sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

MELEAGRIS GALLOPAVO

Adoro ingleses, sobretudo se passados por molho de tomate e grelhados em postas grossas de bife. Dá-me fome, que é que querem!?
Vem isto a propósito da vitória do Porto sobre o londrino Arsenal com dois monumentais frangos dos gajos. Tão monumentais, tão monumentais, que de galos portugueses de Barcelos ( que eu até já  tinha proposto à Joana de Vasconcelos que neles se inspirasse para fazer umas esculturas em filigranas  de Gondomar  ) se transformaram em perús ( meleagris gallopavo ).
Não é que seja novidade o interesse anglosaxónico por estas bestas que morrem sempre emborrachadas com os donos.  Afinal, o Bush filho anunciou há seis anos o fim da guera que ocorre no Iraque, num porta-aviões, mostrando, pelo Natal, um perú ...de plástico. E, por causa disso, o Obama não esteve com conversas e vai daí, enternurado, criou na horta da casa branca ( chama-se assim para dar mais realce ao preto ) um perú que não era de plástico ( muito comovente esta pedagogia de Presidente), mas  que as suas lindas duas criancinhas  não deixaram matar para o Natal.
O próprio Shakespeare mencionou-o em King Henry V ( Here he comes, swelling like a turkey-cock, V Acto, Cena 1 ) o que está na origem do espavento real britânico que ainda hoje entende ser a referência para tudo no mundo!. Tudo, porque os bifes entendiam que um perú é melhor que um frango e muito melhor que um garnizé. Só que eles não sabiam que quem lhes trouxe das terras aztecas o bicho vaidoso foram os portugueses, que com ele não quiseram nada. Ah, pois é!. Aí por volta de 1530 já o nosso D. João III se amesendava com o gallopovo com laranja e alho e muito vinho, vinho mesmo,e com ele, mais umas dezenas de manducantes! Depois entenderam que era melhor beberem o vinho mais puro, sem passar pela tripa do enorme galináceo e com D. Catarina de Bragança aí vai ele para a Corte Inglesa. E nesta, se acabaram garças e faisões, indigestos, por certo, de tal modo que começaram todos a beber o chá das cinco que a Catarina para lá também levara. Devia ser de mellissa ou seja cidereira ,- por causa das indigestões, uma vez que tomates e batatas, que também iam no bornel da Catarina,  foram rejeitados por muitos anos, e laranjas que também foram, e aquilo era mera carne seca indigerível.


Quinhentos anos passados e eis como os bifes  finalmente percebem que sem cholagut e alca-seltzer, não se deve vir ao Dragão porque apanhar logo ,não dois frangos mas dois perús, enfarta qualquer abade quanto mais o Arcebispo de Westminster! Por isso lhe chamaram " abada"!

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