terça-feira, 17 de maio de 2011

reestruturação da dívida dos piigs à vista bem como crash espanhol

Num dia negro para o risco de default e para os juros da dívida soberana no mercado secundário, a maior pressão exerceu-se sobre os juros dos títulos a 2 anos da Irlanda e a 2 e 3 anos de Portugal. Situação da Grécia e de Espanha agravou-se.
O balanço do dia é muito negativo e os sinais já haviam sido dados à hora de almoço.
O maior agravamento nas yields (juros implícitos) ocorreu com os títulos irlandeses a 2 anos que fecharam no mercado secundário em 12,58%, com uma variação diária explosiva de 8,4%, segundo dados da Bloomberg.
Seguiram-se as yields das obrigações do Tesouro (OT) portuguesas, que atingiram os 12% na maturidade a 2 anos, e que se aproximaram desse patamar na maturidade a 5 anos. A terceira maior subida diária ocorreu com os juros das OT a 3 anos, que fecharam em 11,61%.
Variações diárias próximas das portuguesas verificaram-se com as yields das obrigações espanholas nas maturidades a 2 e 3 anos que estão, no entanto, abaixo do patamar dos 4%, muito longe das situações irlandesa e portuguesa.
Também os juros relativos aos títulos gregos subiram ao longo do dia, com a maturidade a 2 anos a atingir 25,61%.
O risco de default, de acordo com o monitor da CMA DataVision, prosseguiu a sua tendência altista, com a probabilidade de incumprimento para a Grécia a fechar em 68,2%, a da Irlanda em 44,1% e a de Portugal em 43,09%. Espanha mantém um risco superior a 20%, um nível que funciona como linha vermelha de antecâmara de entrada no “clube da bancarrota” (os dez mais do risco à escala mundial), onde se encontram a Grécia (que lidera), Irlanda (em 3º lugar) e Portugal (em 4º lugar).
O contexto desta segunda-feira “negra” prende-se a quatro fatores:
1- a decisão da agência de notação S&P de agravar o rating da Grécia para uma situação de risco de “default seletivo” eminente, a que o Expresso já se referiu;
2- as dúvidas públicas sobre a capacidade da Irlanda resolver o problema bancário sem cair na bancarrota, questões levantadas por Morgan Kelly, professor do University College, em coluna de opinião pela manhã no jornal The Irish Times, e reforçadas pelo próprio governo através das declarações de um “ministro sénior” [não identificado] do Fine Gael ao jornal Irish Mail de que o “governo espera que as dívidas tenham de ser ‘reestruturadas’ num horizonte de três anos”;
3- as dúvidas crescentes sobre o desenho político que sairá das próximas eleições legislativas em Portugal com vista a implementar o Memorando de Entendimento com a troika EU/BCE/FMI;
4- e o temor, em Espanha, de que um ano depois do primeiro grande tijeretazo (tesourada) realizado pelo governo de Zapatero nas contas públicas seja necessário novo pacote de medidas de recortazo.

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