segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A crise do capitalismo

Já aqui, neste blog, por várias vezes escrevi que esta não era mais uma crise do capitalismo. Mas A CRISE DO CAPITALISMO.
As crises do capitalismo existiram onde exitiu capitalismo mas sempre se foram resolvendo. Umas vezes à custa de colónias em posse de países capitalistas , através das suas riquezas ou através da sua venda para pagar as dívidas ( foi o que fez  o kzar russo ao vender aos americanos o enorme território do Alasca em finais do séc.XIX ), outras com acordos que beneficiassem credores ( foi o que fez o Marquês de Pombal  ao entregar as vinhas do Douro aos ingleses isentando-os de impostos e taxas na produção e comércio do vinho do porto ).
Curiosamente o plano que os irlandeses puseram em prática para crescerem atraindo investimento externo foi o mesmo do nosso Marquês: quem se quiser aqui instalar não paga mais de umas migalhas de IRC , menos de 7% ! Ou o que fazem os holandeses , país que isenta de tributação empresas estrangeiras como a nossa (?) PT que lá tem a sua sede fiscal.!

SegundoKenneth Rogoff o economista do FMI que tem como ódio de estimação o nobel Stiglitz, durante o capitalismo que foi nascendo com as revoluções industriais nos vários países, sucederam-se falências soberanas em Portugal ( apenas 6 ), muito menos que na Espanha ( 13 ), França (8 ) ou Alemanha (8 ) !
E Rogoff mostra que estas crises sempre foram resolvidas com uma renegociação dos prazos de pagamento (escalonamento da dívida ) e revisão dos juros a pagar ( para baixo ), assim se chegando a números mais justos para o devedor.  Isto porque estas crises de falências de Estados ocorreram sempre no fio da dinâmica do capitalismo, isto é, a busca gananciosa do lucro fácil e especulativo.

Aquilo que a senhora Merkel disse a propósito de os credores da dívida soberana irlandesa também ajudarem a resolver a situação irlandesa prescindindo de receber parte da dívida, foi pois, nem mais nem menos, o óbvio , o historicamente óbvio. Quem arrisca emprestar dinheiro, sabe que pode ficar sem ele, sobretudo se andou a "expremer" o devedor. O que vai sendo o caso nosso, português.

Porque é assim o capitalismo : espremer tudo até ao tutano, numa vertigem de ganâncias múltiplas que não têm perdão aos meus olhos.

Infelizmente também em Portugal essa imensa ganância ocorreu por parte de quem nos empresta . Mas também , e igualmente, por parte dos nossos que andaram a pedir, a exigir ( como dizia há dias uma sindicalista que ainda não caiu na real, na televisão :-" sim porque nós queremos sempre ganhar mais, estamos aqui para exigir ganhar mais, isto não anda para trás !"). Por isso aos algozes capitalistas que nos andam a comer a carne, temos em boa verdade das coisas, de acrescentar os portugueses furiosos da propriedade da casa, dos turismos  compulsivos, dos fângios suicidas das nossas SCUTS, dos ladrões de colarinho branco dos nossos banqueiros e assim...

Como amostra do que digo, alavanco-me ( para usar também um dos erros típicos da gestão gulosa ) no jornalista irlandês do Irish Times que escreveu um fino livro sobre as desventuras do seu país intitulado " Ship of Fools: How stupidity and Corruption Sank the Celtic Tiger". E a estupidez e a corrupção que afundaram a barca dos loucos tigres celtas,  foram ao ponto do patético ex-primeiro-ministro que mais culpas teve no cartório, Bernie Ahern, que ainda há meses se fazia pagar principescamente pelo mundo fora a fazer conferêncas sobre o "tigre celta" , ter tentado subir o seu ordenado para 310 mil euros anuais - o que faria dele o mais bem pago primeiro-ministro do mundo democrático ! A ganância andava aqui de braço dado com o despudor e este com a corrupção. E estas três formas de ser são o cerne do capitalismo.
 Que nesta crise se observa de modo óbvio, mas uma crise cuja correcção vai durar tantos anos que havemos de ter tempo de inventar outra forma da economia SER ( em vez de se guiar só pelo TER ). 

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