sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CONSELHO EUROPEU DOS 27 NÃO CONVENÇE


O Conselho terminou muito mal.
Ao contrário do que eu previ no "post" UM  CONSELHO  DRAMÁTICO, aqui publicado ontem de manhã, nenhum plano de resgate de dívida soberana de qualquer país foi aprovado ( a subida de 6 para 10 biliões de euros não chega e só vale daqui a três anos ), nenhum acordo para a reestruturação das dívidas foi alcançado, nenhum sistema harmónico fiscal ( que impeça a Irlanda ou a Holanda, por exemplo,  de quase não levarem impostos às empresas cuja sede fiscal lá esteja sediada, num inimaginável "dumping " fiscal ) foi sequer discutido.
Resultado, os " mercados " já sentem a carne putrefacta do euro e voltaram à carga, estando agora às portas da própria Alemanha. E - imagine-se ,
 por contágio - , até dos USA...
Caso para desabafar , parecem doidos!
Estão abertas as portas para o estouro de euro ( de uma das diversas formas possíveis ) e , a meu vêr , de uma inflação galopante. Só gostaria de me enganar.

O texto que segue foi oubado a JNR . ciberdina sobre o default :

"A decisão de criação de um “mecanismo europeu de estabilidade” a partir de fevereiro de 2013 não provocou desanuviamento na alta do risco de default e nos juros da dívida soberana dos seis países da zona euro em foco.
A probabilidade de default (incumprimento da dívida soberana) num horizonte de cinco anos no entender dos investidores nos mercados financeiros da dívida continua a aumentar hoje de manhã para os seis países em foco na zona euro: Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e Bélgica. Os quatro primeiros são membros do “clube” dos 10 de maior risco mundial e dois deles – Grécia e Irlanda – estão já “intervencionados” pela Fundo Monetário Internacional (FMI) e por Bruxelas.
O risco grego aproxima-se hoje dos 55%, o irlandês subiu para mais de 39,7%, o português está nos 32,7%, o espanhol em mais de 24,5%, o italiano nos 16% e o belga aproxima-se do patamar do risco italiano, segundo o monitor da CMA DataVision hoje na abertura deste mercado.
Este sinal negativo já tinha sido dado ontem, previamente à cimeira.

Moody’s faz corte brutal no rating da Irlanda

Fruto da decisão da agência de notação Moody’s de realizar um corte de cinco níveis na notação da dívida irlandesa, baixando o rating de Aa2 para Baa1 e com perspectiva negativa, o Tigre Celta subiu hoje para o 3º lugar do TOP 10 mundial do risco. Um revés, apesar da aprovação por maioria pela Dáil (Câmara Baixa do Parlamento em Dublin) do Memorando de Entendimento com Bruxelas e o FMI e do Plano de re-estruturação do setor financeiro irlandês. Nem mesmo o facto da economia irlandesa no terceiro trimestre ter regressado a terreno positivo (o PIB cresceu 0,5%) convenceu a Moody’s a não dar este corte brutal. As yields (juros implícitos no mercado secundário) dos títulos irlandeses a 10 anos subiram logo pela manhã, segundo dados da Bloomberg.
Também os juros implícitos dos títulos gregos, espanhóis e belgas estão a subir em relação ao fecho de ontem, com os portugueses, gregos e italianos estacionários.

Soluções “minimalistas” não tranquilizam

A decisão de criação de um “mecanismo europeu de estabilidade” para vigorar a partir de fevereiro de 2013 tomada, ontem à noite, pela cimeira do Conselho Europeu de 27 membros da União Europeia não surtiu, ainda, efeito positivo nos mercados financeiros ligados à dívida soberana. O referido “mecanismo” substituirá a Facilidade Europeia de Estabilização Financeira, um veículo financeiro que expirará em Março de 2013 e a que recorreu, agora, a Irlanda. Uma alteração ligeira será feita no Tratado de Lisboa, referindo que ajuda será prestada a qualquer membro “se se verificar indispensável para assegurar a estabilidade da zona euro no seu conjunto”.
Também não entusiasmou a decisão tomada ontem pelo Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) de aumentar o seu capital subscrito pelos membros de 5,76 mil milhões para 10,76 mil milhões, quase para o dobro, através de transferências de capital dos bancos centrais membros (16 membros da zona euro e 11 não aderentes à zona euro) em três tranches, com a primeira a efetivar-se até 29 de dezembro (as outras duas serão concretizadas nos finais de 2011 e 2012). O capital subscrito pelo Banco de Portugal passará de €100,8 milhões para cerca de €188,4 milhões com uma primeira tranche de reforço na ordem dos €30 milhões.
Vários analistas tinham sublinhado que, face ao volume de aplicações realizadas pelo BCE que soma cerca de €200 mil milhões de títulos de dívida soberana de diversos países europeus, incluindo €72 mil milhões até à data só este ano, o Banco Central teria de proceder a um aumento do seu capital para “emagrecer” o rácio de alavancagem que, mesmo com o aumento agora decidido, se mantém próximo de 20. Alguns consideram mesmo que o BCE se está a transformar num bad bank da dívida soberana europeia, como acusou o líder da oposição alemã no Bundestag (Parlamento alemão) no debate realizado esta quarta-feira.
As dúvidas sobre a zona euro têm alimentado o aumento das yields relativas aos Bunds, os títulos alemães de referência na zona euro, que se têm mantido acima de 3%, um patamar típico da crise de maio, ainda que estejam longe dos picos em julho de 2007 e julho de 2008 quando atingiram 4,7%.

Granada do Quantitative Easing

Um outro aspeto preocupante no panorama da dívida soberana mundial é a recente evolução das yields relativas aos títulos do Tesouro americanos em várias maturidades, com destaque para os a 2 e 5 anos que subiram desde 3 de novembro mais de 90% e dos a 10 anos que subiram de 1/3 desde aquela data em que foi anunciada uma segunda vaga de “alivio quantitativo” (quantitative easing – QE, na designação americana) pela Reserva Federal americana (FED).
Os juros implícitos dos títulos do Tesouro americano abriram hoje nos 0,63% para maturidades a dois anos, em 2,01% nos para maturidades a cinco anos e em 3,41% para os com maturidade a 10 anos (um valor mais elevado do que no caso dos Bunds).
Este anúncio da FED de ir injetando 600 mil milhões de dólares está a provocar um receio generalizado de uma vaga de hot money nas bolhas dos países emergentes e na financeirização dos mercados de commodities.
Ora, como refere hoje o relatório do Banco de Inglaterra, este sobreaquecimento expõe os envolvidos a um risco sistémico em caso de “reviravolta” nas bolhas."

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