Duas leituras rápidas do Fiscal Monitor publicado pelo FMI.
I- As necessidades de Financiamento
As necessidades brutas de financiamento do défice e da dívida públicas de Portugal equivalerão a 21,6% do produto interno bruto (PIB) em 2011 e ligeiramente menos, 21% do PIB, no próximo ano, segundo o Fiscal Monitor, do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicado hoje.
Portugal encontra-se entre os nove países com maior nível de necessidades brutas de financiamento do défice e dívida públicas em relação ao PIB. Num ranking apresentado pelo FMI, na referida publicação, Portugal encontra-se na 6ª posição em termos relativos.
O ranking de necessidades brutas de financiamento em percentagem do PIB em 2011 é o seguinte: Japão com 55,8%; EUA com 28,8%, Grécia com 24%, Itália com 22,8%, Bélgica com 22,4%, Portugal 21,6%, França com 20,4%, Espanha com 19,3% e Irlanda com 19,5%.
Para 2012 será o seguinte, segundo o cenário do FMI: Japão com 52,5%, EUA com 25,6%, Grécia com 26%, Itália com 23%, Bélgica com 22,6%, Portugal 21%, França com 19,5%, Espanha com 18,7% e Irlanda com 18%.
Ainda segundo o Fiscal Monitor, três países apresentarão uma tendência simultânea de aumento do défice orçamental e da dívida pública entre 2011 e 2020: Japão, Estados Unidos, Nova Zelândia.
II – O ajustamento orçamental
O esforço de ajustamento do orçamento de Estado português vai equivaler a 10,6% do produto interno bruto (PIB) entre 2010 e 2030, segundo um cenário do Fiscal Monitor, uma publicação do Fundo Monetário Internacional (FMI), hoje publicado. Este nível de ajustamento é superior ao que havia sido calculado no Fiscal Monitor de 2010. Portugal, Grécia e Nova Zelândia sofreram, agora, revisões em alta deste esforço de ajustamento.
Portugal encontra-se em 6º lugar entre as sete economias com necessidade de maior ajustamento orçamental em relação ao PIB (com necessidade de um ajustamento superior a 10%) naquele período.
O ajustamento calculado pelo FMI inclui as despesas crescentes com os problemas do envelhecimento da população, ou seja com os custos de saúde e com pensões e reformas. O cenário de ajustamento do Fiscal Monitor baseia-se no objetivo da redução da dívida pública para o nível de 60% do PIB em 2030.
O maior esforço relativo vai ser realizado pelos Estados Unidos que, até 2030, terão de “ajustar” as contas públicas no equivalente a 17,5% do seu PIB.
O ranking de “ajustamentos” orçamentais superiores a 10% do PIB até 2030 é o seguinte: EUA com 17,5%; Irlanda com 14,4%; Japão com 14%; Grécia com 14%; Reino Unido com 13,5%; Portugal com 10,6%; e Espanha com 10,3%.
O esforço de ajustamento no caso de Portugal e Grécia pode complicar-se em virtude da deterioração do chamado output gap, ou seja da diferença entre o crescimento do PIB que se verifica na realidade e o crescimento potencial dessas economias.