quinta-feira, 28 de maio de 2009

DE PROFUNDIS

Liguei hoje a um colega de curso e atira-me ele:-"Já sabes o que aconteceu a Fulano?".
Fiquei a saber : tem um cancro do colon metastizado. Já pediu a demissão dos seus cargos e começou a quimioterapia. Tudo numa semana.
Fizemos juntos a caminhada política do antes do 25 de Abril. Sofremos na pele (muito mais ele do que eu) o tropismo homicida e suicida do PREC, adaptamo-nos juntos à democracia actual com fortes divergências políticas, mas aquilo que aos vinte anos nos uniu, a saber o sonho de um país muito melhor, permaneceu sempre. Um patriota uma vez encontrado nunca se esquece da felicidade de o ser. Por isso continuou a sê-lo, provando-o não como ministro que muito melhor que outros teria sido, mas na posição bem mais difícil de aguentar e amortecer os conflitos duma classe difícil e particularmente incoerente: a dos médicos.
Ainda hoje outra colega não me percebia quando eu dizia, como socialista, que sou patriota ( ou faço o possível para o mostrar quotidianamente). E percebi que vai por aí uma grande confusão. Um patriota pode estar ( e tenho a certeza de que está ) em qualquer partido político. Com tanta palha democrática, já os mais novos confundem nacionalismos (também legítimos como os vários comunismos mais ou menos internacionalistas ) com patriotismo. Imaginem Portugal cheio de anti-patriotas, acham que existia?
Pois o meu amigo que está doente, confunde-se-me com a minha Pátria e está nas minhas orações.

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