domingo, 12 de julho de 2009

VIOLÊNCIA DOMESTICA FEMININA

Hoje acordei com uma valente ressaca às 9 horas.
Ontem, estive muito divertido em casa com três amigos que saíram às duas da noite.
Fui para a cama a essa hora. E quando lá estava , as janelas abertas porque o tempo fazia um capacete plumbeo e húmido como um manto, acabei a ouvir uma enorme discussão na rua atulhada de carros estranhos para as festas do raio do castelo e afins.
Era um homem com os seus 65 anos de camisa aberta por causa do calor que fazia e da indignidade que sentia, a discutir com uma mulher. Então, por baixo das janelas abertas do meu quarto fiquei a saber:
Que o homem não tinha sido tão simpático ao jantar e na esplanada do Forninho como se impunha.
Que se conheciam há três semanas.
Que o homem amava acima de tudo o filho, dum amor insubstituível por qualquer outra pessoa.
Que ela era doutora economista e, segundo ela, nenhuma puta como as outras que ele conhecera.
E que lhe atirara as chaves do carro para um silvado que há em frente à minha casa, e ele via mal.
Que, por isso não as podia procurar e partir com o Mercedes descapotável para o conforto da sua casa.
Que não tinha tesão e que o pénis era curto. E que era quase cego.
E que era um bipolar que ela só conhecia na fase depressiva!
Nesta altura deste campeonato, às cinco da matina, fui à janela e vi a mulher ( tacões de 20 centímetros, meias pretas, saia vermelha quase pelas cuecas, casaco branco e uma cabeleira tão dourada que fazia a lua cheia que estava parecer um ponto invisível do nosso universo. E o homem enorme e de barriga proeminente. Ele defendia o descapoável, que ela ameaçava, metendo-se entre os dois objectos ( mulher e carro ). Entretanto apanhou-lhe os óculos e lançou-os para dentro da cerca da casa do meu vizinho, E as chaves do carro no silvado que ela escolhera.
Nesta altura, comigo a observar, deu-lhe pontapés com os sapatos bicudos nos tomates (como ela lhes chamava), cuspiu-lhe na cara e, além de estalos , deu-lhe umas duas duas dúzias de murros na cabeça. E ele quieto e enorme!
Nesta altura fui à janela e disse:
-"Ó amigo, as chaves do carro não foram atiradas para o silvado mas para debaixo daquele carro, os seus óculos estão no jardim do meu vizinho, e eu não consigo dormir. Portanto, ou a senhora se cala ou chamo a polícia. E o homem, delicado e sem me ver porque mal via ao longe, agradeçeu. E a mulher, protestou mas não insultou a minha mãe porque eu já estava vestido para ir lá abaixo.
Violência doméstica?
Talvez. Mas há alturas na vida da gente em que não se percebe porque é que os homens hoje em dia a não utilizam. Mas, por outro lado, fica-se a perceber porque é que a vida não é assim tão feita de guerras, macro e micro economias, geopolítica e questões ontológicas do tipo - " será que os marcianos vão gostar de mim ?", mas é antes feita de pequenininhas coisas a que chamamos detalhes, mas depois me dão dores de cabeça que nem me lembra de pensar se os marcianos irão gostar de mim.

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