sucesso valida sobretudo a resposta da União à crise da zona euro. A solidariedade comunitária vingou.” Esta operação “marca uma rutura”, porque “para muitos investidores, os títulos do FEEF, com garantias próximas das do Bund alemão de alto rendimento, prefiguram as futuras euro-obrigações”.

    UM MÊS ANTES DE ELVIRA FORTUNATO, CIENTISTA PORTUGUESA DA UN. NOVA DE LISBOA PUBLICAR DOIS ARTIGOS COM TRANSISTORES , BATERIAS SEM LÍTIO OU COMPUTADORES TOTALMENTE EM PAPEL - O QUE VAI SER MAIS IMPORTANTE PARA PORTUGAL QUE A NOKIA FOI PARA A FINLANDIA - PUBLICO AQUI O " BOOK"

    terça-feira, 25 de janeiro de 2011

    BANCOS ESPANHOIS EM MAUS LENÇOIS

    Espanha

    Operação de re-estruturação da poupança

    25 janeiro 2011
    El País, 25 janeiro 2011
    "O Governo nacionalizará em setembro as caixas económicas insolventes", relata El País. A 24 de janeiro, a vice-Presidente do governo de Espanha, Elena Salgado, deu um prazo até ao outono para os bancos de aforro se refinanciarem e alcançarem um capital social mínimo equivalente a 8% dos seus ativos. O financiamento necessário é estimado em 20 mil milhões de euros e destina-se a reforço do capital "mais rápido e intenso do que o exigido pelo calendário internacional (normas de Basileia III) ", apelando aos investidores privados. No seu editorial, o diário prevê que esta "reconversão radical deverá acalmar os mercados " e aliviar a pressão sobre a dívida espanhola. Caso este processo venha a falhar, os bancos falidos", serão parcial e transitoriamente nacionalizados", conclui El País.

    VEM AÍ INFLAÇÃO A VALER

    É mais provável este ano um pânico no mercado da prata do que um novo choque petrolífero. O que poderá repetir cenas já vividas em 1979/1980. Com mudanças radicais impensáveis, diz Luís de Sousa, editor português do The Oil Drum.
    Os media internacionais têm-se focalizado nas oscilações das cotações do barril de crude e no disparo dos preços na bomba de gasolina (que já atingiram novos máximos históricos como em Espanha na semana passada), bem como na alta dos preços das matérias-primas agrícolas e do impacto direto que tem tido no cabaz alimentar de largas massas da população, particularmente nos países pobres.
    Contudo, para alguns analistas, o que está a ocorrer no mercado da prata deve ser seguido com particular atenção. Mesmo em termos de metais preciosos, as luzes da ribalta vão, em regra, para o ouro e a sua corrida para fixar novos máximos históricos em valor nominal. No entanto, o preço da prata, nos últimos doze meses, disparou 84%, enquanto o do ouro subiu menos de 30%.
    A própria relação do preço do grama de ouro com o grama de prata “melhorou” a favor deste último metal precioso. De mais de 80 vezes para menos de 49, nos últimos três anos. A relação mais favorável para a prata, nos últimos trinta anos, ocorreu no começo dos anos 1980 quando o grama de ouro valia apenas 32 vezes o grama de prata, mesmo assim muito acima da “média histórica” de 15 gramas de prata para 1 grama de ouro.
    A onça de prata subiu de 18 dólares no início do ano passado para quase 31 no final do ano e, agora, está abaixo de 27,5 dólares, depois de uma correção durante estas semanas de janeiro. Mesmo no final de 2010 estava longe do valor alcançado em janeiro de 1980 quanto atingiu os 48,70 dólares na sequência de um pânico nos mercados.
    O cenário de 1979/1980
    Para muitos analistas a tendência especulativa não vai abrandar. Para Luís de Sousa, editor português do The Oil Drum, poderá mesmo ocorrer um “pânico” a iniciar no mercado da prata, que conduza a um disparo extraordinário dos preços nos metais preciosos e depois, por arrasto, em todas as commodities. Algo similar ao que ocorreu no mercado da prata e depois do ouro em finais de 1979 e em 1980 e que, por razões geopolíticas da altura (ataque do Iraque ao Irão em setembro de 1980), acabou por convergir com um dos choques petrolíferos.
    Segundo este especialista, “um primeiro aviso sério deu-se em abril de 2010, justamente nas semanas que se seguiram ao anúncio da criação da Facilidade Europeia de Estabilização Financeira, quando o bulhão da prata se esgotou no centro da Europa e muitos retalhistas colocaram limites às encomendas, impedindo o acesso à maioria dos investidores”.
    Na realidade, sublinha o especialista português, o stock industrial de prata é extremamente baixo, o equivalente a um ano de extração – trata-se de um mercado profundamente distinto do mercado do ouro. Pelo que a oferta não está a responder à procura, e tem dificuldade em fazê-lo. “Ao contrário do que poderá estar a acontecer com outras commodities, o avanço do preço da prata tem sido causado unicamente pelo mercado físico do bulhão a retalho. Isto nota-se na pequena dimensão do mercado de títulos (futuros) quando comparado com outras commodities; o valor dos futuros abertos na prata é menos de um terço daquele no mercado do ouro. Mas tal torna-se sobretudo aparente na enorme diferença entre os valores do retalho e do mercado grossista, um fosso que hoje se situa em torno de 20%. Nos períodos em que o mercado de títulos grossista corrige em baixa, normalmente o preço do retalho mantém-se, alargando assim esta margem, num claro sinal de força da procura”.
    Gatilho para mudança radical
    Também o analista e investidor americano James Turk, editor do Free Gold Money Report, referiu esta semana o mesmo fenómeno atual de backwardation neste mercado da prata: “Quando isto acontece, o preço no mercado spot [para uma entrega próxima] é mais alto do que o preço no mercado de futuros [para uma entrega em data mais distante]. Isto acontece muito raramente no mercado de metais preciosos. Ora quando isto sucede, o preço tem de subir até ao ponto em que os detentores de metal físico se sentem ‘seduzidos’ para vender o metal e aceitar uma divisa nacional em troca”. Turk refere que o efeito desta situação “anómala” no mercado da prata poderá ser um evento disruptivo eminente – ele fala mesmo que “quando algo similar no passado aconteceu, o preço da prata disparou 40% em poucas semanas”.
    No caso de um pânico deste tipo, os bancos centrais terão de intervir radicalmente. Mas os analistas não arriscam que políticas, então, poderão ser tomadas. “O pânico de 1980 foi um evento fraturante que provocou enormes mudanças, tanto económicas como geopolíticas. Os acontecimentos de 1979/1980 foram o gatilho de um processo de transição para um novo sistema económico e monetário”, conclui Luís de Sousa.
    Entrevista curta com James Turk
    «Daqui a 3 ou 4 anos creio que a relação entre o ouro e a prata estará abaixo dos 20»
    P: A comunicação social está muito focalizada nas oscilações de preços no petróleo e no risco de explosões sociais derivadas do disparo dos preços alimentares. O risco no mercado da prata é mais grave?
    R: Apesar de eu referir o risco de um evento no mercado da prata, o disparo nos preços alimentares é mais importante.
    P: Relativamente ao pânico no mercado da prata, tem-no apontado como algo que pode ocorrer “em algumas semanas”. Tem na ideia o que aconteceu muito rapidamente em 1979 e 1980 e que afetou a economia global?
    R: Sim. É exatamente o que eu penso. A inflação surge primeiro nos preços das commodities e depois como que fura para toda a economia. O enorme salto dos preços alimentares significa que há muita inflação a caminho.
    P: Que consequências podem derivar desse pânico na prata?
    R: Mais gente trocará divisas nacionais por commodities e outros ativos fortes.
    P: A relação entre o ouro e a prata poderá regressar aos níveis médios históricos?
    R: Daqui a 3 ou 4 anos creio que a relação entre o ouro e a prata estará abaixo dos 20 – ou seja 20 gramas de prata para 1 grama de ouro – e próximo da sua média histórica de 17.

    D. JANUÁRIO

    Bispo das Forças Armadas sobre a campanha do Comandante Supremo das Forças Armadas*



    O Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, falou à TSF sobre campanha de Cavaco nas eleições presidenciais:
      D. Januário — Ficar calado era ser mais uma vez conivente com tantas cumplicidades e hipocrisias, não vale a pena. Sejamos limpos. Tenhamos a língua também limpa, não é só as mãos, na versão jurídica italiana. Tenhamos também a consciência limpa e, depois, a língua limpa. Eu digo, se fizessem um massacre desses, foi logo no início da campanha, não a forma diabólica, uma estratégia de último minuto, impedindo o adversário de responder, foi muito antes, eu como cidadão escutei o silêncio. Se houvesse uma resposta e me dissessem “Olhe, vá à televisão ver”, eu, perante isso, acho isso perfeitamente inconveniente. TSF — D. Januário, portanto o que diz é que estas suspeitas vão perdurar... D. Januário — Não tenho dúvidas. No subconsciente das pessoas, há costelas que ficaram partidas para sempre.

    E mais à frente, D. Januário acrescenta:
      Não é a brincar que se diz a alguém que se é provedor do povo. O provedor do povo tem de sujar as mãos. Não pode como o velho pároco da aldeia mandar recados ao povo, indirectas e menos agradáveis atitudes peremptórias do alto do seu púlpito. Peço desculpa pela comparação. Porque mandar recados é muito fácil, fazer discursos é muito fácil, sabe que concita a simpatia e consegue jogar em todos os tabuleiros. O que eu queria é que ele jogasse no único tabuleiro, aquele que tem sangue, aquele que tem dificuldades, aquele que tem justiça, etc..

    _______
    * Artigo 120.º da Constituição da República.

    D. Januário , bispo das forças armadas portuguesas.

    por Fernando Moreira de Sá


    A entrevista de D. Januário Torgal Ferreira à TSF foi de uma frontalidade desarmante. Podemos concordar ou não concordar mas é raro, mesmo muito raro, ver um representante do Igreja tão claro e frontal.

    ( copiado  sem  o menor  respeito  do " Albergue Espanhol )

    NO EL PAÍS !...

    "Un orador resentido que descalificó a todos sus adversarios"

    El País, La agresividad de Cavaco tras la victoria complica la cohabitación en Portugal:
      La reelección de Aníbal Cavaco Silva como presidente de Portugal abre numerosos interrogantes, a pesar de las voces que interpretan el veredicto de las urnas como un triunfo de la estabilidad. Las dudas aparecieron la misma noche electoral, tras el discurso del ganador, en el que predominó un inusitado tono de confrontación. El político equilibrado, comedido e institucional desapareció de un plumazo para dar paso a un orador resentido que descalificó a todos sus adversarios, sin excepción, en un tono tremendamente agresivo. Puede que el rencor que destilaban las palabras de Cavaco el domingo por la noche, con la victoria en el bolsillo, fuera el último rescoldo de la batalla electoral. Pero la realidad es que el papel moderador y amortiguador de tensiones que supuestamente debe desempeñar el presidente de la República, y que Cavaco reivindicó durante toda la campaña, ha quedado en entredicho.

    segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

    A VILEZA

    Cavaco  Silva  ganhou as eleições e continua Presidente de Portugal. Os outros candidatos perderam.
    Nos discursos de vitória  foi rançoso ;  apontou  inimigos dispersos pelos jornais sem concretizar um único ; chamou malcriados a todos os outros candidatos; auto-referenciou-se como alvo ( não há MEGALOMANIA maior que nos julgarmos tão importantes que todos os outros só pensam em nós ) de todos os candidatos e de gente sem fim; é um caso sério de  contricção paranóide.

    Mas, muito pior, repetiu ( até leu o que levava previamente escrito ) a declaração de que havia dois tipos de portugueses: os vilões e os "dele". Assim confirmou as acusações dos candidatos de que era um candidato de uma facção. Não é - pela primeira vez em Portugal - o Presidente de TODOS os portugueses. Que saudades da monarquia !

    sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

    DIPLOMACIA PRAGMATICA PORTUGUESA

    Por uma vez Portugal anda a jogar um jogo diplomático que só tem paralelo nos anos recentes  com Franco Nogueira ( ministro de Salazar ), e há meio século com a diplomacia de D.João II.
    As recentes viagens ao médio oriente e ao oriente, as anteriores à américa do sul, e as próximas ao méxico, mostram uma diplomacia assente em pressupostos económicos declarados logo à partida, e que servem para colocar dilemas ( outros dirão chantagear ) quem nos devia ajudar e realmente nos está a virar costas.
    Esta semana a Europa ficou paralizada por um veto português ( com apoio eslovaco ) à condenação do resultado das recentes eleições na Bielorrússia que permitiram a permanência de um ditador na presidência deste país. É a real polityk d'abord !
    Por uma vez Portugal faz o que os outros se fartam de fazer : quando vítima de deslealdade de "amigos" solta-se à relação com inimigos. E isto pode muio bem resultar, quando está em questão a sobrevivência de Portugal.
    A história mostra como castelhanos, franceses, ingleses e mais recentemente americanos  se fartaram de nos tratar sem qualquer rede moral, ética ou, ao menos de responsabilidade dequada ao direito internacional.
    O que o nosso governo está a fazer é a mostrar a alemães , franceses, luxemburgueses e outros que , se quisermos, quando quisermos, podemos usar das mesmas armas amorais que eles usam.
    Como já aqui tinha dito , o negócio com a China destina-se , no imediato a arranjar empréstimos e no mediato a ameaçar - é o termo-  as potências europeias com a possibilidade de um cerco não só à Europa mas também à África ( e suas comodities ) por parte da China a partir de Portugal.
    Também por isto gosto cada vez mais de Sócrates. E se ele conseguisse, contra o parecer de todos e o desejo da maioria, impedir a vinda do FMI cá ? Era engraçado ver a malta da direita que já saliva com a imagem da sua morte, desorientada.
    Quanto à ética, isto é como na guerra , que é o que isto é: ou a têm todos ou não a usamos nós.

    EU JULGVA QUE JA TINHA DITO TUDO SOBRE ESTE DOENTE

    Cavaco Silva no seu pior 

    A declaração de Cavaco Silva de que os cortes na remuneração dos funcionários públicos poderiam ter sido evitados a troco de um imposto sobre os ricos revela que ele pode descer ao mais pedestre oportunismo e farisaismo político, não hesitando em competir com o BE na demagogia populista.
    Cavaco Silva sabe melhor do que ninguém que:
    a) Uma tal proposta não teria a mínima chance de passar, justamente porque o seu partido, o PSD, desde Agosto anunciara que nunca viabilizaria um orçamento que implicasse o mínimo aumento de impostos;
    b) O problema orçamental português não é somente um défice excessivo, mas também e principlamente um problema de despesa pública excessiva, incluindo demasiada despesa com o pessoal, bem acima da média europeia.
    De resto, se Cavaco Silva pensa mesmo o que só hoje disse, por que é que esperou o último dia de campanha eleitoral para defender essa via, em vez de o ter feito aquando das negociações para a viabilização do orçamento entre o Governo e o PSD, que ele fez questão (e bem) de incentivar?! E por que é que, ao promulgar o orçamento com os referidos cortes na remuneração dos funcionários públicos, não aproveitou para se demarcar publicamente do que considerava tão errado, à imagem do que fez em várias outras promulgações?
    Decididamente, não vale tudo!

    SOBRE A IDONEIDADE DE CAVACO SILVA

    por Daniel Oliveira
    No dia 9 de julho de 1998, a notária Maria do Carmo Santos deslocou-se ao escritório de Fernando Fantasia, na empresa industrial Sapec, Rua Vítor Cordon, em Lisboa, para registar uma escritura especial. O casal Cavaco Silva (cerimoniosamente identificados com os títulos académicos de "Prof. Dr." e "Dra") entregava a sua casa de férias em Montechoro, Albufeira, e recebia em troca da Constralmada - Sociedade de Construções Lda uma nova moradia no mesmo concelho. Ambas foram avaliadas pelas partes no mesmo valor: 135 mil euros. Este tipo de permutas, entre imóveis do mesmo valor, está isento do pagamento de sisa, o imposto que antecedeu o IMI, e vigorava à época.

    Mas a escritura refere, na página 3, que Cavaco Silva recebe um "lote de terreno para construção", omitindo que a vivenda Gaivota Azul, no lote 18 da Urbanização da Coelha, já se encontrava em construção há cerca de nove meses. Segundo o "livro de obras" que faz parte do registo da Câmara Municipal de Albufeira, as obras iniciaram-se em 10 de Outubro do ano anterior à escritura, em 1997. Tal como confirma Fernando Fantasia, presente na escritura, e dono da Opi 92, que detinha 33% do capital da Constralmada, que afirmou, na quinta-feira, 20, à VISÃO que o negócio escriturado incluía a vivenda.

    "A casa estava incluída, concerteza. Não há duas escrituras." Fantasia diz que a escritura devia referir "prédio", mas não é isso que ficou no documento que pode ser consultado no cartório notarial de António José Alves Soares, em Lisboa, e que o site da revista Sábado divulgou na quarta-feira à tarde. Ou seja, não houve lugar a qualquer pagamento suplementar, por parte de Cavaco Silva à Constralmada. A vivenda Mariani, mais pequena, e que na altura tinha mais de 20 anos, foi avaliada pelo mesmo preço da Gaivota Azul, com uma área superior (mais cerca de 500 metros quadrados), nova, e localizada em frente ao mar. Fernando Fantasia refere que Montechoro "é a zona cara" de Albufeira e que a Coelha era, na altura, "uma zona deserta", para justificar a avaliação feita.

    A Constralmada fechou portas em 2004. Fernando Fantasia não sabe o que aconteceu à contabilidade da empresa. O empresário, amigo de infância e membro da Comissão de Honra da recandidatura presidencial de Cavaco Silva, não se recorda se houve "acerto de contas" entre o proprietário e a construtora.

    "Quem é que se lembra disso agora? A única pessoa que podia lembrar-se era o senhor Manuel Afonso [gerente da Constralmada], que já morreu, coitado..."

    No momento da escritura, Manuel Afonso não estava presente. A representar a sociedade estavam Martinho Ribeiro da Silva e Manuel Martins Parra. Este último, já não pertencia à Constralmada desde 1996, data em que renunciou ao cargo de gerente. Parra era, de facto, administrador da Opi 92.

    Outro interveniente deste processo é o arquiteto Olavo Dias, contratado para projetar a casa de Cavaco Silva nove meses antes de este ser proprietário do lote 18. Olavo Dias é familiar do Presidente da República, por afinidade, e deu andamento ao projeto cujo alvará de construção foi aprovado no dia 22 de setembro de 1997.

    A "habitação com piscina" que ocupa "620,70 m2" num terreno de mais de1800, é composta por três pisos, e acabou de ser construída, segundo os registos da Câmara a 6 de agosto de 1999. A única intervenção de Cavaco Silva nas obras deu-se poucos dias antes da conclusão, a 21 de julho de 1999, quando requereu a prorrogação do prazo das obras (cujo prazo caducara em 25 de junho).

    A família Cavaco Silva ocupa, então, a moradia, em agosto. A licença de utilização seria passada quatro meses depois, a 3 de dezembro, pelo vereador (atual edil de Albufeira, do PSD) Desidério Silva, desrespeitando, segundo revela hoje a edição do Público, um embargo camarário à obra, decretado em dezembro de 1997, e nunca levantado.

    A VISÃO não conseguiu obter nenhum comentário do Presidente da República.

    quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

    VOTO EM FERNANDO NOBRE

    Em vésperas  das eleições para Presidente da nossa República  entendo dirigir-me aos meus dois leitores e meio para me explicar:

    Caros amigos, fingidos, inimigos, assim-assim, ou assim-assim,

    Não voto  no Coelho embora tivesse uma altíssima razão para o escolher porque este candidato muito embora consiga odiar politicamente tanto o João Alberto como eu próprio, não seria nunca um Presidente propriamente digno.

    Não voto no que representa o PCP - o nome obviamente não interessa - porque o PCP , obviamente não interessa ( a não ser para criar sindicatos que servem para pôr em sentido certos políticos ).

    Não voto Defensor-de-Moura porque não chega lá com o meu voto e o de toda a minha família. Conheço o Defensor muito bem dos tempos em que eu era um dos membros eleitos do Conselho Executivo do Norte da Ordem dos Médicos e o Defensor fazia questão de aparecer às terças feira - dia da reunião do Conselho - na sua qualidade de presidente distrital da Ordem dos Médicos distrital de Viana. Por essa altura segui de perto a sua luta titânica para conseguir que o novo hospital de Viana do Castelo funcionasse melhor e á sua "guerra" com a Direcção do mesmo hospital para conseguir montar o serviço de hemodiálise. Posso atestar que o fez com um misto de diplomacia e de coação que surtiu efeito, posso atestar que é um homem que não mente, posso atestar que é um líder nato, posso atestar que vê onde os outros ainda não alcançam, posso atestar que cedo percebeu que o Ministro da Saúde dos olhos de gato, Arlindo de Carvalho (outro arguido do caso BPN /SPN ) era um negociante maquiavélico muito antes dos seus superiores na Ordem o perceberem, posso atestar que é, como eu, um firme defensor da regionalização sem mais custos que os actuais - condição sine qua non para que o Norte não vá mingando até ficar como uma máscara jíngara.

    Não voto em Manuel Alegre porque nunca votaria em quem nunca trabalhou e também em quem muito fala e nada fez - a não ser criar conflitos à sua família política.

    Não voto em Cavaco Silva porque enquanto psiquiatra opino que o candidato sofre de doença delirante crónica sem obnubilação da consciência  .
     Esta probabilidade - e digo isto só assim porque o  médico que sou não teve a oportunidade de falar com ele em privado - ajudaria a compreender como é que tendo o candidato Cavaco posto em causa o Estado de Direito quando acusou que era escutado pelo primeiro-ministro e depois se verificou que era ao contrário . não percebeu ( os delírios são convicções subjectivas absolutas ) que devia demitir-se; ajuda a explicar  como mente convictamente ,como  não responde como se mergulhado em sentimentos persecutórios, ou tem "esquecimentos" sobre quem lhe vende casas, onde faz escrituras, que vizinhos e amigos tem, porque é que demorou tanto a " demitir " um conselheiro de Estado dirigente do mesmo BPN e que anda por parte incerta, e assim.

    Voto, quanto mais não fosse por exclusão de partes, mas não é só , em Fernando Nobre. Fernando Nobre que pôs de lado a sua carreira académica em Bruxelas quando o ministro com quem eu trabalhava ( Maldonado Gonelha ) o pressionou a vir para Portugal (ele vivera a infância no Ultramar ) uma vez que trabalhava como voluntário para os Médicos Sem Fronteiras, para montar uma estrutura semelhante mas vocacionada para os PALOP ( as nossas ex-colónias ) onde se pretendia entrar economicamente pela porta das ajudas ( médicas, educacionais etc ).
    Fernando Nobre aceitou , deixou para trás uma carreira académica segura, e iniciou a epopeia de ajudar pobres e afetados por todo o mundo com voluntários médicos e enfermeiros; e para não se esquecer da Pátria montou uma organização em rede que cobre o Continente e ilhas , que emprega 400 profissionais ( auxiliares, cozinheiras, funcionáros de limpeza,etc ) e distribui comida e abrigo.
    Um dia, em representação da Ordem dos Médicos, fui recebido pelo ministro da saúde, o tal Arlindo de Carvalho que está no molho dos PPDs cavaquistas do BPN, e , com a reunião em que também estava presente um secretário de Estado anestesista de profissão e mal-criado de educação, quando às tantas o ministro levanta-se de sopetão e declara-me  ( a mim ): "doutor Pacheco, como não temos mais nada a dizer vou receber aquele gajo da AMI que já vem cá pela terceira vez e desta vez tenho mesmo de o receber.".
    A história é mais longa, engloba a minha resposta , a reacção do ministro amigo de Cavaco , a sua ( dele ministro ) tergiversação nas ideias e confusão nas condutas, bem como a altura do traço na escala de inteligência e a outra , diferente, na escala da esperteza saloia e do chico-espertismo. Todavia aqui o que interessa é mesmo tentar explicar as dificuldades que Fernando Nobre teve de ultrapassar para que o deixassem ajudar os outros - para ( também ) interesse de Portugal.
    Voto  Fernando Nobre.

    Fantasias e realidades do cavaquismo



    1. Todos nos recordamos da mudança súbita da localização do futuro aeroporto de Lisboa e do papel crucial que Cavaco Silva teve nesta volta-face. Há dias, na tribuna de Mário Crespo, João Soares afirmou que milhares de hectares de terrenos em Alcochete, junto ao futuro aeroporto, foram adquiridos por Fernando Fantasia, através de empresas da holding SLN/BPN, em vésperas da comunicação da mudança de localização do aeroporto.

    De resto, a Visão online refere que esta aquisição de milhares de hectares já havia sido aflorada na comissão parlamentar de inquérito às trafulhices do BPN.

    2. Fernando Fantasia, administrador de empresas da holding SLN/BPN, é membro da comissão de honra da candidatura de Cavaco e é com uma sua empresa que Cavaco faz a “permuta” que lhe permitiu desembaraçar-se da “Vivenda Mariani” e adquirir a “Casa da Gaivota” na Aldeia da Coelha.

    Cavaco recusa-se a esclarecer o negócio da Aldeia da Coelha, havendo apenas a certeza de que, quando se levanta uma pedra da calçada da Aldeia da Coelha, salta de lá alguém ligado ao banco do cavaquismo.

    3. Depois do que se soube sobre as mais-valias obtidas com as acções da SLN — questão que Cavaco, num primeiro momento, tentou iludir, ao afirmar que não tinha tido acções do BPN —, só restava ao candidato-presidente uma saída: explicar tudo direitinho, não deixando de apresentar prova do meio de pagamento utilizado na aquisição das acções não cotadas em bolsa. Cavaco optou por um silêncio ensurdecedor.

    4. A circunstância de Cavaco ter estado longos meses refém de Dias Loureiro, que se recusava a abandonar o Conselho de Estado para o qual fora escolhido pelo próprio Cavaco, só vem adensar o mistério das relações do candidato-presidente com o gang que dominava a holding SLN/BPN.

    5. Mas nem tudo no cavaquismo são fantasias. Há uma realidade que passou entre os pingos da chuva: a inventona de Belém — o verdadeiro atentado contra o Estado de direito. Depois de algumas hesitações, o ainda Presidente da República preferiu manter Fernando Lima sob rédea curta, não fosse o diabo tecê-las.
     
    ( RETIRADO  SEM  O MENOR  RESPEITO  DO  CÂMARA  CORPORATIVA  ).

    No xadrês geopolítico da europa podemos contar com Barroso...embora o pior esteja para vir

    A “guerra” Merkel/Trichet
    A agência Eurointelligence chama hoje a atenção para um dos motores das razões da tática da chanceler alemã – adiar o mais possível novas mudanças na estrutura e montante dos veículos financeiros para os resgates de países em pré-default e não admitir publicamente a necessidade de re-estruturações da dívida em alguns casos, como já se discutiu o caso da Grécia no último Ecofin (reunião dos 27 ministros das Finanças da União Europeia) desta semana.
    Merkel estará a condicionar a gestão da crise ao calendário de sete eleições em estados da federação este ano. A primeira eleição decorre a 20 de fevereiro em Hamburgo (onde se rompeu a coligação entre a CDU e os Verdes), depois a 20 de março há eleições na Saxónia-Anhalt, a 27 de março em Baden-Wurttenberg (um estado que a coligação CDU/FDP, a mesma no governo federal, não pode perder) e Reno-Palatinado, a 22 de maio em Bremen, a 18 de setembro em Berlim e no último trimestre.
    A contra-pressão a esta tática de adiamento é a atuação do BCE no mercado secundário comprando dívida soberana dos “periféricos” que, em geral, só se conhece a posteriori. A Reuters publicou um gráfico em que se observa um paralelismo entre as intervenções do banco central e o comportamento médio dos spreads das obrigações de cinco países (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália).
    Um dos cisnes cinzentos (distinguem-se dos negros que são absolutamente imprevisíveis; estes são eventos inesperados mas previsíveis) são que pode lançar ainda mais óleo para esta fogueira são as eleições na Irlanda, segundo Fred Goodwin, da Nomura. A desagregação política da atual coligação em Dublin liderada pelo Fianna Fáil é patente – ontem saíram quatro ministros do executivo. O partido apresenta apenas 14% das intenções de voto em sondagens, o mesmo que o partido mais radical, Sinn Féin.
    A data das eleições ainda não está marcada com pressões para ocorrer proximamente ainda em janeiro ou fevereiro e segundo outros apenas em março. As sondagens indicam que o Fianna Fáil sairá do governo e que provavelmente outro partido de centro-direita, o Fine Gael, assumirá o poder. Ora teme-se que o Fine Gael decida alterar o acordo com Bruxelas e o FMI e que, na sequência, dessa posição acabe por ser imposto um “corte de cabelo” (hair cut, na designação técnica) de 15% nos detentores seniores de obrigações da dívida irlandesa, o que desencadeará uma enxurrada de problemas na banca europeia, e será um rastilho para nova crise – a pagar pelos restantes quatro do grupo da zona euro em observação (Portugal, Espanha, Itália e Bélgica).
    Note-se que a posição da Comissão Europeia é de apoio aos países "periféricos" de tal modo que no início desta semana Durão Barroso anunciou para as decisões da reunião do Conselho Europeu de 4  de Fevereiro o lançamento de um novo fundo financeiro de estailidade europeia, com o dobro do dinheiro anterior e muito maior flexibilidade de aplicação nos países que dele necessitam. Isto sucedeu pela primeira vez. Ou seja, é a primeira vez que Barroso se atreve a anunciar uma medida ( seguramente sem saber se ela passará ) antes do agrement de Paris e Berlim - apenas para exercer pressão pública sobre os "seus patrões ".

    quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

    CONFUSÃO GERAL NO MUNDO FINANCEIRO

    Os investidores internacionais manifestaram hoje nervosismo em relação aos Estados Unidos. O risco de default (incumprimento da dívida soberana) acabou com uma variação diária de 12,3%, a maior em 80 países monitorizados pela CMA DataVision.
    Esta deterioração do crédito destaca-se do número dois nas subidas de hoje que foi a Suécia com uma variação do risco de 2,8%.
    O risco de default americano é muito baixo e o rating do seu crédito é triplo A, o máximo. No entanto, tem manifestado um progressivo agravamento ao longo da Grande Recessão: de 2,9% em dezembro de 2009 para 3,6% em dezembro de 2010 e 4,33% hoje. Em termos de custo dos seus credit default swaps (cds, seguros contra o risco de incumprimento) a subida, naquele período, foi de 34 pontos base para 41,5 e 49,85.
    O risco americano mesmo comparado com o alemão é inferior. A Alemanha hoje tinha um risco de 5,26% e um custo dos seus cds de 60,59 pontos base.
    O que soou hoje como alerta nos mercados da dívida é o facto daquela variação extraordinária no caso dos Estados Unidos.
    Estados no corredor vermelho
    Apesar do risco muito baixo da Federação americana, há um conjunto de estados que estão em situação de deterioração de crédito, com o Illinois a liderar, o estado que inclusive é membro do “clube” dos 10 de maior risco mundial, monitorizado pela CMA DataVision. Seguem-se, por ordem decrescente de preocupação mas no corredor vermelho, a Califórnia, Nova Iorque, Nova Jersey, Michigão, Nevada, Massachusetts e Ohio.
    Outro sinal de alarme está a ser dado pelo comportamento das yields (juros implícitos) no mercado secundário dos títulos do Tesouro americanos que fecharam em 3,36%, acima do nível em que estiveram entre julho e novembro de 2010.
    Apesar de, ainda, estarem distantes dos valores de junho e outubro de 2008, quando se situaram acima de 4%, e mesmo dos níveis acima de 3,5% em março, maio e outubro do ano passado, os analistas têm manifestado preocupação. Estas yields estão acima do nível dos Bunds (títulos públicos) alemães com a mesma maturidade que hoje fecharam em 3,11%, um valor também preocupante.
    Finalmente, o comportamento das yields relativas às obrigações municipais a 30 anos (que têm também um rating de triplo A) tem estado sob observação. Hoje fecharam em 5,20% – o que compara com 4,38% há seis meses atrás.
    Artigo relacionado: Sinais nos “intocáveis”

    segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

    PARA A INTERMOLDE ( serviço secreto de consultadoria) - GERMANO FERREIRA

    O texto abaixo é de dois jornalistas e foipublicado em 11 de Janeiro. Desde então alastra o mal estar a todos os países do Magreb:

    Censura reforça papel de redes sociais nos protestos na Tunísia e Argélia

    Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Manifestantes na Tunísia: população nas ruasOs tumultos na Tunísia aumentam. Na Argélia, os protestos também deixaram mortos. Altos índices de desemprego e falta de perspectivas, além da desigualdade social e repressão política, levam a juventude às ruas.

    Gás lacrimogêneo e pneus incendiados – as imagens são incomuns para a Tunísia, conhecida entre muitos europeus como destino turístico paradisíaco. Pouco habitual é sobretudo a amplitude dos protestos, que já atingiram várias cidades do país.

    Imagens semelhantes chegam, ao mesmo tempo, da Argélia, onde principalmente uma juventude irada vai às ruas. O saldo é de dezenas de mortos e centenas de feridos, num balanço provisório dos protestos mais violentos que os dois países do Magreb já vivenciaram.

    Os fatores que desencadearam a violência são diversos, embora as razões sejam idênticas nos dois países vizinhos: o desemprego e a falta de perspectiva dos jovens abaixo de 35 anos são comuns tanto na Tunísia quanto na Argélia. A situação atinge não apenas famílias de baixa renda, mas também pessoas com qualificação profissional, seja em nível técnico ou universitário.

    "Quem reclama, vai preso"

    Rafik, de 27 anos, natural de Tala, na Tunísia, é um exemplo. Há três anos ele tenta, em vão, encontrar um emprego. "Para achar trabalho é preciso pagar propinas ou ter boas relações", reclama. "Se você não tem dinheiro nem conhecidos, não ganha nada. E, se reclamar, ainda acaba na prisão", completa.

    Sem emprego, muita coisa torna-se impossível para os jovens. Eles não encontram moradia, não podem se casar, ficam sem perspectivas. Há muito que nos dois países vale a máxima, também conhecida no vizinho Marrocos: quem pode, emigra para a vizinha Europa – legal ou ilegalmente.

    Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Manifestantes tentam devolver gás lacrimogêneo atirado pela polícia
    Mas não apenas o desemprego leva os jovens às ruas no momento, também a repressão política e a chamada hogra – a sensação vergonhosa de ser desprezado pelos poderosos. Na Tunísia, isso começou há poucas semanas.

    A sensação de hogra levou um jovem a se queimar em público. Ele havia conseguido sobreviver, por vários anos, vendendo legumes, em uma situação sem qualquer direito legal e constantemente maltratado por autoridades e departamentos públicos. O caso ganhou força simbólica e levou a uma disseminação rápida dos protestos.

    Sensação de desprezo

    Na Argélia, muita gente também fala de hogra. No país, os protestos se deram em forma de saques de estabelecimentos comerciais e incêndios de símbolos do bem-estar. O país não é, de forma alguma, pobre, pois pertence ao rol dos mais importantes exportadores de petróleo e gás natural do mundo.

    Dos estimados 57 bilhões de dólares que o país contabilizou no último ano com exportações, muito pouco chega à população, avaliam especialistas. "A Argélia é um país completamente corrupto", afirma Werner Ruf, cientista político e especialista em questões ligadas à Argélia. "As elites embolsam elas próprias receitas gigantescas. Ou são compradas coisas não produtivas, como armamentos enormes", diz ele.

    Uma evolução social perigosa em uma região que, de acordo com as estatísticas oficiais, registra há anos um crescimento econômico admirável. Thomas Schiller, especialista em Magreb da Fundação Konrad Adenauer, não se surpreende com os protestos: "Para qualquer conhecedor da região, as discrepâncias sociais e o abismo entre ricos e pobres nos três países do Magreb – Marrocos, Argélia e Tunísia – são um barril de pólvora", completa.

    Outros países em foco

    Alguns especialistas não excluem a possibilidade de que os protestos venham a se expandir para outros países, como o Marrocos, por exemplo, que até agora se manteve ileso aos tumultos. A situação na Argélia acalmou-se um pouco depois que o presidente Abdelaziz Bouteflika anunciou uma queda nos preços de alimentos como óleo de cozinha e açúcar.

    Bildunterschrift: Jovens desafiam a polícia na Argélia
    Por outro lado, as promessas do presidente tunisiano Zine el Abidine Ben Ali de criar 300 mil novos empregos não levou à esperada redução dos tumultos. Tanto na capital, Túnis, quanto no resto do país, cada vez mais gente vai às ruas protestar contra o desemprego, a repressão, a desigualdade e o cerceamento da liberdade de expressão e de imprensa.

    Celular e internet contra a censura

    A censura estatal à mídia vem sendo cada vez mais burlada através de celulares e redes sociais como o Facebook, ferramentas com as quais a nova geração cresceu. O bloqueio de notícias por parte do Estado torna-se, assim, obsoleto.

    Belgacem Sayhi, professor na cidade de Tala, explica como funciona a disseminação de notícias na era das novas mídias: "Faço fotos dos protestos nas ruas, anoto declarações de testemunhos e coloco tudo no Facebook", diz ele. Além disso, conta Sayhi, ele e seus colegas de protesto mantêm estreito contato com agências internacionais de notícias.

    "Temos direito a trabalho, bando de ladrões!" é o slogan dos manifestantes na Tunísia. E tudo isso pode levar a uma mudança de regime? Schiller não acredita nisso, já que "tanto na Argélia quanto na Tunísia não há alternativas para o atual sistema político", diz o especialista alemão. Em sua opinião, os governantes devem fazer mais para que a população tenha acesso ao bem-estar e usufrua do crescimento econômico.

    Autores: Chamselassil Ayari, Loay Mudhoon (sv)
    Revisão: Roselaine Wandscheer

    GEOPOLÍTICA ECONÓMICA PRENUNCIA A MILITAR



    Apesar dos mecanismos de financiamento montados por Bruxelas desde maio do ano passado e da intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI), os investidores internacionais continuam a considerar que a Grécia e a Irlanda correm o risco de entrar em incumprimento da dívida soberana num horizonte de cinco anos.
    “Intervencionada” desde maio com uma almofada de financiamento de mais de 100 mil milhões de euros até 2013, Atenas viu a sua probabilidade de entrar em default (incumprimento) aumentar até ao início de janeiro deste ano. Os próprios juros da dívida no mercado secundário aumentaram de um dígito para dois e continuam acima de 11%.
    Um padrão quase idêntico se verificou com Dublin, que apesar de dispor desde final de novembro de um plano de apoio financeiro de dois mecanismos da União Europeia (UE), de empréstimos bilaterais de três países fora da zona euro, e de tranches do FMI, viu o seu risco de incumprimento aumentar, a ponto de ter atingido um máximo na segunda-feira desta semana. Apenas nos juros implícitos da sua dívida, o efeito aparente do acordo com Bruxelas e o FMI se está a sentir. O nível de juros baixou quase um ponto percentual, do patamar dos 9% para os 8%, mesmo assim um nível elevadíssimo.
    Os dois países continuam a ser membros do ‘clube’ dos 10 países com maior risco de incumprimento do mundo, com a Grécia inclusive liderando o grupo e a Irlanda considerada pior do que a Argentina e a Ucrânia.
    Por isso, a interrogação é legítima: para que serviu, então, a entrada de Bruxelas e do FMI na gestão das contas desses países?
    Esqueletos no armário
    Ainda que seja cedo para avaliar esses efeitos, pois no caso de Atenas ainda não decorreu um ano de intervenção e quanto a Dublin mal começou, há um aviso que o próprio governador do Banco Central da Irlanda, Patrick Honohan, deixou na semana passada: “Os pacotes de ajuda não reduzem os problemas nem os riscos de cauda. Nem o FMI nem as facilidades da UE oferecem um seguro contra este tipo de riscos – são, apenas, emprestadores”.
    O papel fundamental destes acordos, disse o governador, é político: “quebrar hesitações e acelerar a tomada de decisões difíceis”, leia-se programas de austeridade e neutralização da oposição política a esses rumos. Por ‘riscos de cauda’ entende-se o facto de os mercados financeiros temerem que as surpresas ainda não tenham acabado, que há mais “esqueletos no armário”, mesmo que aparentemente invisíveis, que poderão vir à tona nos próximos anos.
    A própria baixa de juros no mercado secundário e o sobe-e-desce das probabilidades de incumprimento destes dois países – bem como de outros em risco na zona euro – deriva mais da intervenção do Banco Central Europeu (BCE) do que do resto. “No conjunto, as medidas tomadas não se revelam uma solução efetiva para o problema da insolvência, apenas adiam o dia do juízo final para algum momento no futuro. Este processo tem, ainda, a agravante de concentrar os riscos nas contas do BCE”, diz-nos o professor alemão Ansgar Belke, da Universidade de Duisburg-Essen, que, ainda, recentemente disse isto mesmo num relatório para a Comissão de Assuntos Económicos e Financeiros do Parlamento Europeu.
    Cinzia Alcidi, do Center for European Policy Studies, um think tank de Bruxelas, afirma mesmo que o BCE corre o risco de “se tornar, de facto, um bad bank”, um banco do lixo existente na dívida soberana de países da zona euro.
    Alcidi e Belke temem que os políticos da UE tardem em ter um plano B e que empurrem Jean-Claude Trichet, o presidente do BCE, para um beco sem saída, que já deve pesar mais de €180 mil milhões (cerca de €76,5 mil milhões através do programa de compra de dívida soberana e o resto em colaterais) de exposição à dívida dos ‘periféricos’.
    Ganhar tempo
    O essencial das intervenções ocorridas é ganhar tempo para que os governos lidem com os cancros já detetados, diz Cinzia Alcidi. Os pacotes de resgate permitem ao país ficar pelo menos até meados de 2013 numa espécie de ‘cerca’ protegida da necessidade de recorrer aos mercados financeiros sobretudo para emissões de dívida de médio e longo prazo.
    No caso irlandês lida-se com a insolvência de um sistema financeiro em que pululam bancos-zombie, aludiu o próprio governador do banco central. A Irlanda foi uma espécie de Islândia em ponto grande. Mais de 40% do resgate financeiro destinam-se a sanear o sector financeiro irlandês. Esta chuva de euros vai a par com um programa de austeridade que se sentirá particularmente este ano, com um corte orçamental de €6 mil milhões. Muitos analistas duvidam que a economia irlandesa nos próximos três anos acompanhe os desejos oficiais (de um crescimento acima de 2%).
    Kevin O’Rourke, professor no Trinity College, de Dublin, aponta um erro capital: “O problema irlandês é de solvência e está a ser tratado como sendo de liquidez”. A própria ‘limpeza’ do sector bancário, diz O’Rourke, “não está na direção certa”, e acrescenta secamente: “O primeiro ponto de uma tal agenda deveria ser impor cortes de cabelo (hair cuts) aos detentores de títulos desses bancos”.
    Os analistas interrogam-se, ainda, como vai decorrer o programa de austeridade em 2012 e 2013 se o governo mudar, como tudo indica, nas próximas eleições legislativas antecipadas neste primeiro trimestre.
    A Grécia, entretanto, já recebeu três tranches de financiamento (mais de €31 mil milhões), mas o panorama de recessão não larga o país. As previsões apontam para a continuação da quebra do produto nos próximos dois anos, o que atrapalha o ajustamento. No entanto, “o Governo anunciou que conseguiu já em 2010 contrair em 36,5% o seu orçamento central, o que ficou acima do objetivo acordado com a UE/FMI”, sublinha-nos Jens Bastian, investigador do think tank Eliamep de Atenas. Mas as receitas líquidas ficaram abaixo do acordado. “Os resultados são, por isso, mistos”, ri-se. E não deixa de sublinhar que o leilão de dívida de curto prazo ocorrido esta semana “correu bem”, com os estrangeiros a comprarem 37%.
    O maior risco apontado para a Grécia é social – o de irrupções na sociedade grega, incluindo a guerrilha urbana, o que assusta os investidores internacionais, que, além de mais, ainda não se esqueceram da imagem de vigarice deixada pelo anterior governo de direita. Mas Jens Bastian tem esperança: “Uma nova camada de políticos está a emergir nas Finanças e nas câmaras das grandes cidades como Atenas e Salónica, que apostam em mais transparência, credibilidade e cuja afiliação às dinastias políticas tradicionais é limitada ou nula”.
    Resultados após a intervenção
    GRÉCIA
    - Criação em 2 de maio da Facilidade Especial ‘mista’ UE/FMI até 2013 no valor de €110 mil milhões (€30 mil milhões do FMI)
    - Três tranches de empréstimos já desbloqueadas em 2010 (€20 mil milhões em maio, 9 mil milhões em julho e 2,5 mil milhões em dezembro) a uma taxa média superior a 5%
    - Défice orçamental em % do PIB em 2010 (previsão): -9,6%
    - Dívida Pública Bruta em % do PIB em 2010 (previsão): 141%
    - Previsão de recessões em 2010, 2011 e 2012; retoma ligeira só a partir de 2013
    - Probabilidade de default disparou de 45% em 3 de maio para 53,85% em 14 de janeiro
    -Continua a liderar o ‘clube’ dos 10 de maior risco de incumprimento à escala mundial
    - Juros implícitos da dívida pública a 10 anos no mercado secundário dispararam de 8,5% em 3 de maio para 11,11% em 14 de janeiro
    - Problemas principais: dificuldade em re-estabelecer credibilidade política em virtude de comportamento do governo anterior da Nova Democracia substituído em finais de 2009 e riscos elevados de conflitos sociais internos com irrupções de guerrilha urbana
    - Defaults desde a independência (1829): 1843, 1860, 1893, 1932
    IRLANDA
    - Aprovação a 28 de novembro de 2010 do Plano de apoio da UE/FMI e de 3 países fora da zona euro até 2013 no valor de €67,5 mil milhões (a que acrescem as contribuições “internas” irlandesas de €10 mil milhões por parte do Fundo Nacional de Reserva de Pensões e €7,5 mil milhões de reservas de caixa da Agência de Gestão do Tesouro). Apoio da UE é retirado da Facilidade Europeia de Estabilização Financeira (veículo intergovernamental) e do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (supranacional, que advém do orçamento da Comissão Europeia). A parte do FMI serão €22,5 mil milhões.
    - 1ª tranche de empréstimo do FMI no valor de 5,8 mil milhões em dezembro de 2010 e 2ª tranche por parte das facilidades europeias no valor de €5 mil milhões em janeiro de 2011
    - Défice orçamental em % do PIB em 2010 (previsão): 32,3% (incluindo a intervenção nos bancos)
    - Dívida Pública em % do PIB em 2010 (previsão): 94%
    - Recessão ligeira em 2010 (estimativa de -0,2%) e retoma económica a partir de 2011 a taxas de crescimento superiores a 2%
    - Probabilidade de default subiu de 40,81% em 29 de novembro de 2010 para 42% a 14 de janeiro de 2011
    - Irlanda desceu do 3º para o 4º lugar no “clube” dos 10 de maior risco de default à escala mundial
    - Juros implícitos da dívida pública a 10 anos no mercado secundário desceram de 9,2% em 29 de novembro de 2010 para 8,33% em 14 de janeiro
    - Principais problemas: insolvência do setor financeiro em virtude da bolha imobiliária dos anos 2000, risco das previsões de crescimento serem excessivamente otimistas e probabilidade de mudança de governo nas eleições legislativas antecipadas a realizar no primeiro trimestre de 2011
    - Nunca teve defaults desde a independência (1916)
    [Texto Longo]
    O Global Economic Prospects 2011 alerta para os malefícios do “dinheiro quente” e projeta uma desaceleração no crescimento da economia mundial. Teme os efeitos da alta de matérias primas alimentares e uma resolução “desordenada” da crise da dívida na zona euro.
    [Pode comparar os riscos apontados pelo Banco Mundial com os Cisnes Negros de 2011)
    Uma recaída na recessão – double-dip, na famosa expressão do economês em inglês – à escala global este ano é considerada improvável pelo relatório Global Economic Prospects (GEP) do Banco Mundial, publicado esta semana.
    Mas a projeção daquela entidade internacional aponta para uma desaceleração do crescimento em 2011 à escala global, um dado fundamental para o painel de bordo dos exportadores e investidores.
    De uma taxa real de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,9% em 2010, aponta-se para uma taxa mais reduzida, de 3,3%. Só em 2012, a desaceleração se inverte ainda que a taxa de crescimento prevista, de 3,6%, seja inferior à de 2010.
    No comércio mundial, a desaceleração é quase para metade entre 2010 e 2011: de um crescimento de 15,7% (uma recuperação notável face à quebra brutal de 11% em 2009) para uma projeção mais moderada de 8,3%.
    Onde vai arrefecer o crescimento
    Esta realidade de desaceleração encobre, no entanto, uma assimetria de movimentos. Há um conjunto de países emergentes e desenvolvidos que vão desacelerar muito mais do que os restantes. À cabeça a Tailândia, seguindo-se o Brasil, Argentina e depois os países de alto rendimento per capita não pertencentes à OCDE. O “modelo exportador” destes países vai ressentir-se bem como a dinâmica dos seus mercados internos.
    Os dois motores do crescimento entre as grandes potências mundiais, a China e a Índia, vão também arrefecer o crescimento – ainda que ficando acima do número mágico dos 8%. A China baixa de 10% em 2010 para 8,7% em 2011 e a Índia de 9,5% para 8,4%. São reduções da dinâmica de crescimento na ordem dos 12-13% inferiores ao arrefecimento entre 35% a 60% no grupo de países referido acima.
    No conjunto dos países de altos rendimentos per capita (os ricos), a taxa de crescimento vai abrandar, também, de um nível estimado de 2,8% em 2010 para uma projeção de 2,4% este ano. A zona do mundo desenvolvido com crescimento mais sofrível é a zona euro, que descerá de um crescimento de 1,7% para 1,4%. No entanto, a maior quebra de dinâmica será no Japão que poderá descer abruptamente de 4,7% em 2010 para 1,4% este ano. O crescimento da economia americana deverá manter-se nos 2,8%.
    Continua claro que o “motor” do crescimento mundial se situa nos países em desenvolvimento e emergentes.
    O relatório faz uma simulação no caso de novas medidas de austeridade serem introduzidas no segundo trimestre de 2011, por força das circunstâncias. No caso de uma consolidação orçamental adicional de 1 ponto percentual do PIB e de uma redução de 2,5% no investimento, o impacto negativo no crescimento mundial será de 0,6 pontos percentuais no PIB em 2011 e de 0,9 pontos percentuais em 2012. Nos países de alto rendimento per capita (os ricos), o impacto será superior a essa “média”.
    As bolhas que o “dinheiro quente” insufla
    A outra grande preocupação do relatório é o “dinheiro quente” (hot money, na gíria financeira) que gera arriscados movimentos especulativos de curto prazo induzindo alta volatilidade, uma situação que provoca enormes estragos nas economias afetadas.
    As bolhas nos ativos desenvolveram-se nos mercados emergentes quer nos títulos (mais 30%) como nas participações (42%) no ano passado. Segundo a Investment Management Association, do Reino Unido, os mercados emergentes foram os “mais populares para o dinheiro dos investidores dos fundos privados”. O fluxo de capitais privados para os países em desenvolvimento expandiu-se 44%, mas mesmo assim muito abaixo do pico em 2007.
    No conjunto dos BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China -, a oferta de moeda cresceu 27% ao ano em 2010, e destacou-se no caso russo com um crescimento de 38%. Os preços do imobiliário em oito países da Ásia Oriental aumentaram 17% ao ano desde 2007.
    Vários países em desenvolvimento dispõem, agora, de reservas superiores a 40% do seu PIB, com destaque para a Argélia e Líbano acima de 80% e Tailândia e China acima de 50%. Na Europa, a Roménia tem mais de 40%. “O custo de manter reservas tão elevadas pode ser alto – particularmente tendo em conta o risco das taxas de câmbio, sobretudo quando estão concentradas numa dada divisa” (como o dólar).
    O Banco Mundial aponta o dedo “à política monetária nos países de alto rendimento per capita”, em virtude de taxas de juro muito baixas (em alguns casos, negativas, em termos reais) mantidas pelos bancos centrais destinadas a prevenir a deflação e a alegadamente favorecer a economia real desses países e a retoma económica. Este dinheiro barato tem gerado, no entanto, o que tecnicamente se designa por “carry-trade”: “os investidores pedem emprestado nos países com taxas de juro baixas e investem em países em desenvolvimento com taxas mais elevadas”, sublinha o relatório.
    Alta nas commodities
    O terceiro ponto de preocupação que o relatório do Banco Mundial aponta diz respeito à volatilidade nos mercados de commodities, com destaque para os metais industriais, os metais preciosos (sobretudo a prata) e para as matérias-primas alimentares.
    O impacto desta alta – particularmente das alimentares – é já sensível nos preços ao consumo em muitos países em desenvolvimento e emergentes, com disparos hiperinflacionários, como tem sido noticiado na China.
    O Banco Mundial alerta que, se esta alta prosseguir, “a pobreza pode intensificar-se” e os riscos de explosões sociais e políticas também.
    Preocupação com o risco de default
    A vaga de pré-defaults (incumprimentos da dívida soberana) em vários países da Europa que brotou em força em 2010 – quando se julgava ser um fenómeno “isolado” à pequena Islândia e depois à Grécia, fruto de vigarices de um governo que foi deposto em eleições – continua a preocupar o Banco Mundial. É mesmo o risco mais importante no curto prazo, sublinha o relatório, que teme “uma resolução desordenada” do problema.
    Segundo as simulações do Banco Mundial, “um grande defaultC pode ter um impacto cumulativo que pode ir até -4,1% do PIB mundial, no caso de uma perda de confiança muito séria”.
    O que ocorrer na Península Ibérica – Portugal e particularmente Espanha – terá particular impacto, diz o relatório, na América Latina, no Magrebe, no Médio Oriente e em África. “Aproximadamente, 11% dos depósitos na América Latina e Caraíbas estão em bancos espanhóis, enquanto os empréstimos por parte de bancos espanhóis representam 9% de todos os ativos bancários da região. Os bancos portugueses, por seu lado, desempenham um papel importante no Brasil e contam com 30% ou mais dos ativos em países africanos como Angola e Moçambique”, diz o relatório.

    sábado, 15 de janeiro de 2011

    Crise da dívida

    Plano B para o euro

    14 janeiro 2011 The Economist Londres
    The Economist, 14 janeiro 2011
    É a repetição de 2010, afirma The Economist. Os títulos da dívida pública espalham-se pelo continente, afirma, referindo que a taxa de juro de Portugal dos empréstimos a dez anos subiu para 6,7%. “A estratégia de financiamento da Europa, destinada a acalmar os mercados financeiros e a criar uma barreira entre o centro e a periferia da zona euro, não está a resultar”, considera a revista semanal económica. A solução? Um plano B: Restruturar a dívida pública. Se não se conseguir fazer isto, o resultado será ainda pior, afirma, referindo que a intervenção do FMI tem de ser conjugada com alguma coragem política da UE.

    Ciberdefesa

    Estónia cria um exército cibernético

    14 janeiro 2011 Rzeczpospolita Varsóvia
    Rzeczpospolita, 14 janeiro 2011
    Preocupada com o assalto às suas instituições em 2007, a Estónia criou um exército cibernético de voluntários. A Liga de Defesa Cibernética (CDL) protegerá o país dessas ameaças no futuro, noticia o Rzeczpospolita na primeira página. Sendo o primeiro exército desta natureza no mundo, o CDL pertence à Liga de Defesa Total paramilitar da Estónia e, em caso de ataque, ficará sob comando militar. Neste momento, é composto por 80 especialistas e engenheiros de Informática, que se reúnem uma vez por semana para pôr em prática uma defesa a um ataque simulado. Líder no acesso à internet, a Estónia “foi o primeiro país do mundo a ter votação pela Internet em eleições legislativas. É por isso que um novo ataque cibernético pode paralisar o país”, como afirmou ao jornal Vahur Made, membro da Academia Diplomática da Estónia.