sexta-feira, 8 de julho de 2011

movimentos pre-entivos e a moodys de Warren Buffet

A crise nos países “periféricos” da zona euro teve mais uma semana negra. Duas agências de notação de risco resolveram realizar dois movimentos no xadrez da crise das dívidas soberanas que provocaram ondas de choque.

A Standard & Poor’s (S&P, uma divisão da The McGraw-Hill Companies), na segunda-feira (4 de julho), tomou uma medida preventiva – procurou aniquilar a proposta francesa para um rollover da dívida grega em mãos de credores privados que vença até final de 2014. A S&P disse claramente que a consideraria como implicando um evento de crédito, um default seletivo, posição que paralisa a capacidade do Banco Central Europeu em aceitar tais reestruturações “voluntárias” da dívida grega. Soube-se, depois, que os banqueiros que negoceiam o modelo de re-escalonamento da dívida grega não conseguiram encontrar consenso nas reuniões realizadas em Paris e em Roma na quarta e na quinta-feira.

No dia seguinte (5 de junho), outra agência de notação, a Moody’s (em que o principal acionista é a Berkshire Hataway de Warren Buffet), resolveu realizar o que os analistas designam por movimento “pre-entivo” (um termo que vem da estratégia militar e é distinto de movimento preventivo), baixando o rating da dívida de longo prazo portuguesa para um nível dentro do patamar “especulativo” (ainda que distante da classificação que já é dada para a dívida grega), alegando que o perfil de evolução da situação no país poderá evoluir para um padrão de soluções futuras similares às da Grécia (ou seja, segundo plano de resgate e envolvimento de credores privados).

O Banco Central Europeu (BCE) reagiu na quinta-feira (7 de julho) à tarde em Frankfurt e esperava-se que o efeito das medidas anunciadas por Jean-Claude Trichet, suspendendo as regras em vigor em relação à aceitação de colaterais relativos à dívida soberana portuguesa (como já fizera para a Grécia e Irlanda anteriormente), travasse a escalada do custo dos credit default swaps (cds, seguros financeiros contra o risco de incumprimento de uma dada dívida) relacionados com as dívidas dos seis países “periféricos” (Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Bélgica) e acalmasse o disparo nas yields (juros implícitos) relativas aos títulos do Tesouro desses países transacionados no mercado secundário.

Efeito Trichet durou poucas horas

Ora, o “efeito Trichet” durou poucas horas. Os níveis de risco de default (incumprimento da dívida) baixaram na quinta-feira para a Grécia, Itália e Bélgica, mas subiram para Portugal (que fechou com 52,09% de risco contra 51,76% no dia anterior) e mantiveram-se idênticos para Espanha. Mas, na sexta-feira (8 de julho), o risco subiu em todos os casos, com particular gravidade para a Irlanda e Itália que tiveram aumentos superiores a 2 pontos percentuais do risco em relação ao fecho do dia anterior.

Em termos evolutivos ao longo da semana, o risco de default subiu de 80,08% para 84,45% no caso da Grécia, de 47,73% para 59,07% (mais de 10 pontos percentuais, o maior “salto” no conjunto, tendo em conta a baixa de rating) no caso de Portugal, de 46,12% para 54,53% para a Irlanda, de 20,89% para 24,45% no caso de Espanha, de 15,05% para 19,96% para Itália, e de 12,20% para 14,56% no caso da Bélgica.

É surpreendente como é que Warren Buffet detentor de 60% da Moodys ainda não apanhou com uma bala na cabeça de um qualquer dos que ele tornou miseráveis.

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