terça-feira, 19 de julho de 2011

ÚLTIMO AVISO DE TRICHET

Numa semana em que o mundo tem os olhos postos nas negociações sobre o teto de endividamento federal dos Estados Unidos e na próxima reunião do Eurogrupo (ministros das Finanças dos países membros da zona euro) no dia 21 de julho – próxima 5ª feira (dia D) -, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, fala claro ao jornal Financial Times Deutschland : se a Grécia entrar em default, total ou parcial, é um problema vosso.
“No caso de uma decisão dos governos [da zona euro] que conduza a um default seletivo ou mesmo a um default [da dívida grega] – uma vez mais, avisamos, alto e bom som -, terão de arranjar colateral [garantias] que o sistema da zona euro possa aceitar”, frisou o presidente do BCE em entrevista hoje ao jornal alemão. Em suma, o BCE deixará de aceitar qualquer título da dívida grega.
“Os governos [da zona euro] foram avisados, sem palavras vagas, e usando todos os meios. Disse-o publicamente. Expliquei em detalhe aos chefes de Estado e de governo e aos ministros das Finanças, em diversas ocasiões, que, se um país [da zona euro] entre em incumprimento, não poderemos continuar a aceitar os seus títulos como colateral elegível. Os governos [da zona euro] terão de resolver as coisas por si. Passará a ser uma obrigação sua”, prosseguiu Trichet à edição alemã do Financial Times.
Exposição bancária à dívida grega
Segundo dados da European Banking Authority analisados por Olaf Storbeck do jornal alemão Handelsblatt, os bancos europeus e os bancos gregos detém 50% da dívida pública grega que já soma €328,6 mil milhões. No caso dos bancos europeus representa 30% daquele montante, ou seja mais de €98 mil milhões. Esses títulos poderão tornar-se tóxicos – eis a mensagem de Trichet.
Se houver um efeito de contágio, a exposição do sistema bancário às dívidas públicas dos três membros da zona euro com planos de resgate (Grécia, Portugal e Irlanda) é de metade dos €637,3 mil milhões que somam as dívidas públicas dos três países “periféricos”. No caso de Portugal, a exposição dos bancos europeus à dívida portuguesa é de €43,2 mil milhões e dos bancos nacionais é de €27 mil milhões.

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