sexta-feira, 22 de julho de 2011

COMO TINHA PREVISTO "os mercados" FICARAM ASSANHADOS

O cafézinho de Merkel, Sarkozy e Papandreou parece não estar a surtir o efeito desejado. Hoje assistiram-se a duas reviravoltas da parte da tarde – os juros da dívida voltaram à tendência de subida e as probabilidades de bancarrota dos “periféricos” também. Algo surpreendente para quem já havia esgotado o stock de champanhe e os foguetes.
O cafezinho de Merkel (foto Reuters)
Ainda é cedo para concluir se se trata de uma “oscilação selvagem” temporária, filha da volatilidade, ou se está a ocorrer uma viragem no “sentimento” dos investidores nas dívidas soberanas da zona euro indicando que as resoluções da cimeira europeia de ontem não os convenceram da solidez dos instrumentos financeiros colocados em campo e do caráter “excecional e único” da estratégia seguida para a Grécia.
Fecho no mercado secundário: yields invertem tendência
As yields (juros implícitos) das obrigações espanholas (OE) e dos títulos do Tesouro italiano e belga, em todas as maturidades, voltaram à tendência de subida. Os juros das OE a 10 anos reaproximam-se do caminho dos 6%, e fecharam em 5,77%, e no caso italiano, para a mesma maturidade, em 5,41%, segundo dados da Bloomberg.
No caso dos títulos dos três países já resgatados pela troika – Grécia, Portugal e Irlanda -, os juros prosseguiram uma descida colossal até à tarde, quando ocorreu uma travagem ou mesmo uma inversão da tendência. As maiores descidas diárias de juros verificaram-se nos títulos a 3 e a 2 anos da Grécia e nos títulos a 2 anos da Irlanda. Os juros para os títulos irlandeses a 10 anos continuam acima dos portugueses.
Os juros das obrigações do Tesouro portuguesas fecharam em 15,39% nas maturidades a 2 anos, 16,51% nas a 3 anos, 15,40% nas a 5 anos e 10,95% nas a 10 anos. Apesar da inversão da tendência durante a tarde de hoje, são níveis muito distantes dos picos atingidos na 2ª feira, o que mantém a melhoria das condições de crédito para o país.
Este comportamento das yields dos títulos públicos nos seis países da zona euro referidos está em conformidade com o que ocorreu, também, no mercado dos credit default swaps (cds), com uma reviravolta nos riscos de default à tarde, a que já nos referimos.
Em compensação, os juros relativos aos Bunds, títulos alemães, e aos títulos do Tesouro americanos e franceses inverteram a tendência de subida.
A diminuição dos juros dos Bunds implicou o aumento do spread em relação aos juros dos seis países sob observação, o que se repercute, logo, no custo dos cds e no risco de incumprimento.
Risco de incumprimento – mesmo padrão de inversão
Inverteu-se, à tarde, a tendência de descida acentuada do risco de default nos 6 países da zona euro sob observação dos mercados da dívida – Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Bélgica – segundo dados do meio da tarde da CMA DataVision.
A Irlanda voltou ao 3º lugar do “clube” da bancarrota (grupo dos 10 países com risco de incumprimento mais elevado) e a Espanha ao 8º, depois de terem descido durante a manhã para o 4º lugar e a 10ª posição, respetivamente.
O aumento do risco no caso italiano – que subiu de 17,6% para 20,15% no espaço de poucas horas – ainda não foi suficiente para que o país europeu reentre no “clube” desalojando o Vietname.
O risco de default da Grécia subiu para 74%, depois de ter descido para 71,68%; o de Portugal para 54,05%, depois de ter estado em 50,9%; o da Irlanda para 52,65%, depois de ter chegado aos 49%; o de Espanha para 23,85%, depois de ter estado em 21,5%; o de Itália subiu para 20,15%, depois de ter descido para 17,6%; o da Bélgica subiu para 13,63%, depois de ter estado em 12,53%.
A novidade, agora, é que a alta nos “periféricos” é acompanhada pela subida do risco de incumprimento na França e na Alemanha – ainda que o patamar da probabilidade de default nestas economias seja dos mais baixos do mundo. Estes dois países do núcleo duro, juntamente com a Bélgica e a Itália, são os que maiores subidas diárias estão a apresentar hoje no conjunto de 80 países seguidos pelo monitor da CMA DataVision. A França voltou a galgar o patamar dos 100 pontos base no custo dos credit default swaps associados à sua dívida soberana.

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