sexta-feira, 22 de abril de 2011

Nunca estive de acordo com o apoio da Nato aos rebeldes anti-kadafi. Agora , mais que nunca, por que a guerra na Líbia ajuda à desintegração europeia; porque a mesma guerra está mais perdida que ganha e nunca se deve entar em guerras perdidas; por que os líbios estavam a fazer bons negócios conosco e maus para franceses e ingleses.....

Líbia

Guerra em expansão

22 abril 2011 The Guardian Londres
Baixa de Misrata, 18 abril 2011
Baixa de Misrata, 18 abril 2011



                 Com os conselheiros militares já em Bengazi, o envolvimento militar da NATO na guerra civil líbia vai-se aprofundando. Mas, à medida que as forças do coronel Kadhafi reagem, o desfecho não pode ser mais difícil de vislumbrar.

Os 20 consultores militares britânicos e franceses [e italianos] enviados para ajudar os rebeldes de Bengazi não constituem uma força de ocupação. São assessores e não formadores, mas têm as botas no terreno. A cada passo dado por essas botas, o envolvimento militar da NATO na Guerra Civil da Líbia aprofunda-se. Igualmente significativa é a ampliação da lista de alvos da NATO, de modo a incluir as comunicações telefónicas e os sistemas de comunicações de pequenos satélites de Kadhafi, profeticamente rotuladas de “dupla utilização”.
As declarações em Londres e Bruxelas, esta semana, foram as terceiras desde a resolução da ONU que autorizou o controlo do espaço aéreo sobre a Líbia. As anteriores foram a decisão de enviar corpos militares armados aos rebeldes e uma carta contendo o nome de Barack Obama, em que se dizia que não havia futuro para a Líbia com Kadhafi no poder. Os objetivos da guerra, que Obama havia anteriormente prometido que não seriam ampliados de modo a incluir a mudança do regime, acabam de sê-lo.
Cada etapa tem alimentado o receio de um arrastar da missão, embora, como declarou um observador, impedir a missão de entrar completamente em colapso talvez esteja mais perto da verdade. Cada uma dessas etapas é cumulativa e o sentido da deslocação deve preocupar-nos a todos. Há um mês, parecia a alguns que as forças de Kadhafi iriam cair como um baralho de cartas, logo após os voos dos primeiros Tomahawks. No entanto, em muitos casos, o que aconteceu foi o oposto. Adaptaram-se ao campo de batalha urbano, esconderam as suas armas pesadas no subsolo, puseram franco-atiradores nos telhados de Misrata e bombardearam áreas controladas pelos rebeldes com bombas de fragmentação. Os seus lança-mísseis já não são alvos imóveis.
Oficiais da NATO disseram ontem que ataques a um centro de comunicações da 32ª Brigada de Kadhafi reduziram a capacidade de o regime dirigir as suas forças em Brega e Ajdabia. Mas ao mesmo tempo, tiveram de admitir que esses ataques têm pouco efeito na luta rua a rua em Misrata, que o comandante canadiano da missão aérea, o tenente-general Charles Bouchard, comparou a uma briga de faca numa cabina telefónica – é difícil meter-se no meio. Por outras palavras, a intervenção lançada em nome da proteção da vida de civis em Bengazi pode ter tido o efeito oposto em Misrata, Ras Lanuf, Brega e Ajdabia.

Kadhafi pode recuperar Misrata

Misrata pode representar o ponto de viragem. É o lugar onde os objetivos de proteção das vidas dos não combatentes de guerra e de desfecho da guerra para um conjunto de combatentes se fundiram e se tornaram indistinguíveis um do outro. À medida que a luta se arrasta, o efeito simbólico da intervenção da NATO também perde força. Há um mês, poderia ter sido catalisador para os que rodeavam Kadhafi e que não queriam estar do lado perdedor. Mas hoje, o seu efeito psicológico não é tão óbvio. Kadhafi não se manifesta inferiorizado. Se assim fosse, as suas forças ter-se-iam dispersado. Ao invés, os combates alastram e tem boas razões para pensar que ainda há uma esperança de recapturar Misrata. Se isso acontecer, teria encurralado por completo a rebelião.
Existem agora duas opções. Uma é avançar numa perspetiva de longo prazo, na expectativa de que os rebeldes se tornem um dia numa força de combate – o que significaria que aquilo a que temos assistido, com a NATO a reforçar a sua presença no ar e no solo, não seria um epílogo. A segunda opção é voltar a uma iniciativa diplomática do tipo proposto pela União Africana e pela Turquia. Com o atual equilíbrio de forças, seria possível que um ou outro elemento do clã de Kadhafi permanecesse no poder.
Nenhuma das opções é atraente, mas da lógica da resolução da ONU seria certamente a segunda via que acabaria mais depressa com o sofrimento dos civis. Para os rebeldes de Bengazi, o filho de Kadhafi, Saif, desmascarou-se enquanto face pública do reformismo dos direitos humanos. Tornou-se tão inaceitável como qualquer outro dos membros do clã Kadhafi. No entanto, na ausência de um colapso do regime, pode acabar por ser o rosto com que os diplomatas vão ter de negociar.
ceses e ingleses, devíamos dizer ao ministro Luís que já não é Amado pelos portugueses:

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