domingo, 3 de julho de 2011

ESPECULAÇÃO DOS MERCADOS DESLOCA-SE PARA USA, JAPÃO, CHINA, UK E FRANÇA !

Portugal, Grécia e Irlanda tiveram uma diminuição no valor líquido dos credit default swaps (cds, seguros financeiros contra o risco de default) nos últimos doze meses, segundo contas feitas pelo blogue ZeroHedge. No caso da Grécia, o primeiro resgatado pela troika, o valor líquido baixou em 28%, no caso de Portugal caiu quase 22% e no caso da Irlanda quase 6%.
Em contraste, a actividade de segurar contra a probabilidade de um evento de crédito foi mais frenética em quatro países. Medida segundo o aumento do valor líquido dos cds nos últimos doze meses, os campeões foram os Estados Unidos, com um disparo de 136,4%, a China com um aumento de 86,9%, o Japão com um aumento de 83,6% e a França com um aumento de 77,4%, segundo um estudo da ZeroHedge.
Isto não significa que atualmente o risco de default seja elevado nesses países. Não é. Significa que o interesse em segurar contra potenciais defaults futuros aumentou significativamente nesses 4 casos.
Por outro lado, de acordo com o balanço feito pela Markit, no final do 2º trimestre (Markit Sovereign Report Q2 2011), as mais elevadas variações mensais no spread dos credit default swaps verificaram-se na Itália (+28%), China (+ 25%), Espanha (+23%), Reino Unido (+19%) e França (+17%). Em termos de zona euro, a Markit chama a atenção para o papel de indicadores de contágio da Itália e Espanha.
Apesar do ruído mediático, no conjunto dos 3 países da zona euro, resgatados pela troika, o valor líquido dos cds no início de junho é apenas de 16,4 mil milhões de dólares, com Portugal com a maior fatia de 6,3 mil milhões.
Muito mais do que esse valor conjunto dos três países tem a Itália com um valor líquido de cds de 25 mil milhões de dólares, muito maior do que o acumulado dos três países da zona euro atualmente sob stresse financeiro. A variação anual, no entanto, foi muito pequena.
Quanto a Espanha, que tem um valor líquido de cds de 18,4 mil milhões de dólares, inferior ao de Itália, teve, no entanto, um aumento de 34%. O que não sendo comparável aos disparos de crescimento nos casos dos EUA, China, Japão e França, é um aumento significativo.
Os 15 campeões
Os 15 campeões no valor líquido (net notional value) dos cds são a Itália com cerca de 24 mil milhões de dólares, a França com 20,1, a Espanha com 18,4, o Brasil com cerca de 17, a Alemanha com 16,3, o Reino Unido com 11,9, o México com 8,7, o Japão com 8,3, a Bélgica com 7,2, a China com 7, Turquia com 6,3, Áustria com 6,2, Portugal com 6,1, a Grécia com 4,8, e a Rússia com 4,7, segundo dados da Markit e da DTCC.
Neste grupo, as maiores variações nos últimos doze meses ocorreram com a China, Japão e França, como já referimos. Seguidamente, num patamar mais baixo de variação, encontramos o México (aumentou 47,1%), Bélgica (subida de 34,4%) e Espanha (aumento de 34%). A exposição à China está a chamar a atenção dos analistas. “A exposição aos cds soberanos [no caso da China] quadruplicou nos últimos dois anos”, refere a Markit.
De salientar, portanto, que, no grupo dos países membros da União Europeia referidos nesta lista, o valor líquido dos cds soma mais de 116 mil milhões de dólares.O analista Paul Amery, do blogue Index Universe.eu, junta-lhe mais 100 mil milhões de valor líquido em cds ligados a divida de bancos europeus.
Como Amery sublinhava, o que estes números revelam é que o problema está muito para além dos três países resgatados. A atividade dos cds no núcleo duro de países europeus (ainda com risco de default baixo) revela que os investidores se estão a precaver contra o risco de contágio e procurando entender os riscos reais sistémicos.
O estudo realizado pela ZeroHedge baseou-se nos dados do Depository Trust & Clearing Corporation e analisou os valores líquidos e não os valores brutos dos contratos que são muito superiores.

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