sábado, 6 de agosto de 2011

SÓCRATES VOLTA, POR FAVOR! II

O Plano de Emergência Social (PES) ontem anunciado é uma ideia com méritos. A situação é de crise (mundial, europeia, nacional), as pessoas estão a passar dificuldades e este é claramente um momento em que as redes de apoio mais falta e sentido fazem. O PES vai no bom sentido quando apresenta medidas que, sem burocracia, pretendem ir ao encontro das necessidades dos que menos têm ou estão conjunturalmente com maiores problemas.

Agora vamos a outras duas questões que também são verdades óbvias.

Em primeiro lugar, a preocupação política do Governo é passar a mensagem que a sua preocupação não são só os bancos, as finanças públicas e a privatização de tudo o que mexa. O Governo vai usar até à náusea o discurso de que logo nos primeiros meses teve preocupações sociais. Este PES é o manto que a direita liberal está disposta a usar para mitigar a imagem... de que é de direita... e muito liberal.

Em segundo lugar, recordemo-nos que há duas semanas o Governo fazia encher primeiras páginas de jornais com os supostos desvios da execução orçamental e com a surpresa que estavam a ter nas finanças públicas e que os obrigavam a tomar mais medidas (sempre a penalizar o cidadão, diga-se). Nunca até hoje foram explicados esses desvios, nem a sua dimensão, nem sequer a necessidade do corte de 50 por cento do subsídio de Natal. Agora vem o Ministro Mota Soares anunciar um plano que no primeiro ano terá um custo de 400 milhões de euros. Das duas uma: ou há um desvio significativo que obriga a arrecadar mais receita e a congelar e até cortar despesa ou há condições financeiras para lançar (e bem) as medidas adequadas aos tempos actuais. Como é bom de ver o desvio é uma ficção, uma montagem para imputar responsabilidades à pesada herança, um pretexto para tomar medidas impopulares e uma forma de, a posteriori, tentar mostrar melhores resultados. Mais uma vez é coelho com o rabo de fora.’

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