terça-feira, 30 de agosto de 2011

MAIS DO MESMO ? SERÁ QUE NÃO SE VÊ QUE A CRISE VEIO PARA FICAR ATÉ À GUERRA?

A intervenção no sábado passado da nova diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, a francesa Christine Lagarde, acabou por ofuscar a conferência de Ben Bernanke, o presidente da Reserva Federal, no retiro de banqueiros centrais norte-americanos em Jackson Hole. Risco de recessão é mais grave – sendo assim austeridade, e consolidação orçamental, deve estar em segundo plano no curto prazo. Banco central Europeu e entidades europeias não gostaram, por outro lado, da sua referência à necessidade de recapitalização bancária urgente na Europa. Resta ver quais serão as ondas de choque desta pedrada no charco lançada pela francesa.
“Os desenvolvimentos deste verão indicam que estamos em uma nova fase perigosa. O que está em jogo é claro: há o risco de descarrilamento da retoma que é frágil. Devemos agir já.”, disse Christine Lagarde, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), no sábado, no retiro dos banqueiros da Reserva Federal norte-americana em Jackson Hole, no fim de semana.
Em suma, segundo Lagarde, o FMI encorajaria os Estados Unidos e a Europa a não reduzirem rapidamente as suas despesas públicas para não precipitarem situações recessivas. A diretora-geral aconselhou, ainda, o prosseguimento de políticas monetárias “estimuladoras”.
Viragem ao crescimento
A diretora-geral do FMI considerou como prioritário evitar a recaída na recessão do que endireitar à força as contas públicas no curto prazo, comentou a Eurointelligence. Viragem ao crescimento, em vez de austeridade, como prioridade, acrescentou esta agência europeia de informação.
“Dito de um modo simples, ainda que a consolidação orçamental continue imperativa, as políticas macroeconómicas devem apoiar o crescimento. A política orçamental tem de navegar entre dois perigos gémeos: o de perder a credibilidade e o de prejudicar a retoma”, disse Lagarde, no mesmo painel em que falaria Jean-Claude Trichet. E sublinhou ainda: “As reformas estruturais sem dúvida que melhorarão a produtividade e o crescimento ao longo do tempo, mas devem evitar enfraquecer a procura no curto prazo”.
Noutro ponto frisou que a política monetária deve, também, manter-se altamente ‘acomodativa’, “pois o risco de recessão ultrapassa o risco de inflação”, segundo as palavras da própria.
O risco de passos mal dados nos países desenvolvidos terá um efeito sistémico: “Se os países avançados sucumbirem à recessão, os mercados emergentes não escaparão”.
Lagarde deixou ainda duas sugestões na parte final da sua intervenção em que resolveu falar especificamente dos EUA e da Europa.
Aos americanos propôs que lançassem novas medidas para encorajar o reescalonamento da dívida imobiliária das famílias – um dos problemas graves que afecta o rendimento disponível dos norte-americanos, sobretudo da classe média, e enfraquece a procura interna.
Recapitalização da banca europeia
Aos europeus – e na audiência estava o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet – sugeriu que seja operada uma recapitalização urgente e obrigatória da banca europeia, inclusive, se necessário, através do Fundo Europeu de Estabilização Financeira ou de outro fundo europeu para uma recapitalização direta dos bancos.
Segundo Lagarde, tal medida permitiria ao sistema bancário europeu ser “suficientemente forte face aos riscos das dívidas soberanas e a um crescimento [económico] fraco”. Isso seria “chave para cortar os elos do contágio”. Se não for feito, “poderemos facilmente assistir ao alastrar das fraquezas económicas para países-chave, ou mesmo a uma crise de liquidez”.
Lagarde dá mão a Obama
A diretora-geral do FMI e o presidente norte-americano Barack Obama (que teve uma ajuda política do presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, durante esta conferência de Jackson Hole que durou sexta-feir e sábado) tiveram uma conversação telefónica em que teriam afinado pelo mesmo diapasão: “O presidente e a diretora-geral concordaram sobre a necessidade de políticas que reforcem o crescimento e a criação de emprego a curto prazo, garantindo, a médio prazo, uma consolidação orçamental”, segundo o comunicado da Casa Branca.

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