terça-feira, 18 de outubro de 2011

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Sete países da zona euro estiveram hoje em foco no mercado da dívida. A probabilidade de incumprimento subiu mais de 1 ponto percentual nos casos da Irlanda, a variação mais elevada (de cerca de 1,7%), Espanha (com uma variação próxima à do ex-Tigre Celta), Itália e Portugal, segundo dados da CMA DataVision. A que se seguiram, depois, os aumentos do risco de default para a Áustria, Bélgica e França.
Ao anterior grupo dos GIIPS (acrónimo que substituiu os PIIGS) juntou-se a Bélgica e mais recentemente a Áustria e a França. As próximas semanas dirão se o grupo com variações sincronizadas do risco de default, ainda que em patamares distintos, se alargou efetivamente, recolhendo no seu seio novos residentes.
Em virtude do agravamento da situação irlandesa e italiana, o ex-Tigre Celta subiu, hoje, para o 6º lugar no “clube da bancarrota” e a Itália passou ontem para o 8º lugar do mesmo “clube”, liderado pela Grécia, e onde Portugal ocupa a 2ª posição.
A situação da Grécia é excecional. A sua probabilidade de default é superior a 91%, mas as variações diárias deste risco têm sido pequenas, oscilando em torno deste patamar. Os investidores nos credit default swaps (cds, seguros contra risco de incumprimento) já têm em linha de conta a probabilidade de um elevado “corte de cabelo” da dívida deste país, com uma provável situação de default seletivo da dívida em mãos de credores privados. O mês crítico é apontado como sendo o de dezembro, mas ainda está por entregar a Atenas a tranche do plano de resgate que deveria ter sido creditada em setembro.
Juros penalizam Itália, Espanha e Bélgica
O mercado secundário da dívida refletiu, também, este agravamento da perceção de risco, sobretudo nos casos de Itália, Espanha e Bélgica.
Com a queda muito acentuada das yields (juros implícitos, uma medida de rendibilidade) relativas aos títulos alemães – os Bunds -, o fosso colossal entre os juros da dívida da Alemanha e do grupo dos GIIPS+Bélgica alargou-se, ainda, mais hoje.
Referindo, a título de exemplo, as yields para os títulos soberanos a 10 anos, a sequência era a seguinte hoje no fecho do mercado: 23,97% para os títulos helénicos (abaixo do valor de fecho de quarta-feira); 11,59% para as obrigações do Tesouro português (acima do valor de fecho de quarta-feira); 5,21% para as obrigações espanholas (acima do valor de fecho de quarta-feira); 5,82% para os títulos do Tesouro italiano (acima do valor de fecho de quarta-feira); 4,33% para os títulos belgas (acima do valor de fecho de quarta-feira; o máximo, neste caso, foi atingido em agosto com um nível de 4,5%); e 2,11% para os Bunds (uma descida em relação ao fecho de quarta-feira).
O íman alemão
As yields dos Bunds servem de referência na zona euro. O seu nível muito baixo indica um risco de default da dívida fraco e uma atração dos investidores por essas aplicações ainda consideradas “seguras”.
Segundo um estudo do Greenberg Center for Geoeconomic Studies, hoje divulgado pelo Council on Foreign Relations, a banca alemã tornou-se, também, um íman para depósitos oriundos do grupo formando pela Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha nos últimos dois anos. “Depósitos estão a fugir dos PIGS e a voar para a Alemanha”, diz o estudo aqui publicado .

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