domingo, 11 de julho de 2010

O MEU PAI

O meu pai que era um salazarista ferrenho, dizia muitas vezes em pleno consulado Marcelista, período de franca inflação, que quando um ministo das finanças declara que a inflacção não vai subir é porque ela já subiu.
É claro que um ministro das finanças - área em que sobretudo é necessário fazer uma gestão das espectativas dos cidadãos - isto é absolutamente necessário.

Quando começei com este blogue, dedicado à crítica social e elevação pátria, alguns amigos sentiram formigueiros com a palavra pátria e sua elevação. Alguns confundiam isto com nacionalismo - ou seja, no  modo de eles captarem a realidade - como assim a modos que fascismo. Eu tentei explicar que não era.

Até que um bloguista do cinco dias - comunista ou para-comunista - de seu nome André Levy, escreveu nele um texto notável que vem explicar as diferenças entre patriotismo e nacionalismo ( que também não é sinónimo de fascismo ) e que aqui publiquei sob o título Por uma vez um comunista está de acordo comigo.

Entretanto, um pouco por toda a parte, desde os media aos blogues, passando pelos principais jornais da estranja, o tema tornou-se frequente , sobretudo depois de Sócrates, Soares, Cavaco, Gerónimo de Sousa e Portas, mais os respectivos aparatchiks, virem fazer o mesmo, isto é usarem o vocábulo Pátria na sua retórica.
É é aqui que recordo a memória do meu pai com a sua apreciação aos ministros das finanças.

Parece-me que deslizamos progressivamente para uma época em que as dificuldades intestinas de cada país estão a provocar acções de proteccionismo pátrio, passe a quase tautologia, o que quer dizer que a percepção que cada cidadão tem de que mais vale virar-se para os seus que ser ingénuo, está a ser uma constante. Ou seja, quanto mais se fala de Pátria mais ela está debilitada, quanto mais se fala de Pátria mais estamos perante a constatação de que não podemos confiar nas outras (pátrias ), que quanto mais falamos nela mais isto é uma resposta inconsciente de que temos interesses divergentes doutros povos e que importa defender. Como até há dois anos não parecia haver perigo, ninguém usava essa linguagem então.

Ora isto não me agrada a mim, que sou federalista em tese, mas só sou e serei de facto quando vir que o resto da Europa está disposta a comungar com o meu país de leis gerais comuns não só na política fiscal mas também e sobretudo na política económica e na sua supra-estrutura social.
Sem isso passo definitivamente ao proteccionismo ( patriótico ).

É que  o meu pai , ou seja o meu "terroir", não era ingénuo, e parece que tinha lido um livro que mais tarde aqui comentarei, porque ainda o não li todo, que tem por título Portugal, Salazar E Os Judeus, da Gradiva da autoria do socialista judeu Avraham Milgram, e que evidencia as questões geopolíticas que Portugal enfrentou durante a Guerra e o modo muito positivo, ao olhar do autor, como se equilibrou entre entre a moral que obrigava a salvar judeus e a necessidade ética de salvar a Pátria dos nazis estacionados nos Pirinéus e preparados para cá chegarem em dois dias.

Por que a discussão recomeçou sobre esta questão, bem como sobre a geopolítica, a geoeconomia e sobretudo sobre um muito diferente modo de viver que teremos nos próximos anos,  peço aos meus dois leitores e meio que não deixem de fazer comentários às minhas opiniões e, até de preferência, se tornem parte oficial deste blogue, bastando para tal que me contactem para me dizer como hei-de fazer para os colocar como co-autores com o respectivo nome e o direito de escreverem de suas casas os textos que entenderem. E-mail: jccsp50@hotmail.com.
A discussão é necessária e provavelmente o modo único de impedir males muito maiores do que aqueles que já estão quase à vista.

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