quinta-feira, 2 de junho de 2011

NÃO HÁ SOLUÇÃO PARZ A gRÉCIA

A probabilidade de um evento de crédito na Grécia regressou aos níveis atingidos a 24 e 26 de maio quando os mercados financeiros reagiram a declarações “incendiárias” do presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean-Claude Juncker.
O risco de default, segundo o monitor da CMA DataVision, voltou a subir na quarta-feira (1 de junho) ao final da tarde para valores acima de 70%, tendo fechado em 70,14%, quase 16 pontos percentuais acima do risco para a Venezuela, o segundo país com a pior situação neste indicador. De manhã tinha-se observado uma “desanuviamento”.
As negociações em Atenas com a equipa da troika UE/BCE/FMI ainda prosseguem e amanhã o primeiro-ministro grego é esperado no Luxemburgo para conversações com Jean-Claude Juncker.
O comissário europeu Olli Rehn opinou que uma solução para a Grécia estará próxima e admitiu que duas perspetivas, entre outras, terão sido discutidas nas reuniões técnicas da troika em Atenas: a possibilidade de um programa similar à Iniciativa de Viena lançada em janeiro de 2009 para cinco países do leste da Europa (ideia que já fora colocada pela Finlândia nas condições para dar um “sim” ao plano de resgate para Portugal e que viria a traduzir-se na adição de uma frase no Memorando de Entendimento com Lisboa) e uma reestruturação “suave” sem que constitua um evento de crédito (um default).
Moody’s diz que há riscos substanciais
Neste quadro crítico, a agência de notação Moody’s resolveu baixar o rating do país de B1 (em que a dívida já é considerada “muito especulativa”) para Caa1, um nível em que se considera existirem “riscos substanciais”. A agência adicionou a perspetiva de uma revisão negativa no futuro, o que subentende a possibilidade de uma descida ainda maior da notação para uma situação em que a Moody’s dirá aos investidores que a recuperação dos créditos se torna problemática.
A agência justificou a decisão por considerar “o risco crescente de que a Grécia falhe na estabilização da sua posição de dívida sem uma reestruturação”. Mais adiante, acrescenta que “os apoiantes da Grécia – FMI, BCE e Comissão Europeia, conhecidos como troika – em dado momento no futuro requererão a participação dos credores privados numa reestruturação da dívida como uma pré-condição para o apoio de financiamento”. No final do comunicado, a agência conclui que “um desconto significativo será necessário para que haja um efeito que valha a pena na trajetória de dívida da Grécia, e a nossa expectativa é que uma tal reestruturação envolverá uma perda pelo menos equivalente à média histórica para os emprestadores do sector privado”.
Plano de privatizações antecipado
Entretanto, o jornal Kathimerini avança que a primeira operação de privatização ainda este mês levará à venda à Deutsche Telekom alemã de 10% da participação do estado na companhia telefónica OTE. Também se prevê no plano de privatizações a venda das unidades de lenhite (um tipo de carvão castanho) pertencentes à empresa pública de eletricidade, a DEH.
O programa de privatizações entre 2012 e 2015 foi antecipado, diz aquele jornal ateniense. O que era previsto para 2012 será ainda concretizado este ano e o que estava previsto para 2014 e 2015 é antecipado para final de 2012. O novo plano de privatizações em discussão envolve a venda de 21% da participação de 55% no Aeroporto Internacional de Atenas, a totalidade da participação de 34% no Banco dos Correios grego e de 40% dos 74% que o estado detém na empresa de fornecimento de água e saneamento de Tessalónica (EYATH).
IVA na berlinda – para descer
A Reuters avançava na quarta-feira de manhã com a noticia de que a troika UE/BCE/FMI teria concordado em Atenas em baixar o IVA na taxa máxima de 23% para 20% e na taxa mínima de 13% para 10%, numa tentativa para que o governo do PASOK (socialista) consiga chegar a um consenso político com o principal partido da oposição, a Nova Democracia (direita, e responsável pela situação de pré-bancarrota em 2009 quando perdeu as eleições).
À beira de uma situação de bancarrota eminente – se o Fundo Monetário Internacional (FMI) não desbloquear a 5ª tranche do plano de resgate agora em junho -, e com o falhanço da ronda de negociações políticas no final da semana passada promovida pelo presidente da República, a Reuters dá ainda conta que a Nova Democracia exigiria também, para dar o seu “sim” ao plano de austeridade e de privatizações, o corte nos níveis de impostos ao rendimento das pessoas (equivalente ao nosso IRS) e às empresas (equivalente ao nosso IRC, que deveria baixar para uma taxa de 15%).
O porta-voz do governo George Petalotis declarou que “como as negociações estão ainda em curso, seria inadequado revelar o que sei”. E acrescentou: “Não devemos criar expectativas que depois não se venham a concretizar”.
No entanto, estas suposições da Reuters, baseadas num leak conseguido pelo jornal financeiro grego Imerisia, não têm ainda confirmação oficial. A equipa técnica da troika que está em Atenas só no final desta semana deverá apresentar o seu

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