terça-feira, 19 de julho de 2011

FRANÇA E ALEMANHA JÁ SOB ATAQUE

O mercado da dívida da zona euro começa a revelar dois patamares de nervosismo.
No grupo dos seis “periféricos” (Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Bélgica), o efeito positivo dos testes de stresse aos 91 bancos do sistema euro divulgados na sexta-feira foi nulo.
As probabilidades de default (incumprimento da dívida soberana) abriram em alta para os 6 países, na semana em que se vai realizar um Eurogrupo (reunião dos 17 ministros das Finanças dos países membros da zona euro).
Grécia: Custo dos cds em 3000 pontos base
O custo dos credit default swaps (cds, seguros financeiros contra o risco de incumprimento da divida soberana) para a Grécia aproximava-se, de manhã, dos 3000 pontos base, prosseguindo uma “rota argentina” de bancarrota, segundo dados da CMA DataVision.
A meio da tarde, o custo dos cds subiu para mais de 3000 pontos base. A probabilidade está, a meio da tarde, em 87,72%, depois de os jornais dominicais de Atenas terem abertamente reconhecido a eminência de um default da dívida grega.
Portugal com risco acima de 64%
Portugal subiu para um nível de risco de 64,36% e a Irlanda para 63,96%. O custo dos cds para a dívida irlandesa é superior ao caso português. O risco no caso da dívida espanhola subiu para 28,30% e da Itália para 25,35%.
Estes cinco países da zona euro mantém as suas posições no “clube” da bancarrota (os 10 países com maior probabilidade de default). Quanto à Bélgica – o recordista mundial em termos de ausência de governo depois de eleições – viu o risco subir hoje para 17,4%, ainda longe dos 21% que a qualificará para entrada no referido “clube”.
Núcleo duro começa a sentir a vaga
Mas a segunda linha de preocupação é que, na vaga de crise da dívida na zona euro, o nervosismo dos investidores internacionais começou a estender-se ao núcleo duro do sistema, à dupla franco-alemã.
A França ultrapassou hoje a barreira dos 10% de probabilidade de default (o nível de risco vai em 10,4% a meio da tarde) e a Alemanha abriu com uma probabilidade superior a 5,6%. São valores irrisórios comparados com os quase 88% de risco para a Grécia ou mesmo os cera de 25% para Itália, mas denotam o nervosismo dos investidores internacionais nas dívidas da zona euro. A Alemanha tinha ultrapassado a barreira dos 5% na sexta-feira.
Hoje, até meio da tarde, os 7 países do mundo com maior subida do risco de incumprimento são todos europeus: Alemanha, Suécia, França, Itália, Finlândia, Espanha e Holanda.
O indicador global para a Europa, o iTraxx Europe Crossover série 15 da CMA DataVision revela a continuação do disparo nos cds das entidades europeias desde 1 de julho. No caso dos cds a 5 anos o disparo é já de 47% e quanto aos cds a 3 anos o aumento é de 46%.
As palavras de Jean-Claude Trichet , presidente do Banco Central Europeu, à edição alemã de hoje do Financial Times não deixaram, certamente, de incendiar ainda mais a situação. Os comentários aos testes de stresse também não tranquilizaram, diz a Eurointelligence hoje. O facto da European Bank Authority não ter incluído um cenário de default – apesar do que está a ocorrer com a Grécia – deixou muitos investidores pouco tranquilos, sublinha aquela agência de informação.

Sem comentários:

Enviar um comentário