sexta-feira, 17 de junho de 2011

E OS CREDORES PRIVADOS VÃO ARCAR COM OS PREJUÍZOS....designadamente os de tentoress das "aplicações financeiras bancárias dos bancos portugueses"...

Prosseguiu na quinta-feira (16 de junho) a escalada dos juros das obrigações do Tesouro (OT) portuguesas. Os juros das OT a 3 anos fecharam, pela primeira vez, acima de 14%, e as maturidades a 2 encerraram o dia acima de 13%, segundo dados da Bloomberg. Também os juros das OT a 5 anos se aproximam dos 13%, tendo fechado em 12,85%. São novos máximos desde a adesão de Portugal ao euro.
O risco de incumprimento da dívida portuguesa subiu hoje pela primeira vez acima de 49%, tendo a meio da manhã atingido os 49.9%, e fechado em 49,42%, segundo o monitor de risco da CMA DataVision.
Grécia com risco de “cenário de acidente”
Com o agravamento da crise política grega e o adiamento de decisões sobre o segundo plano de resgate a Atenas – com o comissário europeu para os assuntos económicos Olli Rehn a admitir o deslizar do assunto para julho e o jornal alemão Suddeutsche Zeitung a falar de adiamento até ao outono -, a probabilidade de default do país está em perto de 80%. Havia fechado ontem em 76,87% e no início do mês estava em 70,14%.
O custo dos seguros contra o incumprimento da dívida – os denominados credit default swaps (cds) – viveram uma escalada ao longo do dia estando agora em mais de 2230 pontos base, um valor histórico, mais de 2100 pontos acima do custo dos cds para a Alemanha, que servem de referência na zona euro.
Em virtude deste diferencial brutal, os juros dos títulos gregos refletem esta situação escaldante no mercado secundário – as yields (juros implícitos) nas maturidades a 2 e 3 anos estão acima de 29%. A maior pressão exerceu-se sobre as maturidades a 2 anos, cujo nível de juros para manter dívida grega a este prazo fechou nos 29,69%.
O sentimento de que um “cenário de acidente [financeiro]” com um default descontrolado em Atenas pode ocorrer levou o Financial Times a referir hoje que alguns fundos estão a apostar nessa previsão, investindo em cds a 12 meses.
Forte pressão sobre a Irlanda
No entanto, o país que sofreu a maior pressão sobre os juros durante toda a tarde foi a Irlanda. Os juros dos títulos irlandeses a 2 anos no mercado secundário subiram para 12,95%, face a 12,10% no fecho de ontem.
O risco de default subiu de 47,26% ontem para 48,93% agora no fecho. Esta escalada derivou do impacto das afirmações do ministro das Finanças Michael Noonan pretendendo vir a envolver nos resgates financeiros os credores seniores de dois bancos irlandeses, conforme já noticiámos.
Espanha mantém-se no “clube” da bancarrota
Também os juros das obrigações espanholas (OE) no mercado secundário mantiveram a tendência de alta ao longo do dia em relação ao fecho de quarta-feira. Os juros das OE a 10 anos fecharam em 5,66%, quando no início do mês estavam em 5,29%.
Uma colocação pelo Tesoro de España de obrigações espanholas a 8 e 15 anos foi interpretada como não tendo corrido da melhor forma pelos analistas da Eurointelligence.
O risco de default de Espanha subiu hoje para 22,71%, conservando o país o 9º lugar no TOP 10 mundial deste risco. Neste “clube” estão a Grécia (que lidera destacada), Portugal em 3º lugar e a Irlanda em 4º.
Empatar até setembro?
Os mercados aguardam, agora, os resultados da cimeira entre Merkel e Sarkozy amanhã e da reunião do Eurogrupo no domingo.
No entanto, o comissário europeu dos assuntos económicos e monetários, o finlandês Olli Rehn, disse hoje que o tema do segundo plano de resgate para a Grécia poderá ser adiado da reunião de domingo (19 de junho) do Eurogrupo para a próxima reunião a 11 de julho.
O que se espera é que nas reuniões de 19 e 20 de junho seja desbloqueada a quinta tranche do plano inicial de resgate a Atenas. O montante desta tranche será na ordem dos €18 mil milhões (em vez dos 12 mil milhões previstos inicialmente) de modo à Grécia poder aguentar até setembro por uma decisão europeia sobre o segundo plano de resgate.
Olli Rehn esclareceu que com este plano em “dois passos” – desbloquear a tranche em julho e discutir o compromisso sobre o segundo plano de resgate em setembro – combinado com o Fundo Monetário Internacional se evitaria “um cenário de acidente”.

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