sexta-feira, 19 de agosto de 2011

a guerra vem aí, e não sou só eu , agora , a dize-lo ( surripiado do Zé Pacheco Pereira )

(JPP)
NATIONS GROWN CORRUPT (2)


O mal destes hábitos de frequentar os antigos, é ser-se dado à analogia. A UE está hoje muito parecida com a Liga de Delos, a união das cidades gregas do Egeu contra os persas, tendo como hegemon Atenas. No início, enquanto havia um inimigo comum, a Liga teve um papel fundamental em garantir a "liberdade" (era esse mesmo o termo usado) dos gregos, depois foi-se pouco a pouco tornando num instrumento imperial de Atenas. Quando Thasos pretendeu manter o controlo das minas que estavam no seu território, o novo poder imperial usou os recursos militares da Liga para impor a ordem, entregar as minas a Atenas, destruir as muralhas da polis e impor submissão e tributo a Atenas. Foi uma clara manifestação da mudança de carácter da Liga de Delos e, convém lembrar aos desprevenidos, um dos primeiros sinais de que vinha aí uma grande guerra, a Guerra do Peloponeso, e a decadência dos gregos.

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(JPP)
NATIONS GROWN CORRUPT

Os versos de Milton aqui em baixo não estão lá por acaso. Aliás nada está aqui por acaso. Estão aqui porque uma nação que não se sente humilhada e ofendida pela cena da conferência de imprensa Sarkozy - Merkel sobre o "governo económico da Europa" que abre os noticiários nos últimos dias e já começou a receber palmas dos europeístas por convicção (uma minoria) e dos europeístas por necessidade (hoje uma enorme maioria), está profundamente corrompida. Tudo nessa conferência, é mau: o tom, com Sarkozy balbuciando umas coisas que parece notoriamente não conhecer bem, e Merkel ameaçando Portugal e a Grécia; e o conteúdo, um diktat de dois países da União com um anúncio de medidas à margem de qualquer dos tratados que regem a União Europeia. Dizem o que vão fazer os dois, criam uma instituição (uma a mais que não vem nos Tratados), nomeiam o seu presidente e fazem imposições constitucionais a todos os membros da União. Bastava esta última imposição, que atinge o coração da soberania dos estados membros, para percebermos que já não há União, mas uma Europa servil a amos mais fortes. O que está em causa, tenho-o dito, é a soberania. Estas imposições constitucionais já não atingem somente a soberania, mas também a liberdade. É que a autonomia constitucional, na sua raiz parlamentar, está no cerne da liberdade dos povos.

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