Directo de Singapura (21 de junho): A agência de notação de risco admite poder considerar as soluções que estão a ser pensadas para a dívida grega como um default puro e simples e ameaça que se o teto de endividamento federal americano não for subido a situação poderá chegar a um “default restrito”.
Apesar das posições de alguma abertura da agência de notação de risco Fitch em relação a uma solução do tipo da “Iniciativa de Viena” para a crise da dívida grega (e como parâmetros do segundo pacote de resgate a Atenas), o seu responsável para a Ásia-Pacífico, Andrew Colquhoun, disse hoje em Singapura, segundo a Reuters, que “a Fitch encarará uma troca de dívida ou um rollover voluntário da dívida [grega] que vença como um evento de crédito, o que implicará um rating de default para a Grécia”, a notação mais baixa de todas.
O cisne cinzento americano
André Colquhoun virou-se, depois, para o caso dos Estados Unidos e a dureza da agência foi similar. O rating dos Estados Unidos será colocado em perspetiva de revisão negativa se o Congresso norte-americano prosseguir nas guerrilhas políticas e não aumentar o nível do teto de endividamento federal até 2 de agosto, quando ocorrerá um primeiro pagamento de dívida soberana. Acrescentou ainda mais claramente que se o Tesouro americano falhar o segundo pagamento de dívida a 15 de agosto, então a Ficth baixará o rating dos Estados Unidos para “default restrito”.
Mas, logo, acrescentou, segundo a Reuters, que acredita que os políticos americanos não deixarão a situação chegar a tal ponto.
A Fitch é a primeira agência a dizer claramente que mexerá no sacrossanto rating dos Estados Unidos se ocorrer um “se” que muitos acreditam que nunca se concretizará. Como já começou a ser tão falado e deixou de ser tabu, seria o “cisne cinzento” de 2011, pois “cisne negro” – na nomenclatura de Nassim Taleb – é mesmo aquilo que emerge sem ser esperado e sequer imaginado.
Os chineses, por seu lado, já avisaram que os americanos estão a “brincar com o fogo”.