sexta-feira, 8 de julho de 2011

credores privados não dispostos a reestruturar dívida grega

Os banqueiros parecem não se terem entendido sobre como operar a reestruturação da dívida grega em mãos de privados que vença até final de 2014. Apesar de este tema parecer estar relegado pelos europeus para meio de setembro, em mais um arrastamento de decisões críticas, as expectativas concentram-se na agenda da reunião do Eurogrupo na próxima segunda-feira.

Em virtude do agravamento da situação de risco de default dos seis países da zona euro sob observação dos mercados da dívida, e em particular face à degradação ontem e hoje relativa a Espanha e a Itália, duas grandes economias da zona euro e do mundo, admite-se que o Eurogrupo esteja sob pressão para dar algum sinal segunda-feira.

Fator mais importante

Apesar da atenção mediática ter andado focalizada no movimento da Moody’s em relação ao rating da República Portuguesa, o fator que está a ser interpretado como o mais importante durante esta semana foi a posição tomada, na segunda-feira, pela outra agência de notação de risco, a Standard & Poor’s (S&P), de considerar a proposta francesa de re-escalonamento da dívida grega em mãos de credores privados como sendo um default seletivo puro e simples, que desencadearia os procedimentos de notação habituais e o rebuliço no mercado dos credit default swaps.

Esta posição da S&P deu uma machadada importante na proposta francesa de rollover da dívida grega em mãos de privados, que vinha granjeando apoio, e reanimou as posições de alemães, holandeses e finlandeses para que seja imposto um envolvimento obrigatório dos credores privados da dívida grega como condição para um segundo pacote de resgate a Atenas. Os holandeses, segundo disse de viva voz o seu ministro das Finanças, Jan Kees de Jager, estariam inclusive a procurar formar uma “coligação” nesse sentido.

A tormenta gerada pela S&P acelerou os encontros entre banqueiros organizados pelo lóbi internacional financeiro Institute for International Finance (IIF), que realizou reuniões na quarta-feira em Paris na sede do BNP Paribas e na quinta-feira em Roma. O IIF tem na sua direção a fina flor das finança mundial – Deutsche Bank, Commerzbank, Goldman Sachs, UBS, HSBC, Morgan Stanley – e é dirigido por Charles Dallara. O IIF foi criado em 1983 e está sedeado em Washington DC. Abriu a sua delegação para a Ásia em Beijing no final do ano passado. Na reunião em Roma, teriam estado representantes do Banco Central Europeu e do governo grego.

Por seu lado, o Banco Central Europeu e o seu presidente em particular, Jean-Claude Trichet, continuam a insistir na necessidade de encontrar uma solução que não seja considerada um default pelas agências de rating.

Reuniões inconclusivas aumentam ansiedade

Os balanços dessas reuniões, divulgados pelo International Finance Centre (IFC) e pela Reuters, não são animadores. Bem pelo contrário, incendiaram ainda mais a “ansiedade” (como diz o IFC) nos mercados da dívida.

Uma das outras opções aflorada é a própria recompra da dívida grega pendente, afirmou Charles Dallara, que declarou que tem estado sob análise “um menu de opções” e não só a proposta francesa.

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