sexta-feira, 31 de julho de 2009

viva o orgasmo!

Hoje é o DIA DO ORGASMO, segundo dizem os jornais. Que bom!

Logo pela manhã, cheirou-me mal. Um cheiro obsceno.

Fui ouvindo rádio e percebi donde vinha o cheiro.

Era do Supremo!

A história conta-se assim: um homem teve um acidente ( de carro, suponho). Na sequência sofreu danos e recebeu por eles cerca de 400.000 euros. Mas a mulher dele não gostou do número do numerário. E vai daí, recorre para a "justiça" e declara que o seu homem, como ficou impotente (em medicina chama-se disfunção eréctil ), a prejudicou, e por isso quer mais algum. O Supremo - até onde a senhora foi recorrendo ( hum... cheira-me a que tem dinheiro para pagar aos chamados bons advogados) - profere sentença, recordando que o sexo faz parte da identidade da gente. Logo, o Papa deve pertencer a outra espécie.

Mas, até aqui, são só suposições. Vamos pois a factos provados, com uma pequenininha explicação prévia. E esta é a de que o arco sexual é constituído por três elos: o primeiro é a fase do desejo do sexo ( o qual é subjectivo, e cuja falta pode decorrer de factores genéticos, incidentes hormonais, idiossincrasias, acidentes de infância, até de traumas de adulto, passando pela coexistência com uma esposa estuporada, que goste demais de dinheiro sacado ao alheio, por litigância em tribunais, por exemplo); a segunda fase é vaso-circulatória, corresponde ao que chamamos de excitação, e corresponde à progressiva injecção sanguínea no pénis, nos mamilos das mulheres ou nas paredes vaginais, o que provoca a lubrificação do orgão; e a terceira, é basicamente muscular, com espasmos exteriores e interiores, que a oito ciclos por segundo, transportam o esperma pela uretra masculina abaixo e que se chama orgasmo.

Ora bem, o que as radiofonias diziam, é que o homem teria perdido a segunda fase. Eu acredito. Mas podia ter visto diminuída a primeira ( o desejo) o que impediria as subsequentes, e não é raro acontecer ao longo dum casamento.Mas eu acredito. Só que nesse caso, gostava de saber qual dos meretísimos juízes se meteu entre lençóis para saber se o orgão se elevava aos céus - na condição exclusiva da proposta para o acto experimental e experiêncial ser da senhora, daquela senhora que, supunhamos, deve enjoar ( mesmo com Vomidrine ) só de gostar tanto de dinheiro; porque se fosse com convite da Cláudia Schiffer até o meu avô perdia a acção judicial! Ora, o acordão, não diz qual foi o juíz que foi tirar a coisa a limpo entre lençóis arguidos.

Muito bem. E se o homem -com a devida comprovação do nexo de causa-efeito ( que eu não vi neste Acordão ) - tivesse perdido o desejo ou o orgasmo (sendo que para a identidade duma pessoa-mulher há hoje formas de ter filhos do marido sem erecção dele, basta o orgasmo) ? Ou se tivesse desenvolvido uma artrite reumática impeditiva do 69 de infantaria ( que para muito boa gente é o único comportamento sexual ) ? Quanto lhe exigiria a esposa?

É por estas e outras assim, que entendo que deve ser ponderada uma consulta aos Tribunais dos Direitos dos Animais (dentre os quais os dos Homens) e se a coisa não ficar clara, ao Tribunal de Haia por suspeita de tentativa de genocídeo!

E se a mulher, muito antes do acidente, tivesse organizado um quadro de vaginismo com incapacidade de penetração), não previsto na hora dos Santos Sacramentos, e ele se achasse defraudado na sua "identidade"? Quanto exigiria ele, o homem, à sua mulher?

Em segundo lugar, quero explicar que o sexo é, hoje, uma coisa algo difusa. Há quem ache que beijos " à la française" não o são (sexo), e quem ache que sim; que cunnilingus não é, e vice-versa; que uma chupadela invertida também não, ou também sim; que penetrações anais tanto sim como não, segundo os mais recentes estudos epidemiológicos produzidos em Portugal aos nossos jovens liceais; que um chupão mamário é coisa para se discutir, e que a penetração é consoante haja ou não coitus interruptus!

Por tudo isto que é capaz de ser produzido com similar prazer por um dedo- sobretudo se ciente da tecnologia GPS do ponto G, depois de purpuramente aspergido com água baptismal, ou ao menos devidamente benzido em Fátima, tenho imensa dificuldade em dizer porque é que quando um casal na cama se toca, ele com o dedo grande do pé direito na tíbia dietrichiana da mulher, isso não é sexo. É que se fôr, se eu perder a sensibilidade do dedo do pé em questão- reparem que já não digo perder o dedo todo, nem parte dele -a partir daqui, quero " uma compensação" e a minha companheira outra. Está bem ?


Agora falando mais a sério. Será que os nossos juízes não entendem que ao proferirem tal sentença ,o fazem como consequência do contexto das exigências aos direitos sem deveres, com sonegação das obrigações dos devereas conjugais? E que reforçam esse contexto: ou seja, de consequência passam a causa da coisa?

Não percebem que estão a "beneplecitar" não uma sociedade hedonista, mas muito pior, uma sociedade que não se assume como tal, mas se acha, naturalmente, com direitos (adquiridos) ao prazer - que não ao bem estar, à qualidade de vida, muito menos à felicidade- mas a todos os direitos e a nenhumas obrigações?

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