terça-feira, 19 de abril de 2011

ATAQUE À ZONA EURO

Começou por ser uma manhã explosiva – os juros das obrigações espanholas (OE) a 2 e 3 anos revelaram aumentos diários muito significativos superiores a 5%, segundo dados da Bloomberg, e a probabilidade de default (incumprimento da dívida soberana) por parte de Espanha subiu para 19,7%, segundo o monitor de risco da CMA DataVision.
O risco soberano espanhol havia fechado em 18,74% na sexta-feira, na continuação de uma tendência de alta já verificada na semana passada.
Espanha aproximava-se, assim, da linha vermelha dos 20% que lhe poderá dar acesso ao “clube” dos 10 de maior risco mundial. Separa-a do Líbano (o 10º nessa lista) menos de dois pontos percentuais.
A re-entrada de Espanha nesse TOP 10, a acontecer, será um choque para a zona euro, depois de se ter julgado que o resgate a Portugal serviria de vacina para a entrada do país ibérico vizinho na fase de crise aguda.
O dia fechou com os juros próximo dos níveis de abertura do dia: 3,56% para as OE a 2 anos; 4,19% para as OE a 3 anos; 4,8% para as OE a 5 anos; e 5,55% para as OE a 10 anos. O risco de default fecharia em 20,18%, acima da linha vermelha.
Fantasma da reestruturação da dívida grega
A mesma dinâmica de variação diária elevada verificou-se desde a abertura no caso dos juros dos títulos gregos a 2 e 3 anos – os juros a 2 anos subiram para 19,4% e os juros a 3 anos para mais de 20%. Logo pela manhã, o risco de default disparou de 62,57% para quase 65%, dois pontos percentuais acima do fecho na sexta-feira passada. A Grécia isola-se cada vez mais na liderança do TOP 10 mundial do risco. A distância em relação à Venezuela, o segundo país do mundo com risco mais elevado, é de quase 13 pontos percentuais.
O disparo prosseguiu ao longo de todo o dia. O risco de default acabaria por fechar em valores jamais vistos: 65,76%. O custo dos credit default swaps (cds) – que funcionam como uma garantia contra o incumprimento de dívida – atingiu o nível recorde de 1332,06 pontos base. Mais do dobro do custo dos cds para Portugal ou Irlanda.
A Grécia está sob um ataque fortíssimo nos mercados da dívida soberana dado que a hipótese de uma reestruturação da dívida já no próximo ano, ou mesmo antes, está a convencer os investidores, apesar do coro cerrado de desmentidos por parte do Fundo Monetário Internacional, de instâncias europeias e dos próprios responsáveis gregos. Um jornal grego, o Elephtherotypia, revelou que um alto funcionário do FMI teria confirmado que o governo de Atenas tinha pedido a realização de um re-escalonamento das maturidades da dívida grega.
A acontecer uma tal situação será a abertura de uma caixa de Pandora na zona euro.
Também a Irlanda está sob forte pressão nos juros a 2 e 10 anos e o risco de default subiu para 40%, acabando por fechar em 40,83%. A banca irlandesa continua a afundar-se com os ratings em nível “especulativo” (vulgo, “lixo”).

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