sexta-feira, 3 de junho de 2011

O FIM DA DEMOCRACIA - a questão corporativa

Estou a escrever vários livros, um dos quais um ensaio sobre a democracia.
O que nele pretendo demonstrar é que para Portugal sobreviver com dignidade vai precisar de acabar com a democracia  parlamentar - quer na fórmula anglo-saxónica, quer na fórmula europeia continental.

Acontece que a recente experiência governativa do governo Sócrates mosttrou que há dificuldades várias quando se tenta introduzir reformas numa sociedade católica como a portuguesa.


As resistências maiores à mudança vêm sobretudo da organização corporatica (ig, médicos, juízes, professores ).

Sócrates tentou a terceira via que não era de tony Bllair nem de Schroeder, mas dos New Democrats do Bill Cinton onde estava a defesa dos serviços públicos como último garante das oportunidades igualitárias ou supressão da roleta genética à nascença. É por isso que sou socialista .

Todavia a implementação de coisa tão justa como criar condições de saúde e de educação que permitissem a todos mostrar o que valiam deixando singrar os bons e não apadrinhando quem não quer trabalhar , foi sempre em Portugal coisa difícil de conseguir.

A grande razão disto são as corporações de interesses, a começar nos da saúde e a acabar nos da educação.

Um belo exemplo da estupidez da defesa corporativa vem dos USA. Naquele país, a seguir à grande guerra, o Congresso decidiu dar um subsídio aos criadores de ovelhas de lã mohair com que eram feitas as fardas dos soldados americanos. E isto durou até aos anos 90 , altura em que o Congresso deu conta que desde há muito as fardas militares eram feitas em fibra. Tentou então acabar com o subsídio aos produtores de mohair, mas estes , carregados de dinheiro organizaram-se em lóbi e o subsídio ainda hoje continua a existe.


A questão é que , em democracia, quem tem dimheiro e um objectivo a defender pode manter-se em benefício ilícito, e quem não tem um dos dois - todos os contribuintes a quem a lã não faz levantar do sofã - está tramado e condenado a continuar a beneficiar os beneficiados....

Em Portugal o que se passou com as farmácias, os professores e , actualmente, com os médicos é chocante e só é resoluvel através duma autocracia ( o eufemismo para ditadura iluminada ). É que , em última análise até os pobres e desprotegidos, com toda a sua fragilidade "acham" que as classes ricas são impossíveis de ser postas no seu devido lugar. Assim como se uma dádiva de Deus estivesse por detrás da sorte dos sortudos.

Tenho-me perguntado porque é que as corporações de interesses mais poderosas ( poderia falar dos empresários , etc ) conseguem esta coisa extraordinária de se manterem sempre injustamente subsidiodependentes do erário público dos mais pobres. E a conclusão é uma: quem tem dinheiro e um objectivo muito concreto a defender que é origem do muito dinheiro, tem motivação para defender os privilégios. Os outros não têm qualquer motivação que chegue.

Isto é assim porque em democracia só funcionam as coisas simples : diagnóstico simples, causa simples, consequência simples.  Já era assim na Grécia Antiga quando um terço dos homens elegia quem os governava. A coisa funcionava bem porque o que havia para decidir era simples ( um fontanário aqui, um caminho acolá). Com a sofisticação da vida e o dobrar dos conhecimenos ( técnico/ científicos) em cada ano, as decisões são sempre susceptíveis de serem impedidas por argumentos ( novos e desconhecidos para quem decide ) suportados por um bom maço de notas. E isto é um movimento que vivendo da complexidade do Estado e da Governação , se alimenta e retro-alimenta : ou seja, não parece parar, a não ser que o regime mude e alguém grite "o rei vai nu" e isso é crime que exige prisão, por isso eu que tenho poder decido que se o rei não se vestir num minuto exacto, o meto na cadeia vitaliciamente.

Como se viu nos primeiros cinco anos da governação Sócrates, o Homem de tudo tentou para reformar um país de vícios ancestrais que beneficiam sistematicamente os mesmos. Não conseguiu, e ao contrário, conseguiu um coro de ódios corporativos que o vai derrotar agora.
Quando há três dias lhe falei aqui em Vila do Conde,  o que lhe disse foi que ia perder, mas nunca devia aceitar demitir-se porque as corporações instaladas nos outros partidos exigem que saia - mesmo da oposição!. E expliquei-lhe, que a meu vêr, só tinha que estar na oposição e a cada medida proposta na Assembleia da República com que não concordasse em absoluto levantar-se  e declarar: - " Não concordo mas em nome do patriotismo deixo passar!". Daqui a ano e meio candidatava-se e ganhava com maioria absoluta ( uma coligação entre Portas e Coelho não dura mais que isso e a degradação de tudo dura menos ) A mesma que legalmente obtêm os dirigentes autocratas quando são portadores de ideais iluminados.

Porque é exactamente porque Sócrates é o menos democrata de todos os não democratas dirigentes dos cinco partidos da democracia portuguesa, que o povo se divide : ou Sócrates ( não o PS ) ou os outros.

Mentiras e democracia

Não conheço regime político em que a mentira seja mais vulgar do que na democracia.
Isto é assim porque para se ter o poder é preciso conquistar os eleitores. E como os eleitores votam naqueles que melhor prometem , isso torna-se uma necessidade metodológica.

A questão das mentiras de Sócrates já aqui foi escalpelizada várias vezes. E aqui foi afirmado que as suas mentiras nunca o beneficiaram  pessoalmente, como sucede nos regimes emergentes, nem como como nos países democráticos a começar nos USA , passando pela França e terminando na Itália. No que se mentiu em Portugal foi sempre em questões de Estado que a serem públicas podiam prejudicar Portugal : o único exemplo, porque nenhum dos outros foi provado e a generalidade das acusações batia em questões de legitimidade que não de legalidade ( casas, curso ), foi o do conhecimento do negócio da PT que nem sequer se fez e onde ao potencial interesse do partido do governo e sua publicidade se ajuntava o interesse nacional cujo "target" era manter uma mão do Estado numa empresa privada em 80% estrangeira e cotada em bolsa. Quem pense que isto não se faz lá fora , a começar aqui ao lado em Espanha ou é ignorante ou ingénuo.

Por tudo isto, também nas questões de soberania e sua defesa é importante que Portugal continue a defender-se de todos os modos possíveis em democracia sendo que o mais vulgar e simples é mesmo mentir.

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