terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

PORTUGAL E A GEOPOLÍTICA MAGREBINA

Barril de Brent com preços ao nível de abril de 2008. Um prémio de risco geopolítico somou-se à especulação financeira nos “barris de papel”. Regressou o temor de que se repita uma escalada como naquele verão quente do início da Grande Recessão.
[TEXTO LONGO]
Com o preço dos futuros do barril de Brent para abril acima de 103 dólares, o fantasma do choque petrolífero regressou, tanto mais que esta variedade de crude é hoje bitola para metade do petróleo transacionado no mundo.
Desde que o preço desta variedade galgou o patamar dos 80 dólares por barril em outubro do ano passado que reapareceu, entre os analistas e académicos, a discussão sobre a possibilidade de uma escalada similar à de 2008.
O papel da financeirização deste mercado com o regresso em força da especulação em torno de “barris de papel” voltou à baila. O próprio relatório da Comissão Europeia sobre as matérias-primas, divulgado esta semana, reconhece a “ligação” entre a especulação e a alta de preços, ainda que não a ache determinante.
Prémio de risco geopolítico
Mas o irromper dos acontecimentos no Magrebe e no Machreq, iniciados com a Revolução de Jasmim na Tunísia e prosseguidos com as revoltas populares no Egito, adicionou à especulação um elemento adicional – o prémio de risco geopolítico.
Desde a fuga do ditador tunisino Ben Ali, o preço do barril de Brent já subiu 5%. Durante os últimos dias das marchas e concentrações de protesto no Cairo, Alexandria, Suez e outras cidades contra o ditador Mubarak, o preço do Brent ultrapassou a linha psicológica dos 100 dólares por barril, valores que já não se verificavam desde abril de 2008, na fase inicial da Grande Recessão.
O fantasma do Suez
O temor imediato dos investidores no mercado do crude advém do risco de bloqueios ou sabotagens no canal do Suez, um dos mais importantes chokepoints marítimos (passagens estreitas, como estreitos ou canais) das rotas comerciais, e pelo oleoduto SUMED que atravessa aquele país desde o Mar Vermelho até ao Mediterrâneo. No conjunto, atravessam o Egito diariamente 2,2 milhões de barris diários, 3% da produção mundial, sublinha-nos James Hamilton. Este cenário já ocorreu em 1956 e 1957, mas então o canal representava muito mais na geografia do petróleo, 8,8% da produção mundial.
Recorde-se que, na sequência da nacionalização do canal do Suez pelo presidente Nasser em julho de 1956, se desencadeou uma guerra entre outubro de 1956 e março de 1957 em solo egípcio, no Sinai e no canal do Suez, provocada por uma invasão articulada por parte de Israel, Inglaterra e França. O conflito acabaria devido à intervenção política conjunta dos Estados Unidos e da União Soviética, apesar de se viver em período de “guerra fria” entre estas duas superpotências.
A  minha aposta:
Os acontecimentos no Magreg e no Machrek, vão ter uma de duas saídas. Ou se instala nesse corredor uma democracia à turca ou indonésia, ou à iraniana. No segundo caso, o petróleo e o gáz que usamos e vem da Argélia é ameaçado; no segundo, teremos regimes partidários que vão ter de dar emprego a milhões de jovens arabes numa altura em que as economias não se desenvolvem - como é esta, nesta tempo único da Grande Recessão que está para durar uma geração. Por isso , neste último caso, sobram razões para que , perante o falhanço dos novos regimes democráticos árabes produzirem empregos para os jovens que agora fazem as revoluões árabes, estes jovens associem demoracia com a tortura de mais desemprego e , daí, adirem ao islamismo criando novos Irões. Ou seja, num caso ou noutro, as perspectivas - nem sequer  entrando com outras varáveis como a posição de Israel ou as que resultam dos "PRECS" locais inevitáveis - são más.
Portugal tem o seu território a 150 Km de Marrocos - o que é muito pouco para um simples míssel.
Por outro lado , mesmo que as forças democratas se imponham , isso vai demorar demasiado tempo e demasiados medos para que daí não resulte uma nova vaga de refugiados emigrantes para a Europa, com Portugal cmo uma das mais fáceis portas de entrada.

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