terça-feira, 24 de maio de 2011

ESPÃNA POR FAVOR.....

Santiago Niño Becerra não se admira com o disparo no risco de default de Espanha desde sexta-feira. Em fevereiro prognosticou a chegada dos “Senhores do fato preto” da troika ainda este ano. “Espanha não pode pagar o que deve”.

Santiago Nino Becerra
A probabilidade de incumprimento da dívida soberana de Espanha tem estado em alta desde sexta-feira quando o país reingressou no “clube da bancarrota”, os dez do mundo com mais alto risco de default. Hoje subiu para o 9º lugar nesse ranking da CMA DataVision, mantendo-se com um risco acima de 21%.
Também no mercado secundário da dívida soberana, as yields (juros implícitos) das obrigações espanholas (OE) ferveram de manhã, tendo as relativas às maturidades a 10 anos atingido os 5,6%, segundo dados da Bloomberg. Durante a tarde, a alta arrefeceu, mas os níveis de juros fecharam em valores acima dos de sexta-feira. Os juros das OE a 10 anos mantêm-se acima de 5,5%.
Os analistas interrogam-se se o filme dos resgates se vai repetir. Santiago Niño Becerra, professor de economia na Universidade Ramon Llull, em Barcelona, prognosticou, em entrevista que nos concedeu em fevereiro, “que os senhores do fato preto” da troika aterrariam em Barajas ainda este ano.
Anestesiada para a dívida
Agora, face a esta nova tendência altista, o irreverente professor de Barcelona diz que “na realidade, Espanha já está intervencionada, tenham chegado ou não fisicamente os senhores do fato preto”. E, além, de intervencionada, está anestesiada. A campanha eleitoral para estas eleições regionais e municipais de 22 de maio passou ao lado destes problemas: “O problema da dívida soberana foi conscientemente marginalizado pelos partidos nesta campanha. Contudo, também, os votantes nada perguntaram aos partidos”.
O problema de Espanha é estruturalmente o mesmo que o dos outros já intervencionados na zona euro: insolvência, diz Niño Becerra. Uma opinião que contrasta com a do Nobel Paul Krugman que, ainda ontem, na sua coluna no The New York Times, “separou” Espanha do grupo dos outros três da zona euro já intervencionados.
“Espanha não pode pagar o que deve. Tem uma estrutura do produto interno bruto baseada em baixo valor acrescentado, produtividade reduzida e excesso de população ativa, e assim é impossível sair da situação em que está”, afirma para logo acrescentar: “Espanha tem uma estrutura económica absolutamente desequilibrada” para enfrentar o novo desafio dentro da Europa.
As próprias contas orçamentais das regiões espanholas são preocupantes. Apenas Catalunha, Madrid e Comunidade Valenciana têm um saldo positivo global, refere. Há regiões que, em contraste, têm situações aflitivas, como a Extremadura e as Astúrias.
O desafio, diz o professor de Barcelona, é a nova geometria variável da Europa. “mas não se trata da geometria variável entre países, como se tem dito, mas sim de clusters, inclusive transregionais e transnacionais”.

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