quinta-feira, 19 de maio de 2011

HAVERÁ PLANO B ?

O Plano A dos resgates está a falhar ou à beira de falhar. A única alternativa é mudar para o Plano B – uma reestruturação da dívida de um modo ordenado, escreve hoje o polémico professor conhecido por Dr. Doom.
Nouriel Roubini, Dr.Doom
Nouriel Roubini, o polémico professor da Universidade de Nova Iorque que esteve recentemente em Portugal, e o historiador Stephen Mihm, da Universidade da Geórgia, na coluna de hoje do Todayonline, intitulada “On a loan and a prayer” , juntam-se ao clube de académicos que insistem que a atual estratégia da União Europeia para lidar com as crises de dívida está condenada ao fracasso, deixando pelo meio situações dramáticas nos países em “resgate”.
Por isso aconselham que se “mude rapidamente” do Plano A, o oficial, em curso, para o Plano B. Sobretudo quando dentro da própria linha oficial se abrem brechas com alguns dos seus responsáveis sugerindo ou insinuando “desvios”, como o “re-profiling” e a “reestruturação suave” defendidas pelo chefe do Eurogrupo e pelo ministro-chave de Ângela Merkel depois da reunião do Eurogrupo desta semana, e a que já nos referimos.
O Plano A é a linha oficial de “resgates” que tem sido seguida (para a Grécia, Irlanda e Portugal) e de travagem de “contágio” a outros (no caso Espanha e Itália). O sustentáculo desse plano A é que essas economias sofrem de um problema de liquidez e não de insolvência. E que com a terapia de austeridade orçamental, reformas estruturais e crescimento voltarão ao sítio. Roubini e Mihm alcunham esta linha de pensamento de “emprestar e rezar”.
Duas das suas traves mestras são a pretensão que haverá um crescimento rápido e que conseguirá em tempo útil aplicar a “solução alemã” para a competitividade, a de manter o crescimento dos salários abaixo do crescimento da produtividade, reduzindo os custos unitários do trabalho.
Desmontando duas suposições
O artigo desmonta as duas suposições. “Não podemos esperar um crescimento rápido nestes países. O fardo da dívida dos PIIGS [acrónimo jocoso para o grupo formado por Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha] é tão alto que uma performance económica robusta é quase impossível”, escrevem os dois autores. A própria solução alemã para a competitividade “demorou mais de uma década para dar resultados”. Mesmo que estes países “iniciassem o processo hoje, os benefícios demorariam demasiado para se conseguir restaurar a competitividade e o crescimento”.
Roubini e Mihm constatam a evolução atual. “A Grécia é claramente insolvente”, dizem. Portugal chegará a uma situação de “insolvência do sector público”. E acrescentam que sobre Espanha e Irlanda, “transferir os enormes prejuízos do sistema bancário para as contas do governo – para além de uma escalada da própria dívida pública – conduzirá eventualmente a uma situação de insolvência”.
A finalizarem, os dois autores resumem várias formas como se pode desenvolver um plano de reestruturação da dívida: proceder a um reescalonamento da dívida, sem reduzir o valor em dívida, através da extensão das maturidades e reduzindo as taxas de juro nas novas dívidas; encorajar os detentores da dívida a trocarem os títulos atuais por títulos ligados ao comportamento do PIB, ou seja à performance económica; reduzir o valor facial das hipotecas e dos títulos de dívida e convertê-los em participações.

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