domingo, 21 de junho de 2009

OS 5 PECADOS MORTAIS DA CONDIÇÃO LUSA: O SEGUNDO: A IGNORÂNCIA E A INDIFERENÇA

Nas conferências às vezes também se aprende.
Como daquela vez em que , num congresso psiquiátrico, um célebrebre conferenista
equacionou os dois maiores problemas da humanidade de hoje:
A ignorância era um; a indiferença outro.
A meio da conferência um dos meus colegas bocejou e inquiriu para o lado:
-" O que é que ele disse?"

Ao que o colega do lado respondeu:-"Não sei nem quero saber."



A educação e a formação não são um fardo social. São antes uma sementeira a pensar no outono das colheitas. São, por isso, um desafio sempre primaveril.
É importante que isto seja repetido porque a morte das sociedades é sempre precedida por uma certidão de óbito: a das ideias. No seu estado nascente.
Quando uma sociedade se faz de nados-mortos atingiu a incapacidade de gerar. E esta menopausa social, quando sobrevém, não é com dia certo, determinado por alguma ordem matemática. Acontece, antes, quando os afectos murcham.



Já repararam que os projectos em Portugal não morrem de morte violenta, tão pouco de morte natural, mas murcham simplesmente?


Acontece portanto quando os afectos murcham, mas também quando a inteligência embrutece e a vontade desfalece. Quando ao desafio primaveril se contrapõe a renúncia. Como um sol tórrido que vem antes das coisas maduras. É que só no outono da vida é que as renúncias são de bom senso e nunca antes.
Ao Poder convém suprimir os desafios para afogar as ideias, principalmente as ideias que geram afectos. Ao Poder interessa promover a indiferença para perpectuar a ignorância. Sem perceber que um Poder sem desafios já é consequência, mas é sobretudo e cada vez mais causa de Autoridade pretérita .
Tem sido sempre assim na consciência moderna.


Porque a velocidade em crescimento exponencial a que a História percorre hoje o seu curso impõe ao Poder, e do Poder, um instrumentode sobrevivência: a ideia de mudança; ou as ideias a mudarem. O que exige um pressuposto que é a ausência de indiferença tão característica da consciência pós-moderna.



Hoje a vida impõe mudança de metas. De objectivos. E, por isso, não se pode prescindir das ideias. Há que resistir ao deserto de ideias E à indiferença. Há que resistir. Porque a resistência é por si condição de sobrevivência. Resistimos para sobreviver. Porque, resistimos, num mundo de mudança, para manter a nossa identidade. Para sabermos quem somos. Porque só com a noção de sermos uma unidade, possuirmos uma fronteira que nos separe dos demais, é que podemos sentir-nos uma identidade. Assim, defender a (nossa) unidade, as fronteiras e a actividade do nosso Eu, ou seja, a nossa identidade, é condição de mudança porque é condição para suportar as mudanças.
Resistimos, paradoxalmente , para podermos mudar. Sendo que a inovação é condição de toda a tradição.







Sem comentários:

Enviar um comentário