sexta-feira, 10 de julho de 2009

A MASSIFICAÇÃO DO ENSINO

Aqui há tempos estive numa reunião de antigos colegas de liceu. Rapidamente as conversas percorreram as memórias dos professores que tivemos e das suas idiosicrasias. E, para minha surpresa, todos concluímos algumas constantes:
Sabíamos ainda os nomes dos professores que nos tinham "marcado" com a estrelinha do seu saber;
Todos tínhamos estórias para contar em que desafiávamos os professores ao que eles respondiam geralmente com uma superior elegância;
Quando, no início de cada ano, decorria a chamada apresentação dos professores, não restava dúvida, pelo rigor do saber e pelo aprumo do vestir dos professores( diferente do dos alunos ) , quem estava ali para ensinar e quem estava ali para aprender ( afinal aquilo para que se inventou escolas), e nunca por nunca se ouvia aos professores ( para atenuar medos próprios ou para atrair para si o amôr dos alunos) , frases feitas com aquela do " estou aqui para também aprender convosco !";
E, apesar disso, o respeito era geralmente mútuo;
Por essa altura existiam dois liceus para os rapazes e outros dois para as raparigas e três colégios em toda a Grande Porto.
No espaço de uma geração, aos poucos filhos das classes média e superior que frequentavam liceus e colégios, juntaram-se milhares de outros alunos que pela lei da obrigatoridade escolar para lá foram também, aumentando então o número de escolas e colégios para mais de sessenta no Grande Porto. Mas aumentando também na mesma proporção os professores.
Se o resultado da entrada maciça de alunos sem vontade de aprender, com má educação trazida de casa, e sem o contacto com pais que à mesa, às refeições, já falavam de política, geografia, história, françês e muito mais - tudo num português perfeito - fazendo com que estes filhos não vissem na escola nenhum prolongamento da família e da sua autoridade natural, se o resultado só podia ser a criação de um clima de campo de concentração para perigosos de delito comum nas escolas, isso era inevitável, não havia maneira de o evitar - talqualmente ocorreu em França, na Espanha , em Inglaterra ou na Holanda, em idênticas circunstâncias.
Como nos pareceu a todos, ex-alunos ali a recordar, que será coisa para ser resolvida não antes de duas gerações.
Agora, o que também concluímos, é que a massificação dos professores percorreu idêntico caminho, só servindo para piorar o "clima nas escolas". De facto, a partir de certa altura, ia-se para "humanidades" porque era " mais fácil, e o Estado garantia emprego certo e a sacrossanta carreira no ensino". Não tenho dúvidas, e os meus colegas também não, sobre a muito mais baixa qualidade da generalidade dos alunos que, na universidade, escolhiam letras, em vez de engenharia, geografia em vez de economia, físico-químicas em vez de farmácia, filosofia em vez de direito, e assim por diante. Foi, e é, a geração dos professores sem vocação e sem cultura, a imagem ao espelho dos alunos da geração rasca - o que também achamos que só daqui às mesmas duas gerações estará ultrapassado.
E ainda, todos achamos que nos últimos anos a necessidade que os professores tiveram - por carências várias deles mesmos - para horizontalizarem a sua relação com os alunos, fazendo-lhes crer que eram assim a modos que irmãos mais velhos, como se viu nas manifestações de professores e alunos de punhos fechados a gritar insultos ao Poder instituído numa estúpida ( para os professores ) aliança insurrecional, vai servir para atrasar por mais uns anos a respectiva reposição do poder nas escolas. Minado que está pela des-autorização a que os professores se prestaram.

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