quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O MAR DA GUIA EM VILA DO CONDE


O mar é narcísico. Enrola na areia, desde muito longe - quando está como hoje. Mas enrola em  si. Em si mesmo. Enrola-se. Enrola-nos a atenção, a imaginação e a emoção.Torna-nos parvus ( quer dizer , em latim, pequenos ). O mar põe-nos a pensar como pudemos meter a proa nas descobertas antes dos outros. Porque entre os 500 mil portugueses que havia em 1143 e o milhão e quinhentos mil que havia em mil e quinhentos, perdemos nessa epopeia um milhão e  regressamos aos 500 mil!
É assim o mar que enrola na areia quando se sente feliz, mas dá-lhe para enrolar nele mesmo quando se sente infeliz. Assim como se se voltasse para a posição fetal que temos no amnios materno. E, nem se lembra que o mar é a mãe!
Num sentido psicanalítico, mergulhar no mar é regressar à segurança do útero materno. Agora quando ele está assim, é a má mãe - a mãe que toda poderosa nos fragiliza para o resto da vida - de que falava Freud, que nos seduz, manipula e atrai voluptuosamente ,num tropismo irresistível para o desastre dos variados abismos.

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