quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O OLHO DA SEDUÇÃO

Aqui há tempos referi num destes "posts" a opinião de uma amiga médica especialista de anestesiologia, segundo a qual provavelmente as pessoas que demonstravam franca fidelidade conjugal  ( fieis e fiáveis ) tinham os olhos de um côr bem fixa e nada ambígua, ou seja, que não mudava com os dias, ou a luz.
Pus-me a observar, e o empirismo clínico pareceu dar-lhe razão. Mas,... porque seria?

Como de costume neste tipo de matérias, recorri ao Instituto de Antropologia Evolutiva Max Planck em Leipzig, na Alemanha. Daqui sairam Konrad Lorenz (prémio Nobel e iniciador duma nova ciência, a Etologia ), bem como Tynbergman, ou Desmond Morris.

Foram eles que descobriram que as mulheres que têm uma pupila dos olhos dilatada (midriática ) congénita, têm maior capacidade para excitar e seduzir os homens. Dado que no arco sexual - desejo, fase de injecção sanguínea chamada excitação, e finalmente o orgasmo que é uma fase de contraturas musculares a oito ciclos por segundo - surge sempre midríase na fase de excitação, ao longo dos cinquenta mil anos da espécie ( dado que os humanos são os únicos mamíferos e primatas que fazem sexo face-a face) terá ficada gravada essa marca no genoma da espécie que funcionaria como uma mensagem "provocatória sexual" para o sexo oposto. Ou seja quando um homem dá de caras com uma mulher com uma pupila muito dilatada tenderia a interpretar esse facto como um sinal de excitação sexual convidativo a um "avanço".
E a verdade é que a História da Idade Média veio ajudar: Sabemos que nos saraus dos castelos, as damas se preparavam para os bailes deitando nos olhos atropa bella dona ( o nome da planta já diz muito ) um atropínico que ainda hoje os oftalmologistas usam para dilatar a pupila e melhor poderem observar o fundo ocular. E assim preparadas as damas, o negócio galante da sedução ao masculino corria lindamente sem que os homens percebeçem bem porque é que andavam pelo beicinho por esta ou aquela cara feia...

Pois recentemente a escola de Max Planck veio demonstrar que um dos reflexos físicos interessantes da intencionalidade partilhada dos seres humanos é a....esclerótica, ou seja aquilo a que vulgarmente chamamos o branco dos olhos. As cerca de 200 espécies de primatas têm olhos escuros e uma esclerótica que mal se vê. Todas, com excepção dos seres humanos , cuja esclerótica é três vezes maior, uma característica que torna mais fácil seguir a direcção do olhar dos outros ( com isso melhorando a inter-acção social ) mas também relevando a côr da íris. E se esta fôr ambígua, como que numa relação guestáltica de figura-fundo, pondo essa ambiguidade em relevo. E como costumamos dizer, se os nossos olhos são o espelho da nossa alma.... 

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