terça-feira, 1 de novembro de 2011

BELGICA , ITÁLIA E ESPANHA SOB ATAQUE

Itália, Bélgica e Espanha surgem neste final do mês e começo de semana com sinais de stresse quer no mercado secundário da dívida soberana como no mercado dos credit default swaps (cds, seguros contra o risco de incumprimento).
A situação mais grave é a de Itália. O leilão de dívida pública realizado na semana passada em que o Departamento do Tesouro italiano mobilizou €2,98 mil milhões no mercado primário pagando uma taxa de 6,06% aos tomadores de títulos a 10 anos, a mais alta desde a criação do euro, colocou a nu que os investidores internacionais não estão dispostos a emprestar dinheiro ao governo de Roma abaixo daquele patamar que já é considerado de alerta laranja nos títulos a 10 anos.
Juros italianos acima de 6%
As yields (juros implícitos, uma medida de rendibilidade) dos títulos do Tesouro italiano abriram segunda-feira (31 de outubro) a negociar precisamente em 6,13% no mercado secundário, segundo dados da Bloomberg. Este nível é já mais elevado do que o alcançado a 20/10 (6,02%) antes das cimeiras europeias de 23 e 26 de outubro. Acabaria por fechar o dia em 6,09%.
O mesmo stresse se revela nos casos da Bélgica e de Espanha. As yields das obrigações espanholas a 10 anos estão em 5,64% e das obrigações belgas com a mesma maturidade em 4,42%. Fechariam o mês, respetivamente, em 5,54% e 4,38%. O caso belga acabaria por se destacar, pois os juros das obrigações a 2 e 3 anos tiveram uma variação diária superior a 5%.
Quebra acentuada nos juros dos Bunds
Como referência, os juros para os títulos alemães, os Bunds, abriram em baixa acentuada, estando em 2,12% para os prazos a 10 anos, e fechando ainda mais abaixo, em 2,02%. As quebras diárias nas yields dos Bunds foram muito elevadas, superiores a 10% nos casos das maturidades a 2, a 3 e a 5 anos. O papel dos Bunds como refúgio de investimento seguro é cada vez mais evidente na zona euro.
As yields das obrigações do Tesouro português abriram em alta, depois de um período de quebra a seguir à cimeira de 26 de outubro (4ª feira da semana passada). Os juros relativos às OT a 10 anos estão em 11,81%, abaixo do valor atingido a 24/10 (12,38%), depois da primeira cimeira europeia da maratona recente. Fecharam o mês em 11,79%.
No mercado dos cds, a probabilidade de incumprimento da dívida soberana (risco de default), segundo o monitor da CMA DataVision, a meio da manhã, aponta para um disparo nos casos de Itália e Bélgica, seguindo-se, com subidas mais moderadas, Espanha, Irlanda, França e Áustria. O risco português abriu em baixa, ao contrário dos restantes países “periféricos”, mas, à tarde, voltou à tendência de subida.
Agenda pesada: duas reuniões de banqueiros centrais e cimeira do G20
Segundo os analistas, algumas das decisões da cimeira europeia de 26 de outubro não estão ainda concretizadas nos detalhes, particularmente a forma de alavancagem do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e a sua margem de manobra para intervir no mercado da dívida soberana. Uma injunção do Tribunal Constitucional alemão na sexta-feira passada reafirma a obrigatoriedade dos movimentos do FEEF com impacto no orçamento federal alemão deverem ser discutidos e aprovados pela Comissão do Orçamento do Bundestag (parlamento alemão). No entanto, a decisão final do Tribunal só será conhecida no final do mês.
A forma de intervenção das grandes potências emergentes através de um veículo financeiro especial talvez venha a ficar aclarada na cimeira do G20 que se realizará em Cannes, em França, no final desta semana. O diretor-geral do FEEF esteve na semana passada em Beijing. Klaus Regling ouviu os chineses repetirem que a intervenção deles exigirá contrapartidas por parte dos europeus, nomeadamente na Organização Mundial do Comércio, e que “não são fonte de dinheiro fácil”. Ao mesmo tempo, os populistas europeus atacaram o recurso à liquidez chinesa como peditório de “dinheiro sujo”, referindo-se a um país que é o principal parceiro comercial da União Europeia. Segundo Regling, 40% das emissões internacionais realizadas até hoje pelo FEEF tiveram “asiáticos” como subscritores.

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