terça-feira, 5 de maio de 2009

A NATUREZA DA SAÚDE

Andamos (quase) todos por aí mergulhados na hipotese de apanharmos com uma gripe em cima.
Primeiro chamava-se gripe mexicana, depois para não ofender os ditos passou a chamar-se gripe A, seguidamente gripe N1H1 modificada, e agora Nova Gripe. Tantos nomes como a ignorância da classe médico/científica.
As estatísticas dizem-nos que uma gripe séria está para vir nos anos próximos. A ciência dos genes diz-nos que houve mutação do vírus, e a indústria farmacêutica desde há vinte anos que se lança na descoberta de anti-vírus. A alimentação da população é melhor que nunca, as medidas higieno-sanitárias são cumpridas como nunca, a informação hora-a-hora é relevante e permite monitorizar os passos do vírus que eu imagino de sombrero, bigode aparado, montado a cavalo, com arreios coloridos e a galope pelo Mundo perseguido pela Senhora de Guadalupe.
Tudo somado a um Serviço Nacional de Saúde que é dos melhores do mundo, podemos andar tranquilos- dizem-nos. Mas eu suspeito que esta é uma tranquilidade tão tranquila como a do Paulo Bento quando o Sporting Club de Portugal perde três jogos seguidos.
Se aparentemente tudo se passa, apesar de tamanha ciência, como se Deus jogasse aos dados, então parece perigoso dar a Deus um parceiro já que os dados são como o tango: são precisos dois para os jogar. E interrogo-me se as medidas de contenção do vírus não serão o outro jogador de que Deus precisa. Por exemplo, há um razoavel consenso científico em como o "emparedamento"deste, e dos dois anteriores vírus já surgidos neste século, poderá permitir novas e mais profundas mutações viricas, ou seja, resguardando-nos agora poderemos não conseguir ter resistências imunológicas para um dos próximos, precisamente porque não nos deixaram contactar com nenhum dos anteriores. No fundo, o paradoxo de a medicina ter andado a pregar a tese da vacina ( que até passou a ser usada no coloquial político), e agora fazer tudo ao contrário.
Não o digo por medo do tal Deus que joga aos dados. Digo-o numa perspectiva histórica e da história da ciência. Até princípios do séc.XVI qualquer tentativa para obter poder a partir da natureza tinha inerente a si a ideia de que só podia conseguir-se isso se se forçasse a natureza a ir contra sua vontade ( a subjugação da natureza é o tema de toda a prática mágica). E foi a partir dessa altura que o Homem decobriu ( e não inventou) a harmonia pré-ordenada da natureza e a começou a explorar a seu favor.
Em 1620, Francis Bacon escreveu no Novum Organum : " Só podemos dominar a Natureza se lhe obedecermos.". Não acho má ideia voltarmos a pensar no assunto.

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