terça-feira, 1 de março de 2011

sem autorização aqui publico um post de José Milhases

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Segunda-feira, Fevereiro 28, 2011

De novo sobre a moral e interesses nacionais nas relações internacionais

Não pretendo defender aqui nem o primeiro-ministro português, José Sócrates, nem o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, mas, antes de fazer críticas, é preciso olhar para o mundo que nos rodeia.
Hoje, li ,no jornal Expresso, o comentário de Henrique Raposo: "Os abracinhos de Sócrates a Kadhafi faziam sentido?" e destaco o seguinte parágrafo: "III. Depois, convém fazer uma distinção que tarda a ser compreendida em Portugal: uma coisa são os negócios, outra coisa é a política. As nossas empresas podem fazer negócios com as ditaduras. Toda a gente faz isso. Aliás, uma das melhores formas de abrir uma ditadura é através do comércio com o exterior. Porém, as relações económicas não devem determinar um amiguismo político entre uma democracia e uma ditadura. Existe uma fronteira entre a economia (feita pela sociedade) e a política (feita pelo Estado). Um político tem deveres éticos que um empresário não tem. Ou seja, Portugal, enquanto democracia, deve evitar apaparicar regimes pouco decentes. Problema? Quando se olha ao espelho, José Sócrates vê "o motor da economia nacional", vê o "empresário de Portugal". Naquela cabecinha, o Estado é o motor de tudo, e, por isso, ele pensa que tem de liderar comitivas de empresários com o objectivo de meter "cunhas" nos ditadores amigos. Ou seja, a nossa política externa é um reflexo da nossa política interna. Pior: esta vergonha externa (legitimámos ditaduras) é o resultado da vergonha interna que marca da nossa política doméstica: a promiscuidade entre política e negócios". 
Peço desculpa pela longa citação, mas assim não posso ser acusado de truncar ou distorcer ideias. 
Henrique Raposo acusa José Sócrates de juntar política e negócios, acrescentando que "um político tem deveres éticos que um empresário não tem". Eu, se fosse empresário, sentir-me-ia insultado, pois até parece que, em prol do lucro, vale tudo.
Quanto aos deveres éticos do político, eu gostaria que eles fossem sagradamente respeitados por todos, mas, no mundo actual, se o dirigente de algum país, se comportar assim, arrisca-se a ficar completamente isolado e a condenar o seu povo à miséria e ao isolamento.
Isto é tanto mais verdade no que respeita a países pequenos como Portugal.
As relações pessoais entre os dirigentes dos vários países fecham ou abrem muitas portas aos homens de negócios. Veja-se, por exemplo, as relações pessoais entre Vladimir Putin e Sílvio Berlusconi e o seu reflexo nas relações económicas e políticas entre os dois países.
Os meus oponentes poderão retorquir: "Trata-se de dois políticos conhecidos por não terem grandes princípios", mas eu respondo: "Quais são os países governados por "madres Teresas?".
As relações entre a Rússia e a Alemanha são outro exemplo ainda mais flagrante da importância das relações pessoais entre dirigentes nos contactos económicos e políticos. Não é segredo para ninguém que as boas relações entre Gerhard Schroder, quando chanceler da Alemanha, e Vladimir Putin, então Presidente da Rússia, foram essenciais, por exemplo, para a abertura de portas na Rússia a empresas como a Siemens ou a Gazprom na Alemanha.
Claro que é condenável o facto de Schroder ter saltado da cadeira de chanceler para funcionário da Gazprom sem qualquer "período de nojo", mas está muito longe de ser caso único.
Em relação a Portugal, não temos empresas da envergadura dos gigantes alemães ou italianos, os nossos empresários, à escala mundial, são pequenos e médios. Daí se justificar ainda mais o apoio político à expansão das empresas nacionais. 
Portugal não é um gigante na cena mundial (se excluirmos o sentido poético da expressão), é um país pobre e em graves dificuldades económicas, daí não esperarmos que os nossos dirigentes se comportem como santos exemplares.
Claro que o ideal seria manter um equilíbrio nestas questões, mas, num "mundo de cão", não é nada fácil ser cordeiro.
E, para terminar, é caso para dizer que, neste caso, os dirigentes políticos são criticados "por terem cão ou por não terem". Risco profissional.

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